Nos dias 14 e 15 de fevereiro, estarei participando do curso “David Cronenberg: Seu Cinema e suas Obsessões”, criado pelo CENA UM e ministrado pela Prof.ª Dr.ª Rosângela Fachel de Medeiros. E enquanto esses dois dias não vêm, por aqui, estarei postando um pouco sobre cada filme, desse diretor que passa sua visão obscura (mas que fascina) para a tela do cinema!
Scanners - Sua Mente Pode Destruir
Sinopse: Nascidos de uma experiência em laboratório, os Scanners são pessoas com grandes poderes tele cinéticos, capazes inclusive de matar com a força de suas mentes.
Foi o filme que abriu as portas para Cronenberg no inicio dos anos 80, apesar de que ele já vinha colecionando elogios em seus primeiros filmes nos anos 70, mas foi com esse que acabou fazendo dele mundialmente conhecido. Inspirado num conto intitulado "Naked Lunch", de William S. Burroughs, a trama se passa em um possível futuro, onde um determinado grupo de pessoas possui o dom de ler e controlar as mentes das pessoas. É bem da verdade que isso agente já viu em filmes recentes como X-men, mas foi com Scanners que o assunto de domínio de mentes foi mais explorado, mas de uma forma ousada, para quem somente esperava o herói ou vilão somente lendo a mente de outros. Aqui a coisa vai mais além. Pois além dos protagonistas controlarem as mentes, eles podem muito bem estourar as cabeças de suas pressas, em cenas que beiram ao realismo e espanto, pois na primeira vez que isso foi visto, ninguém estava preparado para aquilo acontecer.
Vale lembrar, que antes de seguir a carreira de cineasta, Cronenberg chegou a estudar bastante a anatomia do corpo humano. Portanto, se nos vemos uma cabeça estourando, ou as veias de um braço soltando para fora em cena, saiba que tudo está de acordo conforme os estudos que o cineasta fez no passado. Essas determinadas cenas acontecem, mas não somente de uma forma explicita, mas de uma maneira em que o diretor sabe o que e como mostrar, fazendo delas verossímil e digna de aplausos. Cronenberg também foi feliz na escolha do elenco, principalmente no caso de Michael Ironside, que faz o grande vilão da trama. Com uma presença imponente e olhar de psicopata, o ator se tornou figura fácil ao encarnar inúmeros vilões do cinema, em filmes como o Vingador do Futuro, Highlander II e dentre outros.
Scanners renderia mais quatro continuações para o cinema, mas sem o dedo criativo de Cronenberg, e com isso, são obras esquecíveis.
Curiosidade: A cena da cabeça explodindo foi feita com um modelo de latex recheado como comida de cachorro e fígado de coelho.
Videodrome – A Síndrome do Vídeo
Sinopse: O dono de uma estação de TV a cabo de Toronto, cuja programação é baseada em violência e pornografia, sintoniza as ondas de um estranho programa que acaba transformando sua vida em um pesadelo.
Ouve um tempo (e talvez ainda hoje) em que se dizia que a TV era um mal tão grande, para a saúde das pessoas, que acabou rendendo inúmeras teorias de conspiração, como lavagem cerebral e outras coisas do gênero. É bem da verdade, que ouve um tempo que os meios de comunicação da tv tentavam vender certas idéias para o publico aceitar elas, onde até mesmo as pessoas se sentavam para assistir horário político (crus credos). Hoje em dia é bem difícil comprar “gato por lebre”, graças a outros meio de comunicação como a internet, mas antes disso tudo, tinha essa paranóia e com isso, surgiu esse filme para colocar mais lenha na fogueira. Além de fazer uma parábola sobre essa teoria, o filme é uma critica sombria contra os donos de emissoras que fazem de tudo para dar audiência. O personagem de James Woods (Cassino) é um retrato dessas pessoas gananciosas, ao ponto, que ele não se importa em tentar colocar ao ar, cenas que beiram ao realismo, que contem estupro, tortura e morte (os lendários snuff), sendo que tais imagens, ele pegou de um sinal pirata.
Apartir da descoberta e das exibições de tais cenas, o filme entra num mundo onde o protagonista não sabe quando é real ou ilusão, sendo que (aparentemente) as cenas que ele adquiriu do sinal pirata provocaram isso nele, ao ponto, que ele mesmo enfia suas mãos dentro de seu corpo, ou então mata por acidente uma determinada pessoa achando que era outra. Essa e outras bizarrices acontecem durante a trama, e David Cronenberg usa e abusa dessas cenas como ninguém, fazendo delas bastante absurdas, mas criativas e dando uma verdadeira aula de como se faz um filme de terror psicológico.
Vale lembrar, que eu vi esse filme recentemente, e ele me fez me lembrar de uma saudosa sessão do cine Trash da Band, onde foi exibido um filme tosco e divertido chamado O Cérebro com o mesmo tipo de tema. Pelo visto, Videodrome gerou escola!
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