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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 2 de março de 2022

Cine Dica: Streaming: 'Amor, Sublime Amor'

Sinopse: Amor à primeira vista acontece quando o jovem Tony vê Maria em um baile do ensino médio em 1957, na cidade de Nova York. Seu romance florescente ajuda a alimentar o fogo entre duas gangues rivais que disputam o controle das ruas: os Jets e os Sharks.  

Falar sobre o clássico "Amor, Sublime Amor" (1961) é meio complicado para mim, já que eu assisti somente uma ou duas vezes na vida e somente me lembro das melhores partes que entraram para a história do cinema.  Portanto, fiquei curioso ao saber que Steven Spielberg dirigiria uma nova versão do clássico, já que esse seu desejo por rodar um musical já vem de muito tempo. Ao compara-lo com as minhas lembranças, "Amor, Sublime Amor" (2021) de Spielberg respeita o clássico original, mas não esquecendo dos tempos atuais e fazendo a gente se dar conta que o discurso contra o ódio continua e que precisa ser sempre revitalizado mais do que nunca.

Adaptado de um musical da Broadway, "Amor, Sublime Amor" conta uma história de amor e rivalidade juvenil que se passa na Nova Iorque de 1957. As gangues Jets, estadunidenses brancos, e os Sharks, descendentes e/ou porto-riquenhos, são rivais que tentam controlar o bairro de Upper West Side. Maria (Rachel Zegler) acaba de chegar à cidade para seu casamento arranjado com Chino (Josh Andrés Rivera), algo ao qual ela não está muito animada. Quando em uma festa a jovem se apaixona por Tony (Ansel Elgort), ela precisará enfrentar um grande problema, pois ambos fazem parte de gangues rivais; Maria dos Sharks e Tony dos Jets. Nesta história inspirada por Romeu e Julieta, os dois pombinhos precisarão enfrentar a tudo e todos se quiserem celebrar este romance proibido.

O clássico de 1961 se tornou pioneiro ao criar um grande musical através de ambientes reais, já que a parte em que a trama foi rodada em um bairro de Nova York estava condenada, para que a elite da época pudesse construir os seus grandes arranha céus, e os realizadores aproveitaram a ocasião para rodar o longa. Como o local já não mais existe nos dias de hoje Steven Spielberg faz uma reconstituição de época precisa, surpreendendo na abertura e sendo ela tão impactante quanto sua fonte original. Como não poderia deixar de ser, a trama é embalada com inúmeros momentos musicais, onde a dança e os movimentos de luta dos personagens se misturam e transformando tudo em um verdadeiro grande balé como um todo.

Com uma edição de arte e fotografia que se casam perfeitamente, cuja as cores quentes sintetizam tempos mais dourados de tempos esquecidos, Steven Spielberg mantém ainda intacto a questão do preconceito racial que tanto foi debatido no clássico. A diferença que aqui o cineasta corrige um erro do original que hoje seria impossível de ser repetido, ao escolher atores realmente latinos para interpretar os  Sharks, enquanto na versão original eram atores de outras nacionalidades e com os rostos pintados. Um erro que está encravado no passado, do qual não pode mais ser mudado, mas que não significa que deva ser repetido.

“Amor, Sublime Amor" é aquele tipo de filme que a parte técnica e autoral do realizador se destaca mais do que seu próprio elenco, mesmo quando os mesmos tentam se destacar com grande esforço. O casal central, por exemplo, interpretados pelos atores Ansel Elgort e Rachel Zegler, até que se saem bem em seus respectivos trabalhos e chegando até mesmo serem mais convincentes que os interpretes da obra original. Aliás, vale destacar a presença da atriz Rita Moreno nesta nova versão, sendo que em 1961 ela havia interpretado a personagem Anita e aqui ela interpreta uma nova personagem e que terá também papel crucial na trama.

Falando em Anita, a personagem dessa vez é interpretada com unhas e dentes pela atriz até então desconhecida Ariana Debose, mas que dá um show de atuação toda vez que surge em cena. Diferente da protagonista Maria, sua personagem transita entre os sonhos quase nunca alcançados com a lógica com relação ao mundo real em que ela está vivendo e passando para nós alguém cheia de vida e com uma personalidade forte e que nos contagia. Suas cenas com um belíssimo vestido amarelo acabaram por se tornar um dos símbolos dessa nova versão como um todo.

Claro que por ser uma obra inspirada no clássico "Romeu e Julieta" de William Shakespeare o público já tem uma noção de como a trama termina. Porém, até lá o filme vai nos encantando, mas ao mesmo tempo fazendo com que a gente reflita sobre as mesmas questões que perduram desde que o filme original havia sido lançado. Ou abaixemos as armas e evitemos o preconceito, ou mesmo irá nos matar aos poucos e tudo que sobrará de nós é uma vaga lembranças em meio ao entulho que será aos poucos varridos.

"Amor, Sublime Amor" é uma declaração de amor ao clássico do passado, mas que fala de questões que até hoje precisam ser debatidas e que jamais devem ser esquecidas. 

Onde Assistir: Disney+

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terça-feira, 1 de março de 2022

Cine Dica: PROGRAMAÇÃO CINEMATECA CAPITÓLIO 3 a 9 de março de 2022

Na primeira semana de março, a Cinemateca Capitólio apresenta um ciclo dedicado ao diretor francês Robert Bresson, a estreia de A Nuvem Rosa, de Iuli Gerbase, a primeira edição do ano do Projeto Raros e duas sessões especiais comentadas.


CICLO APRESENTA QUATRO OBRAS-PRIMAS DE ROBERT BRESSON

Entre 3 e 16 de março, a Cinemateca Capitólio apresenta o ciclo 4x Bresson, com quatro obras realizadas pelo renomado diretor francês ao longo de quatro décadas. Com exibições em DCP e em 35mm, a mostra é uma parceria da Capitólio com a Cinemateca da Embaixada da França e o Institut Français. O valor do ingresso é R$ 10,00.


Mais informações: http://www.capitolio.org.br/novidades/4891/4x-bresson/


DOCUMENTÁRIO INSÓLITO SOBRE A SEGUNDA GUERRA É ATRAÇÃO DO PROJETO RAROS

Na sexta-feira, 4 de março, às 19h30, a Cinemateca Capitólio apresenta a primeira edição do Projeto Raros de 2022 com o filme Alucinados do Som e da Guerra (All This And The World War II, 1976), da diretora Susan Winslow, um casamento insólito entre música e cinema que consegue alcançar, simultaneamente, o absurdo, o grotesco e o sublime. Entrada franca. Exibição em HD com legendas em espanhol.

Mais informações: http://www.capitolio.org.br/eventos/4903/projeto-raros-alucinados-do-som-e-da-guerra/


A NUVEM ROSA EM CARTAZ


A partir de quinta-feira, 3 de março, a Cinemateca Capitólio promove a exibição de A Nuvem Rosa, primeiro longa-metragem de Iuli Gerbase. O valor do ingresso é R$ 16,00.

Mais informações: http://www.capitolio.org.br/eventos/4893/a-nuvem-rosa/


SESSÕES ESPECIAIS COMENTADAS

No domingo, 6 de março, às 18h, a Cinemateca Capitólio apresenta a sessão Filmes de Gabi Wondra. A diretora porto-alegrense radicada na Alemanha participa de um debate após a sessão. Na quarta-feira, 9 de março, às 19h, acontece a exibição do curta documentário Mirabal, um foco de resistência, de Everaldo Oliveira. Após a sessão, ocorre um debate em torno da importância das casas de referências para o combate à violência contra as mulheres, com as participações da Coordenadora Nacional do Movimento de Mulheres Olga Benário, Nana Sanches, da escritora Claudia Tajes, e do diretor do filme e apoiador da Casa Mirabal. Mediação de Natanielle Almada. As duas sessões têm entrada franca.

Mais informações: http://www.capitolio.org.br/eventos/4906/filmes-de-gabi-wondra/ e http://www.capitolio.org.br/eventos/4908/mirabal-um-foco-de-resistencia-debate/


GRADE DE HORÁRIOS

2 a 9 de março de 2022


2 de março (quarta)

15h – Essa Pequena é uma Parada

17h – Cleópatra


3 de março (quinta)

15h – O Batedor de Carteiras

17h – A Grande Testemunha

19h – A Nuvem Rosa


4 de março (sexta)

15h – O Dinheiro

17h – A Nuvem Rosa

19h30 – Projeto Raros: Alucinados do Som e da Guerra


5 de março (sábado)

15h – A Grande Testemunha

17h – Lancelot do Lago

19h – A Nuvem Rosa


6 de março (domingo)

15h – O Batedor de Carteiras

16h30 – O Dinheiro

18h – Filmes de Gabi Wondra + debate


8 de março (terça)

15h – Lancelot do Lago

17h – A Grande Testemunha

19h – A Nuvem Rosa


9 de março (quarta)

15h – O Dinheiro

17h – A Nuvem Rosa

19h – Mirabal, um foco de resistência + debate

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Cine Dica: Streaming: 'Kimi: Alguém Está Escutando'

Sinopse: Uma analista de dados que sofre de agorafobia segue uma rotina rigorosa dentro da segurança de seu loft no centro da cidade de Seattle. Nas pausas, ela flerta com a vizinha do outro lado da rua e se comunica com sua mãe. Tudo muda quando ela ouve um barulho estranho.

Alfred Hitchcock se tornou ao longo das décadas uma fonte da criatividade e da qual muitos diretores buscam em seus clássicos uma forma de se inspirarem e fazerem os seus filmes. Quando tocamos nesse assunto nos lembramos rapidamente de Brian de Palma, sendo que nos anos oitenta ele lançou filmes como "Dublê de Corpo" (1984) e "Vestida para Matar" (1980) e cujo os títulos nos faz lembrar das fórmulas de sucesso que o mestre do suspense criava em suas obras primas. Agora é a vez de Steven Soderbergh prestar uma pequena homenagem ao mestre pelo filme "Kimi: Alguém Está Escutando" (2021), que fala sobre os dilemas do mundo contemporâneo e do qual é moldado de uma forma criativa e interessante de ser degustada.

E se cada respiração, cada som, cada momento fosse registrado? Durante a pandemia do COVID-19 em Seattle, uma agorafóbica (Zoë Kravitz) que trabalha com tecnologia descobre evidências de um crime violento ao revisar um fluxo de dados e encontra resistência e burocracia quando tenta denunciá-lo à sua empresa. Para se envolver, ela percebe que deve enfrentar seu maior medo saindo de seu apartamento e indo para as ruas da cidade, que estão cheias de manifestantes depois que a Câmara Municipal aprova uma lei que restringe os movimentos da população sem-teto.

Em termos de originalidade o filme quase não tem nada, sendo que a premissa parcialmente lembra o recente "A Mulher Da Janela" (2021). Porém, se naquele filme ele se perdia pelo caminho em alguns pontos, aqui Steven Soderbergh tem controle absoluto, ao criar um cenário bastante familiar ao nosso, onde a protagonista se isola do mundo por motivos trágicos vindos do passado, além de possuir receio devido a pandemia que se alastra pelo mundo. Desde a trilha sonora, como também o fato dos personagens se observarem pela janela, Soderbergh cria uma ligeira homenagem ao clássico "Janela Indiscreta" (1954), mas cujo os motivos que levam ambos os protagonistas se isolarem acabam sendo distintos se formos comparar um com o outro e correspondendo mais com a realidade da época em que cada filme foi lançado.

Tecnicamente Soderbergh cria um filme claustrofóbico, mas não só pelo fato de boa parte da trama a protagonista estar isolada, como também a forma que o cineasta a filma. Em um determinado momento, por exemplo, ela sai do seu apartamento para uma pequena missão, mas cujo os seus passos acabam se tornando ligeiros, com o direito de ela estar encolhida e tendo receio de se encostar em algo ou alguém a qualquer momento durante o trajeto. Desta forma, o cineasta cria essa sequência de uma forma incomoda, onde a sua câmera se posiciona inclinada e nos dando a entender que enxergamos ali uma realidade distorcida e opressora de acordo como a protagonista enxerga.

Aliás, essa realidade bate de frente com os mais diversos assuntos que passamos dia após dia debatendo, desde sobre a pandemia, como também o aumento de da população sem lar e de estarmos cada vez mais presos as tecnologias das multimilionárias e fazendo nos tornamos dependentes a elas. Se "Inimigo do Estado" (1998) ou "A Rede" (1996) eram apenas protótipos sobre o que seria o nosso futuro, aqui a situação é muito mais verossímil, mesmo quando temos um ato final que quase cai nas velhas fórmulas previsíveis do cinema norte americano. Porém, o filme funciona não somente  graças a boa direção do cineasta, como também a presença forte de sua protagonista e Zoë Kravitz cada vez mais prova que terá uma carreira promissora e sendo que esse ano, talvez, finalmente se torne uma grande estrela com a estreia de "The Batman".

Embora curto, "Kimi: Alguém Está Escutando" é uma declaração de amor que Steven Soderbergh faz ao mestre Alfred Hitchcock e que fala dos nossos principais medos destes tempos atuais complexos.  

Onde Assistir: HBO Max. 

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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

Cine Dica: Em Cartaz: 'Licorice Pizza'

Sinopse: Alana Kane e Gary Valentine crescem e se apaixonam em San Fernando Valley, na Califórnia, em 1970. 

Paul Thomas Anderson gosta de nos apresentar personagens obsessivos, que vão correndo de encontro com os seus objetivos, mesmo que para isso lhe custem muito caro. Se em "Boogie Nights - Prazer Sem Limites" (1997) vemos os protagonistas sobrevivendo através da era de ouro da pornografia, em "Sangue Negro" (2007) vemos o personagem de Daniel Day-Lewis completamente enlouquecido em obter rios de petróleo e se tornando uma representação sobre a obsessão dos principais líderes do mundo que vivem e morrem para obter esse tesouro a qualquer custo. Seguindo por essa mesma linha de raciocínio, "Licorice Pizza" (2022) é o filme mais leve da carreira do diretor, mas não menos do que fantástico e arrebatador.

Licorice Pizza é a história de Alana Kane (Alana Haim) e Gary Valentine (Cooper Hoffman) crescendo, correndo e se apaixonando no Vale de San Fernando, 1973. Os dois iniciam vários negócios, flertam, fingem que não se importam um com o outro e, inevitavelmente, se apaixonam por outras pessoas para evitar se apaixonar um pelo outro. Mas há um detalhe entre os dois: ela tem 25 e ele 15. Eles se conhecem em um dia de foto na escola de Gary, onde Alana está ajudando os fotógrafos no fatídico dia.

Já no primeiro ato nos damos conta que estamos diante de uma obra de Paul Thomas Anderson. Seus planos-sequência mirabolantes, onde a sua câmera sempre acompanha os protagonistas, nos convida para adentrar o passado, porém, não muito distante e cheio de cores quentes. É os anos setenta, onde uma geração de jovens começa a perder a sua inocência, onde se enveredam pelos prazeres daquela época, mas ao mesmo tempo decidindo se tornarem logo adultos para conquistarem o mundo.  Gary Valentine, por exemplo, explora as mais diversas formas para obter lucro, mesmo quando nada parece que dará certo.

Já Alana possui pés mais no chão com relação ao assunto, ao tentar se entrosar com poderosos mesmo quando corre um sério risco de se distanciar do seu melhor amigo. É neste ponto, por exemplo, que surgem astros de grande calibre dentro da trama, mesmo que suas presenças sejam breves, porém, marcantes. Tanto os personagens de Sean Penn como de Bradley Cooper seriam uma manifestação de tempos em que uma geração vivia da emoção, adrenalina e cuja uma determinada noite poderia ser sua última de suas vidas.

Os anos setenta retratados por Paul Thomas Anderson é um colírio para os nossos olhos, cuja a edição de arte e fotografia se tornam uma representação da contracultura daqueles tempos e cuja a sociedade norte americana parecia que finalmente estava acordando para o mundo real e sobre a maneira de como as coisas realmente funcionavam. Vale salientar que o filme é carregado de uma trilha sonora familiar, cujo os principais sucessos daqueles anos se tornam o coração pulsante da obra como um todo. Portanto, as faixas “Life on Mars?”, de David Bowie, e “Let Me Roll It”, de Paul McCartney e Wings são alguns dos inúmeros aperitivos que se encontram ao longo do percurso.

É claro que o filme funciona principalmente graças a sua dupla central. Ambos se apaixonam, mas cujo os sentimentos quase nunca se afloram por medo, mesmo em situações que se torna cada vez mais explicito a dependência um pelo outro. Não deixa de ser surpreendente, por exemplo, quando um vai pela procura do outro em determinados momentos da história, cuja a busca de Alana por Gary na delegacia, ou quando ambos juntos estão em uma situação envolvendo um caminhão sem combustível indo ladeira abaixo, estão entre os melhores sequências que eu vi num filme neste ano.

Tanto Alana Haim como Cooper Hoffman estão impressionantes em seus respectivos papeis, sendo que o último tem todas as chances de ser um interprete tão bom quanto o seu pai, o falecido, porém, inesquecível Philip Seymour Hoffman. Curiosamente, Anderson presta uma curiosa homenagem ao clássico "Taxi Drive" (1976) do mestre Martin Scorsese, já que ambos os filmes possuem uma similaridade sobre questões políticas. Porém, enquanto o clássico de Scorsese falava de uma parcela daquela geração que estava pronta para explodir, aqui Paul Thomas Anderson prefere optar em enxergar o outro lado dessa moeda, ao falar de uma geração que não vivia presa ao mundo fácil das coisas de hoje em dia, mas sim que possuíam inúmeros sonhos e que colocavam a mão na massa mesmo quando tudo parecia estar desmoronando.

"Licorice Pizza" é uma deliciosa  nostalgia para o nosso olhar, sobre uma época cheia de vida e cuja a sua geração perseguia as suas metas mesmo quando toda situação parecia perdida. 


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quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

Cine Dicas: Estreias do Final de Semana (24/02/2022)

 THE BATMAN

Sinopse: Nos dois anos em que protegeu as ruas como Batman (Robert Pattinson), provocando medo no coração dos criminosos, Bruce Wayne mergulhou nas sombras de Gotham City. Quando um assassino mira a elite de Gotham com uma série de maquinações sádicas, um rastro de pistas enigmáticas leva Batman, o Maior Detetive do Mundo, a investigar o submundo da cidade, onde encontra personagens como Selina Kyle, a Mulher-Gato (Zoë Kravitz), Oswald Cobblepot, conhecido como Pinguim (Colin Farrell), Carmine Falcone (John Turturro) e Edward Nashton, também conhecido como Charada (Paul Dano).


Coração Ardente

Sinopse: O filme “Coração Ardente” conta a história de Lupe Valdés (Karyme Lozano), uma escritora de sucesso que investiga as aparições do Sagrado Coração de Jesus, em busca de inspiração para o seu próximo romance. 


A ILHA DE BERGMAN

Sinopse: No filme, um casal de cineastas, Chris (Vicky Krieps, de “Trama Fantasma”) e Tony (Tim Roth), viaja à ilha, onde ele participará de alguns eventos, enquanto ela tenta superar uma crise criativa, e escrever um novo roteiro.


Coração de Fogo

Sinopse: Desde criança Geórgia Nolan só tinha um sonho: se tornar bombeira, como o seu pai. Infelizmente no ano de 1932 em Nova York, as mulheres não podiam atuar nessa profissão. Quando os bombeiros da cidade desapareceram misteriosamente um a um, Georgia viu a grande chance.


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Cine Dica: PROGRAMAÇÃO DE 24 DE FEVEREIRO A 02 DE MARÇO DE 2022 na Cinemateca Paulo Amorim.

 
A FELICIDADE DAS PEQUENAS COISAS 


SEGUNDAS-FEIRAS NÃO HÁ SESSÕES


SALA 1 / PAULO AMORIM

NÃO ABRIREMOS NO DIA 1º DE MARÇO (TERÇA).


15h - MARIGHELLA Assista o trailer aqui.

(Brasil, 2021, 155min). Direção de Wagner Moura, com Seu Jorge, Adriana Esteves, Bruno Gagliasso. Paris Filmes, 16 anos. Drama/Ação.

Sinopse: A cinebiografia recupera a trajetória do ex-deputado e guerrilheiro Carlos Marighella (1911 – 1969), que comandou um grupo de jovens na luta contra a ditadura que governava o Brasil. Ele foi um dos fundadores da Ação Libertadora Nacional, que pregava a revolução armada, e chegou a ser considerado o inimigo número 1 do Brasil. Sua morte aconteceu em uma emboscada em São Paulo, por agentes do DOPS. O filme é uma adaptação do livro "Marighella - O Guerrilheiro Que Incendiou o Mundo", de Mário Magalhães.


18h - BENEDETTA Assista o trailer aqui.

(França/Bélgica/Holanda, 2021, 125min). Direção de Paul Verhoeven, com Virginie Efira, Daphné Patakia, Charlotte Rampling, Lambert Wilson. Imovision, 18 anos. Drama.

Sinopse: Benedetta Carlini é uma freira italiana que vive em um convento desde a infância, em fins do século XVII. A jovem diz que tem visões religiosas e eróticas ligadas a Cristo e outros símbolos da Igreja, o que divide as opiniões de quem convive com ela. Tudo fica ainda mais perigoso quando o convento acolhe uma jovem agredida pelo pai e ambas, Benedetta e Bartolomea, dão início a um romance conturbado. O filme é baseado no livro “Immodest Acts: The Life of a Lesbian Nun in Renaissance Italy”, de Judith C. Brown, e inspirado em uma história real.


SALA 2 / EDUARDO HIRTZ

NÃO ABRIREMOS NO DIA 1º DE MARÇO (TERÇA).


14h30 - PRIMAVERA Assista o trailer aqui.

(Brasil, 2018, 110min). Direção de Carlos Porto de Andrade Jr., com Ana Paula Arósio, Ruth Escobar, Werner Schunemann, Caco Ciocler. O2 Play Filmes, 14 anos. Drama.

Sinopse: O longa recupera a trajetória de uma família que se estabeleceu no Brasil no final do século XVIII, a partir do casamento de um comerciante inglês e de uma portuguesa dona de terras. As memórias vêm de um descendente dos dias atuais, que está no leito de morte e revela ao filho passagens pitorescas e personagens incomuns desta história, num estilo que lembra a literatura de Gabriel García Marquez. Construído ao longo de duas décadas, o filme reúne muitas imagens de arquivos institucionais e particulares do país.


16h45 - DELICIOSO: DA COZINHA PARA O MUNDO Assista o trailer aqui.

(Délicieux - França, 2021, 115min). Direção de Eric Besnard, com Grégory Gadebois, Isabelle Carré, Benjamin Lavernhe. PlayArte Filmes, 14 anos. Comédia histórica.

Sinopse: Um dos longas preferidos do público no Festival Varilux de Cinema Francês, o filme trata dos primórdios da conceituada culinária francesa e da criação do primeiro restaurante do país. Tudo se passa ainda antes da Revolução Francesa, quando o cozinheiro Pierre Manceron comete algumas “ousadias” culinárias e é demitido da casa do seu empregador, o duque de Chamfort. Mas logo ele conhece Louise, uma mulher que quer aprender a cozinhar e o incentiva a buscar novos sabores e novas receitas – nesta pequena revolução pessoal, Manceron vai conquistar novos admiradores e alguns inimigos.


19h - A FELICIDADE DAS PEQUENAS COISAS Assista o trailer aqui.

(Lunana: A Yak in the Classroom - Butão/China, 2019, 110min). Direção de Pawo Choyning Dorji, com Sherab Dorji, Kelden Lhamo Gurung. Pandora Filmes, 12 anos. Comédia dramática.

Sinopse: Cansado da vida em seu pequeno país, um jovem professor butanês resolve tentar a sorte como cantor na Austrália. Mas ele precisa cumprir um último ano de trabalho e é enviado a uma escola distante, em uma aldeia glacial chamada Lunana. Sem conforto algum, o professor começa a ensinar as crianças da aldeia e, aos poucos, descobre os encantos do lugar. O longa é um dos 15 títulos pré-indicados ao Oscar de filme internacional.


PREÇOS DOS INGRESSOS:

TERÇAS, QUARTAS e QUINTAS-FEIRAS: R$ 12,00 (R$ 6,00 – ESTUDANTES E MAIORES DE 60 ANOS). SEXTAS, SÁBADOS, DOMINGOS, FERIADOS: R$ 14,00 (R$ 7,00 - ESTUDANTES E MAIORES DE 60 ANOS). CLIENTES DO BANRISUL: 50% DE DESCONTO EM TODAS AS SESSÕES. 

Professores têm direito a meia-entrada mediante apresentação de identificação profissional. Estudantes devem apresentar carteira de identidade estudantil. Outros casos: conforme Lei Federal nº 12.933/2013. Brigadianos e Policiais Civis Estaduais tem direito a entrada franca mediante apresentação de carteirinha de identificação profissional.

*Quantidades estão limitadas à disponibilidade de vagas na sala.

A meia-entrada não é válida em festivais, mostras e projetos que tenham ingresso promocional. Os descontos não são cumulativos. Tenha vantagens nos preços dos ingressos ao se tornar sócio da Cinemateca Paulo Amorim. Entre em contato por este e-mail ou pelos telefones: (51) 3136-5233, (51) 3226-5787.


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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

Cine Dica: Em Cartaz: 'O Beco do Pesadelo'

Sinopse: Em O Beco do Medo, quando o carismático, mas sem sorte, vigarista Stanton Carlisle (Bradley Cooper) acaba entrando para um "circo dos horrores" após perder tudo. Lá ele encontra a vidente Zeena (Toni Collette) e seu marido Pete (David Strathairn), que fazem um show de leitura fria e um engenhoso sistema de linguagem codificada para fazer parecer que ela tem poderes mentais extraordinários.  

Nas mãos de Guillermo del Toro os personagens sofrem, ao ponto que um pingo de felicidade que acontece se torna o único consolo em meio a uma jornada de dor e morte. Nem mesmo o singelo "A Forma da Água" (2017) escapa dessa fórmula de sucesso, pois até mesmo no mais lírico conto de fadas se encontra o seu lado feio."O Beco do Pesadelo" (2021) fala sobre personagens desajustados, mastigados pela realidade nua e crua e que se vendem ao Diabo para obter algum lucro.

Na trama, quando o carismático, mas sem sorte, vigarista Stanton Carlisle (Bradley Cooper) acaba entrando para um "circo dos horrores" após perder tudo. Lá ele encontra a vidente Zeena (Toni Collette) e seu marido Pete (David Strathairn), que fazem um show de leitura fria e um engenhoso sistema de linguagem codificada para fazer parecer que ela tem poderes mentais extraordinários. Mas logo Pete começa a ensinar a Stan sobre os truques, fazendo com que Stan tenha uma ideia para um "passaporte" para a riqueza e tirar dinheiro da elite Nova Yorkina dos anos 1940. Anos depois, após sair do circo e se juntar com Molly (Rooney Mara), uma das intérpretes do show, Stan é conhecido como "O Grande Stanton", pondo em prática o que tinha imaginado anos antes. Mas durante uma de suas performances, ele acaba se envolvendo em um jogo de gato e rato com a psicóloga Lilith Ritter (Cate Blanchet) que tentar expor suas habilidades fraudulentas.

Estamos nos anos quarenta, época em que o planeta está em guerra contra o nazismo enquanto isso os EUA ainda tentam sobreviver se recuperando após a crise dos anos trinta. Ao entrarem na guerra que não pediram muitos soldados retornaram miseráveis, feridos ou com os nervos e almas quebrados como um todo. Portanto, o primeiro ato onde se concentra a trama cujo o cenário é um circo de horrores nada mais é do que uma representação do pouco de dignidade das pessoas que viram o horror de perto e usam desse próprio horror para sobreviverem mesmo que se humilhando.

Carlisle seria um homem transitando neste cenário de sorte e azar, onde os momentos traumáticos e não resolvidos o moldaram a ser o homem que é, mas tentando não se abalar para não cair em uma vala qualquer. Se percebe que Guillermo del Toro apresenta o personagem como alguém misterioso, porém, meio que seguro de si e cuja a sua imagem relembra a de um Humphrey Bogart dos tempos dourados do cinema. Aliás, isso é proposital, já que a trama se passa na época em que o "cinema noir" estava em alta, onde luz, sombras e damas fatais moldavam essas obras e isso graças aos realizadores alemães dos tempos do expressionismo e que fugiram para os EUA para escaparem do horror do nazismo.

Por conta disso, Guillermo del Toro usa e abusa de um enquadramento que relembra esses tempos, cuja a chuva, sombras e personagens sempre em volta de uma janela fazem com que quase nem sintamos a falta de uma fotografia em preto e branco. Ao invés disso as cores são fortes, o sangue vermelho se torna quase explicito quando surge e cuja a edição de arte fazem das cenas ainda mais simbólicas. É um filme que o cineasta presta uma homenagem ao cinema dos tempos dourados, mas ao mesmo tempo falando que as mentiras e mazelas dos homens do passado ainda persistem nos tempos contemporâneos.

Mentira, aliás, é catalisador que movem os personagens centrais, seja nos eventos vistos no circo, como posteriormente na cidade grande. Ao adquirir os ingredientes para se tornar um grande vidente, Carlisle acaba por alimentar as esperanças de uma sociedade enfraquecida, cujo os horrores da guerra e de uma cidade corrupta acabam sugando qualquer tipo de esperança e, portanto, o mesmo acaba se tornando um meio para essas pessoas acreditarem em algo. Se hoje a sociedade atual se alimenta de fake news por achar que a verdade já não o suficiente naquela época isso não seria diferente.

Com um grande elenco, quem acaba se sobressaindo é próprio Bradley Cooper, cujo o seu personagem  Stanton Carlisle acaba se tornando o melhor personagem de sua carreira. Desde o princípio sentimos que o personagem carrega um passado trágico, o que lhe faz ser alguém em busca de uma felicidade que jamais irá alcançar e cujo o seu destino acaba sendo definido antes mesmo dele chegar lá. A sua cena final, aliás, é sublime, trágica e ao mesmo tempo realista.

"O Beco do Pesadelo" é uma prova que Guillermo del Toro não se vende pelo obvio e nos brindando com um filme complexo, corajoso e não estando nenhum pouco preocupado com os seus resultados. 


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