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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Cine Dica: Streaming: 'Kimi: Alguém Está Escutando'

Sinopse: Uma analista de dados que sofre de agorafobia segue uma rotina rigorosa dentro da segurança de seu loft no centro da cidade de Seattle. Nas pausas, ela flerta com a vizinha do outro lado da rua e se comunica com sua mãe. Tudo muda quando ela ouve um barulho estranho.

Alfred Hitchcock se tornou ao longo das décadas uma fonte da criatividade e da qual muitos diretores buscam em seus clássicos uma forma de se inspirarem e fazerem os seus filmes. Quando tocamos nesse assunto nos lembramos rapidamente de Brian de Palma, sendo que nos anos oitenta ele lançou filmes como "Dublê de Corpo" (1984) e "Vestida para Matar" (1980) e cujo os títulos nos faz lembrar das fórmulas de sucesso que o mestre do suspense criava em suas obras primas. Agora é a vez de Steven Soderbergh prestar uma pequena homenagem ao mestre pelo filme "Kimi: Alguém Está Escutando" (2021), que fala sobre os dilemas do mundo contemporâneo e do qual é moldado de uma forma criativa e interessante de ser degustada.

E se cada respiração, cada som, cada momento fosse registrado? Durante a pandemia do COVID-19 em Seattle, uma agorafóbica (Zoë Kravitz) que trabalha com tecnologia descobre evidências de um crime violento ao revisar um fluxo de dados e encontra resistência e burocracia quando tenta denunciá-lo à sua empresa. Para se envolver, ela percebe que deve enfrentar seu maior medo saindo de seu apartamento e indo para as ruas da cidade, que estão cheias de manifestantes depois que a Câmara Municipal aprova uma lei que restringe os movimentos da população sem-teto.

Em termos de originalidade o filme quase não tem nada, sendo que a premissa parcialmente lembra o recente "A Mulher Da Janela" (2021). Porém, se naquele filme ele se perdia pelo caminho em alguns pontos, aqui Steven Soderbergh tem controle absoluto, ao criar um cenário bastante familiar ao nosso, onde a protagonista se isola do mundo por motivos trágicos vindos do passado, além de possuir receio devido a pandemia que se alastra pelo mundo. Desde a trilha sonora, como também o fato dos personagens se observarem pela janela, Soderbergh cria uma ligeira homenagem ao clássico "Janela Indiscreta" (1954), mas cujo os motivos que levam ambos os protagonistas se isolarem acabam sendo distintos se formos comparar um com o outro e correspondendo mais com a realidade da época em que cada filme foi lançado.

Tecnicamente Soderbergh cria um filme claustrofóbico, mas não só pelo fato de boa parte da trama a protagonista estar isolada, como também a forma que o cineasta a filma. Em um determinado momento, por exemplo, ela sai do seu apartamento para uma pequena missão, mas cujo os seus passos acabam se tornando ligeiros, com o direito de ela estar encolhida e tendo receio de se encostar em algo ou alguém a qualquer momento durante o trajeto. Desta forma, o cineasta cria essa sequência de uma forma incomoda, onde a sua câmera se posiciona inclinada e nos dando a entender que enxergamos ali uma realidade distorcida e opressora de acordo como a protagonista enxerga.

Aliás, essa realidade bate de frente com os mais diversos assuntos que passamos dia após dia debatendo, desde sobre a pandemia, como também o aumento de da população sem lar e de estarmos cada vez mais presos as tecnologias das multimilionárias e fazendo nos tornamos dependentes a elas. Se "Inimigo do Estado" (1998) ou "A Rede" (1996) eram apenas protótipos sobre o que seria o nosso futuro, aqui a situação é muito mais verossímil, mesmo quando temos um ato final que quase cai nas velhas fórmulas previsíveis do cinema norte americano. Porém, o filme funciona não somente  graças a boa direção do cineasta, como também a presença forte de sua protagonista e Zoë Kravitz cada vez mais prova que terá uma carreira promissora e sendo que esse ano, talvez, finalmente se torne uma grande estrela com a estreia de "The Batman".

Embora curto, "Kimi: Alguém Está Escutando" é uma declaração de amor que Steven Soderbergh faz ao mestre Alfred Hitchcock e que fala dos nossos principais medos destes tempos atuais complexos.  

Onde Assistir: HBO Max. 

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