Sinopse: Muito tempo
após os fatos de "O Retorno de Jedi", encontra-se a Primeira Ordem,
uma organização sombria iniciada após a queda de Darth Vader e do Império. O
grupo está em busca do poderoso Jedi Luke Skywalker, mas terão que enfrentar
outro grupo em busca de Luke: a Resistência, liderada por Leia.
A
cruzada do herói, ou melhor, a pessoa predestinada por um bem maior, é uma
história já contada há séculos, independente de qual forma ela é apresentada para
um público diferente de cada época. Embora tenhamos inúmeras histórias
conhecidas dessa cruzada, o que todas elas têm em comum é o velho embate do bem
contra o mal, sendo que, o próprio herói, luta para não cair na tentação vinda
da escuridão. Star Wars - O Despertar da Força, não
só retoma a cine – série criada por George Lucas para o cinema, como também
fortalece esses elementos já conhecidos, mas incorporando algo de novo e muito
bem vindo.
Dirigido por J.J. Abrams (Star Trek), a trama
se situa trinta anos após O Retorno de Jedi. Os heróis se veem num novo embate
perante a Primeira Ordem, mais precisamente herdeiros do antigo Império. Entre
eles encontrasse um lorde sombrio chamado Kylo Ren (Adam Driver), disposto a
caçar pela galáxia Luke Skywalker, que se encontra desaparecido. Liderando uma
resistência, Princesa Leia (Carrie Fisher), que agora é General e está em busca
do seu irmão, mas ao mesmo tempo, eventos ocorrem para fazer com que essa sua
cruzada não seja solitária.
Dito isso, surgem os
verdadeiros novos protagonistas do filme: Rey (Daisy Ridley) bela e forte jovem
que vive de catar lixo para sobreviver e Finn ( John Boyega) ex-soldado da Primeira
Ordem que decide abandonar o seu posto e buscar um novo caminho em sua vida.
Ambos se cruzam no primeiro ato e que, através do pequeno robô BB-8, embarcam
numa missão que podem os levar até Luke Skywalker. Pelo caminho, encontram a
velha e poderosa Millennium Falcon, para
logo em seguida darem de encontro com Han Solo (Harrison Ford) e Chewbacca e
juntos partem para uma grande aventura.
Falar mais seria
estragar inúmeras surpresas que esse filme reserva, mas o que posso dizer
antecipadamente é que, ele não é somente uma continuação, como também uma
releitura do clássico de 1977. Todas as fórmulas já vistas na trilogia clássica
estão lá, mas moldadas para serem apresentadas para um novo público, mas ao
mesmo tempo respeitando o antigo. J.J. Abrams cria então uma espécie de
declaração de amor e carinho por esse universo e não faz feio perante aos
nossos exigentes olhos.
A todo o momento, não
só surgem referencias aos filmes anteriores, como também o surgimento de velhos
conhecidos e cada um deles recebe os aplausos pra lá de merecidos. Abrams
constrói essas aparições de uma forma elegante, da qual nos faz rir, e meio
segundo depois nos emocionar com as cenas. Em meio a isso, é preciso dar palmas
pelo fato do cineasta não abusar em nenhum momento dos efeitos especiais, mas
sim que eles façam parte da trama e ao mesmo tempo remetendo ao filme clássico,
como se a velha e a nova tecnologia sempre estiveram juntas o tempo todo.
Mas
quem acha que o filme sobrevive somente com os velhos conhecidos se engana,
pois as caras novas estão ali para sucedê-los de uma forma digna. Rey (Daisy Ridley) é
sem duvida a verdadeira protagonista do filme: forte e determinada, Rey espera
por respostas do seu passado e na oportunidade de um dia sair do lugar em que
vive. Ao mesmo tempo, uma vez em que abraça a oportunidade de seguir um novo
caminho, demonstra certa fragilidade devido ao peso da responsabilidade. É a
cruzada do herói (a) remodelada para as novas plateias que, em meio a inúmeros
obstáculos, poderá conseguir a sua redenção e um lugar no mundo.
Finn (John
Boyega) segue pelo mesmo caminho, mais
em busca por redenção e luz em sua vida, depois de ter presenciado os horrores
que a Primeira Ordem causou. John Boyega se sai muito bem em cena, não só
provando que o seu personagem tem potencial, como também se torna o grande
alivio cômico da trama, mas de uma forma divertida e jamais boba. Tanto Daisy
Ridley como John Boyega possuem ótima química juntos em cena e fazendo dos seus personagens a
verdadeira alma do filme.
O mesmo não se pode
dizer muito do antagonista Kylo Ren
(Adam Driver), pois sua presença é boa, mas meio que desperdiçada pelos poucos
momentos de cena que possui. Driver se
sai bem na interpretação, principalmente quando está sem mascara, sendo ela o
único entrave de sua interpretação ser melhor e esse empecilho somente existe
para a gente se lembrar de Darth Vader a
todo momento, sendo que isso poderia ser dispensável. Felizmente o seu grande
momento na trama acontece quando contracena com um personagem clássico e essa
cena com certeza fará com que qualquer fã perca o chão no momento que for
assisti-la.
Com relação à velha
guarda, tanto Carrie Fisher como Harrison Ford, embora ambos com idades
avançadas se saem bem ao passar o fato dos seus personagens serem veteranos e
mais sábios perante o novo mundo que eles presenciam e que precisam enfrentar.
Embora ainda seja um canalha, Han Solo passa para os seus novos companheiros
todo o conhecimento que adquiriu ao longo das décadas e qualquer descrença que
ele tinha com relação à força deixou de existir. Portanto ele se torna uma
espécie de mestre e pai, principalmente para Rey, carente pela falta de uma
figura paterna.
Como eu disse acima,
o filme é uma releitura prazerosa do clássico, embora algumas delas soem um
tanto que repetidas. Por mais que seja empolgante o ato final, eu
particularmente achei forçado demais à presença de uma antiga arma do império
voltar em cena, mas muito maior e poderosa. O pior que a forma que é encontrada
para destruir ela é apresentada rápida demais, dando a entender que os
roteiristas tiveram e muita preguiça nesse ponto.
Se há repetições,
pelo menos uma delas nos faz vibrar, principalmente quando Rey aceita o que ela
estava predestinada a ser e usa pela primeira vez o sabre de luz contra o
inimigo. É nesse momento que o coração de qualquer fã infla de emoção. Se na
trilogia anterior (episódios I, II e III), os combates de sabre de luz pareciam
já repetitivos, aguarde para esse momento e sentir novamente a emoção que era
antigamente assistir esses duelos.
Batalha vencida, mas
a guerra mal começou e vemos os heróis se recolhendo e colhendo o que restou.
Os minutos finais da trama deixam mais perguntas do que respostas, cuja elas
somente serão respondidas nas eventuais continuações. Na reta final, vemos Rey
encontrar o seu destino, mais precisamente dando de encontro com a
possibilidade de aprimorar os seus dons ou na possibilidade de abandonar esse
fardo e seguir outro caminho.
A cena final é curta,
mas ela sintetiza exatamente toda a essência do que é Star Wars, com relação à
cruzada do herói, de sua luta; o seu fardo; a sua queda e sua redenção pessoal
que tanto busca. Star Wars - O Despertar
da Força não somente respeita esses dizeres, como também nos abre uma porta até
então desconhecida sobre essa nova cruzada. Que a força esteja com nós até
2017.