Quando "Simbad e a Princesa" (1958) fez um grande sucesso para época muitos imaginavam que logo aconteceria uma sequência. Porém, o realizador Ray Harryhausen, responsável pelos efeitos visuais e roteiro, se aventurou em outros projetos que viriam a se tornar também grandes clássicos como “A Ilha Misteriosa” (1961) e "Jasão e os Argonautas" (1963). Foi somente em 1973 que o realizador revisitou o personagem clássico da literatura e culminando em "A Nova Viagem de Simbad".
Na trama, Simbad e sua tripulação interceptaram uma pequena criatura voadora que carregava um misterioso talismã e do qual faltavam ainda duas partes. Koura, o criador do pequenino e praticante da magia negra, está disposto a fazer de tudo para obter o talismã de volta e passa a perseguir Simbad, que logo perceberá o que o objeto realmente representa. Durante a sua aventura ele obtém novos aliados, desde um jovem que nunca se aventurou nos mares, como também uma bela jovem que surgiu pela primeira vez em uma misteriosa visão.
Com direção de Gordon Hessler, é interessante observar que a trama possui um ritmo mais lento se formos comparar com o clássico de 1958, mas dando um espaço maior para construção e apresentação dos personagens centrais. Do elenco central, se destaca Tom Baker que dá vida ao vilão principal da trama e que, curiosamente, nós acabamos até mesmo nos importantes com ele, já que ele não esconde o seu lado trágico e o seu desejo quase obsessivo pela juventude e poder. Vale destacar a presença de Caroline Munro, que aqui faz o interesse amoroso do protagonista e possui uma beleza incomum em cena.
Revisitando a obra se nota que há ali elementos que com certeza serviram de inspiração para os futuros realizadores, como no caso de Steven Spielberg e George Lucas e que construíram as suas carreiras se inspirando em longas como esse. Além disso, se o filme possui coração, muito se deve ao talento de Ray Harryhausen, responsável pela construção de seres fantásticos e que somente ganharam vida graças a técnica do stop motion. Dos seres vistos na tela, se destaca a estátua de seis braços que nos brinda com um duelo mortal contra Simbad.
Dos filmes protagonizados pelo herói das Mil e Uma Noites, esse é um dos que não me lembro ao certo se eu havia assistido quando eu era pequeno, já que era comum no início dos anos oitenta esse tipo de filme passar exaustivamente na Sessão da Tarde da Rede Globo. Contudo, foi um filme que fez um grande sucesso para época e fazendo com que Ray Harryhausen não demorasse muito tempo para revisitar o personagem em 1977, mas essa é uma outra história para ser contada. "A Nova Viagem de Simbad" é diversão garantida para aqueles que cresceram assistindo um cinema de aventura de verdade e sendo muito melhor do que se vê hoje em dia.
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