Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte.
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A Cinemateca Capitólio recebe na sexta-feira, 30 de maio, às 19h, Jorge Furtado, Nora Goulart e toda a equipe da Casa de Cinema para o relançamento em 4k de Saneamento Básico, o Filme e Ilha das Flores. O primeiro lote de 50 ingressos será vendido antecipadamente a partir de terça-feira, 27 de junho, nos horários de abertura da bilheteria (30 minutos antes de cada sessão). O valor é R$ 16,00, pagamento apenas em dinheiro.
O segundo lote de 50 ingressos será vendido no dia da sessão, a partir das 18h.
A partir de quinta-feira, 29 de maio, o documentário O Bem Virá, dirigido por Uilma Queiroz, será exibido na Cinemateca Capitólio. Os Dragões, de Gustavo Spolidoro, segue em cartaz.
Na quarta-feira, 06 de junho, às 19h, a Cinemateca Capitólio recebe uma sessão especial de Legalidade, segundo episódio da série 1961, dirigida e idealizada por Amir Labaki. O realizador participará de uma conversa com o público após a projeção. Entrada franca.
Sinopse: Um grupo de cinco amigos da bucólica cidade de Cotiporã começam a se transformarem em algo que vai colocar a cidade contra eles.
O cinema de horror brasileiro pode ir tanto para o lado verossímil como também para o lado ainda mais fantástico. Em ambos os casos, porém, sempre tem aquela sensação de tudo ter sido feito na raça, pois quase sempre aparenta ser um projeto de orçamento curto, porém, feito de coração e com estilo. "Os Dragões" (2025) é um desses casos de projetos cinematográficos que são feitos com o que tem no bolso, mas cuja criatividade dos realizadores faz a diferença como um todo.
Dirigido por Gustavo Spolidoro, o filme conta a história de um grupo de cinco jovens da bucólica cidade de Cotiporã que se encontram aflitos na possibilidade de ficarem mais velhos e com as responsabilidades que vêm no processo. Envolvidos profundamente na produção de uma peça de teatro baseada nos contos de realismo fantástico de Murilo Rubião, aos poucos cada um dos jovens começa a cuspir fogo como se fossem um dragão, além dos corpos estarem mudando gradualmente. Não demora muito para a comunidade achar essa transformação estranha e fazerem os jovens tomarem certas atitudes arriscadas.
Gustavo Spolidoro procura tirar leite de pedra em uma produção limitada, mas obtendo certo existo nesta questão, já que o realizador capricha no enquadramento, fotografia estilosa, além de elaborar uma bela abertura onde aos poucos são apresentados os protagonistas. Esses, por sua vez, é mais do que notório que são atores amadores, vindo talvez do teatro e cujas atuações são limitadas em alguns momentos. Vale notar, porém, os esforços de cada um deles, principalmente quando os momentos envolvem maquiagem e efeitos visuais feitos a mão.
Neste último caso, por exemplo, é nítido que os realizadores fizeram o que tinham em mãos, mas é interessante observar que, quanto maior a limitação, mais verossímil as cenas são, sendo que é algo que não acontece nas cenas geradas hoje em dia em CGI. Logicamente o filme toca em assuntos espinhosos que são debatidos hoje em dia, desde a aceitação do ser diferente, como também eles sofrerem preconceito de uma sociedade conservadora e que não aceita os ventos da mudança. Quando, por exemplo, temos uma determinada personagem dizendo para questionarmos a mensagem está mais do que recebida e entendemos qual é a proposta principal da obra.
Para os fãs de horror e fantasia, o filme é até mesmo um prato cheio de referências, mesmo quando se poderia ir mais longe se houvesse um orçamento mais generoso diga-se de passagem. Portanto, não custa imaginar o que aconteceria se projetos como esse tivessem maiores recursos e nos brindando com algo mais rico para dizer o mínimo. A cena final, por outro lado, é épica e provando que as limitações de um projeto não impedem de fazer um pequeno espetáculo.
"Os Dragões" é um filme fantasia que aparenta as suas limitações, mas provando que o cinema brasileiro pode sim explorar qualquer gênero que bem entender.
O filme italiano encerra o ciclo de maio sobre "Maternidades", na Sala Audiovisual Gilda e Leonardo, junto da UP Idiomas. O diretor e ator Nanni Moretti que já trabalhou o sentimento da perda no premiado filme "O Quarto do Filho", depois de mais uma década, volta a abordar o tema, desta vez ficando como ator coadjuvante. A durona diretora de cinema Margherita durante a gravação de um novo filme passa por uma crise existencial ao ter que lidar com a separação, com problemas com as filhas e, ao mesmo tempo, com a doença e inevitável perda de sua mãe.
O filme emocionou público e critica, obtendo o Prêmio do Júri Ecumênico do Festival de Cinema de Cannes, em 2015, enquanto a tocante interpretação da protagonista Margherita garantiu na Italia um grande número de indicações e prêmios. "Neste filme, Nanni Moretti abdica do humor, componente tão presente em algumas de suas realizações, estreitando o foco numa personagem atingida em cheio pela gradativa consciência da própria fragilidade." (Marcelo Müller, Papo de Cinema).
A sessão, com entrada franca, integra a programação continuada realizada na Sala Audiovisual Gilda e Leonardo, pelo Cineclube Torres, associação sem fins lucrativos com 13 anos de história, em atividade desde 2011, Ponto de Cultura certificado pela Lei Cultura Viva federal e estadual, Ponto de Memória pelo IBRAM, Sala de Espetáculos e Equipamento de Animação Turística certificada pelo Ministério do Turismo (Cadastur), contando para isso com a parceria e o patrocínio da Up Idiomas Torres.
Serviço:
O que: Exibição do filme "Mia Madre", de Nanni Moretti (Italia - 2015) - 1h41m
Onde: Sala Audiovisual Gilda e Leonardo, junto à escola Up Idiomas, Rua Cincinato Borges 420, Torres
Quando: Segunda-feira, 26/5, às 20:00
Ingressos: Entrada Franca, até lotação do local (aprox. 22 pessoas).
Cineclube Torres
Associação sem fins lucrativos
Ponto de Cultura – Lei Federal e Estadual Cultura Viva
Ponto de Memória – Instituto Brasileiro de Museus
Sala de Espetáculos e Equipamento de Animação Turística - Cadastur
O cinema nacional celebra um momento histórico neste sábado (24), com o reconhecimento internacional de O Agente Secreto no Festival de Cannes. O ator Wagner Moura foi premiado como Melhor Ator por sua atuação no longa, enquanto o diretor Kleber Mendonça Filho recebeu o troféu de Melhor Direção.O filme, que representa o Brasil na disputa pela Palma de Ouro — principal honraria do festival —, vem se destacando entre os mais comentados da mostra oficial. A estreia foi marcada por mais de 10 minutos de aplausos, e a produção tem sido amplamente elogiada pela crítica especializada por sua linguagem ousada e estética singular.
Para comentar a relevância dessas premiações e seu impacto na valorização do audiovisual brasileiro, os professores da ESPM Cyntia Calhado e Márcio Rodrigo, especialistas em cinema e audiovisual, estão disponíveis para entrevistas. Ambos acompanham de perto os desdobramentos do Festival de Cannes e podem oferecer análises qualificadas sobre o momento do cinema nacional no cenário internacional.
Sobre a ESPM
A ESPM é uma escola de negócios inovadora, referência brasileira no ensino superior nas áreas de Comunicação, Marketing, Consumo, Administração, Economia Criativa e Tecnologia. Seus 12 600 alunos dos cursos de graduação e de pós-graduação e mais de 1 100 funcionários estão distribuídos em quatro campi - dois em São Paulo, um no Rio de Janeiro e um em Porto Alegre. Possui cinco unidades regionais em Belo Horizonte, Florianópolis, Goiânia, Salvador e Curitiba. O lifelong learning, aprendizagem ao longo da vida profissional, o ensino de excelência e o foco no mercado são as bases da ESPM.
A minha relação com a franquia "Premonição" é bastante curiosa. Na época de lançamento do primeiro filme eu não tinha dado muito crédito, principalmente pelo fato que era uma fase que eu estava cansado de filmes de terror em que os protagonistas eram jovens e quase sempre interpretados por talentos esquecíveis. Outro fator determinante de não estar interessado é que havia acabado de assistir um filme com um título similar chamado "A Premonição" (1999) estrelado por Annette Bening e Robert Downey Jr e do qual havia gostado bastante.
Porém, após cinco filmes e com a chegada do sexto nos cinemas, eu decidi dar uma chance a essa franquia e reservar um dia das minhas férias para assistir a todos os capítulos. O resultado dessa empreitada vocês leem abaixo.
"Premonição" (2000)
Bem, apesar desse ser o primeiro filme da franquia é curioso observar que ele acabou sendo o menos lembrado após tantas continuações que foram lançadas ao longo dos anos. As mortes deste (comparada com os outros filmes) são as menos cruéis possíveis, como se os realizadores estivessem preocupados em não exagerar já no início, já que não sabiam ao certo se obteriam o resultado positivo que estavam esperando. O “vilão” não poderia ser mais original, sendo a própria Morte.
Em termos de efeitos visuais, você pode até se assustar ao compará-lo com os outros capítulos. Aqui se percebe que tudo é feito à mão, onde o CGI não era o lado dominante da indústria da época e fazendo com que até mesmo sintamos o peso das mortes no decorrer da história. Todo filme dessa franquia tem um acidente no início, que é a partir da visão do protagonista. Nesse não poderia ser diferente, e aqui temos um acidente em um avião que é, desde já, um dos melhores momentos da franquia como um todo.
Do elenco, destaque para o veterano Tony Todd, que aqui interpreta um misterioso homem que trabalha no necrotério e que começa a falar sobre os inúmeros significados com relação à morte. Embora atue em poucos minutos, ele simplesmente rouba a cena, ao ponto de ser convidado nas demais continuações. Infelizmente Tony Todd viria a falecer no ano passado, mas deixando a sua marca dentro da franquia como um todo.
"Premonição 2" (2003)
O segundo capítulo é um dos casos raros em que sequências acabam se tornando bem-sucedidas, mesmo quando a narrativa fica aquém do esperado. Mesmo não trazendo nada de novo na narrativa, o filme introduz os elementos que deram certo na produção anterior e fornece ao público doses generosas de adrenalina. Com roteiro assinado por J. Mackye Gruber e Eric Bress, o filme reforça as cenas de ação e introduz uma relação satisfatória com o anterior, explicitada mais adiante.
A escolhida da vez é Kimberly (A J Cook), uma jovem em viagem com alguns amigos. Durante o percurso de ida, a garota tem a tal premonição de abertura, padrão dos filmes da franquia. O cineasta David R. Ellis, ciente da sua condição de continuação, entrega ao público uma cena de acidente extremamente poderosa, que não deve nada comparado a abertura do primeiro filme. Após ver os seus amigos e uma fila de desconhecidos envolvidos num engavetamento na estrada, a jovem decidiu interromper a estrada e impedir que os carros continuassem o seu trajeto.
Como não poderia deixar de ser, os sobreviventes se tornam os novos alvos da morte que começa assassiná-los um por um. Destaque para o retorno de Clear River (Ali Larter), sendo que a própria havia se internado para fugir da morte, mas sendo obrigada a ter que ajudar os novos personagens. E assim como no filme anterior, o personagem misterioso dono do necrotério, interpretado pelo ótimo ator Tony Todd, novamente nos levanta a suspeita se ele não poderia ser a própria morte.
"Premonição 3" (2006)
Apesar de o segundo filme ter obtido um bom resultado, é um tanto inferior se compararmos ao primeiro, fato que motivou o estúdio, a New Line Cinema, a trazer de volta para o terceiro capítulo James Wong e Glen Morgan, dupla responsável pelo original. “Premonição 3” na verdade é um claro exemplo de que novas continuações dessa franquia são desnecessárias, mas sempre terão seu público e não fazem mal algum aos fãs do gênero. Inferior aos dois primeiros, com a história mais do que batida e sem mistério algum (algo ruim para um filme que tende a ser de suspense), o filme acaba servindo como uma boa diversão – diversão no sentido de fazer rir mesmo – para quem aprecia filmes de violência que vão contra qualquer lei do bom senso.
Na trama, Wendy (Mary Elizabeth Winstead), aluna do último ano do ensino médio, reúne-se com os amigos para a noite de comemoração da formatura num parque de diversões. Quando eles estão prestes a andar na montanha-russa, Wendy fica subitamente assustada. Assim que se vê presa ao assento do brinquedo, experimenta a vívida premonição de um acidente fatal no qual a montanha-russa se torna uma armadilha mortal para ela e seus amigos.
Não é preciso ser gênio para saber o que acontece depois. Curiosamente, Mary Elizabeth Winstead é atriz da franquia que mais teve carreira sólida, atuando em filmes posteriormente cultuados como "Scott Pilgrim contra o Mundo" (2010) e grandes sucessos como "Aves de Rapina: Arlequina" (2020).
"Premonição 4" (2009)
É fácil apontar essa quarta parte como a pior da franquia, pois a trama é basicamente a mesma de sempre e alinhado com um 3D desnecessário e cujo CGI piora tudo. Basicamente somente muda o tipo de acidente do início da trama, trazendo somente novos personagens e se tem, portanto, a mesma história de sempre. É até estranho a decisão dos produtores em trazer o diretor David R. Ellis, diretor do segundo filme, já que se ele havia falhado um pouco naquele longa para que então voltar?
Na trama, Nick O'Bannon (Bobby Campo) vai assistir uma corrida de carros. Porém, um acidente faz com que um dos carros, que estava a 300 km/h, derrape na pista. Isto faz com que exploda na platéia, causando a morte de dezenas de pessoas. Entretanto antes que isto ocorresse Nick teve uma premonição, que fez com que ele e seus amigos deixassem o local. De início eles acreditam que escaparam da morte, mas logo ela parte em seu encalço.
Ou seja, basicamente a mesma história só que alinhada em um período em que o 3D voltou com força graças ao sucesso de "Avatar" (2009), mas que não acrescenta em nada na trama e fazendo com as mortes se tornem as piores da franquia. O elenco também é apontado por muitos como o pior de todos os capítulos, sendo que o ator principal Bobby Campo é insosso e basicamente só segue o roteiro. Parecia, portanto, que a morte definitivamente havia alcançado a franquia, mas a própria havia enganado ela.
"Premonição 5"
Após os erros cometidos no capítulo anterior, os produtores decidiram dar uma renovada neste quinto filme, ao eliminar principalmente o que mais havia dado errado, que era o CGI e o 3D. Embora seja a mesma premissa de sempre, se nota um capricho maior na realização das cenas de morte, principalmente ao acidente inicial que ocorre no início da trama e que não deve nada a qualquer tipo de filme pertencente ao subgênero catástrofe. Além disso, os realizadores corrigiram em trazer de volta o misterioso personagem dono de funerária William Bludworth, interpretado brilhantemente por Tony Todd e que novamente faz levantar questionamentos sobre quem realmente ele é.
Dirigido agora por Steven Quale, na trama acompanhamos Sam (Nicholas D'Agosto) que sente um estranho pressentimento que as pessoas com quem trabalha e viaja com ele irão morrer num grave acidente em uma ponte. A sua visão acabou acontecendo, mas fazendo com que ele conseguisse salvar os seus amigos do desastre. Porém, não demora muito para que a morte volte a caçá-los impiedosamente.
É interessante que neste filme a transição entre humor e horror está mais equilibrada, dando mais enfoque ao suspense e cuja cenas de morte são muito mais bem elaboradas. Curiosamente, o papel do senhor William Bludworth se torna ainda mais relevante a partir do momento que ele joga uma pista para os protagonistas para tentar driblar a morte. Claro que nada dá muito certo, mas isso serve para que a narrativa não se torne repetitiva a todo momento.
O que faz deste quinto filme ser um dos melhores capítulos desde o primeiro está na forma como ocorre os desdobramentos dentro da trama, principalmente com relação ao seu ato final, do qual não somente é surpreendente como também fecha um círculo iniciado no primeiro filme. Graças a esse final a franquia poderia, enfim, ter o seu descanso eterno, mas estamos falando de filmes que sempre deram um bom lucro para o estúdio e é por conta disso que recentemente chega aos cinemas o sexto capítulo.
Pelo visto, a morte nunca tirou férias, seja na realidade ou na ficção.
Neste sábado, nossa sessão será às 10h15 na Sala Eduardo Hirtz da Cinemateca Paulo Amorim (CCMQ) com a exibição de Sex (2024), do diretor norueguês Dag Johan Haugerud.
Na trama, dois colegas de trabalho, ambos em casamentos heterossexuais e na meia-idade, compartilham experiências de desejos inesperados. Um deles relata sua primeira experiência sexual com outro homem; o outro, inquieto, revela estar tendo sonhos eróticos recorrentes com David Bowie. Sex é o primeiro título da trilogia Sex, Love, Dreams, projeto no qual Haugerud se propõe a investigar temas como identidade, intimidade e desejo sob diferentes prismas. Com diálogos afiados e atuações marcantes, o longa é um convite à escuta e à desconstrução de certezas.
Confira os detalhes abaixo:
SESSÃO CLUBE DE CINEMA
📍 Local: Sala Eduardo Hirtz – Cinemateca Paulo Amorim
Casa de Cultura Mario Quintana – Rua dos Andradas, 736, Centro Histórico
📅 Data: Sábado, 24/05
⏰ Horário: 10h15
Sex
Noruega, 2024, 120 min, 14 anos
Direção: Dag Johan Haugerud
Elenco: Jan Gunnar Røise, Thorbjørn Harr, Siri Forberg
Sinopse: Dois homens, ambos em casamentos heterossexuais, questionam suas compreensões de sexualidade, gênero e identidade após experiências inesperadas.
Sobre o filme: Em tempos atuais certos tabus da sociedade têm sido quebrados, principalmente quando o tema é o sexo e sendo discutido de forma mais aberta nos últimos tempos. Porém, a questão ainda é difícil de ser dialogada, principalmente entre casais que ainda mantêm certos valores do passado intactos, mas que nem sempre corresponde com os seus verdadeiros sentimentos. "Sex" (2024) fala sobre intimidades, segredos e até que ponto é preciso ser sincero com relação a esse assunto.
Dirigido por Dag Johan Haugerud, acompanhamos a história de dois colegas de trabalho na meia-idade, ambos em casamentos heterossexuais, que, após duas experiências recentes e inusitadas, passam a questionar suas sexualidades e identidades de gênero. Enquanto um revela que teve a sua primeira experiência homossexual, o outro revela que anda tendo sonhos estranhos com o cantor David Bowie. Uma vez que ambas as versões de suas histórias são ouvidas pelos seus familiares é então que cada um deverá lidar com as suas sinceridades.
Confira a minha crítica completa já publicada clicando aqui.
Sinopse: Marcielle, de 13 anos, vive em uma comunidade ribeirinha na Ilha do Marajó com o pai, a mãe e três irmãos. Chegando na adolescência, ela começa a conhecer o lado adulto da pior maneira possível.
O abuso contra a mulher pode não acontecer necessariamente na fase adulta, mas justamente em tempos mais inocentes e dentro de casa. Por mais mórbido que isso seja, isso não pode se colocar por baixo de panos quentes, mas sim ser debatido e ser enfrentado para que esse horror não seja repetido. "Manas" (2025) é uma síntese do lado sombrio que acontece em um ponto específico no Brasil, mas que também ocorre muito mais próximo de nós do que se imagina.
Dirigido por Marianna Brennand, o filme conta a história de Marcielle (Jamilli Correa), uma jovem de apenas 13 anos inserida em um meio repleto de violências dentro da periferia onde mora. Moradora da Ilha de Marajó, no Pará, ao lado do seu pai, Marcílio (Rômulo Braga), sua mãe, Danielle (Fátima Macedo), e três irmãos. A menina não se conforma com a partida da sua irmã mais velha, que partiu para bem longe de onde moravam após arrumar um homem que circulava pela bacia hidrográfica que banha a região. Não demora muito para Marcielle entender o porquê de sua irmã partiu, sendo que o problema estava justamente dentro de casa.
Desenvolvido há mais de dez anos, "Manas" é um dos primeiros filmes a serem rodados na ilha de Marajó e do qual desvenda o lado obscuro do local, onde diversas meninas foram abusadas sexualmente por turistas, marinheiros e, infelizmente, pelos próprios familiares. Marianna Brennand cria aqui uma ficção, mas que representa todas as vozes dessas meninas que estavam silenciadas ao longo dos anos, mas ganhando acolhimento daqueles que decidiram acusar esses crimes hediondos. Embora sendo realizado em um cenário raramente visto pelo grande público, o assunto é universal e deve ser testemunhado por todos.
Com uma linguagem quase documental, a cineasta adentra as florestas daquele lugar, do qual deveria representar a beleza da região, mas que infelizmente se torna um refúgio para que o ser humano desperte o seu lado mais sombrio. Quem acaba sofrendo é justamente as crianças que a recém estão conhecendo o mundo, mas tendo já desde cedo testemunhando o lado duro e inconsequente do ser humano. Tudo isso e muito mais é representado pela incrível atuação da jovem Jamilli Correa.
A jovem atriz consegue transmitir os sentimentos de sua personagem através do peso do seu olhar acentuado, do qual o lado inocente vai sendo apagado e dando lugar a um olhar consciente sobre o que realmente está acontecendo. O filme ganha pinceladas de pura tensão, principalmente nas cenas em que o pai leva a filha para a floresta para caçar, quando na verdade ela se torna a caça. Vale destacar que, embora o filme trate de um assunto espinhoso, Marianna Brennand filme como ninguém de uma forma que as cenas jamais se tornem explícitas, mas sim do modo sugestivo e que torna tudo ainda mais pesado.
Acima de tudo, é um filme que mostra a realidade da mulher que acredita não ter outra opção, a não ser se entregar para um beco sem saída mesmo quando há certa esperança. Fátima Macedo interpreta uma mãe que acredita não ter escolha, ao ponto de não fazer nada a respeito com relação ao que acontece a sua filha e deixando a última se vender para um cenário onde jamais deveria ter pisado um dia. Ao menos ainda existem aqueles que se importam em ajudar perante esse quadro, mas talvez isso só não basta.
O filme vem em um momento em que vários setores da sociedade procuram usar os seus status, seja políticos, ou religiosos, para camuflar certos crimes. O crime contra a inocência precisa ser combatido, independente de qual cortina de fumaça esses indivíduos buscam para se esconder e tentar continuar cometendo tais atos. A diretora Marianna Brennand cumpriu o seu papel e cabe a nós darmos o exemplo.
"Manas" é um soco no estômago necessário, pois somente sendo sentido para que a inocência comece a não ser mais molestada por monstros que se dizem ser cidadãos do bem.