Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte.
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Do dia 19 ao dia 23 de maio, com sessões às 16h e às 19h, a Sala Redenção apresenta a mostra “Territórios em Transformação: Cinema e Meio Ambiente”. A programação reúne filmes que exploram os efeitos da crise ambiental sobre os corpos, as paisagens e as formas de imaginar o mundo. De dramas íntimos a thrillers políticos, as obras selecionadas traçam um panorama das disputas simbólicas e concretas que moldam os territórios contemporâneos.
A programação contempla sessões de cinco longa-metragens e uma sessão de curtas. As exibições de abertura, de “Enquanto o sol bate” e “Planeta Feminino” são seguidas de conversas com especialistas. Dentre os filmes em cartaz também estão “Salgueiros Cegos, Mulher Adormecida” (2022), animação baseada em contos de Haruki Murakami, e “Rouge” (2020), drama político que acompanha duas personagens em uma jornada contra o despejo irregular de resíduos industriais.
Algumas das sessões têm previstas conversas com especialistas na área ambiental e a sessão de encerramento exibe cinco curtas-metragens, indicados pelas entidades realizadoras da 10ª FestA dA BioDiverSidadE – evento organizado por mais de 25 organizações sociais. Os filmes compõem o calendário de atividades do evento, junto com diversas outras ações ao longo da semana. Mais detalhes na página da 10ª FestA dA BioDiverSidadE.
A entrada é franca e aberta à comunidade em geral. A Sala Redenção está localizada no campus centro da UFRGS, com acesso mais próximo pela Rua Eng. Luiz Englert, 333.
Confira a programação completa no site oficial da sala clicando aqui.
Mais uma exibição no âmbito da programação continuada do Cineclube na Sala Audiovisual Gilda e Leonardo, junto da UP Idiomas.
Mais conhecido pelas suas joviais comédias musicais, o diretor Chistophe Honoré propõe uma comédia dramática, cheia de alegorias, mantendo seus atores fetiches: os filhos d'arte Chiara Mastroianni, filha de Marcello e de Caterine Deneuve, e Louis Garrel, filho do cineasta Philippe Garrel e da atriz Brigitte Sy. Lena (Chiara Mastroianni) recém está separada e vai com seus dois filhos passar um tempo na casa dos pais no interior da França. Mas a esperança de relaxar e refletir junto dos filhos é ameaçada não só pela pressão de uma mãe controladora, como pela inesperada presença de antigos e novos pretendentes.
"Com o filme, Honoré confirma de vez posição estratégica no país da nouvelle vague. Se, inicialmente, foi rotulado como herdeiro direto de Truffaut e seus temas de amor romântico, agora se mostra cronista de uma geração."(Bruno Yutaka Saito, A Folha de S.P.). A sessão, com entrada franca, integra o ciclo "Maternidade" na programação continuada realizada na Sala Audiovisual Gilda e Leonardo, pelo Cineclube Torres, associação sem fins lucrativos com 13 anos de história, em atividade desde 2011, Ponto de Cultura certificado pela Lei Cultura Viva federal e estadual, Ponto de Memória pelo IBRAM, Sala de Espetáculos e Equipamento de Animação Turística certificada pelo Ministério do Turismo (Cadastur), contando para isso com a parceria e o patrocínio da Up Idiomas Torres.
Serviço:
O que: Exibição do filme "Não, Minha Filha, Você Não Irá Dançar", de Chistophe Honoré (França - 2009) - 1h45m
Onde: Sala Audiovisual Gilda e Leonardo, junto à escola Up Idiomas, Rua Cincinato Borges 420, Torres
Quando: Segunda-feira, 19/5, às 20:00
Ingressos: Entrada Franca, até lotação do local (aprox. 22 pessoas).
Cineclube Torres
Associação sem fins lucrativos
Ponto de Cultura – Lei Federal e Estadual Cultura Viva
Ponto de Memória – Instituto Brasileiro de Museus
Sala de Espetáculos e Equipamento de Animação Turística - Cadastur
Sobre o Filme: Existe o antes e o depois da Revolução Iraniana, sendo que a maioria de nós ocidentais conhecemos mais os “pós” através de filmes como do mestre Abbas Kiarostami. Porém, nos últimos tempos, temos assistido a um outro tipo de Irã através de coproduções vinda de outros países como foi no caso de "A Semente do Fruto Sagrado" (2024). Em "Meu Bolo Favorito" (2024) é tratado sobre o antes e depois da Revolução Iraniana e através da perspectiva de duas pessoas solitárias que buscam saborear um pouco a vida.
Dirigido por Maryam Moghadam e Behtash Sanaeeha, o filme conta a história de uma senhora de 70 anos chamada Mahin (Lili Farhadpour), que vive sozinha em Teerã após a morte do marido e a ida da filha para a Europa. Seguindo sua rotina, regando as plantas, lavando as louças, vendo televisão à noite, Mahin é uma mulher solitária. Porém, certo dia em uma cafeteria, ela conhece um senhor taxista chamado Faramarz (Esmaeel Mehrabi) e decide lhe convidar para ir à sua casa.
Confira a minha crítica já publicada clicando aquie participe do próximo Cine Debate.
Neste sábado, nosso encontro será às 10h15 na Cinemateca Capitólio para assistirmos Decameron, primeiro filme integrante da Trilogia da Vida do cineasta Pier Paolo Pasolini. Baseado em episódios extraídos do clássico Decamerão (1348-1353), do italiano Giovanni Boccaccio, Pasolini tece, com muita poesia e erotismo, um divertido, sensual e popular mosaico da Idade Média, abordando também as desigualdades sociais e a corrupção religiosa do período. Vencedor do Urso de Prata no Festival de Cinema de Berlim.
Confira os detalhes da sessão:
SESSÃO SÁBADO CLUBE DE CINEMA
📅 Data: Sábado, 17/05/2025, às 10h15 da manhã
📍 Local: Cinemateca Capitólio (Rua Demétrio Ribeiro, 1085 – Centro Histórico, Porto Alegre)
Elenco: Franco Citti, Ninetto Davoli, Jovan Jovanovic, Pier Paolo Pasolini
Sinopse: Coletânea de nove contos do Decamerão de Giovanni Boccaccio: um jovem rico é duplamente enganado; um rapaz finge ser surdo-mudo para conseguir emprego como jardineiro num convento; uma mulher tenta esconder seu amante quando o marido chega mais cedo em casa; um malandro engana um padre em seu leito de morte; irmãos que querem se vingar do amante da sua irmã; um padre astuto tenta seduzir a mulher de seu amigo; dois pilotos com medo do inferno; uma jovem dorme no telhado para encontrar o namorado à noite e um pintor em busca de inspiração para criar uma obra de arte.
Sobre o Filme: "Decameron" é um filme italiano de Pier Paolo Pasolini que estreou em 1971. Uma adaptação de nove histórias do Decameron de Giovanni Boccaccio, coleção de cem novelas escritas entre 1348 e 1353, que é considerada marco literário na ruptura entre a moral medieval e o realismo, substituindo o divino pela natureza como móvel da conduta humana. Lançando mão de doses de humor satírico, o filme é dividido em nove histórias, que compõem um painel da vida social na Itália medieval. "Decameron" acaba sendo uma adaptação para o cinema bem divertida, exibido sem pudores visuais, interpretado por uma série de pessoas comuns sem formação interpretativa entre os atores – em nome da expressão da realidade – e apresentando um contexto peculiar cronologicamente tão distante mas, ao mesmo, ideologicamente tão próximo da vida atual.
Sinopse: Uma garota de 16 anos vivencia sua transição para a vida adulta e descobre o amor e o desejo em um internato em uma cidade nas colinas do Himalaia. Mas sua mãe, que nunca teve a oportunidade de aproveitar a própria juventude, frustra seus planos.
Embora conhecido mundialmente, o cinema Indiano nunca foi bem distribuído para o restante do mundo. Verdade seja dita, somente temos uma visão parcial através de coproduções como "Quem Quer Ser um Milionário?" (2008) e mais recentemente "Tigre Branco" (2021), mas tendo uma visão mais pé no chão com o ótimo e premiado "Tudo que Imaginamos como Luz" (2024), de Payal Kapadia. Já "Sempre Garotas" (2024) é uma curiosa análise sobre gerações distintas uma da outra, mas interligadas pelo sangue e desejos quase nunca alcançáveis.
Dirigido pela estreante Shuchi Talati, o filme conta a história de Mira (Preeti Panigrahi), uma adolescente de 16 anos em processo de descoberta do desejo e da sexualidade. Ganhando status na escola, ela começa ao mesmo tempo a se interessar por um rapaz recém-chegado e fazendo com que ela desperta diversos sentimentos. Porém, ela enfrenta a sua mãe, uma mulher conservadora e que diferente da filha não teve a chance de obter certa liberdade e prazeres do seu passado.
Aqui não há uma visão plástica sobre a Índia, ou da exploração exagerada da extrema pobreza quase sempre vista nas co produções estrangeiras, mas sim um retrato realista da vida comum de uma família de classe média baixa e ao mesmo tempo mostrando a transição da inocência para a fase adulta. Toda a trama é voltada de acordo pela perspectiva da protagonista com relação a realidade em sua volta, da qual procura abraçar com unhas e dentes as suas responsabilidades dentro da escola, mas ao mesmo tempo tendo que enfrentar o nascer do desejo que, por vezes, é bastante reprimido. Preeti Panigrahi dá um show de interpretação, ao saber nos transmitir diversos sentimentos em conflito dentro da sua personagem, mas dos quais temos uma vaga dimensão através do seu olhar que tem mais a dizer do que meras palavras ditas.
A sua relação com o rapaz Siri, interpretado pelo ator Kesav Binoy Kiron, se torna o catalisador para diversas situações em que ela anseia obter, desde em satisfazer os seus desejos, mas ao mesmo tempo tentando obter um certo equilíbrio com os estudos. Uma vez que a sua mãe Anila, interpretada pela atriz Kani Kusruti, começa a ter conhecimento da relação, é então que o filme entra em um novo cenário, onde ela procura colocar certo limite entre os dois, mas não escondendo uma certa curiosidade com relação ao próprio Siri. É interessante observar que a diretora Shuchi Talati jamais deixa de maneira explícita essa última questão, mas de uma maneira subliminar e fazendo com que aumente a nossa curiosidade deste ponto em diante.
Há, portanto, um conflito entre as duas gerações vistas na tela, sendo que a mãe representa uma Índia de tempos mais conservadores, enquanto a filha pertence a um país em que as velhas tradições vão dando espaço ao que antes ficava dentro do armário. Porém, o conservadorismo ainda existe, assim como também o machismo e o abuso contra as mulheres, sendo que qualquer passo em falso visto na tela feito pela protagonista dentro da escola ou fora dela pode gerar uma grande bola de neve. Portanto, o lado hipócrita desta situação transborda em um ato final digno de nota, o que faz com que até mesmo tememos pelo destino da jovem protagonista.
Como se isso não bastasse, a diretora Shuchi Talati nos surpreende ainda mais com ação e reação do trio central nos minutos finais da trama, mas ao mesmo tempo mantendo o lado subliminar que fez com que o longa se tornasse ainda mais rico em sua proposta. É uma trama envolvente que se passa em um microcosmo daquele país, mas cujo tema é universal e que facilmente todos iremos nos identificar. Já está mais do que na hora da Índia mostrar a sua verdadeira face para o mundo e não precisando necessariamente de outros país para ajudá-la nisso.
"Sempre Garotas" é sobre a transição da adolescência para uma fase mais adulta, mas através dos costumes indianos e o tornando ainda muito mais rico para dizer o mínimo.
No sábado, 17 de maio, às 17h30, o Coletivo Reconto realiza uma sessão com debate sobre o filme Dias Perfeitos, de Wim Wenders, na Cinemateca Capitólio. A proposta é abrir um espaço de conversa em que o cinema encontra a psicanálise – e onde o pensamento pode se deslocar a partir das imagens. A entrada custa R$16, com ingressos à venda no dia, a partir das 14h, diretamente na bilheteria da Cinemateca.
Na sexta-feira, 16 de maio, às 20h30, a Cinemateca Capitólio recebe a sessão TEMPO. TEMPO. TEMPO, um percurso através de seis curtas-metragens da dupla DISTRUKTUR que investigam a duração e evidenciam o tempo. Com entrada franca, a sessão será apresentada pela diretora Melissa Dullius.
Na quinta-feira, 15 de maio, entra em cartaz na Cinemateca Capitólio o filme Memórias de um Esclerosado, dirigido por Rafael Corrêa e Thais Fernandes. O valor do ingresso é R$ 16,00.
Sinopse: Glória, uma artista plástica recém-divorciada, atravessa uma crise existencial e financeira.
Marcélia Cartaxo é uma das nossas grandes atrizes do nosso cinema brasileiro e tendo atuado em títulos indispensáveis ao longo dos anos. A intérprete se consagrou no clássico "A Hora da Estrela" (1985), dirigido por Suzana Amaral e baseado na obra Clarice Lispector, sendo que essa última era ucraniana de origem judaica russa, naturalizada brasileira e radicada no Brasil. Eis que vários anos depois Marcélia Cataxo retorna ao universo da escritora Lispector através da adaptação "Lispectorante" (2025), onde sonhos e realidade se cruzam no decorrer da jornada da protagonista.
Dirigido por Renata Pinheiro, acompanhamos a artista plástica Glória Hartman, que se separou do marido recentemente e que acaba tendo uma crise perante o dia a dia em que vive. Em meio a essa situação ela decide voltar à sua cidade natal onde descobre na antiga casa de Clarice Lispecto um espaço de reconexão. A cidade de Recife se torna, então, um lugar onde ela explora as riquezas culturais do lugar e fazendo conseguir lidar, tanto com o divórcio, como também com o falecimento de sua tia.
Clarice Lispector construiu a sua carreira literária através dos lugares onde ela passou, sendo que na capital Pernambucana a sua chegada é marcada por um casarão na Praça Maciel Pinheiro, no centro da cidade, que passou décadas abandonado até o surgimento de um projeto iniciado para se transformar em um museu em homenagem a escritora. O cenário, por sua vez, se torna o ponto de encontro para que os sonhos, delírios e esperanças de Glória se materializem, mesmo que seja em um breve instante. O local se torna um refúgio dela com o vendedor de rua (Pedro Wagner) e cuja química nos chama atenção sempre quando ambos se encontram juntos em cena.
No decorrer da trama, vemos a protagonista tentar se reerguer nesta transição cheia de mudanças, sendo que é através da cultura que exala naquela região que a fez se sentir ainda mais viva. Logicamente há uma fidelidade perceptível da adaptação se formos comparar ao conto e nisso a diretora Renata Pinheiro consegue obter com certo êxito, mesmo quando nos dá a sensação da adaptação perder um pouco de sua identidade cinematográfica como um todo. Outro, porém, fica com relação da personagem interpretada por Grace Passô, cuja sua subtrama apocalíptica me parece ser interligada com os devaneios da protagonista, mas não nos dizendo exatamente para que veio dentro da história.
Ao menos Marcélia Cartaxo cumpre o seu desempenho na produção com êxito, ao não fazer somente uma personagem que procura um equilíbrio em sua vida, como também uma espécie de guia que nos convida para adentrar naquele universo particular da capital Pernambucana. Neste último caso Renata Pinheiro utiliza dos cenários históricos ao alinhá-los com momentos líricos e que sintetizam o poder cultural daquela região, mas ao mesmo tempo fazendo a gente mergulhar na mente criativa da protagonista que procura superar as dificuldades através de sua arte. Ao final, constatamos que, talvez, aquele mundo não seja o suficiente para o que ela possa oferecer e cuja felicidade possa estar na mais pura simplicidade que venha a encontrar.
"Lispectorante" é mais uma boa adaptação de uma obra escrita por Clarice Lispector, mesmo quando a realidade e fantasia da protagonista dentro da trama possa nos confundir ao longo do percurso.