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quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

Cine Curiosidade: “Ainda Estou Aqui” indicado a 3 Oscars

Nomeação a Melhor Filme é inédita para o Brasil. “É um dia muito importante na vida de todos nós que amamos o Brasil, que amamos a cultura, que amamos a justiça”, declara Fernanda Torres. Em sua 12ª semana, longa segue em cartaz em 500 salas e já foi visto por mais de 3,6 milhões de espectadores.

O Brasil está de volta ao Oscar! “Ainda Estou Aqui” foi indicado nesta quinta-feira, 23, pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas em três categorias: Melhor Filme, Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz, para Fernanda Torres. Esta é a primeira vez que o cinema brasileiro tem um representante na disputa pela estatueta de Melhor Filme, maior honraria da premiação. As indicações a Melhor Atriz e Melhor Filme Internacional encerram um período de 26 anos em que produções brasileiras não competiram nessas categorias. A última vez que o país teve um representante entre os indicados foi em 1999, com Fernanda Montenegro e “Central do Brasil”, também dirigido por Walter Salles.

O cineasta comentou as nomeações recebidas por “Ainda Estou Aqui”: “muita alegria e emoção pela indicação tão merecida da Nanda, 26 anos depois de dona Fernanda, e do ‘Central do Brasil’.  Esse é um momento de celebração não só para todos nós que fizemos ‘Ainda Estou Aqui’, mas para toda a cultura brasileira. É o reconhecimento da literatura brasileira do livro seminal de Marcelo, da música brasileira genial de Caetano, Gal, Erasmo e Tom Zé, do cinema brasileiro que forma atores e artistas tão incríveis quanto os que eu tive a honra de colaborar com em ‘Ainda Estou Aqui’. Acima de tudo, é o reconhecimento da importância de Eunice Paiva como protagonista da história do país, algo que o público brasileiro soube abraçar antes de qualquer outro. Uma parte importante dessas indicações se deve à cada uma das 3,6 milhões de pessoas que foram ao cinema para se reencontrar com um pedaço submerso da história do Brasil. Esse retorno do público gerou artigos em muitos jornais fora do Brasil, o que acabou construindo uma maior atenção para o filme. Finalmente, queria dizer que não teríamos tido essas indicações sem o apoio e a generosidade de cineastas e atrizes que abraçaram ‘Ainda Estou Aqui’, como Alfonso Cuarón, Sean Penn, Valeria Golino, Olivier Assayas, Alice Braga, Alexander Payne, Wim Wenders e muitos outros. Não fizemos propriamente uma “campanha”, e sim uma série de projeções e debates em muitos países em torno do filme. A trajetória do filme pelo mundo foi construída por uma família muito pequena de pessoas, sem festas ou jantares, falando sobre o que importa: cinema.”

Walter Salles totaliza agora sete indicações ao Oscar ao longo de sua carreira. Além de “Ainda Estou Aqui” e “Central do Brasil”, também foi reconhecido pela Academia por “Diários de Motocicleta” nas categorias de Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Canção Original, que rendeu a estatueta a Jorge Drexler.

“É mais do que merecida não só indicação para Filme Internacional como a indicação para Melhor Filme, geral. Um filme falado em português! Isso é uma coisa muito grande, muito importante para nossa cultura, para o nosso cinema. É um filme que, no Brasil, levou milhões de espectadores ao cinema, gente de todos os credos de todas as posições políticas, todos concordando em torno de um fato que é o que aconteceu com a família Paiva, que é inadmissível uma violência de estado como aquela, é algo que a gente não pode aceitar”, declarou Fernanda Torres.

A atriz complementa que “é um dia muito importante na vida de todos nós que amamos o Brasil, que amamos a cultura, que amamos a justiça. Eunice Paiva merece. Enquanto eu estiver lá, com o Walter, no Oscar, eu quero que o Brasil comemore muito no carnaval. Nada como uma tragédia grega como essa terminar numa celebração dionisíaca como a do Carnaval do Brasil inteiro.”

Nas redes sociais, Selton Mello também comemorou as indicações: “Fizemos um filme. Ele nasceu vitorioso por motivos variados: por lembrar o que não pode ser esquecido; por comover com uma beleza austera; por encher as salas de cinema de novo; por levar nossa sensibilidade para o mundo; por recuperar nossa autoestima cultural; por abrir tantas portas para outros que virão; por restaurar o amor pelo cinema brasileiro; por ter criado algo emocionalmente poderoso; por alcançar o raro equilíbrio entre estética & ética; por ser sublime em sua justa simplicidade. Muitas camadas. Nosso país precisava desse filme. O mundo todo precisava desse filme. Nesse exato momento. Três indicações ao Oscar. Com a de Melhor Filme, nós entramos para a história para sempre. Ainda estamos aqui: Eunice, Rubens, nós & vocês”.

A repercussão de “Ainda Estou Aqui” na temporada de premiações reflete também nos resultados em circuitos de mercados internacionais. O longa liderou as bilheterias de Portugal no fim de semana de estreia, quando registrou sessões esgotadas nas cidades de Porto e Lisboa, com 55 cópias em cartaz. Nos Estados Unidos, onde teve lançamento selecionado em cinco salas em Nova York e Los Angeles, antes de expandir o circuito, o filme teve a maior média de arrecadação por cinema (US$ 22,7 mil) entre todos os longas em cartaz. Na França, onde ganhou exibição em 180 complexos, também registrou a maior média de renda por cinema (US$ 3,1 mil). Nas próximas semanas, o filme também chega a outros países europeus: na Itália, o lançamento ocorre no próximo dia 30 de janeiro, enquanto Espanha e Inglaterra recebem a abertura do filme no dia 21 de fevereiro.

Os resultados de “Ainda Estou Aqui” nos cinemas brasileiros seguem fortes e também são impulsionados por suas indicações e vitórias pelo mundo. Com público de mais de 3,6 milhões de espectadores é, no momento, o longa brasileiro de melhor desempenho após a pandemia, e, em sua 12ª semana, segue em cartaz em 500 salas.

Além da nomeação ao Oscar, o longa de Walter Salles também foi recentemente indicado ao Dorian Awards (premiação concedida pela Associação LGBTQ de Críticos de Entretenimento). No Gold Derby Film Awards disputa quatro prêmios: Melhor Filme, Melhor Atriz (Fernanda Torres), Melhor Roteiro Adaptado (Murilo Hauser e Heitor Lorega) e Melhor Filme Internacional. No BAFTA (maior premiação do cinema britânico, concedida pela Academia Britânica de Cinema e Televisão) a competição é pelo prêmio de Melhor Filme em Língua Não Inglesa.

“Ainda Estou Aqui” já conta com mais de dez prêmios. Além de vencer como o Melhor Roteiro em Veneza, onde fez sua estreia mundial, o longa rendeu a Fernanda Torres Globo de Ouro de Melhor Atriz em Filme de Drama – prêmio inédito para o Brasil –, e conquistou cinco prêmios de Melhor Filme segundo o Júri Popular: no Festival Internacional de Cinema de Miami; na 48ª Mostra de S. Paulo; no Festival Internacional de Cinema de Vancouver, no Canadá; no Festival de Cinema de Mill Valley, nos Estados Unidos; e no  Festival de Pessac, na França, onde também recebeu o Prêmio Danielle Le Roy, dado pelo júri jovem. A lista de vitórias inclui ainda Melhor Filme e Melhor Atriz, para Fernanda Torres, no Prêmio APCA 2024 (dado pela Associação Paulista de Críticos da Arte); Prêmio FIPRESCI de Melhor Filme Internacional no 36º Festival Internacional de Cinema de Palm Springs e na premiação da Associação de Críticos de Porto Rico, que também concedeu a Fernanda Torres o segundo lugar na categoria de Melhor Atriz. Torres ainda foi eleita Melhor Atriz em Filme Internacional pelo The Critics Choice Awards, na seção Latino Cinema & Television, e ficou em segundo lugar, ao lado de Demi Moore, no prêmio da Associação de Críticos de Los Angeles. A produção venceu também o prêmio de Melhor Filme Estrangeiro no New Mexico Critics Awards 2024 e recebeu uma menção honrosa como um dos cinco melhores longas- metragens internacionais do ano no National Board of Review Awards, nos Estados Unidos.

O longa foi eleito o melhor filme de 2024 pela Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro (ACCRJ), foi um dos 20 títulos selecionados pela BBC para a prestigiosa lista de melhores filmes de 2024, foi escolhido por um júri de 100 jornalistas como o Melhor Filme de 2024 pela Revista Exame no Brasil, e foi reconhecido pela revista Hollywood Reporter – importante publicação americana sobre a indústria do entretenimento – como um dos dez melhores filmes de 2024. “Ainda Estou Aqui” também foi indicado a Melhor Filme pela Internacional Utah Film Critics Association, e Melhor Filme em Língua Estrangeira no North Carolina Film Critics Association Awards. E recebeu as indicações de Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz em Filme de Drama, para Fernanda Torres, no Satellite Awards, premiação concedida pela Academia Internacional de Imprensa.

Baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva sobre a história de sua família, “Ainda Estou Aqui” é uma coprodução Brasil-França, e é o primeiro filme Original Globoplay, produzido por VideoFilmes, RT Features e Mact Productions, em coprodução com ARTE France e Conspiração, e tem distribuição nacional da Sony Pictures.

Fonte: Primeiro Plano


SINOPSE

Rio de Janeiro, início dos anos 70. O país enfrenta o endurecimento da ditadura militar. Estamos no centro de uma família, os Paiva: Rubens, Eunice e seus cinco filhos. Vivem na frente da praia, numa casa de portas abertas para os amigos. Um dia, Rubens Paiva é levado por militares à paisana e desaparece. Eunice - cuja busca pela verdade sobre o destino de seu marido se estenderia por décadas - é obrigada a se reinventar e traçar um novo futuro para si e seus filhos. Baseada no livro biográfico de Marcelo Rubens Paiva, a história emocionante dessa família ajudou a redefinir a história do país.


Confira a lista completa de indicados ao Oscar 2025:

Melhor Ator Coadjuvante

Yura Borisov, por “Anora”

Kieran Culkin, “A Verdadeira Dor”

Edward Norton, “Um Completo Desconhecido”

Guy Pearce, de “O Brutalista”

Jeremy Strong, de “O Aprendiz”

Melhor Figurino


“Um Completo Desconhecido”

“Conclave“

“Gladiador II”

“Nosferatu”

“Wicked”


Melhor Cabelo e Maquiagem

“Um Homem Diferente”

“Emilia Pérez”

“Nosferatu”

“A Substância”


Melhor Trilha Sonora Original

“O Brutalista”

“Conclave”

“Emilia Pérez”

“Wicked”

“Robô Selvagem”


Melhor Curta-Metragem em Live-Action

“A Lien”

“Anuja”

“I’m Not a Robot”

“The Last Ranger”

“The Man Who Could Not Remain Silent”


Melhor Animação em Curta-Metragem

“Beautiful Men”

“In the Shadow of the Cypress”

“Magic Candies”

“Wander to Wonder”

“Yuck!”


Melhor Roteiro Adaptado

“Um Completo Desconhecido”

“Conclave”

“Emilia Pérez”

“Nickel Boys”

“Sing Sing”


Melhor Atriz Coadjuvante

Monica Barbaro, por “Um Completo Desconhecido”

Ariana Grande, por “Wicked”

Felicity Jones, por “O Brutalista”

Isabella Rossellini, por “Conclave”

Zoe Saldaña, por “Emilia Pérez”


Melhor Canção Original

“El Mal”, de “Emilia Pérez”

“The Journey”, de “The Six Triple Eight”

“Like a Bird”, de “Sing Sing”

“Mi Camino”, de “Emilia Pérez”

“Never Too Late”, de “Elton John: Never Too Late”


Melhor Documentário

“Black Box Diaries”

“No Other Land”

“Porcelain War”

“Soundtrack to A Coup D’Etat”

“Sugarcane”


Melhor Documentário de Curta-Metragem

“Death By Numbers”

“I am Ready, Warden”

“Incident”

“Instruments of a Beating Heart”

“The Only Girl in the Orchestra”


Melhor Filme Internacional

“Ainda Estou Aqui”

“The Girl with the Needle”

“Emilia Pérez”

“The Seed of the Sacred Fig”

“Flow”


Melhor Animação

“Flow”

“DivertidaMente 2”

“Memoir of a Snail”

“Wallace e Gromit: Vengeance Most Fowl”

“O Robô Selvagem”


Melhor Design de Produção

“O Brutalista”

“Conclave”

“Duna: Parte 2”

“Nosferatu”

“Wicked”


Melhor Edição

“Anora”

“O Brutalista”

“Conclave”

“Emilia Pérez”

“Wicked”


Melhor Som

“Um Completo Desconhecido”

“Duna: Parte 2”

“Emilia Pérez”

“Wicked”


Melhores Efeitos Visuais

“Alien: Romulus”

“Better Man”

“Duna: Parte 2”

“O Reino do Planeta dos Macacos”

“Wicked”


Melhor Fotografia

“O Brutalista”

“Duna: Parte 2”

“Emilia Pérez”

“Maria”

“Nosferatu”


Melhor Ator

Adrien Brody, por “O Brutalista”

Timothée Chalamet, por “Um Completo Desconhecido”

Colman Domingo, por “Sing Sing”

Ralph Fiennes, por “Conclave”

Sebastian Stan, por “O Aprendiz”


Melhor Atriz

Cynthia Erivo, de “Wicked”

Karla Sofía Gascón, de Emilia Pérez

Mikey Madison, por “Anora”

Demi Moore, por “A Substância”

Fernanda Torres, por “Ainda Estou Aqui”


Melhor Direção

Sean Baker por “Anora”

Brady Cobert por “O Brutalista”

James Mangold por “Um Completo Desconhecido”

Jacques Audiard por “Emilia Pérez”

Coralie Fargeat por “A Substância”


Melhor Filme

“Anora”

“O Brutalista”

“Um Completo Desconhecido”

“Conclave“

“Duna: Parte 2”

“Emilia Pérez”

“Ainda Estou Aqui”

“Nickel Boys”

“A Substância”

“Wicked”

quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

Cine Especial: Próximo Cine Debate - 'O Segredo de Beethoven'

Sobre o Filme: Beethoven foi sem sombra de dúvida um dos maiores artistas da música e cuja sua Nona Sinfonia entrou para a história. Porém, todo gênio é um ser humano cheio de falhas, mas que ao mesmo tempo sempre obterá certa ajuda daqueles que admiram a sua obra. "O Segredo de Beethoven" (2006) fala sobre a possível origem de uma de suas maiores obras primas, mas cabe nós tirarmos as nossas próprias conclusões.

Dirigido por Agnieszka Hollhand, do longa "O Terceiro Milagre (1999)", o filme conta sobre os últimos anos de vida de Beethoven (Ed Harris) e cujo mesmo estava se preparando para a realização de sua Nona Sinfonia. Ao mesmo tempo, ele contrata uma jovem assistente chamada Anna (Diane Kruger) que sonha também ser uma compositora. Uma vez que se conhecem um ajuda o outro para adentrar ainda mais em seus principais objetivos.

Confira a minha crítica já publicada clicando aqui e participe do próximo Cine Debate. 

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terça-feira, 21 de janeiro de 2025

Cine Dica: Em Cartaz - 'Encontro Com o Ditador'

 Sinopse: Há três anos, o Camboja, agora conhecido como Kampuchea Democrático, está sob o jugo de Pol Pot. 

O comunismo se tornou uma palavra de xingamento contra aqueles que desejam um país mais socialista do que continuar encravado no sistema capitalista. Porém, infelizmente, não faltam exemplos de que este sonho se torne um verdadeiro pesadelo a partir do momento em que os seus líderes revolucionários não se tornem tão diferentes como outros Ditadores do passado e que surgirão no decorrer dos últimos anos. "Encontro Com o Ditador" (2024) nos mostra até que ponto em que a ideia social se torne em um genocídio para os olhos do mundo.

Dirigido por Rithy Panh, e baseado no livro de Elizabeth Becker, a trama se passa em 1978 no Camboja, sendo que nesta época estava sob o domínio do ditador Pol Pot e do seu Khmer Rouge há três anos. Três franceses aceitaram o convite do regime na esperança de conseguir uma entrevista exclusiva com Pol Pot – um repórter que conhece o país, um fotojornalista e um intelectual que se sente próximo da ideologia revolucionária. Porém, na medida em que a trama avança, logo os três vão descobrindo os horrores por detrás das cortinas.

A premissa me fez lembrar do longa "A Entrevista" (2014), onde dois jornalistas chegam a Coréia do Norte para entrevistar o Ditador Kim Jong-un. Porém, se lá havia o humor ácido do cinema norte americano, aqui o realizador  Rithy Panh procura criar uma trama em que transite pelo realismo para o seu lado autoral na realização do seu projeto e conseguindo assim um filme que adquire momentos do mais puro suspense. Já no primeiro minuto de projeção temos uma ligeira sensação do que poderá acontecer aos protagonistas, já que a sua trilha musical já nos deixa em posição de expectativa.

Logo se nota que os soldados do Ditador fazem de tudo para passar aos jornalistas uma realidade em que os habitantes são unidos pelo desejo da construção de uma realidade mais social e excluindo o sistema ocidental e até mesmo a sua própria moeda. Rithy Panh cria, portanto, um cenário que vai se revelando na medida em que os protagonistas vão querer descobrir mais sobre a verdade, mas ao mesmo tempo irão se dar conta que podem estar em um beco sem saída. Qualquer semelhança com o filme "Midsommar" (2019) de Ari Aster não é mera coincidência.

Porém, o ponto alto do filme são as passagens que o realizador conduz a trama através de bonecos que representam os personagens além de grandes maquetes que reconstituem o cenário em que eles adentram. São momentos como esse em que tornam o filme ainda mais criativo, principalmente pelo fato que os bonecos em cena seriam uma espécie de visão que os Ditadores têm ao controlar a sociedade como meros fantoches, mas dos quais os mesmos têm vida própria e que não ficarão presos nas cordas. Claro que haverá alguns que não compreenderam a proposta de forma imediata, mas na medida em que se acostumam com a ideia logo irão querer que surjam mais cenas como essas.

Acima de tudo, o filme pode sim servir facilmente de exemplo para aqueles que abominam a ideia do Comunismo. Porém, o filme é uma interessante análise sobre até que ponto se separa o sonho do socialismo para o mais puro barbarismo e culminando em movimento extremista e do qual precisa ser detido. Por conta disso, a cena final do jornalista francês Alain (Grégoire Colin), que sonha com um mundo mais socialista, logo se dá conta o quanto é frágil é esse sonho na medida em que ele é desconstruído para logo se tornar um verdadeiro inferno.

Com cenas reais sobre esse tempo nebuloso do Camboja que se encontra espalhado em determinados pontos da trama, "Encontro Com o Ditador" é um filme que nos faz refletir sobre como certas ideologias podem ser manipuladas e se transformando em uma realidade distorcida do que poderia ter sido um dia. 

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segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

Cine Dica: Em Cartaz - 'A Semente do Fruto Sagrado'

Sinopse: Em um período de agitação política no Teerã, o recém-promovido juiz de instrução, Iman, se vê pressionado. Sua arma some e ele é tomado por uma paranoia, desconfiando até mesmo da família. 

O cinéfilo de hoje conhece o Irã através dos filmes, mais precisamente aqueles rodados pelos mestres como Abbas Kiarostami e Jafar Panahi. Porém, se Kiarostami construiu uma carreira autoral mesmo com a sombra da censura imposta pelo governo, por outro lado, Panahi sofreu ao desafiar o mesmo e tendo que continuar filmado de forma clandestina como foi no caso do seu "Isso Não é um Filme" (2011). "A Semente do Fruto Sagrado" (2024) é um filme corajoso onde se é perfurado a bolha e nos revelando um Irã que procura nos dizer que o seu povo realmente vai as ruas desejando maior liberdade para se continuar vivendo.

Dirigido por Mohammad Rasoulof, o filme foi rodado no Teerã, porém, de forma clandestina e financiado pela Alemanha. Na história, conhecemos Iman, recém-promovido a juiz de instrução e que recebe dos seus superiores uma arma da qual não pode ser perdida. Porém, a arma desaparece e fazendo com que o mesmo desconfie da sua própria esposa e de suas duas filhas.

Mohammad Rasoulof foi no decorrer dos anos bastante perseguido pela República Islâmica do Irã, ao ponto do seu passaporte ser confiscado após o seu retorno de um festival nos EUA. Por conta disso, pode-se dizer que o longa fala muito de sua pessoa, já que a história transita entre momentos de ficção com a realidade, já que o roteiro dá espaço para cenas verdadeiras filmadas em celulares e onde testemunhamos pessoas reais protestando contra o governo e fazendo com que o mesmo ataque o próprio povo. A família central da trama, por sua vez, é uma síntese sobre o medo e a paranoia daqueles que convivem em temos de incertezas, de serem presos ou até de serem mortos ao seu posicionarem contra o governo e fazendo com que a mesma se dívida no decorrer do percurso.

Mohammad Rasoulof constrói um clima claustrofóbico no decorrer da trama, já que boa parte dela se passa no apartamento da família, como se lá fosse uma espécie de porto seguro enquanto nas ruas ficam ocorrendo os protestos. Há, logicamente, uma desavença entre as gerações devido aos costumes de ontem e hoje e fazendo com que as duas irmãs sejam uma espécie de símbolo contra o medo e fazendo com que ambas tomem uma iniciativa mesmo colocando as suas vidas em risco. Em contrapartida, tanto o pai como a mãe são submissos as regras, principalmente pelo fato do primeiro ter chances de ser promovido ao ser uma espécie de carrasco da polícia, mas fazendo com que seja temido até mesmo pela sua própria esposa.

Uma vez que desaparece a tal arma é imposto um cenário onde a paranoia se faz de governante e fazendo a gente questionar quem em cena está dizendo a verdade. Por conta disso, Mohammad Rasoulof elabora planos sequências para que tudo se torne ainda mais sufocante, ao ponto que acabamos temendo pela vida deles, pois os mesmos podem se matarem a qualquer momento devido à loucura imposta pelo medo. Pode-se dizer que o filme ganha pinceladas de um verdadeiro filme de suspense psicológico e cujo ato final simboliza muito bem isso.

Surpreendentemente, o seu final me remeteu ao clássico "O Iluminado" (1980), sendo que ambos os casos vemos um pai fazendo de tudo para manter a sua promoção no trabalho, nem que para isso tenha que machucar a sua própria família. Se tira o hotel com a neve do clássico de Stanley Kubrick e se tem as ruínas de uma cidade no deserto, mas cujo resultado acaba se tornando o mesmo. Porém, aqui não há fantasmas ou monstros, mas sim o próprio ódio vindo do mundo real que envenena as pessoas, mas cuja resistência real vista nos últimos minutos da trama simboliza que sempre haverá esperança.

"A Semente do Fruto Sagrado" é reflexão política alinhada com um suspense claustrofóbico e culminando com um dos finais mais surpreendentes neste início de ano.  

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Cine Dica: CINEMATECA CAPITÓLIO PROGRAMAÇÃO 23 A 29 DE JANEIRO

Quem Matou o Ursinho de Pelúcia?


ABERTURA DA TEMPORADA 2025 DO PROJETO RAROS

Na sexta-feira, 24 de janeiro, às 19h30, a primeira edição de 2025 do Projeto Raros apresenta Quem Matou o Ursinho de Pelúcia? (Joseph Cates, 1965). O lendário ator Sal Mineo (de Juventude Transviada) é a estrela dessa produção independente rodada nos recantos mais suspeitos da Nova York dos anos 1960, que aborda temas tabus como pornografia, voyeurismo e incesto, antecipando imagens que marcaram a paisagem subversiva da Nova Hollywood nos anos 1970. Entrada franca.


Mais informações: https://www.capitolio.org.br/eventos/8127/projeto-raros-quem-matou-o-ursinho-de-pelucia/


KASA BRANCA EM PRÉ-ESTREIA NA CINEMATECA CAPITÓLIO

Kasa Branca, comédia que aborda temas como a irmandade negra, o luto e a força dos afetos, dirigido por Luciano Vidigal, ganha sessões de pré-estreia na Cinemateca Capitólio a partir desta quinta-feira, 23 de janeiro. O filme ganhou o prêmio principal no Festival do Rio em 2024. O valor do ingresso é R$ 16,00.


Mais informações:  https://www.capitolio.org.br/eventos/8153/kasa-branca/


VISIBILIDADE TRANS NA CAPITÓLIO

Nos dias 25 e 26 de janeiro, às 19h, a Cinemateca Capitólio apresenta as sessões dos filmes Intransitivo: um documentário sobre narrativas trans, de Gabz 404, Gustavo Deon, Luka Machado, Lau Graef, e Extermínio, de Mirela Kruel. Com entrada franca, as sessões celebram o mês da visibilidade trans.  


GRADE DE HORÁRIOS

23 a 29 de janeiro de 2025


23 de janeiro (quinta)

15h – Misericórdia

17h – Baby

19h – Kasa Branca


24 de janeiro (sexta)

15h – Misericórdia

17h – Baby

19h30 – Projeto Raros: Quem Matou o Ursinho de Pelúcia?


25 de janeiro (sábado)

15h – Misericórdia

17h – Baby

19h – Intransitivo: um documentário sobre narrativas trans


26 de janeiro (domingo)

15h – Tudo que Imaginamos Como Luz

17h – Baby

19h – Extermínio


28 de janeiro (terça)

15h – Misericórdia

17h – Baby

19h – Kasa Branca


29 de janeiro (quarta)

15h – Misericórdia

17h – Baby

19h – Kasa Branca

sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

Cine Especial: Revisitando 'Viagem ao Centro da Terra'

Clássico da sessão da tarde, este longa é uma das melhores adaptações de Jules Verne para o cinema. Com uma belíssima fotografia na Panavision, efeitos especiais até de certa qualidade levando em consideração a época em que foi produzido e cenas de ação extremamente criativas, temos aqui um ótimo filme de aventuras. Por sinal,  algumas cenas de ação foram copiadas ou utilizadas como inspiração em filmes posteriores.

Entre elas, vemos uma cena com uma pedra gigante rolando atrás dos personagens igual em “Os Caçadores da Arca Perdida”, a clássica sequência em que uma ponte (de pedra ou madeira) desaba e até a cena do local fechado que é inundado com os personagens escapando por um pequeno buraco no minuto final. Hoje são cenas clichês, mas na época eram inéditas. Vale destacar o elenco encabeçado pelo clássico ator inglês James Mason e pelo famoso cantor americano Pat Boone.

Como curiosidade, a atriz Arlene Dahl era mãe do ator canastrão Lorenzo Lamas da série “Renegade”. A realização é particularmente dinâmica para a altura, o filme tem uma boa montagem e nada se perde, mantendo-se sempre interessante do principio ao fim. Isso se fortifica principalmente pelo fato de haver diversos ambientes, com cenários diversificados, excelentes até em  escala verdadeiramente épica e todo o design do filme está muito bem planejado.

Apesar do clima descontraído dos personagens, existem algumas situações de certo suspense com a introdução de um vilão que não há no livro, mas o destaque acaba ficando mesmo para o mundo cheio de mistérios e criatividade concebido pelas linhas de Júlio Verne. Assim como o livro, boa parte da graça do filme é ver a concepção de como é o centro da terra, o filme funciona bem nesse quesito, as cenas são bonitas e interessantes. Por ser um filme antigo, eu fiquei na dúvida de como as criaturas citadas no livro iriam aparecer, já que a produção não tinha efeitos especiais, mas o diretor deu uma boa solução para isso: Ele filmou alguns répteis sozinhos e colocou as cenas no meio do filme.

Eles não interagem com os atores em momento algum, mas fica perfeitamente claro que eles estão no mesmo lugar e como as cenas dos répteis foram filmadas de perto, a impressão que se tem é de que os animais de fato são gigantes, como os descritos no livro. O elenco funciona bem e os figurinos são especialmente bonitos. Assim como o livro, o filme é um ótimo exemplo de uma história de aventura com toques de fantasia. Concorreu a 3 Oscar em 1959, época onde o prêmio ainda significava alguma coisa.

Fotografia impecável, efeitos sonoros também. O roteiro de Walter Reisch é impecável, no melhor estilo de roteiros clássicos, com todos os arcos em seus devidos lugares, intercalando entre a aventura e comédia na medida certa; ao contrário dos filmes de hoje, que se transformaram em bobagens infantiloides e insossas. "Viagem no Centro da Terra" é a melhor adaptação do clássico de Júlio Verne, sem ser pretensiosa e muito divertida na medida certa.  


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quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

Cine Dicas: Estreias do Final de Semana (16/01/25)

 MARIA CALLAS

Sinopse: Acompanha a história da vida da maior cantora de ópera do mundo, Maria Callas, durante seus últimos dias na Paris dos anos 1970.


Mma - Meu Melhor Amigo

Sinopse: Max, um grande campeão de MMA que está enfrentando o fim de sua carreira, está afastado do ringue enquanto se recupera de uma lesão séria no ombro. Quando descobre ser pai de um menino autista de 8 anos, ele precisa enfrentar dois desafios.


LOBISOMEM

Sinopse: Neste arrebatador conto de horror, um homem deve lutar para proteger a si mesmo e sua família quando eles se tornam alvos de um lobisomem mortal. 


AQUI

Sinopse: Ambientado em um único lugar, ’Aqui’ acompanha diversas famílias ao longo de gerações, todas conectadas por este espaço que um dia chamaram de lar. Estrelado por Tom Hanks e Robin Wright, é uma emocionante jornada de amor, perdas, risos e memórias, que nos transporta desde o passado mais distante até um futuro próximo. 

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