Sinopse: A jovem Luna embarca junto ao namorado em uma jornada para procurar sua mãe, que desapareceu no último dia do Carnaval em Guarapari. Sua busca a leva até um antigo prédio aparentemente vazio, mas que na verdade é habitado por almas atormentadas.
Rodrigo Aragão é um daqueles típicos cineastas brasileiros autorais que tira leite de pedra através de filmes com orçamentos minúsculos, porém, criativos. Nunca me esqueço que como me diverti assistindo "Mar Negro" (2013) em um longiniano Fantaspoa e cujo horror era mesclado com altas doses de humor escrachado bem brasileiro. "Prédio Vazio" (2024), por sua vez, mescla elementos típicos do gênero em um só, mas mantendo a nossa atenção do início até o seu final.
Na trama, uma jovem chamada Luna (Lorena Corrêa) vai em busca de sua mãe, que desapareceu misteriosamente no último dia de Carnaval em Guarapari. Depois de ter um sonho premonitório, Luna viaja até a cidade no fervo do feriado e mergulha numa investigação que a leva para um antigo prédio aparentemente vazio, o Edifício Magdalena, local onde sua mãe e o namorado se hospedavam na orla capixaba. Ao invadir o prédio, Luna conhece a estranha zeladora Dora (Gilda Nomacce) e é através dela que a protagonista descobre algo sinistro no local.
Interessante observar que Rodrigo Aragão usa o mesmo elemento explorado em outras obras como "Aquarius" (2016) de Kleber Mendonça Filho, cuja a imagem de um grande edifício nada mais é do que um símbolo vazio e deslocado de uma cidade que jamais precisou. Porém, o local se torna fértil na realização de um bom filme de terror, onde o realizador usa os ingredientes típicos de sucesso do gênero, mas alinhado com a nossa cultura local como um todo. Embora a sensação de deja-vu nos atinge em alguns momentos, o filme nos prende até o seu final, pois o mistério daquele cenário e que conquista a nossa atenção.
Embora com elenco jovem, é a veterana Gilda Nomacce que rouba a cena, ao interpretar a zeladora do local e possuindo uma ligação fora do comum com o lugar. Sendo vista constantemente em títulos de horror cultuados como "Trabalhar Cansa" (2011) e "Boas Maneiras" (2017), atriz não se intimida nas cenas de violência, principalmente quando rola muito gore em doses cavalares. Claro que não beira ao absurdo como foi visto em "Mar Negro", sendo que, ao meu ver, é o título mais contido de Rodrigo Aragão e podendo decepcionar as fãs que adoraram os filmes anteriores.
Porém, o filme fortalece o gênero de horror do cinema brasileiro, ao provar que não precisamos necessariamente nos entregarmos ao que os gringos fazem, mas sim observar mais de perto o que os nossos cineastas produzem. Além disso, em tempos turbulentos da política do Brasil e do mundo, realizadores como Aragão sempre poderão nos brindar com um filme de horror bem criativo, pois o mundo real está farto de situações absurdas que superam qualquer ficção. "Prédio Vazio" é um filme aquém do esperado, mas que demonstra novamente o lado criativo de Rodrigo Aragão como um todo.
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