Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte.
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Sinopse: Para onde voam as feiticeiras acompanha a deriva de encenações e improvisos de sete artistas pelas ruas do centro de São Paulo em uma experiência cinematográfica que torna visível a persistência de preconceitos arcaicos de gênero e raça no imaginário comum.
O Acidente
Sinopse: Ela sai ilesa e decide esconder o ocorrido da companheira, porém, um vídeo do acidente viraliza na internet e a ciclista se vê obrigada a prestar queixa na polícia. Joana, então, começa aos poucos a se envolver na vida da família da pessoa que a atropelou.
Retratos Fantasmas
Sinopse: No centro do Recife, no século 20, conheça a história do centro da cidade contada a partir das salas de cinema que movimentavam a população e ditavam comportamentos.
HORÁRIOS CINEBANCÁRIOS DE 24 A 30 DE AGOSTO (não há sessões nas segundas-feiras):
15h: O Acidente
17h: Para Onde Voam as Feiticeiras
19h: RETRATOS FANTASMAS
Os ingressos podem ser adquiridos por R$ 12,00 na bilheteria do cinema . Idosos, estudantes, bancários sindicalizados, jornalistas sindicalizados, portadores de ID Jovem, trabalhadores associados em sindicatos filiados a CUT-RS e pessoas com deficiência pagam R$ 6,00.Aceitamos Banricompras, Visa, MasterCard e Elo.
ATENÇÃO: NAS QUINTAS-FEIRAS TODOS PAGAM MEIA ENTRADA EM TODAS AS SESSÕES!
CINEBANCÁRIOS :Rua General Câmara, 424 – Centro – Porto Alegre -Fone: 30309405/Email:cinebancarios@sindbancarios.org.br
Sinopse: Imigrante que morou nos EUA por mais de trinta anos retorna ao seu país de origem para traficar órgãos humanos.
Países como os EUA invadem diversos países em busca pelo petróleo, mas talvez o líquido escuro não seja o suficiente. No mercado ilícito o tráfico de órgãos é algo lucrativo, mas que passa longe da justiça e da mídia mais preocupava em vender notícias sensacionalistas. "Pessoas Humanas" (2023) retrata pessoas comuns envolvidas nestes crimes hediondos, mas que tiveram escolhas para seguir um outro caminho.
Dirigido por Frank Spano, além de ser baseado em fatos reais, o roteiro foi criado a partir de uma pesquisa realizada pelo próprio diretor do filme, incluindo sobreviventes desse tipo de crime. O protagonista é James (Luis Fernández), um imigrante que morou por 35 anos em solo norte-americano, onde passou a integrar uma organização criminosa. Agora, ele precisa voltar à sua terra natal, Medelín, com um único objetivo: conseguir um fígado e contrabandeá-lo de volta para os Estados Unidos. Nessa viagem, ele encontra outros criminosos, como o brasileiro João, vivido por Roberto Biridelli, e revive memórias de seu próprio passado violento.
Rodado em Chicago (EUA), Medelín (Colômbia) e na Cidade do Panamá, o longa-metragem é um thriller que aborda o tráfico internacional de órgãos humanos de forma pesada, porém, realista na medida do possível. O realizador consegue realizar momentos tensos e dos quais nos damos conta que qualquer um que aparecer na tela poderá sair morto. Interpretado por Luis Fernández, o protagonista James sente na pele o preço por ter sobrevivido até os dias de hoje, pois quando jovem ele fez sacrifícios para sair vivo, mas tendo algo que pagar em sua jornada adentro.
O filme começa um tanto que confuso, já que somos jogados diante de personagens que não sabemos ao certo o que realmente estão fazendo, mas que aos poucos é tudo revelado. Com uma fotografia nada reconfortante, a obra transita entre realismo e pesadelo, como se o protagonista buscasse uma forma de acordar, mas nunca obtendo a chance de abrir uma porta e escapar. Destaque para uma edição primorosa realizada nas ruas, onde pessoas desfilando em seu dia a dia mal sabendo que podem serem alvos do tráfico.
Sendo uma coprodução de diversos países o filme possui a participação do nosso ator Roberto Birindelli e que para mim é uma das melhores atuações em cena. Em um determinado momento, por exemplo, ele começa a tocar uma clássica música brasileira enquanto começa agitar uma caixa de fosforo e ao mesmo tempo apontando uma arma para um comparsa. Uma cena digna de nota e desde já uma das melhores do longa.
O filme não dá uma solução com relação ao tráfico de órgãos, mas sim somente escancarando um mal que persiste em ainda não ser extinto. Cabe ao estado agir, mas até lá, ao menos, ainda haverá obras como essa que servem de alerta, mesmo quando o resultado não soe cem porcento perfeito. Para aqueles que esperam um filme policial tradicional passe longe, pois aqui não há herói que salve da ambição vinda do próprio homem.
"Pessoas Humanas" toca em um assunto espinhoso, universal e cuja grandes potenciais como os EUA ignoram enquanto investem na invasão de outros países em busca de enriquecimento.
Em setembro, nos dias 02 e 03, às 15h, a Sessão Vagalume apresenta o longa-metragem de animação Um Time Show de Bola (Metegol), do diretor argentino Juan José Campanella. O valor do ingresso é R$ 4,00.
Mirante, longa-metragem de Rodrigo John, estreia na Cinemateca Capitólio nesta quinta-feira, 31 de agosto. No dia 29 de agosto, terça-feira, às 19h30, será realizada uma pré-estreia com a presença do diretor e intervenção musical de Vagner Cunha. O valor do ingresso é R$ 16,00.
No domingo, 03 de setembro, às 18h30, a Cinemateca Capitólio apresenta uma sessão comentada de Depois de Ser Cinza, com a presença do diretor Eduardo Wannmacher. O valor do ingresso é R$ 16,00.
Na terça-feira, 05 de setembro, às 19h, a Cinemateca Capitólio recebe uma sessão especial do filme Ocupadas, de Ana Neves. Após a exibição será realizado um debate com a participação de Nana Sanches (coordenação da Casa Mirabal), Tami Fleck (entrevistada do documentário) e Elisa Stefanelli (Coletivo Soberana). O valor do ingresso é R$ 10,00 (com a doação de 1kg de alimento não perecível, o público geral pode pagar meia entrada).
Sinopse: Após um atropelamento jovem sai ilesa e decide esconder o ocorrido da companheira, porém, um vídeo do acidente viraliza na internet e a ciclista se vê obrigada a prestar queixa na polícia. Joana, então, começa aos poucos a se envolver na vida da família da pessoa que a atropelou.
A cidade de Porto Alegre, com as suas divisões entre prédios históricos e construções recentes sem brilho, é um cenário propicio para a realização de tramas em que exploram a solidão de personagens perdidos em suas vidas. Se "Ponto Zero" (2015) falava dessa nova geração abandonada pelo lado paternal, por outro lado, "Tinta Bruta" (2018) fala da mesma, mas por outra perspectiva, onde não sabem onde se encaixar em uma realidade cada vez mais conservadora. "O Acidente" (2023) fala sobre pessoas confusas ao não saber ao certo sobre o que deseja e buscando entender sobre o mundo real em sua volta.
Dirigido por Bruno Carboni, o filme acompanha a ciclista Joana que se vê envolvida num acidente estranho no meio do trânsito em uma metrópole brasileira. A jovem consegue sair ilesa e decide esconder o acontecido de Cecilia, sua esposa, a qual ela está prestes a começar uma família. Quando um vídeo do acidente surge, Joana é convencida pela esposa a dar queixa e logo recebe a visita da motorista e de seu filho, o autor do vídeo. Aos poucos, Joana é atraída para a vida dessa família disfuncional, principalmente para os vídeos bizarros do jovem Malcon, fazendo mudar o olhar para com sua própria família que está começando.
Por muito tempo Bruno Carboni foi montador de diversos filmes gaúchos, que vai desde aos cultuados como "Beira-Mar" (2015) ao badalado "Castanha" (2014). Com esse currículo era inevitável que ele finalmente aderisse ao posto de diretor e aqui ele mescla a sua visão autoral na realização do filme como também utilizando a sua formação como montador e realizando cenas incomuns. É curioso, por exemplo, determinadas cenas em que há uma certa expectativa com relação aos rostos dos personagens, sendo que em um primeiro momento são apresentados da cintura para baixo, como se houvesse prenuncio sobre as reais intenções dos respectivos personagens através dos seus respectivos rostos.
Neste último caso o filme fala mais através da ação dos mesmos, dos quais se veem perdidos nas consequências das ações de outros e criando assim uma bola de neve que não sabemos ao certo onde tudo isso irá se finalizar. De um atropelamento incomum o realizador cria um estudo sobre o olhar dos personagens com relação a suas realidades, principalmente através do uso das câmeras dentro das histórias e como se elas fossem uma forma dos protagonistas enxergarem um novo mundo, mas do qual se encontram muito mais perto do que eles imaginam. Acima de tudo, é um filme que fala sobre uma sociedade cada vez mais dividida, encravada em suas atividades sem vida e se esquecendo o que fazem realmente se sentirem vivos no seu dia a dia.
Joana, interpretada brilhantemente por Carol Martins, vive acomodada dentro de sua bolha, porém, é arrebentada uma vez que é atropelada e se chocando com uma realidade até então inédita. Porém, para o nosso olhar, a família que ela conhece é uma espécie de síntese de uma sociedade brasileira cada vez mais hipócrita, ao vender a imagem da boa família, quando na verdade não sabem ao certo o que fazem ser realmente humanos. No meio disso o jovem Maicon (Luís Felipe Xavier) se vê perdido entre o atrito dos seu país, mas compreendo muito bem o que acontece através de sua câmera e podendo assim apreciar algo que cada vez mais as pessoas não se dão mais conta.
Ao final, tudo que esses personagens desejam é que sejam ouvidos, mesmo quando os demais em volta não se sentem mais a vontade de ouvir mais ninguém a não ser eles mesmos. Porém, o carinho vindo de um abraço faz a diferença em momentos delicados e ao que tudo indica a humanidade está cada vez mais se lembrando menos disso. Uma vez esticando a mão, quem sabe, podemos sermos todos salvos do marasmo.
Com participação de João Carlos Castanha, "O Acidente" fala de uma geração pronta para explodir, mas que basta ser acolhida pra que a mesma volte a viver.
Sinopse: O assassinato real de um político liberal (Yves Montand), cometido como se fosse um acidente, é retratado no caso Lambrakis. Fato acontecido na Grécia no início da década de 60, a investigação sobre a morte do político foi escandalosamente encoberta por uma rede de corrupção e ilegalidade na polícia e no exército.
A revolução Cubana realizada nos anos cinquenta foi algo que pegou o mundo capitalista desprevenido e fazendo que as potências como os EUA, que sempre gostam de usar os seus países vizinhos como quintais, decidissem arquitetar meios para que a revolução comunista não se espalhasse pelo mundo. O resultado foi diversos países, principalmente os da América do Sul, sofressem diversos golpes arquitetados pelo próprio exército e dando início aos Governos Ditatoriais mesmo quando os mesmos diziam que defendiam um País Democrático. Vários anos após o encerramento dessa fase opressora é interessante observarmos que não sofremos somente ameaçadas de golpes vindas do exército a todo momento, como também de seguidores cegos que apreciavam aquele período e sendo sempre persuadidos a todo momento por diversas fake news que são disparadas nas redes atualmente.
O cinema, por sua vez, sempre procurou retratar esse período, mesmo quando os governos tentavam censurá-lo. Recentemente, por exemplo, tivemos o argentino "1985" (2023), onde retratava o julgamento contra aqueles que colocaram em prática atos contra a humanidade em tempos da ditadura e cujo Brasil, infelizmente, não seguiu por essa mesma linha optando pela anistia. Nestes tempos em que a Extrema Direita sempre tenta adquirir o poder através de golpes decidi finalmente conhecer "Z" (1969) de Costa Cravas e perceber como o passado e o nosso presente estão mais próximos do que nunca.
O filme acompanha o assassinato real de um político liberal (Yves Montand), cometido como se fosse um acidente, é retratado no caso Lambrakis. Fato acontecido na Grécia no início da década de 60, a investigação sobre a morte do político foi escandalosamente encoberta por uma rede de corrupção e ilegalidade na polícia e no exército. Porém, o Juiz (Jean-Louis Trintignant) tenta fazer a diferença em busca pelos culpados, mesmo que isso lhe custe a sua carreira como um todo.
Costa Cravas se formou no cinema através da realidade política de inúmeros países que ele conviveu ao longo de sua vida. Por conta disso, ele nunca optou em seguir um cinema mais comercial, mas sim em fazer uma reconstituição sobre os fatos que moldam a nossa realidade e, querendo ou não, o mundo político é algo que nos afeta quase sempre e mesmo que indiretamente. "Z" surgiu em um momento em que a França, por exemplo, havia passado a pouco pelos movimentos de "maio de 68" e do qual se estendeu ao redor do mundo.
Portanto, um levante contra Governos Ditatoriais, ou que se dizem democráticos, não é algo de novo, tanto é que é interessante observar como a trama nos soa familiar a cada minuto. Temos dois políticos liberais que são gravemente feridos através de uma arquitetação de um grupo de policiais e do exército que querem a todo custo livrar o país de um possível movimento Comunista. É interessante, por exemplo, testemunharmos na abertura homens do exército comparando comunistas, esquerdistas e demais movimentos há um vírus para ser eliminado e eles se achando como anticorpos.
Costa Cravas explicita muito bem quem são os culpados desta artimanha, ao ponto que constatamos que o exército retratado no filme não é muito diferente de outros países como o nosso de ontem e hoje, dos quais somente tem títulos, mas que nada fazem pelo povo, a não ser em querer preservar as suas ideias conservadoras e retrógradas. Outro fator determinante para o sucesso da obra se encontra em seu ritmo, cuja edição é quase frenética, mas fazendo com que a gente compreenda a trama e tendo merecido a sua vitória no Oscar pela categoria. Neste último caso, o filme levou também o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, além dos prêmios de Melhor Filme e Melhor ator no Festival de Cannes.
Revisto hoje é impressionante como o filme não envelheceu em hipótese alguma, principalmente em tempos em que o Brasil, por exemplo, vive na sombra de uma tentativa de golpe no último dia 8 de janeiro. Como não poderia ser diferente, o dedo do exército se encontra na cena do crime e cabe a Justiça de hoje colocar as instituições realmente para funcionar antes que seja tarde demais. O filme de Costa Cravas, portanto, está aí para dar o exemplo e basta assisti-lo para entendermos o que deve ser feito.
"Z" é um filme a frente do seu tempo, mas que também fala sobre o nosso e que, infelizmente, os erros do passado continuam sendo colocados em prática e assombrando o mundo democrático.
Local: Sala Eduardo Hirtz, Cinemateca Paulo Amorim, Casa de Cultura Mario Quintana
Data: 27/08/2023, domingo, às 10:15 da manhã
"Casa Vazia"
Brasil, 2019, 85 min, 14 anos
Direção: Giovani Borba
Elenco: Hugo Noguera, Nelson Diniz, Roberto Oliveira, Araci Esteves
Sinopse: Raúl é um homem simples, que vive na imensidão do pampa gaúcho. Ele sempre trabalhou como peão em fazendas, mas agora está desempregado e acaba se envolvendo com ladrões de gado que atuam na escuridão da noite. Ao mesmo tempo, descobre que foi abandonado pela mulher e pelos filhos. Estreia de Borba como diretor de longas, o filme ganhou os prêmios de melhor ator, roteiro, trilha sonora, desenho de som e fotografia na mostra gaúcha do Festival de Gramado 2022.