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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 6 de maio de 2019

Cine Dica: Em Cartaz: 'Cemitério Maldito (2019)' - Que os Mortos Continuem Mortos

Sinopse: A família Creed se muda para uma nova casa no interior, localizada nos arredores de um antigo cemitério amaldiçoado usado para enterrar animais de estimação - mas que já foi usado para sepultamento de indígenas. Algumas coisas estranhas começam a acontecer, transformando a vida cotidiana dos moradores em um pesadelo. 

“Cemitério” Maldito” é uma incógnita para mim, já que a primeira versão cinematográfica da obra de Stephen King, lançada no ano de 1989, pouco eu me lembro dela e não li o livro para fazer alguma comparação a respeito. Dito isso, assistir ao cenário dos acontecimentos da trama, nessa nova verão cinematográfica, me faz com que eu adentrasse em um território desconhecido e não tendo ideia do que aconteceria. Contudo, embora tenha os seus pontos positivos, é perceptível que obra poderia ter ido muito mais além do que ela havia alcançado, mas falaremos disso mais adiante. 
Dirigido pelos desconhecidos Kevin Kölsch e Dennis Widmyer, o filme conta a vida da família Creed, que se muda para o interior e decidem viver em um território localizado próximo a um cemitério de animais. Dias após a mudança, a família do gato morre e Louis (Jason Clarke) do recente “A Maldição da Casa Wichester” (2018), decide enterrar o animal em uma parte especial que vai além do cemitério e que foi indicado pelo vizinho Jud (John Lithgow), visto recentemente na série “The Crown” (2017). O gato acaba ganhando vida e desencadeando eventos irreversíveis para toda aquela família. 
O filme já começa com uma certa carga de suspense, já que a câmera perambula o território dos acontecimentos e onde testemunhamos algo que poderia ter sido um massacre. Com isso, o filme se torna um grande flashback, onde assistimos o verdadeiro começo da história antes da tempestade de eventos que irá afligir aquela família. Isso faz com que o cinéfilo já fique a frente dos personagens principais e já se preparando pelo que está por vir.  
Embora eu não me lembre muito da adaptação original, ouvi dizer que o filme possuía muito gore e fazendo com isso tenha se tornado um dos principais destaques da obra. Nessa nova adaptação a situação é diferente, pois ela vai mais para um caminho de terror psicológico, mesmo com o teor sobrenatural aparecendo a todo momento. A opção é bem satisfatória, pois torna os personagens mais humanos e fazendo com que simpatizemos com eles de um modo bem mais fácil.  
Aliás, assuntos como a possibilidade da vida pós morte se tornam a força matriz da obra. A mãe da família, Rachel (Amy Seimetz), de “Alien Covenant” (2018), possui um trauma de infância e o que fez ela acreditar em algo que vai muito mais além dessa vida na terra. Já Jud, por ser um médico que já viu todos os horrores em uma clínica, é muito mais cético sobre o assunto. Com isso, há um pequeno atrito de como tratar desse assunto tão delicado para uma criança, especialmente para a filha Ellie e que não aceitará a morte do seu gato facilmente. 
Mesmo sendo histórias diferentes, os dilemas em que os personagens enfrentam faz com que o filme nos remeta ao clássico “Frankenstein”, já que em ambos os casos a possiblidade de trazer alguém para vida após a morte sempre trará consequências. Mesmo antes do surgimento do gato com vida, por exemplo, os realizadores foram habilidosos ao criar um cenário um tanto que claustrofóbico, seja no misterioso cemitério, como até mesmo nos cenários das duas casas em que se passam a história. Em alguns momentos, inclusive, o filme fez me lembrar dos filmes de horror da virada dos anos 80 e 90, mas que, logicamente, isso é proposital, já que estamos falando de uma nova versão de um clássico que havia sido lançado na virada dessas duas décadas.  
Contudo, mesmo eu não ter lido o livro, ou de não me lembrar muito de sua primeira adaptação, é notório que o filme possua alguns furos mais ou menos curiosos. Há no início, por exemplo, uma cerimônia fúnebre de um animal, onde as crianças tocam música e usam máscaras misteriosas, mas cujas as figuras não surgem mais ao longo da história. O mesmo pode ser dito de um misterioso personagem, do qual morre e se tornando uma alma penada (qualquer semelhança com o clássico “Um Lobisomem Americano em Londres” é mera coincidência), mas que pouco é utilizado ao longo da trama.  
Porém, o filme ganha o seu gás em seu derradeiro ato final, principalmente com a presença desconcertante de Ellie após a sua morte. A pequena Jeté Laurece já surpreendia com a sua presença desde o início do filme, mas essa reviravolta para a sua personagem faz com que tenhamos medo dela a todo momento que surge em cena. Jason Clarke e Amy Seimetz estão bem em seus respectivos papeis, mas é sempre ótimo rever o veterano John Lithgow, pois o seu personagem possui camadas ambíguas, mesmo a gente conhecendo desde o princípio a sua real natureza.  
O final, logicamente, não irá agradar a todos, mas sim irá fazer com que pensemos muito sobre as várias questões lançadas durante a trama. Stephen King sempre gostou de nos colocarmos em território nenhum pouco confortável, para assim questionarmos, tanto as suas obras, como também as suas adaptações que conseguiram, ao menos, serem próximos a sua real proposta. Embora com alguns deslizes, “Cemitério Maldito” é um bom filme de terror que não busca o lado óbvio do gênero, mas sim que nos faça pensar em alguns momentos sobre assuntos delicados e que nós sempre omitimos. 




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Cine Dica: SESSÃO ESPECIAL COM DEBATE A SOMBRA DO PAI

SESSÃO ESPECIAL COM DEBATE DIA 07 DE MAIO ÁS 19H30 NO CINEBANCÁRIOS

O longa ASombradoPai, de Gabriela Amaral Almeida (“O Animal Cordial”), ganha exibição especial seguida de debate com a diretora e mediação do jornalista Roger Lerina na terça-feira 07/05 a partir das 19h30 no CineBancários. 
O filme venceu 3 prêmios no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro e conta a história de Dalva (Nina Medeiros, “As Boas Maneiras”), uma garota de 9 anos que vê seu pai (Julio Machado, “Joaquim”) ser consumido pelo luto e que acredita ter poderes sobrenaturais capazes de trazer a mãe, já falecida, de volta à vida. 


C i n e B a n c á r i o s 
Rua General Câmara, 424, Centro 
Porto Alegre - RS - CEP 90010-230 
Fone: (51) 34331204 

sexta-feira, 3 de maio de 2019

Cine Dicas: Estreias do Final de Semana (03/05/19)

Amanda

Sinopse: David tem pouco mais de 20 anos e leva uma vida de empregos temporários. Solitário e sonhador, se apaixona por Lena, uma vizinha que acabou de chegar a Paris. 

Borrasca 

Sinopse: Em uma noite chuvosa, Gabriel e Diego, um escritor amargurado e um piloto de helicópteros, respectivamente, reavaliam suas vidas. 

Entardecer 

Sinopse: Em 1913, durante o declínio do Império Austro-Húngaro, Írisz retorna à Budapeste, cidade onde nasceu, depois de anos vivendo em um orfanato. 

Tudo o que Tivemos 

Sinopse: Junto com a filha adolescente, Bridget precisa viajar até a casa da mãe, após ela acordar de madrugada e sair caminhando por uma tempestade de neve devido ao Alzheimer.


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Cine Dica: Grupo Giramundo apresenta o espetáculo “O Pirotécnico Zacarias”, no CCBB-SP

Montagem, adaptada de contos do escritor Murilo Rubião, é resultado de uma nova vertente do grupo mineiro, que passa a desenvolver projetos votados para experimentar as possibilidades híbridas entre a linguagem teatral e outras mídias. O espetáculo fica em cartaz em SP até 24 de junho
 
Conhecido e consagrado na cena teatral brasileira em seus quase 50 anos de atuação, o Grupo Giramundo construiu uma trajetória que inclui um vasto repertório com mais de 35 espetáculos teatrais, 1.500 bonecos confeccionados e objetos de cena, além da participação na formação teatral de diversos nomes importantes da dramaturgia e teatralidade contemporânea do país.
Agora, o Giramundo promove em São Paulo, a temporada de estreia do espetáculo “O Pirotécnico Zacarias”, montagem que dialoga e experimenta as linguagens do teatro e do cinema, apresentando 5 adaptações de contos de Murilo Rubião, considerado um dos mais significativos escritores da literatura fantástica no Brasil. O espetáculo é resultado da nova vertente de trabalho do grupo, que após mais de 30 anos atuando especificamente como um grupo de teatro passa a promover ações como a formação de um núcleo multimídia experimentador de uma cena de animação, convivendo com bonecos reais e suas versões digitais. Essa mistura do teatro de bonecos, vídeo, animação, música, dança e artes plásticas que originaram neste mais recente espetáculo do grupo, poderá ser visto entre os dias 19 de abril e 24 de junho, no Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo (CCBB-SP).
O PIROTÉCNICO ZACARIAS
A dramaturgia foi construída a partir da continuidade entre os roteiros de cada adaptação, estabelecendo uma conexão entre 5 contos de Rubião, interligados pela figura central do Pirotécnico Zacarias. Assim, o público é convidado a acompanhar a história do próprio protagonista, seguida pelas adaptações de “O Ex-Mágico”, “Teleco, o Coelinho”, “O Bloqueio” e “Os Comensais”. 

“Desde o início dos anos 2000 temos norteado nossa produção na experimentação com outras mídias, principalmente com as possibilidades híbridas com o audiovisual. Com a montagem “Pirotécnico Zacarias” fomos mais além, trazendo o cinema como um processo duplo de planejamento e produção, seguindo convenções de realização focadas na criação de um filme, mas ao mesmo tempo incorporando as características cinematográficas para uma linguagem teatral. É um campo cênico híbrido, que corresponde à uma inquietude midiática de sentimentos no mundo contemporâneo.”, conta Marcos Malafaia, diretor da montagem. 
O espetáculo traz como novidade a influência do cinema no campo da linguagem e na própria construção da composição de cena. Contudo, apesar de seguir uma nova linha de experimentação no que diz respeito às possibilidades técnicas e linguísticas do teatro, a montagem mantém o rigor metodológico e a atenção estética no planejamento e produção que é adotado pelo Giramundo desde a década de 70. Assim, incorpora formas e temas adultos, dialogando com questões formais, plásticas e políticas complexas e essências para o mundo contemporâneo, seja para o contexto cultural e social, ou para a cena teatral.
“Os contos de Murilo Rubião são surpreendentemente contemporâneos e importantíssimos para a cultura brasileira, apesar de não serem tão populares entre o público. À medida que realizamos as adaptações e experimentações para construção do espetáculo, percebemos que eles vão ficando cada vez mais eloquentes e que possuem traços cinematográficos fortes. Por isso, enxergamos não só a necessidade, mas também a importância em trazer vida à obra de Rubião.”, conta o diretor.
A montagem estreou oficialmente em Belo Horizonte, onde fica a sede do grupo e inicia a circulação nacional pela capital paulista. Depois, segue ainda para Rio de Janeiro e Brasília. Serão ao todo, 107 apresentações do espetáculo, transformando-se na maior temporada da história do grupo Giramundo desde a sua fundação, em 1970.
::Cem anos de Murilo Rubião::
Murilo Rubião é considerado um escritor muito misterioso. Apesar de sua importância para a literatura brasileira ser unânime atualmente, e de seus temas e recursos literários, serem conhecidos e descritos, ainda restam nebulosas as circunstâncias do surgimento de autor e de obras tão autônomas e originais. Por conta disso, foi considerado um mestre em fazer o absurdo penetrar na realidade cotidiana.
Admirador de Machado de Assis, apreciador de contos de fadas e fábulas, estudioso da literatura fantástica europeia, da mitologia grega e da Bíblia, o autor inicia sua produção no início dos anos 40 e publica seu primeiro conto em 1947, sendo acolhido de modo discreto pela crítica. Desarticulado dos movimentos literários brasileiros e da produção latino americana do "realismo fantástico" ou "realismo mágico", Rubião antecede Borges, Cortázar e Gabriel Garcia Marquez, urdindo uma obra suspensa, desprendida de seu contexto e descolada de tradições estilísticas.
Perfeccionista, preferiu reescrever seus textos à exaustão do que publicar uma obra extensa. Assim, ao longo de toda a sua vida, selecionou apenas 33 contos para serem lançados em livros.
Quando questionado sobre a escolha de Rubião, Marcos Malafaia destaca: “Tudo começa da relação do Álvaro (Apocalypse, fundador do Giramundo) com o próprio Murilo no Suplemento Literário (criado pelo escritor em 1966). Álvaro ilustrou muito o Suplemento. Já a Madu Vivacqua (outra das fundadoras do grupo) foi uma espécie de secretária eventual dele”.  Ele ainda acrescenta que, durante o período em que editou a extinta revista Graffiti 76% quadrinhos, Rubião serviu de fonte. “A obra dele é muito imagética. Para nós, era o Cortázar brasileiro.”
::Sobre o Grupo Giramundo(www.giramundo.org)::

O Giramundo foi criado em 1970, pelos artistas plásticos Álvaro Apocalypse, Tereza Veloso e Madu. O grupo montou 34 espetáculos teatrais, construindo acervo próximo de 1500 bonecos e objetos de cena. Suas montagens experimentaram o boneco em múltiplas formas, criando um variado panorama técnico e expressivo do teatro de bonecos. Nos anos 70 e 80, a formação acadêmica e artística de seus fundadores imprimiu no grupo o rigor metodológico e atenção estética no planejamento de seus bonecos e espetáculos. Estas características, unidas ao interesse pela cultura brasileira, trouxeram reconhecimento nacional ao Giramundo, garantindo seu lugar na história do Teatro Brasileiro por sua ação transformadora de incorporação de formas e temas adultos, dialogando com questões formais, plásticas e políticas complexas.
Durante os anos 2000, o Giramundo conquistou sua sede própria, base para seu Museu, Escola e Estúdio de Animação. Neste período o grupo concentrou sua atenção na produção de animações e conteúdo digital e na comunicação através da internet. Mais recentemente, iniciou a produção e comercialização de livros, vídeos e brinquedos incorporando o pensamento industrial ao seu modelo de sustentabilidade institucional.
Hoje, o Giramundo se transforma: a ideia de grupo de teatro, que orientou suas atividades durante 30 anos, cede espaço para um núcleo multimídia, experimentador de uma cena de animação variada, onde convivem bonecos reais e suas versões digitais. Essa mistura do teatro de bonecos, vídeo, animação, música, dança e artes plásticas parece ser o território do Giramundo do século XXI.
“Giramundo é um perseguidor. Sempre em busca do inatingível: a receita do boneco nunca construído, a montagem improvável, a cena surpresa, a metodologia da máxima performance. Essa inquietude não tem fim, só começo. O grupo nasceu com ela e a sustenta viva, em brasa, no sopro do entusiasmo de seus membros, geração após geração, ativos na faina de tarefas irrealizáveis. Assim, o Giramundo nos deixa marcas, escreve e se inscreve em nós, como tatuagem, como palimpsesto, como gravura policrômica. E com este espetáculo reforçamos todas essas características que fazem parte do DNA do grupo”, encerra Marcos Malafaia.   
::Serviço::
Espetáculo “O Pirotécnico Zacarias” - Grupo Giramundo 
Datas: de 19 de abril a 24 de junho
Local: Centro Cultural Banco do Brasil SP (rua Álvares Penteado, 112 - Centro)
Horários: Sexta, Sábado e Segunda, às 20h e Domingo às 18h
Classificação:  14 anos
Duração: 72 minutos
Ingressos: R$ 30 – inteira e R$15 - meia
A bilheteria se localiza no Térreo e funciona das 9h às 21h.
Pela internet: www.eventim.com.br

Informações para a imprensa
Flavia Fusco Comunicação
Flavia Fusco | Tel: (11) 3083.1250 / 981212114

Informações para a imprensa Grupo Giramundo

Fábio Gomides – (31) 99693-2767
João Dicker – (31) 98841-9613
Bruna Dias – (31)98415-6545
@aduplainforma

Assessoria de imprensa CCBB São Paulo
Leonardo Guarniero |Tel.: (11) 4298-1282/1279(13h às 19h)


quinta-feira, 2 de maio de 2019

LUTO: Peter Mayhew 1944 - 2019


“A família de Peter Mayhew, com muito amor e tristeza, lamenta informar que Peter faleceu. Ele nos deixou na noite de 30 de abril, com sua família ao seu lado em sua casa, no norte do Texas”
“Peter colocou sua alma e coração no papel de Chewbacca, e isso fica claro em todos os frames de todos os filmes”, diz a carta publicada pela família. “A família Star Wars era muito mais do que apenas um trabalho para ele”.

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Cine Especial: Clube de Cinema de Porto Alegre: ‘3 Faces’ - Entre a Opressão e a Sensatez

Nota: obra será exibida para associados no próximo dia 05/05/19 na Casa de Cultura Mario Quintana.   
Sinopse: Cineasta e famosa atriz iraniana recebe um vídeo perturbador de uma garota implorando por ajuda para escapar de sua família conservadora.  

Devido a uma insana perseguição política, Jafar Panahi passou nos últimos anos a viver em prisão domiciliar e proibido de filmar durante vinte anos no Irã. Contudo, isso não o impediu de trabalhar, pois graças a sua genialidade, ele obteve o feito de lançar para o exterior “Isso Não é Um Filme” (2011) e posteriormente “Taxi de Teerã” (2015), onde ambos os casos são obras que transitam entre o “cinema verdade” e ficção e obtendo o feito de falar sobre o próprio Irã atual. É aí que chegamos ao seu último filme, “3 Faces”, do qual as amarras judiciais não o impedem de falar novamente sobre aquele país e do papel das pessoas que lutam pelos seus objetivos em meio a opressão.  
Dirigido e atuado pelo próprio Jafar Panahi, o filme começa com uma jovem atriz filmando a si própria e implorando ajuda, mas que acaba (aparentemente) cometendo suicídio. O vídeo foi enviado para o cineasta que, por sua vez, atendeu o pedido da jovem que era pedir ajuda para atriz famosa do Irã Behnaz Jafari. Ambos, então, partem para o possível vilarejo onde a jovem pode estar, mas se deparam com uma realidade totalmente diferente do que eles poderiam imaginar.   
Se no seu último filme, “Taxi de Teerã”, o cineasta já dava sinais de dar um espaço maior para a elaboração de uma história mais fictícia, aqui o lado documental fica em segundo plano, pois percebesse que estamos diante de uma ficção. Contudo, o “cinema verdade” sempre retorna no seu devido tempo, principalmente quando a dupla principal começa adentrar os vilarejos onde a garota possa estar e revelando a real face atual daquela região. Uma vez que a dupla central da trama dá de encontro com essa realidade, nos damos conta que há ali uma sociedade dividida, da qual tentam manter as velhas tradições conservadoras, mas das quais não são exatamente fortes o suficiente para mudar o desejo de uma nova geração em querer obter a sua cruzada pessoal pela vida.   
Além de criar uma narrativa que remete as suas obras anteriores, Jafar Panahi  também presta uma homenagem a outros clássicos do país, em especial aos que foram criados pelo seu mentor, o cineasta Abbas Kiarostami e que fez filmes reconhecidos mundialmente como, por exemplo, "Closep Up" (1990). Se por um lado Panahi elaborou tramas onde se passava na cidade grande, aqui, ele opta em adentrar os vilarejos do país e fazendo com que a gente se lembrasse dos primeiros grandes clássicos de Kiarostami como, por exemplo, "Onde Fica a Casa do Meu Amigo?" (1987). Se alguém ainda tem dúvidas que Jafar Panahi está prestando uma homenagem ao Kiarostami, basta testemunharmos a curiosa cena de uma senhora dentro de uma cova e nos fazer lembrar rapidamente do filme "O Gosto de Cereja" (1997). 
Mas, independentemente das homenagens, estamos diante de um filme em que toca nas questões já abordadas na filmografia de Jafar Panahi, como no caso sobre a veracidade de uma determinada cena e sobre até que ponto ela pode ser verídica. No seu clássico "O Espelho" (1997), por exemplo, testemunhamos a jovem protagonista abandonando o seu papel, revelando somente atriz na frente das câmeras e desejando voltar para casa. Embora o primeiro ato de "3 Faces" nos deixe claro que estamos diante de uma ficção, não deixa de ser curioso sobre a maneira de como o cineasta gosta de mexer sobre a veracidade ou não de sua própria obra autoral e fazendo a gente realmente questionar sobre o que está acontecendo na tela. 
Do segundo ato em diante, as revelações vêm à tona, porém, não significa também que haja uma solução rápida, mas sim fazendo a dupla principal da trama se perguntar sobre quais são os seus reais papeis perante uma situação, por vezes, absurda. Atriz Behnaz Jafari (sendo ela mesma), transita entre a tristeza e fúria perante uma situação em que, talvez, ela não quisesse realmente se envolver. Porém, uma vez que ela começa se interagir com aquela realidade, da qual fazia tempo em que ela não participava, faz com que ela abrace uma possibilidade em que ela pode sim fazer a diferença.  
Aliás, é notório que Jafar Panahi faça um discurso nas entrelinhas, não somente com relação a política autoritária do Irã, como também com relação a uma sociedade dividida entre o saber e as velhas tradições.  Entre a opressão e o diálogo, há sempre a persuasão de outros para que os próprios protagonistas venham de desistir. Porém, a cena de um boi adoentado no meio da estrada, simboliza uma sociedade que requer ajuda sempre do próximo, mesmo quando outros lhe dizem ao contrário.  
"3 Faces", não é só um dos melhores filmes de Jafar Panahi, como também simboliza o cinema da resistência do Irã dos últimos trinta anos e do qual retratou o melhor e pior daquele povo.   


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Cine Dicas: Próximas sessões do Clube de Cinema de Porto Alegre (Sábado e Domingo, dias 4 e 5 de maio)

3 Faces

No próximo Sábado (dia 4 de maio de 2019) as 10:15 da manhã na Sala Eduardo Hirtz (Casa de Cultura Mário Quintana) assistiremos ao filme “Um Amor Inesperado” (El Amor Menos Pensado) .

Ano de produção: 2018
Data de Lançamento Mundial: 2 de Agosto de 2018 na Argentina
Direção: Juan Vera
Duração: 123 minutos
Elenco: Ricardo Darín, Mercedes Morán, Claudia Fontán
Gênero: Romance, Comédia
Colorido
Nacionalidade: Argentina
Idioma: Espanhol
Distribuidor: Alpha Filmes Ltda
Não recomendado para menores de 14 anos.

Sinopse: Marcos (Ricardo Darín) e Ana (Mercedes Morán) estão casados há 25 anos e seu relacionamento já não está mais funcionando. Quando seu filho deixa a Argentina para estudar fora, os dois decidem se divorciar. Porém, a vida de solteiro não é tão fácil quanto eles esperavam e Marcos acaba chamando Ana para sair com ele novamente.

Festival do Rio - O filme foi exibido no Festival do Rio 2018.

3 Faces

No próximo Domingo (dia 5 de maio de 2019) as 10:15 da manhã na Sala Paulo Amorim, Casa de Cultura Mario Quintana) assistiremos ao filme “3 Faces” (Se Rokh).

Ano de produção: 2018
Data de Lançamento Mundial: 12 de Maio de 2018 (Festival de Cinema de Cannes)
Direção: Jafar Panahi 
Duração: 100 minutos
Elenco: Behnaz Jafari, Jafar Panahi, Marziyeh Rezaei
Gênero: Drama
Colorido
Nacionalidade: Irã
Idioma: Persa
Distribuidor: Imovision
Não recomendado para menores de 14 anos

Sinopse: Uma famosa atriz iraniana recebe um vídeo perturbador de uma garota implorando por ajuda para escapar de sua família conservadora. Ela então pede seu amigo, o diretor Jafar Panahi, para descobrir se o vídeo é real ou uma manipulação. Juntos, eles seguem o caminho para a aldeia da menina nas remotas montanhas do norte, onde as tradições ancestrais continuam a ditar a vida local.

Cannes 2018 - Selecionado para competir no Festival de Cannes 2018.
Mostra de São Paulo - O filme é um dos selecionados para a 42ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

Abraço a todos .
Antonio A. B. Boaretto 
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