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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Cine Dica: Em Cartaz: Blade Runner 2049



Sinopse: California, 2049. Após os problemas enfrentados com os Nexus 8, uma nova espécie de replicantes é desenvolvida, de forma que seja mais obediente aos humanos. Um deles é K (Ryan Gosling), um blade runner que caça replicantes foragidos para a polícia de Los Angeles. Após encontrar Sapper Morton (Dave Bautista), K descobre um fascinante segredo: a replicante Rachel (Sean Young) teve um filho, mantido em sigilo até então. A possibilidade de que replicantes se reproduzam pode desencadear uma guerra deles com os humanos, o que faz com que a tenente Joshi (Robin Wright), chefe de K, o envie para encontrar e eliminar a criança.



No último mês de setembro eu havia participado em Porto Alegre do curso de cinema “Filmes e Sonhos”, criado pelo Cine Um e ministrado pelo Psicanalista Leonardo Della Pasqua. Na atividade foi  debatido sobre os simbolismos incrementados em diversos filmes, cujo foco principal dessas obras eram os sonhos, sendo que muitos eram inspirados nas teorias do pai da psicanálise Sigmund Freud. Para o psicanalista, os sonhos seriam, por exemplo, a manifestação dos desejos reprimidos e dos quais se manifestam quando as pessoas estão dormindo.
Pegamos de exemplo o filme “Sonho” de Akira Kurosawa e do qual foi analisado durante atividade. No começo do filme, vemos uma criança, da qual está presenciando um ritual com pessoas andando com máscaras de raposa, mas tendo todo o cuidado para não ser visto por elas. Para o psicanalista, a cena seria uma representação de uma criança que observou os seus pais fazendo sexo, mas temendo que fosse pego durante o ato.
Pensando dessa forma chego a uma hipótese sobre uma enigmática cena do clássico Blade Runner de 1982. Numa passagem do filme o caçador de androide Rick Deckard (Harrison Ford) está sonhando acordado e presenciando a chegada de um unicórnio em sua direção. O unicórnio em si poderia ser uma representação do impossível, já que, até onde nós sabemos, não há provas  de que tal animal realmente tenha existido.
A imagem do unicórnio seria então uma representação do desejo do qual Deckard  teria pela personagem Rachel (Sean Young), mas que no fundo acredita que a união deles seria algo impossível, já que ele (aparentemente) é humano, mas ela é uma replicante. Já nas mãos do cineasta Dennis Villeneuve esses simbolismos continuam intactos no filme Blade Runner 2049, mas havendo uma mudança nessa transição e transformando então a imagem do mito em algo possível. A imagem do unicórnio dá lugar a um pequeno cavalo de madeira e simbolizando o sonho se tornar em realidade.
O cineasta canadense Dennis Villeneuve construiu uma carreira ao explorar os significados de símbolos, lembranças e sonhos dentro dos seus filmes. Em Incêndios, por exemplo, vemos uma mãe em busca do seu filho através de lembranças, do qual havia perdido durante a guerra, mas caindo em coma a partir do momento em que testemunhou uma imagem estarrecedora e simbólica. Em A Chegada, vemos a personagem de Emy Adams usando todos os seus recursos para se comunicar com extraterrestres através de símbolos, mas sendo testemunha de sonhos e lembranças dos quais se tornam peças fundamentais para trama.
Olhando para trás se percebe então que Villeneuve insere tudo que ele havia criado em seus filmes anteriores em Blade Runner 2049. O resultado não é apenas uma mera continuação, mas sim dando continuidade a tudo que Ridley Scott havia construído no filme original. Porém, Villeneuve vai muito mais além, ao criar para o filme uma identidade própria, alma e da qual caminha de forma independente e poética.
Contudo, o filme original se faz presente a cada momento da trama, se tornando uma velha lembrança que ecoa no presente de tal forma que não pode ser esquecida. Aliás, sonhos e lembranças são elementos que moldam o filme como um todo, como se fossem peças fundamentais de um tabuleiro para que o novo caçador de androides K (Ryan Gosling) busque a sua verdadeira origem. A lembrança de uma simples figura já citada do cavalo de madeira, por exemplo, se torna um bem precioso, pois é nela que K mantém a sua humanidade ainda intacta.
Aliás, a busca pela humanidade é o que move os personagens centrais, sejam eles humanos ou não. Portanto é fácil nos emocionarmos com a trágica personagem Joi (Ana Armas), que é uma inteligência artificial holográfica, mas que ama como um todo K. Uma passagem do filme, aliás, ecoa o filme ELA de SpIke Jones, já que esse momento é uma extensão até mesmo melhorada da proposta principal da qual havia sido apresentada naquele filme.
Falando em melhoramento, novamente o compositor Hans Zimmer (elogiado pelo seu último trabalho em Dunkirk de Christopher Nolan) dá um verdadeiro show na criação da trilha sonora para esse filme. Não que seja superior a obra prima criada pelo compositor Vangelis para o filme original, mas Zimmer a molda para representar, não somente os sentimentos dos quais os personagens sentem em determinado momento, como também sintetiza os momentos de pura tensão da trama. Quando esses momentos acontecem, a sua trilha sonora explode, como se o compositor quisesse que prestássemos atenção a cada cena crucial apresentada na tela.
Visualmente o filme é arrebatador, fazendo com que reconheçamos aquele universo familiar aos nossos olhos, mas moldado de uma forma que nos passasse uma sensação de passagem do tempo. Roger Deakins cria uma fotografia soberba, da qual luz e sombras andam de mãos dadas, como se a morte estivesse sempre à espreita, mas a luz sempre dando um sinal de esperança. Não me admira, portanto se ele venha a subir ao palco no Oscar 2018 e ganhar o seu merecido Oscar pelo seu magnífico trabalho.
Mas todo esse cuidado técnico não seria nada se o filme não nos emocionasse, mas nisso Dennis Villeneuve nos dá, principalmente para aqueles que amam cada passagem do filme original. Como eu já disse anteriormente, o filme funciona independente de sua fonte original, mas quando essa última surge cena, nossas mãos se apertam forte na cadeira, pois entramos em um terreno do qual se exige uma lágrima. Ao vermos um velho Deckard (Harrison Ford, ótimo) testemunhar uma sombra vinda de um passado mais dourado, a frase “ela tinha olhos verdes”, irá encravar em nossas memórias por um bom tempo.
Ao adentrarmos então em seu ato final, testemunhamos os protagonistas se encaminhando para os seus destinos, mas cada um tendo a consciência que conseguiram preservar o seu bem mais precioso que é a sua própria humanidade. Uma vez realizando esse sonho, a figura do unicórnio representando o impossível se esvaí por completo, dando lugar a figura de um pequeno cavalo de madeira e simbolizando o verdadeiro milagre do qual todos nós conseguimos obter em vida. Mesmo não estando presente, ás palavras do replicante Roy (Rutger Hauer) do filme original fazem ainda mais sentido, ecoando em nossas mentes e selando então a trama de uma forma esperançosa e encantadora.
Com a participação de grandes talentos como Jared Leto e Robin Wright, Blade Runner 2049 é um filme sobre nós, sobre a preservação do que nos faz realmente humanos e na busca pelos sonhos que podem ser realizados.

Cine Dica: PROGRAMAÇÃO DE 5 A 11 DE OUTUBRO DE 2017 da Casa de Cultura Mario Quintana.



 Blade Runner (1982)

SEGUNDA-FEIRA NÃO HÁ SESSÕES
SALA 1 / PAULO AMORIM
15h30 – UMA MULHER FANTÁSTICA
(Una Mujer Fantástica - Chile/Espanha, 105min, 2017). Direção de Sebastián Lelio, com Daniela Vega, Francisco Reyes, Luis Gnecco. Imovision, 14 anos. Drama.
Sinopse: Prêmio de melhor roteiro no Festival de Cinema de Berlim, o longa acompanha a história da transexual Marina, que tem uma vida considerada normal: ela é cantora, trabalha como garçonete e tem um namorado há muitos anos. Quando seu companheiro morre, Marina começa a enfrentar os preconceitos por ser "diferente". E os problemas vêm, principalmente, da família do falecido.

17h30 – BYE BYE ALEMANHA
(Es war einmal in Deutschland - Alemanha/Bélgica, 2017, 100min). Direção de Sam Garbarski, com Moritz Bleibtreu, Antje Traue. Mares Filmes, 14 anos. Comédia dramática.

Sinopse: Na cidade de Frankfurt, em 1946, a realidade agora é a do pós-guerra. Com seu país em ruínas e o fantasma do Nazismo definitivamente afastado, o judeu David Bermann e alguns amigos têm apenas um sonho: emigrar para os Estados Unidos. Para isso, eles encontram as maneiras mais inusitadas de conseguir algum dinheiro e esquecer o passado.
19h30 – ÚLTIMOS DIAS EM HAVANA
(Últimos Días en la Habana – Cuba/Espanha, 2017, 90min). Direção de Fernando Perez, com Patricio Wood e Jorge Martinez. Esfera Filmes, 14 anos. Comedia dramática.
Sinopse: A ilha de Cuba serve de cenário para os dramas de dois amigos, na faixa dos 40 anos. Miguel passa os dias aguardando o visto para ir morar nos Estados Unidos e sonha com uma vida melhor por lá; Diego tem o vírus HIV, está sempre debilitado mas não perde a esperança de dias melhores em seu pais.  Prêmio de melhor direção no festival Cine Ceará.

PROGRAMAÇÃO DE 5 A 11 DE OUTUBRO DE 2017
SEGUNDA-FEIRA NÃO HÁ SESSÕES

SALA 2/ EDUARDO HIRTZ

 15h15 – COMO NOSSOS PAIS
(Brasil, 2017, 100min). Direção de Lais Bodanzky, com Maria Ribeiro, Paulo Vilhena, Clarice Abujamra. Imovision, 14 anos. Drama.
Sinopse: Perto dos 40 anos, Rosa vive um cotidiano típico da mulher contemporânea: cuida da casa e das duas filhas, o marido não é muito presente, ela tem um trabalho do qual não gosta e a relação com a mãe não é das melhores. Num momento crucial da sua vida, Rosa precisa rever todas as suas certezas. Prêmio de melhor filme, direção, atriz, ator e atriz coajuvante no Festival de Cinema de Gramado.
17h10 –  PARIS PODE ESPERAR
(Paris can Wait - EUA-França, 2017, 95min). Direção de Eleanor Coppola, com Diane Lane, Arnaud Viard, Alec Baldwin. Califórnia Filmes, 14 anos. Comédia romântica.
Sinopse: Anne sonha em fazer uma viagem romântica de Cannes a Paris com seu marido. Mas ele, um produtor de cinema famoso, precisa embarcar urgente para uma viagem de trabalho. Decepcionada, ela aceita uma carona até a capital da França com Jacques, o sócio francês do marido. O que era para ser uma simples viagem de sete horas se transforma em vários dias, com direito a paradas em todos os vilarejos do caminho.
19h - O FILME DA MINHA VIDA
(Brasil, 2017, 110min). Direção de Selton Mello, com Johnny Massaro, Vincent Cassel, Bruna Linzmeyer. Vitrine Filmes, 14 anos. Drama.
Sinopse: Tony volta para a pequena Remanso depois de alguns anos estudando na capital e descobre que seu pai foi embora. Nem a mãe nem os amigos mais próximos têm alguma explicação para o que aconteceu - e Tony segue seus dias um tanto melancólico, dividido entre as atividades como professor e a paixão por Luna. Adaptado da novela Um Pai de Cinema, do chileno Antonio Skarmeta, o filme é ambientado nos anos 1960 foi rodado na região de Bento Gonçalves.

PROGRAMAÇÃO DE 5 A 11 DE OUTUBRO 2017

SEGUNDA-FEIRA NÃO HÁ SESSÕES
SALA 3 / NORBERTO LUBISCO

15h15 – AS DUAS IRENES

(Brasil, 90min, 2017). Direção de Fabio Meira, com Priscila Bittencourt, Isabela Torres, Marco Ricca. Vitrine Filmes, 14 anos. Drama.
Sinopse:  Irene tem 13 anos e descobre que seu pai tem outra mulher e uma outra filha, que também se chama Irene. Sem revelar quem é, a primeira irmã começa a se aproximar da desconhecida. Kikito de melhor roteiro no Festival de Gramado.
* Não haverá exibição no sábado e domingo devido à Sessão Pais e Filhos

15h15 – KUBO E AS CORDAS MÁGICAS (Sessão Pais e Filhos)
(Kubo And The Two Strings - EUA, 100min, 2016). Animação de Travis Knight. Exibição em DVD, com ingressos a R$ 4.
Sinopse: Morador de uma pequena aldeia do Japão, o garoto Kubo precisa usar a armadura samurai que foi do seu pai para proteger o lugar de um espírito vingativo que vem do passado.
* Sessões somente no sábado e domingo, dias 7 e 8 de outubro.


17h15 – EXODUS - DE ONDE EU VIM NÃO EXISTE MAIS
(Brasil/Alemanha, 2016, 90min). Documentário de Hank Levine, com narração de Wagner Moura. O2 Filmes, 14 anos.
Sinopse:  O filme acompanha as jornadas de seis refugiados - Napuli, Tarcha, Bruno, Dana, Nizar e Lahtow - que saem de países como o Sudão do Sul, Síria e Mianmar devido a guerras e conflitos. Suas histórias são contadas em paralelo, acompanhando o desenvolvimento de seus destinos durante dois anos.
19h – BLADE RUNNER: O CAÇADOR DE ANDRÓIDES
(Blade Runner - EUA, 1982, 120min). Direção de Ridley Scott, com Harrison Ford e Rutger Hauer. Exibição em DVD - Versão do Diretor, com ingressos a R$ 4.
Sinopse: Clássico da ficção científica, a trama adaptada da obra de Philip Dick acompanha um caçador de andróides na Los Angeles do ano de 2019. As criaturas-robôs, criadas a imagem e semelhança do homem para ajudarem no dia a dia, ganharam força, inteligência e sentimentos - e precisam ser eliminadas. O filme acaba de ganhar uma sequência nos cinemas, o “Blade Runner 2049”.
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domingo, 8 de outubro de 2017

Cine Curiosidade: As últimas da nossa atriz Cris Lopes

Os protagonistas "Madame & Monsieur" (Cris Lopes e Euler Santi) e o diretor Rodney Borges assistiram o filme na telona em Sampa

Todas as quintas em Sampa tem balada multiarte: o evento TRAFE com exibição de cinema, exposições de arte, gastronomia, moda e muita música eletrônica para agitar a noite paulistana: cultura e diversão no centro de São Paulo.
Na última quinta-feira, o flme exibido na TRAFE foi o premiado AGS - Agence Générale du S... (seleção oficial de mais de 14 festivais de cinema já exibido na Espanha,Uruguay e diversas cidades do Brasil) com os protagonistas: a atriz internacional Cris Lopes (Madame) e o ator e roteirista Euler Santi (Monsieur). Cris além de atuar no filme, também realizou a Direção de Arte inspirada no clássico "Grande Hotel Budapeste". O diretor de AGS, Rodney Borges também esteve presente.
O evento TRAFE tem a Curadoria de Cinema de Mari Angela Magalhães e coordenação e produção cultural de Kauê Magalhães.

Atriz brasileira Cris Lopes é nomeada embaixadora de Festival Internacional de Cinema na Espanha FICL 2017

Conhecida por incentivar, divulgar e atuar na sétima arte pelo mundo por falar vários idiomas, a atriz brasileira Cris Lopes (em 2 longas este ano: o internacional "Freer" e o nacional "Meio Irmão") foi nomeada embaixadora no Brasil do Festival Internacional de Cine de Loja FICL 2017 que será realizado dias 10, 11 e 12 de novembro. 
Cris foi convidada para a campanha de divulgação que iniciou com o vídeo gravado em espanhol com a atriz convidando para o lançamento do festival FICL 2017 apresentado na FITUR em Madrid em janeiro deste no ano que contou com a presença do Rei e da Rainha da Espanha no evento.
A atriz internacional Cris Lopes foi convidada para marcar presença na Espanha em novembro durante o festival e deixou recado na página oficial do FICL 2017: "Es un placer hacer la difusion del Festival de Cine de Loja de España en Brasil. Deseo mucho exito y muchas películas. Acción! Besos de su embajadora en Brasil. Actriz Cris Lopes" (É um prazer divulgar o Festival de Cinema de Loja no Brasil. Desejo muito exito e muitos filmes. Ação! Beijos de sua embaixadora no Brasil. Atriz Cris Lopes)
Confira aqui o vídeo da atriz Cris Lopes em espanhol veiculado na Espanha: https://www.youtube.com/watch?v=PRE4SG4cERM

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sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Cine Dica: Em Cartaz: O Lamento



Sinopse: A chegada de um estranho misterioso em uma aldeia tranquila coincide com uma onda de assassinatos cruéis, causando pânico e desconfiança entre os moradores. Enquanto investiga o suspeito, policial percebe que sua filha pode ter sido vítima do ataque.
Se for para simplificar, o filme O Lamento  nos conta uma história com teor folclórico, sobre guardiões, demônios, xamãs e sobre uma parte curiosa sobre cultura oriental e da qual tem conexões nítidas com a religião e cultura ocidental. Mas indo muito além dessa observação, podemos analisar de inúmeras maneiras de que forma exatamente o mal entra na vida das pessoas, seja de ajuda, seja de boas intenções, de ligações com o paraíso ou não. Quando você olha muito tempo para um precipício ele olha para você, dizia Friedrich Nietzsche. Dependendo de como você combate o mal, acaba caindo na tentação do mal, ou abrindo a janela para ele. É um dos recados do filme de Na Hong-jin (O Caçador) que quer nos passar.
Ele fala sobre erros pecaminosos não exatamente por questões bíblicas, mas pelo lado humano, mostrando como é fina a linha da qual separa o remorso da inocência, questionando sobre onde se busca por justiça e que, no final das contas, se tornam atos de vingança. Nesse pensamento, podemos adentrar a um forte teor crítico ao uso de indivíduos que dão á religião e a fé o poder destrutivo para falsos profetas que, infelizmente, se alastram até mesmo nas questões políticas contemporâneas.
A todo o momento o roteiro nos pega desprevenido, contando uma trama aparentemente simples, mas da qual vai se tornando complexa, mas por outro lado gradualmente entendida. O filme nos apresenta os seus protagonistas e vai montando de uma forma subliminar, sem dar muitas explicações sobre cada um deles, quais seriam as suas reais intenções e em situações que num primeiro momento não se sabe por que acontece. Isso acaba exigindo atenção do cinéfilo que assiste, além de certa paciência, pois o filme beira a mais de duas horas e meia
Porém, uma vez quando começa o filme, com suas inúmeras charadas, estamos mais do que presos a ele e não será o tempo que irá nos afastarmos até sabermos sobre o que realmente está acontecendo na tela. Sua fotografia e trilha sonora mórbida é uma combinação perfeita, da qual nos coloca em meio aquele cenário e que mesmo tempo nos dá a entender de que algo observa aquele local o tempo todo. É nesses momentos que nos damos conta que estamos diante de um filme de horror que, aliás, caminha para outros subgêneros dentro desse universo, que vai desde aos filmes sobre contaminação, possessão e até mesmo da mania zumbi. 
Além disso, o cineasta tem a proeza de criar uma atmosfera desconcertante, mas sem apelar para a pirotecnia atual que tanto polui o resultado final desses tipos de filmes. O Lamento é um grande filme de terror, repleto de mistérios, mas ao mesmo tempo cheio de mensagens subliminares e das quais nos surpreende a cada segundo.

Onde assistir: Cinemateca Capitólio Petrobras. R. Demétrio Ribeiro, 1085 - Centro Histórico, Porto Alegre. Horários: as 15 horas, nos dias 12 e 15 de outubro.   


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