Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte.
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atriz Cris Lopes e Ricardo
Massaini (Sala de Espetáculo - Massaini Comunicação)
Cris Lopes marcou presença esta semana no Teatro
Alfa em São Paulo para conferir o espetáculo "Um Certo Canto
Brasileiro" de Anselmo Zolla. A atriz de cinema se tornou fã da Cia de
Dança Studio 3 e vem acompanhando as apresentações na capital paulista.
Cris conta que se emocionou com o repertório que
aprecia desde a infância com a educação musical MPB recebida dos
pais, composto por canções consagradas da música popular brasileira de
grandes artistas como Caetano Veloso (Sampa), Tom Jobim e Elis Regina (Por
Toda Minha Vida), Roberto Carlos e Erasmo Carlos (Música Suave), Chico Buarque
(As Vitrines) entre outros sucessos brasileiros.
A Studio 3 Cia. de Dança e seu coreógrafo Anselmo
Zolla viajam e buscam nas grandes "canções populares brasileiras"
músicas que são eternizadas e únicas por suas letras e por sua interpretação.
"Viver dentro deste universo atemporal muito nosso, vivo, atual, de grande
poder e riqueza, traz para a Cia., e principalmente para o público, ao que pode
existir dentro deste "UM CERTO CANTO BRASILEIRO". Anselmo Zolla
(idealizador e Diretor Coreográfico). A divulgação do espetáculo é realizada
pela Massaini Comunicação - Sala de Espetáculo by Ricardo Massaini.
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Sinopse: Na Sicília, o
adolescente Giuseppe desaparece de uma pequena vila próxima à floresta. Sua
amiga Luna recusa-se a aceitar seu misterioso desaparecimento e tenta
encontrá-lo através de um portal para o mundo sombrio que o tragou. Uma
história verdadeira envolvendo um seqüestro cometido pela máfia siciliana,
porém, contada como se fosse uma fábula gótica.
Adaptar fatos verídicos é
sempre uma faca de dois rumes, pois às vezes se tem interesse em ser fiel aos
fatos, mas acaba com que o filme perca a sua personalidade cinematograficamente
falando. Porém, as vezes a criatividade de cineastas e roteiristas contorna
esse dilema, sendo fiel aos fatos, mas romanceando e tornando o projeto mais
receptivo. O Fantasma da Sicília é puro cinema, mas que respeita os fatos verídicos
dos quais se baseou e ao mesmo tempo criando um fio de esperança mesmo dentro
de uma realidade nua e crua retratada na tela.
Na Sicília dos anos 90, Luna
(Julia Jedlikowska) e Giuseppe (Gaetano Fernandez) são grandes amigos, cuja
essa amizade começa a florescer algo a mais. Porém, Giuseppe desaparece e
fazendo com que Luna se desespere em sua procura. Não demora muito para que ela
tenha que lidar com a dura realidade de sua perda e que somente com sua persistência
e amor pelo amigo é o que poderá fazê-la com que se torne mais forte perante a
situação.
Começando como cineastas de curtas
metragens, Fabio Grassadonia e Antonio Piazza demonstram habilidade na direção,
principalmente na forma como eles apresentam a trama. Sem os já costumeiros
créditos de abertura dizendo que a trama é baseada em fatos verídicos, o filme
acaba nos surpreendendo pela forma na construção da narrativa, onde não fica
claro num primeiro momento o que realmente aconteceu a Giuseppe. A primeira
vista parece que estamos vendo um filme sobre um fantasma, ou que tudo não passa
de uma imaginação fértil vinda de Luna e assim quebrando com a nossa compreensão
com relação sobre o que está realmente acontecendo.
Só iremos nos dar conta dos verdadeiros
fatos ao término do primeiro ato e é onde Luna começa sua real obsessão pela
busca de seu amigo. Julia Jedlikowska dá um verdadeiro show de interpretação,
sendo que ela consegue transmitir através de sua personagem uma aura de
confusão mental, mas contida e da qual lhe faz seguir em frente até o fim. Ao
mesmo tempo presenciamos os dias fatídicos de Giuseppe como prisioneiro num
porão qualquer da Sicília e Gaetano Fernandez nos passa uma interpretação singela
e até mesmo conseguindo amenizar os doloridos dias que o seu jovem personagem passa.
Mas se no primeiro ato os
cineastas nos surpreendem, do segundo em diante tudo o que é visto deve ser
apreciado com desconfiança, já que realidade e fantasia se fundem a todo o
momento. Aliás, o clima da produção nos passa uma sensação de fábula gótica,
como se a jovem protagonista tentasse se prender a uma realidade da qual
houvesse esperança em reencontrar o seu amigo. Uma vez que esse fio de
esperança se rompe ao dar de encontro com o mundo real, há então um rompimento
brusco e do qual testemunhamos a trágica verdade.
Porém, os minutos finais nos
reservam múltiplas emoções, das quais nos trás um frescor de esperança, Pode
parecer pouco corajoso, ou que não faça nenhum sentido com que até ali havia
sido apresentado, mas talvez os realizadores tenham optado em dar um pouco mais
de luz e mantendo a força da esperança como principal virtude contra os males
que vem de nossa própria realidade. É aquele filme em que você ama-o ou deixe-o,
mas que ficará pensando sobre ele por um bom tempo.
O Fantasma da Sicília é uma
bela fábula gótica, onde o amor e esperança prevalecem perante as dores vindas
do nosso mundo.
A
partir de terça-feira, 26 de setembro, a Cinemateca Capitólio Petrobras
exibe dois importantes filmes sul-coreanos inéditos no circuito comercial de
Porto Alegre: Filha de Ninguém, do premiado diretor Hong Sang-soo,
e Lamento, de Na Hong-jin, um dos filmes de terror mais elogiados
dos últimos tempos. O valor do ingresso é R$ 16,00, com meia entrada para
estudantes e idosos.
FILMES
FILHA DE NINGUÉM
(Noogooui
Daldo Anin Haewon)
90
minutos, 2013, Coréia do Sul
Direção:
Hong Sang-soo
Distribuição:
California Filmes
Uma
estudante de cinema sonha em se tornar atriz. Quando descobre que sua mãe está
se mudando para o Canadá e que seus colegas estão falando mal dela por conta do
relacionamento que teve com um professor casado, ela se enche de dilemas
existenciais. Exibição em DCP
O LAMENTO
(Goksung)
156
minutos, 2016, Coréia do Sul
Direção:
Na Hong-jin
Distribuição:
California Filmes
Um
vilarejo pacífico começa a testemunhar assassinatos cruéis cometidos pelos
moradores. Os criminosos parecem estar fora de si, e as autoridades pensam que
talvez tenham consumido cogumelos venenosos. No entanto, o inspetor de polícia
Jong-Goo (Kwak Do-Won) suspeita que os casos tenham uma origem sobrenatural,
ligada a um forasteiro que acaba de chegar ao local. Exibição em DCP
GRADE DE HORÁRIOS
26 de setembro a 1º de outubro de 2017
26 de setembro (terça)
15h
– Gaga – O Amor pela Dança
17h
– O Lamento
20h
– Filha de Ninguém
27 de setembro (quarta)
15h
– Divinas Divas
17h
– Filha de Ninguém
19h30
– O Lamento
28 de setembro (quinta)
14h
– Esse Garoto Aí + debate
17h
– O Lamento
20h
– Filha de Ninguém
29 de setembro (sexta)
15h
– Filha de Ninguém
17h
- O Lamento
20h
– Projeto Raros (Zu – Warriors from the Magic Mountain)
30 de setembro (sábado)
15h
– Filha de Ninguém
17h
– Mostra Diálogo
(Nada,
Cosme, De Tanto Olhar o Céu Gastei Meus Olhos Diamante, o Bailarina)
20h
– Mostra Diálogo
(O Estacionamento, Peripatético, Os
Demônios de Virgínia, Os Cuidados que se tem com o Cuidado que os
Outros Devem ter Consigo Mesmos)
1 de outubro (domingo)
14h30
– O Lamento
17h30
– Mostra Diálogo
(Não Me Prometa Nada, A Moça Que
Dançou Com o Diabo, Constelações, Regresso de Saturno, Demônia, Melodrama em 3
Atos)
Sinopse: A relação de um
casal é colocada à prova quando recebem hóspedes que não convidaram e que
interrompem as suas tranquilas existências.
Os personagens dos filmes de
Darren Aronofsky vão sempre à busca da perfeição, mas que acabam dando de
encontro com os seus próprios demônios interiores. De “Réquiem Para um Sonho”,
para “Cisne Negro”, assistirmos a obsessão de pessoas, cuja suas jornadas se
enveredam para um circulo vicioso e o que os levam a um caminho sem volta. Em “Mãe!”,
testemunhamos tudo isso numa escala de proporções bíblicas, onde o cenário de
uma simples casa se torna do auge para degradação da qual a própria humanidade se
encaminha.
A trama gira em torno de um
casal (Jennifer Lawrence e Javier Bardem), onde ambos vivem numa grande casa no
campo e é onde o marido busca inspiração para escrever o seu novo livro. Porém,
surge um homem (Ed Harris), que se diz perdido e que logo seguida surge também
sua mulher (Michele Pfeiffer) que estava a sua procura. O surgimento desse
estranho casal começa a desencadear eventos imprevisíveis e revelando mistérios
até então escondidos dentro dessa casa.
Embora a trama se passe num único
cenário, Aronofsky cria tantas situações num único lugar que requer termos uma
atenção em dobro com relação ao que está acontecendo na tela. Com a câmera na mão,
por vezes trêmula, o cineasta acompanha os passos da esposa, sendo que acaba se
tornando uma espécie de terceira pessoa que acompanha as situações que vão surgindo
ao longo do tempo. Se no primeiro ato as coisas aparentam certa calmaria, mesmo
com o surgimento dos dois misteriosos personagens, logo em seguida somos
bombardeados por momentos imprevisíveis e que fazem com que a câmera corra velozmente
para que não percamos nenhum detalhe.
Com isso se cria um
verdadeiro cenário de tensão e que reflete gradualmente a confusão mental e física
da qual a personagem de Jennifer Lawrence vai passando ao longo do filme.
Aliás, já adianto que atriz tem aqui o seu melhor desempenho de sua carreira, cujo
ar singelo dá lugar a um ser que sentiu na pele todos os horrores vindos de
fora e isso somente num filme de pouco mais de duas horas. Assim como os outros
personagens nos filmes anteriores do cineasta, a personagem de Lawrence busca o
equilíbrio para tornar o seu lugar num mundo perfeito, mas que, infelizmente, a
intromissão dos inúmeros personagens que vão surgindo vão desencadeando um verdadeiro apocalypse mesmo num local cujo espaço não é assim tão grande e gerando em nós
uma verdadeira sensação claustrofóbica.
Para os mais atentos, não demora
muito para nos darmos conta sobre o que realmente está acontecendo,
principalmente para aqueles que conhecem a fundo determinadas passagens bíblicas.
Porém, Aronofsky procura não explicar, mas sim usando inúmeras cenas simbólicas
e das quais elas querem dizer alguma coisa para aqueles que vão testemunhando o
redemoinho de acontecimentos que vão saltando na tela. Ao mesmo tempo em que o
cineasta ousa em filmar a sua visão particular com relação no que acredita, ele
volta a explorar em temas dos quais ele já havia posto em prática anteriormente
no filme Fonte da Vida, onde ele consegue a proeza de levantar questões sobre o
meio ambiente e tornando os humanos como seres inconsequentes e mesquinhos com
relação ao mundo em que vive.
Mas isso tudo é somente os
preparativos para o derradeiro ato final, do qual testa os limites do casal
principal e revelando as suas reais facetas com relação aquele cenário do qual
eles se encontram. Aliás, o mundo representado ali, seria então uma dura crítica que o
cineasta faz com relação ao surgimento de celebridades instantâneas de hoje, consumismo
desenfreado, surgimento das mais diversas crenças religiosas, retrocessos
sociais, protestos pacíficos sendo encurralados pelo fascismo e revelando o
pior do ser humano. Tudo isso culminando com o fato de que o lar em que o homem
nasce não é o bastante, mas então para onde se vai quando mais nada se tem?
Cabe então questionarmos a
solução fácil da qual o cineasta então cria nos segundos finais da trama, mas que
não tira o fato de que o processo será o mesmo e tornando tudo em um circulo
vicioso e sem fim. Essa solução apresentada seria então uma representação com
relação à persistência do homem em querer prosseguir na terra em que pisa, mas
que nunca encontrará um equilíbrio perfeito do qual tanto deseja, pois nada será
o suficiente para se satisfazer. Um momento final esclarecedor, mas que não nos
tira o peso das nossas costas quando saímos da sala do cinema.
“Mãe!” talvez venha se
tornar o melhor filme em que sintetiza a situação do mundo atual em que vivemos
e que, infelizmente, anda se fazendo muito pouco para se mudar esse quadro.