Sinopse: Ao atender uma chamada de emergência, um ex-policial precisa correr contra o tempo para salvar uma mulher sequestrada.
Não é de hoje que o cinema norte americano refilma em seu território ótimos filmes de outros países. Temos como exemplo genuíno o clássico alemão "Asas do Desejo" (1987), que em território norte americano virou uma versão até que interessante intitulada "Cidade dos Anjos" (1998) e estrelado pelo ator Nicolas Cage. "O Culpado" (2021) é mais um desta lista infindável de refilmagens norte americana, mas que ao menos se sustenta graças ao seu interprete em cena.
Refilmagem do filme Dinamarquês "A Culpa" (2018), a história é sobre um policial Joe Bayler (Jake Gyllenhaal) em um dia tedioso na central de chamadas de emergência 911. Bayler foi punido e rebaixado, por isso vive sempre rabugento. Um dia em questão, após ficar atendendo chamadas de emergência enquanto acontece um incêndio florestal que vai se aproximando da cidade de Los Angeles, Califórnia, EUA, ele recebe uma chamada inusitada. A princípio uma mulher (Riley Keough) parece estar chamando seu filho, mas na verdade está discretamente reportando seu próprio sequestro. Tentando encaixar cada detalhe vago que ela dá, Bayley precisa colocar a cabeça para funcionar para garantir sua segurança, jogando todas as suas habilidades e intuição, mas a partir que o crime começa a se revelar, mostrando sua verdadeira natureza, o psicológico do policial começa a se enfraquecer, mas precisa se forçar para se reconciliar com demônios do passado.
Por ser um filme recente, "A Culpa" é um filme que me marcou bastante pelo seu formato, já que ação toda ocorre do outro lado da linha enquanto nós acompanhamos toda a tensão vinda do seu protagonista em cena. Se tinha ali uma forma de fazer com que o cinéfilo imaginasse várias situações que são somente ditas do outro lado e fazendo com que criássemos uma história paralela, porém, interligada com o que acontecia na tela. Na refilmagem o resultado é basicamente o mesmo, porém, com algumas diferenças significativas.
Para começar, o filme foi filmado justamente no momento da pandemia. Rodado em apenas 11 dias, o filme se concentra como um todo em seu protagonista, mas ao mesmo tempo acontece um incêndio na Califórnia e cujo o evento é visto em uma grande tela na frente do personagem. Talvez isso não sirva somente como distração, como também uma espécie de simbolismo da inquietude e incerteza da qual estávamos passando no momento em que a pandemia havia começado.
Observações a parte, o longa ganha contornos graças a incrível interpretação de Jake Gyllenhaal e chegando a ser superior se for comparado a versão original da qual era estrelada pelo ator Jakob Cedergren. Gradualmente, vamos conhecendo o seu personagem, desde um pouco sobre a sua vida pessoal, como também um certo problema que ele obteve através da justiça, mas cujo o fato é revelado somente no ato final da trama. Até lá, ficamos testemunhando o protagonista se desconstruindo, ao ponto de ficarmos com receio com relação aos seus atos no meio do serviço.
Dirigido por Antoine Fuqua, o mesmo de "Um Dia de Treinamento" (2001), o realizador procura criar um clima claustrofóbico, ao ponto de ficarmos aliviados quando o protagonista troca de cenário, mas para somente essa sensação aumentar ainda mais, já que ali ele praticamente fica ainda mais isolado. Ao mesmo tempo em que ele tenta ajudar a vítima principal da trama, observamos que há uma mistura de sentimentos sendo passada pelo protagonista, como se ele quisesse se redimir por algo através dessa situação em que ele está se envolvendo. Como eu disse acima, Jake Gyllenhaal dá um show de interpretação e carregando nas costas toda a responsabilidade pelo resultado final da obra.
Para os desavisados, a trama pode até mesmo surpreender, mas para os cinéfilos como eu fica aquela sensação chata de fazer as comparações com o filme original. O filme cumpre o que promete, mas me veio também a sensação de que Hollywood realmente enfrenta uma crise de falta de criatividade ao recorrer cada vez mais aos filmes que deram certo lá fora ao invés de criar algo novo em território americano. Polêmicas a parte, "O Culpado" é uma trama que irá agradar em cheio para aqueles que apreciam um bom suspense, mesmo para aqueles que sabem qual é a sua verdadeira fonte de origem.
Onde Assistir: Netflix
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