Sinopse: Neige, divorciada e mãe de três crianças, visita regularmente Emir, seu avô argelino, vivendo agora num asilo para idosos.
Não é somente pelo sangue que une as famílias, mas sim também pelos laços de amizade e o respeito mútuo. Porém, principalmente em tempos atuais, está cada vez mais difícil dizer o que forma realmente uma família, porém, é através de suas origens que se pode obter tais respostas. "DNA" (2021) é sobre laços de sangue desconstruídos a partir da perda de um ente querido e pelo nascimento da curiosidade pela origem de tudo.
Dirigido por Maïwenn, acompanhamos a história de Neige, uma mulher divorciada e mãe de três crianças que visita regularmente Emir, seu avô argelino, vivendo agora num asilo para idosos. Ela adora e admira aquele que exerce o papel de sustentáculo da família, o homem que a criou e que sobretudo a protegeu da atmosfera tóxica que marcava o relacionamento com os pais. As relações entre os muitos integrantes da família são complicadas e a morte do avô acabará por desencadear uma tempestade familiar e uma profunda crise de identidade em Neige.
O primeiro ato da obra é extremamente curioso, já que não temos uma exata certeza de quem é realmente o protagonista da trama. Se por um lado o avô é uma presença central mesmo depois de morto, os seus netos, por sua vez, se tornam figuras curiosas das quais se identificam com esse homem que soube construir tudo através de tão pouco. Porém, se por um momento achamos que é o neto que se tornará o fio narrativo, eis que Neige, interpretada pela própria diretora Maïwenn, é a que acaba se tornando o coração do filme como um todo.
Antes disso, acabamos conhecendo um pouco da história do avô, cuja a mesma é interligada com os eventos dos anos sessenta ocorridos na Argélia. O personagem, aliás, é um de muitos de uma grande resistência perante os golpes de estado que ocorreram em vários países ao longo da história e que jamais deixaram de acreditar em determinadas ideias políticas como no caso, por exemplo, do comunismo. Ao mesmo tempo, a trama vai mudando gradualmente na medida que o interesse de Neige em querer saber de suas origens acabam se tornando uma obsessão e desencadeando até mesmo atritos entre a sua mãe.
A relação das duas, aliás, rende momentos genuinamente impressionantes, cuja as cenas de ambas as interpretes se tornam o coração do filme. Embora tenha uma boa mão na direção é na interpretação que Maïwenn se sobressai, ao construir para sua personagem uma força interna que se sobressai e disposta a quebrar certas regras para assim obter uma nova estrada em sua vida. O ato final ela nos brinda com grandes momentos e cuja as cenas finais se tornam um colírio para os nossos olhos, ao testemunharmos uma bela cidade histórica e da qual se torna o berço para a sua protagonista.
"DNA" é sobre raízes e laços familiares e dos quais os mesmos se entrechocam na medida em que vamos procurando respostas sobre nós mesmos.
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