Sinopse: Mike Milo, uma antiga estrela de rodeo e criador de cavalos que, em 1979, aceita um trabalho de um antigo patrão para trazer o seu filho, que vive no México, para casa.
Clint Eastwood é um símbolo do cinema, vindo dos filmes de faroeste e de outros títulos em que o seu protagonista atira primeiro e pergunta depois. Porém, ele soube se atualizar nos anos em que vieram, ao interpretar personagens que buscam por uma redenção, mesmo quando ela se torne perdida. Em sua obra prima "Os Imperdoáveis" (1992) vemos um pistoleiro buscar a sua redenção, mas se dando conta que a violência do velho e sujo oeste se encontrava encravada em sua alma.
Os anos foram se passando e Eastwood foi, enfim, conseguindo compreender que é preciso abaixar a guarda para obter a paz em sua alma em filmes em que seus protagonistas conhecem o outro lado da história. "Gran Torino" (2008), por exemplo, ele obtém algo novo vindo do outro lado da cerca do vizinho e se dando conta que os estrangeiros que ele havia enfrentado no passado não são muito diferentes do que ele era naquele momento. E se em "A Mula" (2016) parecia ser a última coisa que ele queria nos passar com relação a sua pessoa, eis que em "Cry Macho: O Caminho para Redenção" (2021) ele nos diz que a busca pela sua redenção mal havia começado.
O filme conta a história de Mike Milo (Clint Eastwood), um ex-astro de rodeio e criador de cavalos fracassado, que, em 1979, aceita uma proposta de trabalho de um ex-chefe para trazer Rafa (Eduardo Minett), o jovem filho desse homem, de volta do México para casa. A dupla improvável enfrenta uma jornada inesperadamente desafiadora, durante a qual o cavaleiro cansado do mundo pode encontrar seu próprio senso de redenção ensinando ao menino o que significa ser um bom homem.
Eastwood cria em Mike Milo a imagem do “Estranho Sem Nome”, personagem que o consagrou na “Trilogia Dos "Dólares" comandada por Sergio Leone. Aqui, vemos a imagem da lenda do oeste cansada, debilitada, mas não escondendo que dentro de si há alguém que tem algo ainda para oferecer. Portanto é fácil para ele aceitar a missão de tirar o garoto do México para leva-lo ao seu pai, já que ele não tem mais nada a perder, a não ser se reencontrar.
O grande atrativo do filme está na relação entre o protagonista e jovem rebelde rafa, interpretado com intensidade pelo jovem ator Eduardo Minett. O filme acaba se tornando um típico roadie movie, onde ambos os protagonistas acabam aprendendo muitas coisas um com o outro e se dando conta que ambos são solitários perante um mundo selvagem que, por vezes, é pouco acolhedor para aqueles que perderam o caminho. Se há uma sensação de repetição do que já foi visto em "Gran Torino" isso logo muda no momento em que os dois buscam refúgio em uma pequena cidade do México.
Ali eles percebem que os habitantes tem pouco a oferecer, mas sendo muito se for comparado ao que eles ganharam e perdendo ao longo de suas vidas. E quando nós achamos que o cineasta irá fazer algo meio que estereotipado com relação ao cenário, eis que ele retrata tudo com naturalidade, realismo e de grande respeito. É o século vinte um, onde os muros são criados somente pelos tolos e Eastwood não quer pertencer a esse grupo.
Curiosamente isso é refletido em sua fotografia, cujas as cores escuras do Texas não são muito diferentes do que é vista no México e sintetizando a ideia que a busca pela felicidade não se encontra em um lugar especifico, mas sim naquele local onde se obteve uma razão para querer continuar existindo. Na reta final da obra, constatamos que ambos os protagonistas conseguiram obter o que queriam ao abaixarem a guarda e conhecerem um novo mundo. Uma vez obtendo isso o amanhã se torna apenas mais um dia a ser melhor degustado.
"Cry Macho: O Caminho para Redenção" nos mostra um Clint Eastwood, enfim, obtendo a sua paz de espirito, mas fazendo a gente desejar que ele embarque novamente em uma jornada para obter novos caminhos.
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