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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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sexta-feira, 11 de agosto de 2023

Cine Dica: Próxima Sessão do Clube de Cinema - 'Além do Tempo'

Local: Sala Eduardo Hirtz, Cinemateca Paulo Amorim, Casa de Cultura Mario Quintana


Data: 12/08/2023, sábado, às 10:15 da manhã

"Além do Tempo" (Zee Van Tijd)

Holanda, 2022, 115 min, 14 anos

Direção: Theu Boermans

Elenco: Sallie Harmsen, Elsie de Brauw, Gijs Scholten van Aschat


Sinopse: Lucas e Johanna vivem juntos sua paixão pelo mar e pelo filho Kai, de 5 anos. Mas o desaparecimento do menino faz o casal confrontar medos, angústias e culpas – levando à separação. Três décadas depois, a montagem de um espetáculo teatral promove o reencontro de Lucas e Johanna e permite um acerto de contas com o passado. O filme é baseado no livro “Un Enfant de La Mer”, em que a francesa Lucie Hubert conta a história da sua vida depois da perda do filho. A produção conquistou o prêmio do público no Festival de Milão 2022.

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quarta-feira, 9 de agosto de 2023

Cine Dica: Em Cartaz - 'loucas Em Apuros'

Sinopse: Quatro amigos improváveis embarcam em uma jornada épica e sem limites. É revelado a verdade do que significa conhecer e amar quem você é. 

Tanto "Se Beber Não Case" (2009) como "Missão Madrinha de Casamento" (2011) e "Quero Matar o Meu Chefe" (2011) foram comédias que surgiam em um momento em que o gênero pedia socorro, já que não se faz mais filmes de humor realmente bons. Em tempos de hoje politicamente corretos cabe os realizadores serem bem criativos, já que é preciso fazer uma trama que nos faça rir, desde que não ofenda ninguém. "Loucas Em Apuros" (2023) talvez ofenda os mais puritanos, mas é preciso ser muito conservador ranzinza para não se divertir com essa comédia que é muito bem-vinda.

Dirigido por Adele Lim, o filme conta a história das amigas Audrey (Ashley Park), Lolo (Sherry Cola), Kat (Stephanie Hsu) e Deadeye (Sabrina Wu) que se unem após uma viagem a negócios mal-sucedida. Juntas, as quatro vão experienciar uma jornada épica pela Ásia em busca de uma das mães biológicas delas, passando por diversos momentos de autodescoberta, estreitando ainda mais seus laços de amizade e aprendendo a amar a si mesmas antes de qualquer coisa.

Em tempos em que mundo está cada vez mais universal e menos americanizado é sempre bom ver talentos orientais darem tudo de si e provarem que também são bons em comédia pastelão. Na realidade o filme beira ao escrachado, sendo que já fazia algum tempo que não via algo parecido dentro do gênero e me surpreendendo até mesmo em algumas piadas pesadas, porém, muito engraçadas. Aliás, o filme faz piada até mesmo com relação a imigração, sendo um tema até mesmo delicado, mas sendo construído para ser alinhado por momentos em que humor e o drama se entrelaçam em harmonia.

Porém, é nas passagens surreais que o filme ganha pontos, pois uma vez que eles acontecem tudo se torna imprevisível. Não faltam ingredientes polêmicos na construção desses momentos, desde ao fato do uso de drogas, sexo e uma crítica acida as celebridades instantâneas que ganham seguidores através de lives inusitadas. E se vocês acham que é nas cenas de sexo surreal que o filme quebrou as fronteiras aguarde para a cena em que as protagonistas buscam uma maneira de embarcar em um avião e culminando em um momento que dificilmente será esquecido.

Tanto Ashley Park como Sherry Cola, Stephanie Hsu e Sabrina Wu estão ótimas em seus respectivos papeis, já que o quarteto possui uma veia cómica tão contagiante que faz a gente desejar em voltarmos a vê-las em outras produções futuras. A química entre elas é perfeita, cujo diálogos jamais soam forçados e nos passando a ideia que elas realmente soltaram determinadas perolas que fará qualquer um rir de modo fácil. É uma pena, portanto, que comédias como essa surjam cada vez mais raramente hoje em dia e cabe valorizarmos quando surgem em momentos sem muita expectativa.

"Loucas Em Apuros" é uma grata surpresa deste ano, ao provar que a comédia ainda se encontra respirando e tendo a coragem de nos fazer rir com piadas pesadas em tempos politicamente corretos. 

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Cine Dica: PROGRAMAÇÃO CINEBANCÁRIOS DE 10 a 16 DE AGOSTO

 EM CARTAZ:

Casa Vazia

CASA VAZIA

Brasil/Drama/ 202 / 88min.

Direção: Giovani Borba

Sinopse: Raúl é um peão desempregado e pai de família que vive numa casa isolada na imensidão solitária dos campos. A mão de obra tradicional da lida no campo já não serve mais aos patrões, donos das terras. A paisagem de imensas pastagens com o gado estão sendo sobrepostas por gigantescas lavouras de soja. Assolado pela pobreza e a falta de trabalho, ele se junta à outros peões para roubar gado durante a escuridão das noites no campo.

Ao retornar de mais uma madrugada, encontra sua casa vazia; sua mulher e filhos desapareceram.


Elenco: Hugo Noguera, Araci Esteves, Nelson Diniz, Roberto Oliveira, Lucas Daniel Soares Rodrigues


DEPOIS DE SER CINZA

Brasil/Drama/ 2019 / 92min.

Direção: Eduardo Wannmacher

Sinopse: Três mulheres, de histórias completamente distintas, têm uma coisa em comum: amaram e se relacionaram com o mesmo homem. Sob o ponto de vista destas mulheres, através de uma estrutura intrincada de idas e vindas no tempo, vem à tona a história de Raul.

Elenco: Elisa Volpatto, Branca Messina, Silvia Lourenço e João Campo


MÔA – RAIZ AFRO MÃE

Brasil/Documentário/2023/102min.

Direção: Gustavo McNair

Classificação indicativa: 12 anos

Sinopse: Em um prenúncio do que viria a ser o governo Bolsonaro, o mestre Moa do Katendê foi assassinado em um bar de Salvador, e foi assim que muita gente ficou sabendo de sua existência. O que muitos ainda desconhecem é que ele foi um dos artífices da revolução ocorrida no carnaval baiano, com o surgimento de blocos afro. Além disso, foi compositor, professor de capoeira e símbolo de resistência cultural.Sua história é contada através de imagens e depoimentos de gente como Gilberto Gil, Letieres Leite, Lazzo Matumbi, Fabiana Cozza, entre outros.


HORÁRIOS CINEBANCÁRIOS DE 10 A 16 DE AGOSTO (não há sessões nas segundas-feiras):

15h: MÔA – RAIZ AFRO MÃE

17h: CASA VAZIA

19h: DEPOIS DE SER CINZA


Os ingressos podem ser adquiridos por R$ 12,00 na bilheteria do cinema . Idosos, estudantes, bancários sindicalizados, jornalistas sindicalizados, portadores de ID Jovem, trabalhadores associados em sindicatos filiados a CUT-RS e pessoas com deficiência pagam R$ 6,00.Aceitamos Banricompras, Visa, MasterCard e Elo.


ATENÇÃO: NAS QUINTAS-FEIRAS TODOS PAGAM MEIA ENTRADA EM TODAS AS SESSÕES!

CINEBANCÁRIOS :Rua General Câmara, 424 – Centro – Porto Alegre -Fone: 30309405/Email:cinebancarios@sindbancarios.org.br


C i n e B a n c á r i o s 

Rua General Câmara, 424, Centro 

Porto Alegre - RS - CEP 90010-230 

Fone: 51- 30309405

terça-feira, 8 de agosto de 2023

Cine Especial: Clube de Cinema - 'Capitu e o Capítulo'

Nota: Filme exibido para associados no último dia 05/08/23.

Sinopse: Nutrindo um amor doentio por Capitu, Bentinho é tomado por devaneios e ciúme desenfreado. 

Machado de Assis é um dos maiores escritores brasileiros de todos os tempos, sendo que não é de hoje que as suas obras chamam atenção até mesmo daqueles de fora do país que prestigiam uma boa leitura e que procuram conhecer a nossa história através da literatura. O escritor, por sua vez, talvez tenha tido gosto de injetar nas suas obras as metamorfoses que o nosso país estava vivendo na virada do século vinte, tanto nas questões governamentais, como também da comportamentais e conservadoras, porém, só nas aparências. "Capitu e o Capítulo" (2021), fala sobre paranoias e atritos vindo das relações que se diziam perfeitas nos tempos antigos, mas que não deviam em nada se formos comparar aos nossos tempos.

Baseado no livro "Dom Casmurro" lançado em 1899, o filme é uma adaptação livre da obra do escritor Machado de Assis. Com a proposta de ser um ensaio, a brevidade de capítulos que expandem a figura do narrador, o longa apresenta a personalidade complexa de Capitu (Mariana Ximenes), em contraste com os diálogos inventivos de Bentinho (Vladimir Brichta), e o amor profundo que ele sente pela moça. A paixão visceral clássica da nossa literatura, aqui é vista através de uma nova perspectiva. O enredo também trabalha com a inquietação dos sentimentos humanos, tal qual o ciúme intenso de Bentinho, e todas as intrigas desenvolvidas a partir de suas paranoias.

Quando eu assisti ao filme "O Beijo no Asfalto" (2017), do qual é baseado na obra de Nelson Rodrigues, eu me encantei pela forma em que o diretor Murilo Benício quis adaptar a obra, ao nos apresentar uma trama que transitava entre o cinema, teatro e os ensaios para a construção do enredo. É mais ou menos isso o que ocorre em "Capitu e o Capítulo", onde o realizador Júlio Bressane opta em alinhar a linguagem literária e teatral com a arte de fazer cinema e cujo resultado pode incomodar o público desinformado, mas irá impressionar aqueles que buscam algo que foge um pouco do obvio. Não deixa de ser curioso, por exemplo, ao vermos os atores atuando como se estivessem em um ensaio, ou já se apresentando na frente de um grande público.

Curiosamente, eu percebo uma certa semelhança entre as obras de Machado de Assis com o já citado Nelson Rodrigues e, portanto, não me surpreenda que os seus trabalhos tenham sido tantas vezes levados ao cinema. O ingrediente para isso está no fato de testemunharmos uma faceta diferente das relações de ontem e hoje dos casais e cujo conflitos internos se tornam o chamariz para grandes enredos. Aqui tudo flui para nos levarmos para algo iminente, como se a qualquer momento o conflito pode explodir e levando o casal central ao caminho sem volta.

Mariana Ximenes está perfeita como Capitu, ao criar para si a imagem de uma mulher de personalidade complexa, da qual testa o seu marido a todo momento e ao mesmo tempo revelando pouco de sua real essência. Já Vladimir Brichta sempre me surpreendeu desde a sua incrível atuação em "Bingo" (2017) e aqui ele constrói para si um Bentinho que luta com as suas dúvidas, dilemas e paranoias com relação ao seu casamento, ao ponto de não termos uma exatidão das situações que ocorrem na tela, já que tudo pode ser fruto de sua mente e da qual a mesma cria o cenário para aqueles que estão assistindo. Talvez o ápice seja o momento em que o personagem quebra a quarta parede e cuja dúvida ele nos compartilha.

Embora curto, pouco mais de uma hora e quinze minutos, o filme pode se tornar pesado para alguns, principalmente pela sua atmosfera quase gótica e ao mesmo tempo psicológica e que poderá incomodar os mais desavisados. Ao mesmo tempo é um filme em que mostra o verdadeiro potencial do nosso cinema brasileiro, já que o mesmo é idealizado por realizadores que prezam tanto um cinema mais autoral, como também saber alinhar o mesmo com a linguagem cinematográfica. O resultado foge do lugar comum e fazendo o público se dividir e debater após a sessão.

"Capitu e o Capítulo" é um pequeno ensaio cinematográfico e ao mesmo tempo um curioso cartão de visitas para aqueles que desconhecem as obras literárias de Machado de Assis e que fará muitos saírem do cinema e irem para a livraria mais próxima.  

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Cine Dica: Curso Panorama do Cinema Japonês

Poucas cinematografias despertaram tanto fascínio quanto a japonesa. Mesmo quando pouco conhecida, ou quando esse conhecimento limita-se apenas aos nomes mais famosos - Akira Kurosawa ou Takeshi Kitano, por exemplo - há sempre um grande interesse por trás das imagens compostas com um esmero que pode nos parecer estranho, mas jamais, nos grandes filmes, está alheio aos dramas que são narrados.

Seus maiores diretores, desde os grandes que começaram ainda no cinema mudo (Kenji Mizoguchi, Yasujiro Ozu, Mikio Naruse) aos mais celebrados entre os contemporâneos (Takeshi Kitano, Kiyoshi Kurosawa, Naomi Kawase, Hirokazu Koreeda), passando pelos mestres do pós-guerra (Akira Kurosawa, Masaki Kobayashi, Kaneto Shindo, Kon Ichikawa) e pelos rebeldes mais ou menos associados à nuberu bagu (Nagisa Oshima, Shohei Imamura, Seijun Suzuki, Kiju Yoshida), entre muitos outros, costumam ter algumas de suas obras nas listas de melhores filmes publicadas pelas mais conceituadas revistas.

O Curso

O curso Panorama do Cinema Japonês, ministrado por Sérgio Alpendre, vai propiciar o estudo dos cineastas mais destacados, passando pelos principais filmes da cinematografia japonesa, visando mostrar a riqueza e diversidade do cinema japonês em toda a sua história. Serão exibidos trechos de filmes e haverá leitura de textos importantes que trataram de filmes ou cineastas japoneses.

* MATERIAL *

Apostila

Certificado de participação


* APROVEITE O LOTE 1 COM VALOR PROMOCIONAL*


Ministrante: Sérgio Alpendre

Crítico e professor de cinema, jornalista, pesquisador, curador e consultor para textos. Escreve na Folha de S. Paulo, no site Leitura Fílmica e no blog pessoal “sergioalpendre.com”, entre outros veículos. É doutor em Comunicação pela UAM - SP, mestre em Cinema pela ECA-USP. Atualmente faz pós-doutorado em Comunicação na PUC-RS.

Curso

PANORAMA DO CINEMA JAPONÊS

de Sérgio Alpendre


Datas

12 e 13 de Agosto

(sábado e domingos)


Horário

14h30 às 17h30


Local

Cinemateca Capitólio

(Rua Demétrio Ribeiro, 1085 - Centro - Porto Alegre - RS)

INSCRIÇÕES / INFORMAÇÕES

https://cinemacineum.blogspot.com/2023/06/cinema-japones.html


Realização

Cine UM Produtora Cultural

Apoio

Cinemateca Capitólio


domingo, 6 de agosto de 2023

Cine Especial: Próximo Cine Debate - ‘O Preço da Família’

"O Preço da Família" é claramente um filme natalino que estreou fora de época, já que o longa chegou ao país no dia 19 de dezembro de 2022. Tirando essa questão, é mais uma obra família como tantas que chegam ao catálogo da Netflix. Na trama, Alessandra (Dharma Mangia Woods) e Emilio (Claudio Colica) se mudam para a cidade e deixam seus pais Carlo (Claudio Colica) e Anna (Claudio Colica) sozinhos, a vida muda para todos. Em poucos meses, os jovens esquecem seus pais: alguns telefonemas, aniversários perdidos, funerais perdidos. Mas a gota d’água para esses pais é saber que seus filhos não estarão por perto no Natal.

Para que possam passar a data perto dos filhos, os pais resolvem se fazer um desafio e inventam uma história de que herdaram 6 milhões de euros. Assim, eles acreditam que terão êxito, já que o dinheiro atrairia as ‘crianças’. E não deu outra. Antes de tudo, "O Preço da Família" não tem nada de original. Como citado acima, é uma obra para a família, daquelas histórias de superação que dialoga com o drama, mas foca muito mais na comédia, por vezes, cartunesca.

Dito isto, o longa escrito e dirigido por Giovanni Bognetti consegue o feito de divertir o cinéfilo em pouco mais de uma hora e meia. Porém, é um filme que fala sobre a questão das famílias cada vez mais estarem separadas hoje em dia devido os seus inúmeros afazeres e até mais se prestando aos bens materiais do que a família em si. É uma pena, portanto, que o filme não vá ainda mais a fundo sobre isso, mas talvez essa não tenha sido a principal proposta dos realizadores no fundo. É uma obra simples e direta, da qual irá agradar as famílias que se reúnem uma tarde de domingo, mas que logo será esquecido conforme o tempo vai passando. 

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sábado, 5 de agosto de 2023

Cine Especial: Revisitando ‘Bonequinha de Luxo’

Embora a "Nova Hollywood" tenha começado oficialmente em 1967 é notório que o cinema norte americano já dava sinais de maior ousadia e mudanças no início daquela década. Embora ainda com o Código Hays na espreita os realizadores foram inteligentes ao comandar obras que fugiam de um lugar comum e falando um pouco sobre o mundo em metamorfose naquele momento."Bonequinha de Luxo" (1961) não é somente um dos melhores filmes de todos os tempos, como também uma síntese sobre a solidão e busca pela felicidade que, por vezes, é árdua até ser alcançada.

Baseado na obra de Thurman Capote e dirigido por Blake Edwards, do clássico "A Pantera Cor de Rosa" (1963), o filme conta a história de Holly Golightly (Audrey Hepburn) uma garota de programa nova-iorquina que está decidida a casar-se com um milionário. Perdida entre a inocência, ambição e futilidade, ela toma seus cafés da manhã em frente à famosa joalheria Tiffany`s, na intenção de fugir dos problemas. Seus planos mudam quando conhece Paul Varjak (George Peppard), um jovem escritor bancado pela amante que se torna seu vizinho, com quem se envolve. Apesar do interesse em Paul, Holly reluta em se entregar a um amor que contraria seus objetivos de tornar-se rica.

Um dos fatores que levam um filme a se tornar um clássico não é somente por possuir um ótimo roteiro, como também cenas que nos passa algum significado. A cena inicial, por exemplo, onde testemunhamos a primeira aparição da protagonista é digna de nota, pois Holly a recém está voltando do seu último cliente e durante o trajeto a mesma começa apreciar a famosa loja Tiffany's de Nova York. Não é apenas apresentação da personagem, como também compreendemos naquele momento os seus sonhos e desejos em obter uma vida melhor, mesmo quando ela foge de alguns casos por medo em não saber ao certo se obterá ou não a felicidade que todos desejam.

Embora possamos rotulá-lo como uma comédia romântica seria o mesmo que facilitar as coisas, pois há uma forte carga dramática nas entrelinhas, principalmente com relação ao passado de Holly e as motivações que a levam a fugir de tudo e a todos. Porém, Paul seria uma espécie de peso para anivelar a balança em que a protagonista se encontra e fazendo com que ela procure enxergar uma outra realidade com relação ao amor, mesmo que na maioria das vezes ela negue para si. Curiosamente, Paul seria uma espécie de outro lado da mesma moeda, já que ele é um escritor fracassado e que acaba sendo sustentado por uma de suas amantes.

Embora tenha ficado marcado por ter realizado a franquia da "Pantera Cor de Rosa" Blake Edwards filmava como ninguém, principalmente quando fugia dos enquadramentos costumeiros do cinema norte americano daqueles tempos e nos brindando com algo que fugia do obvio. Na cena em que Holly e Paul estão caminhando na frente da Tiffany's há um plano-sequência pouco convencional para a época, onde vemos a dupla girar em círculos para somente depois se sentarem para conversar um pouco. É o cinema norte americano já querendo fugir do costumeiro e sendo algo fora do comum para aqueles tempos.

Mesmo com o Código Hays presente é notório que o realizador tenha ainda criado cenas ousadas, mas cujo lado explicito fique ainda na superfície. Há, por exemplo, uma grande festa na casa de Holly, mas da qual sentimos o ar de orgia nas entrelinhas e que certamente fosse refeita hoje tudo ficaria ainda mais ousado diga-se de passagem. O mesmo pode-se dizer sobre a possível bissexualidade da protagonista, da qual é aparentemente omitida, mas dando sinais claros em uma determinada cena em que ela e Paul estão em uma boate.

Mas se por um lado o filme é um clássico por ter sido lançado a frente do seu tempo, infelizmente não deixa de o mesmo estar preso a sua época, principalmente com algumas escolhas um tanto que errôneas. O ator americano Mickey Rooney, por exemplo, interpreta o vizinho japonês Mr Yunioshi, sendo que hoje seria completamente algo inviável para ser feito, mas que está ali encravado e que não pode ser mais retirado. O próprio realizador disse uma vez que se arrependeu da escolha, sendo que o personagem é o principal alvo de críticas negativas que o filme acaba recebendo hoje em dia.

Polêmicas à parte, revisitando o longa atualmente se percebe o do porquê alguns simbolismos terem se tornado tão icônicos. Audrey Hepburn simplesmente nasceu para interpretar a personagem, sendo que o seu figurino se tornou emblemático e fazendo da sua imagem um dos grandes símbolos da história do cinema. Não é à toa que a sua figura é sempre homenageada, seja em filmes e séries como no caso da recente "Big Little Lies" (2017).

Curiosamente, é um filme que possui todos os ingredientes das comédias românticas de sucesso, sendo que já temos uma vaga ideia de como será o encerramento da trama. Porém, é preciso dar os parabéns ao diretor Blake Edwards em saber conseguir cruzar o humor com momentos dramáticos, sendo que o ato final reserva muitos, principalmente quando o passado da protagonista lhe assombra e fazendo com que se dê conta que não adianta mais fugir das pessoas que ela ama. Portanto, a cena final é tocante, pois percebemos que, enfim, ela faz as pazes consigo mesma.

Com a inesquecível música "Moon River" cantada pela própria Audrey Hepburn, “Bonequinha de Luxo" não é somente uma das melhores comédias românticas de todos os tempos, como também uma representação das mudanças comportamentais que o cinema norte americano já estava começando a sentir naqueles tempos. 



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