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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 5 de abril de 2021

Cine Dica: Streaming: 'O Último Turno'

Sinopse: Stanley é um funcionário do mundo do fast food que se prepara para seu último turno após 38 anos sem descanso. Quando lhe pedem para treinar a pessoa que vai substituí-lo, porém, a vida de Stanley dá uma guinada inesperada. 

Os EUA é um dos países mais capitalistas do mundo e do qual se sustenta pelo trabalho árduo de pessoas que acabam, na maioria dos casos, presos no mesmo emprego durante anos. Fora isso, mesmo se dizendo o país mais democrático do mundo, convenhamos, a terra do tio Sam não perde o rótulo de ser ainda um dos países mais conservadores e racistas do planeta. "O Último Turno" (2020) transita nas questões sobre quem realmente mexe nas engrenagens do universo do trabalho e sobre as diferenças que acabam emperrando o bom convívio entre o próximo.

Dirigido por Andrew Cohn, o filme conta a história de Stanley, interpretado pelo ator Richard Jenkins do filme "A Forma da Água" (2017), que durante quase quarenta anos trabalhou em uma lanchonete e está prestes a se aposentar. Antes disso, porém, ele decide treinar o novo empregado chamado Jevon, interpretado pelo ator Shane Paul McGhie. Desse treinamento surge uma pequena amizade, mas as diferenças e opiniões distintas podem fazer com que eles se afastem.

Transitando entre a comédia e o drama, o filme é uma simpática obra sobre as diferenças e opiniões de duas pessoas de vidas distintas, mas que vivem em uma mesma realidade mesmo quando os mesmos não se dão conta. Stanley ama o que faz, mas se encontra desgastado após vários anos de serviços prestados e o que faz Jevon questioná-lo. Esse, por sua vez, possui um talento com a escrita, mas não obtendo a oportunidade de seguir mais adiante com a sua meta. Portanto, ambos têm mais em comum do que se imagina, mas as diferenças e precipitações os levam a estradas opostas.

Como não poderia deixar de ser, o filme aborda com certa delicadeza a questão do racismo que, querendo ou não, ainda persiste em pleno século 21. Stanley não é uma pessoa má, mas conviveu com uma realidade norte americana conservadora e da qual ditava as regras. Ao não testemunhar contra um ato de racismo que ele presenciou no passado, percebesse que o medo de se envolver por uma causa o impediu de obter uma outra perspectiva com relação a realidade em sua volta. Jevon, por sua vez, convive com uma realidade dura, cheia de preconceito, mas sabendo como dar as cartas.

Curiosamente, o ato final é recheado de desentendimentos e atos falhos vindos principalmente de Stanley. Contudo, a descida para o fundo do poço faz com que ambos subam para um novo recomeço, mesmo que isso não apague os erros do passado. Em uma selva de pedra onde se é preciso ser forte para sobreviver no dia a dia, os protagonistas, ao menos, possuem o bom senso de não desistirem dos seus propósitos.

"O Último Turno" é leve, porém, reflexivo e que fala sobre pessoas que não são muito diferentes das quais nós cruzamos em nosso dia a dia.   

Onde Assistir: Compre e assista no Youtube.

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quinta-feira, 1 de abril de 2021

Cine Especial: 'Nikita' - Sobrevivendo ao Juiz do Tempo

Sinopse: Nikita é condenada por matar um policial, mas recebe uma segunda chance. 

O tempo é o melhor juiz com relação ao cinema, pois ele determina quando um filme será lembrado ou esquecido. É curioso, por exemplo, como muitos filmes dos anos setenta envelheceram bem ao longo do tempo, porém, o tempo não foi generoso com muitos filmes dos anos oitenta e noventa, ao ponto dos filmes de ação dessas duas épocas estejam cada vez mais datados a cada nova revisada. Os filmes de ação em que o homem forte representava um exército está desgastado e sendo lembrado somente com alguns títulos que ainda merecem ser lembrados e contados a dedo.

Contudo, os anos oitenta trouxeram alguma ousadia ao quebrar certos paradigmas, principalmente ao colocar mulheres a frente do elenco. Em "Aliens - O Resgate" (1986) Sigourney Weaver interpreta o que talvez seja a primeira grande mulher forte do cinema ao enfrentar alienígenas assassinos em que os homens não foram capazes de derrotá-los. O cenário, portanto, estava pronto para a entrada de "Nikita - Criada Para Matar" (1990) e dando um passo à frente do que seria uma heroína protagonista no futuro no futuro próximo.

Dirigido por Luc Besson, que posteriormente viria dirigir o ótimo "O Profissional" (1994), o filme conta a história de uma jovem viciada (Anne Parillaud) que durante um assalto mal sucedido acaba matando um policial. Condenada à morte, ela tem a sua vida poupada secretamente, pois uma organização secreta do governo acredita que sua tendência suicida possa ser utilizada em missões de grande risco. Assim, o potencial de uma marginal utilizado para missões especiais do Serviço de Inteligência.

O ano é 1990, a porta de entrada para uma nova de década, mas ainda carregando o peso da rebeldia de uma geração que esperava pela chegada de uma era mais colorida, mas que ficou só na promessa. Nikita pertence a essa geração perdida, sombria e cujo o único prazer é vindo da auto destruição até que alguém possa lhe ajuda-la. No momento em que ganha um novo começo nas mãos do agente Bob (Tchéky Karyo) se tem uma desconstrução da personagem.

O grande charme de "Nikita" está no fato do roteiro se encarregar de dar mais profundidade a personagem ao invés de se entregar somente em uma ação constante. Ação está lá, mas sempre em segundo plano, pois a protagonista já é uma peça em movimento constante e do qual desejamos prestar mais atenção nela do que uma mera explosão que possa surgir na tela.  Anne Parillaud entrega no que talvez seja o melhor papel de sua carreira e cuja sua personagem serviu de modelo a quase todas heroínas de filmes de ação que viriam a surgir nos anos seguintes.

Sucesso de público e de crítica, o filme foi rapidamente refilmado para uma versão norte americana e estrelada pela atriz Bridget Fonda, além de gerar mais duas séries televisivas. Porém, nenhuma dessas versões obteve o mesmo êxito e não sobrevivendo ao teste do tempo. Se o filme de Luc Besson sobreviveu até aqui se deve graças a sua visão perfeccionista de uma personagem cheia de camadas complexas e da qual nem a própria pode contê-la.

Em termos técnicos, tanto a fotografia como a edição de arte sintetizam a transição de uma geração delinquente a ter que passar por uma reeducação para os novos anos que viriam, mas que nem o próprio governo seria capaz de conte-los por muito tempo. Olhando para trás se percebe que o sistema controlador até dava um pingo de esperança para um novo começo, mas tendo que digerir o fato de que o indivíduo jamais deixará de ser controlado. O final vemos a protagonista sumir do mapa, deixando as possibilidades em aberto e talvez nos dizendo em ter que escolher em ser aceito por um sistema em que nos controla, ou ser livre e seguir uma vida fora do radar do grande irmão que nos observa no dia a dia.

Com participação mais do que especial do ator Jean Reno, "Nikita" é um filme sobrevivente perante o tempo implacável e sabendo dialogar muito bem com o nosso período.  

Onde Assistir: A venda em DVD pela distribuidora Classicline  

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quarta-feira, 31 de março de 2021

Cine Dica: Streaming: 'A Arte de Ser Adulto'

Sinopse: Scott tem sido um caso de desenvolvimento aprisionado desde que seu pai bombeiro morreu quando tinha sete anos. Conforme sua irmã mais nova vai para a faculdade, Scott, agora com seus vinte e poucos anos, passa os dias fumando maconha, passeando com seus amigos e ficando com sua melhor amiga.  

O filme "Anos 90" (2018) retratava o dia a dia de um pré-adolescente, do qual sintetizava uma geração perdida e da qual a mesma não sabia o caminho para qual trilhar na vida. Não é de hoje que o cinema retrata protagonistas jovens perdidos na vida, mas que basta um empurrão para descobrir algo muito além de sua bolha. "A Arte de Ser Adulto" (2020) transita entre humor e drama para retratar um jovem sem perspectiva com relação a realidade de sua volta.

Dirigido por Judd Apatow, do filme "O Virgem de 40 Anos" (2005), o filme conta a história de Scott, interpretado pelo ator Pete Davidson do filme "Descompensada" (2015), que tem sido um caso de desenvolvimento aprisionado desde que seu pai bombeiro morreu quando tinha sete anos. Conforme sua irmã mais nova vai para a faculdade, Scott, agora com seus vinte e poucos anos, passa os dias fumando maconha, passeando com seus amigos e ficando com sua melhor amiga. Mas quando sua mãe, interpretada pela atriz Marisa Tomei, começa a namorar um outro bombeiro sem papas na língua, uma série de eventos se desencadeia, obrigando Scott a lidar com o luto e tentar seguir em frente com a vida.

Desde "Ligeiramente Grávidos" (2005) o cineasta Judd Apatow tem apresentado protagonistas adultos por fora, mas que persistem em continuar com a vida adolescente e desregrada. Curiosamente, são filmes com altas pitadas de humor pastelão, quase escatológico, mas com altas doses de lição de moral para todos os gostos. Aqui, ele dá uma freada no humor, ao colocar em pauta sobre a jornada de um jovem sem nenhum plano para o futuro, mas dosado com um humor crítico e que fala um pouco dessa geração atual moldada por um sistema capitalista cada vez mais saindo dos trilhos e deixando os mesmos perdidos.

Ao não ter um pai presente desde novo, Scott se entrega a uma vida cheia de drogas e bebidas, mas tentando manter um lado desperto com relação a realidade em sua volta. Por conta disso, ele luta em querer não se entregar as responsabilidades que o façam se tornar um adulto, mas não escondendo em seu olhar a curiosidade sobre essa nova etapa da qual ele vive evitando. Pete Davidson dá um verdadeiro show de interpretação, onde ele cria para si um personagem complexo, mas do qual nos identificamos facilmente, pois ele não está muito distante da realidade de muitos jovens que nós conhecemos.

Porém, o filme também ganha força maior com os seus respectivos coadjuvantes e que chegam até mesmo roubar a cena quando surgem na tela. Marisa Tomei, por exemplo, nos brinda com uma mãe transitando entre a sanidade e a loucura provocada pelo seu filho, mas se mantendo firme para não cair em seu próprio abismo. E se por um lado Bill Burr, da série "Breaking Bad", está ótimo ao interpretar o futuro padrasto do protagonista, do outro, o veterano Steve Buscemi surpreende em suas poucas cenas e sendo até mesmo um dos poucos ao enxergar um futuro melhor para o protagonista por motivos pessoais, porém, que irão ajudar o mesmo em buscar um caminho para trilhar.

Acima de tudo, é um filme que fala sobre pessoas comuns com grandes talentos, mas perdidas após terem tido problemas pessoais e que não tiveram força de se levantar. Porém, é através da simplicidade do dia a dia que os mesmos conseguem obter uma nova chance nesta complexa cruzada da vida.  "A Arte de Ser Adulto" é sobre a geração atual perdida em um sistema cheio de regras, mas que basta furar a bolha para conseguir obter uma nova perspectiva com relação a realidade em sua volta. 

Onde Assistir: Compre ou algue pelo Youtube. 

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terça-feira, 30 de março de 2021

Cine Dica: Curso sobre Pedro Almodovóvar.

 INSCRIÇÕES ABERTAS

Pedro Almodóvar é o cineasta espanhol de maior renome mundial atualmente. Sua filmografia é repleta de filmes onde a presença feminina é o ponto principal das tramas. Cores berrantes, personagens loucos, e a política espanhola também são destaques em seus roteiros. Suas narrativas, de modo geral, são bem humoradas e sem pretensões de se levar a sério.

Para Almodóvar seus filmes são tão autobiográficos quanto poderiam ser. Suas experiências de vida são suas fontes de inspiração, e a temática da sexualidade é abordada de maneira bastante aberta em vários filmes. Hoje, o diretor é tão conhecido quanto o conterrâneo Luis Buñuel, cineasta cuja obra se assemelha muito ao estilo de Almodóvar. 

O Curso online TODAS AS CORES DE PEDRO ALMODÓVAR, ministrado por Josmar Reyes, vai tratar da filmografia do cineasta espanhol, abordando aspectos estruturais e narrativos (estrutura espacial e temporal, personagens, gênero, estrutura sonora e musical); técnicos; temáticos e estéticos, bem como particularidades da carreira do cineasta e a crítica em torno de seus filmes. Para tanto, durante as aulas serão apresentados fragmentos de seus filmes e textos que tratam de sua obra.

....PROMOÇÃO PARA OS PRIMEIROS INSCRITOS....

Curso online 

TODAS AS CORES DE PEDRO ALMODÓVAR

de Josmar Reyes 

Datas: 10 e 11 / Abril 

(sábado e domingo) 

Horário: 14h às 16h 

Duração: 2 encontros online 

(carga horária: 4 horas / aula) 

Material:

Apostila + Certificado de participação 

Informações

cineum@cineum.com.br / Fone: (51) 99320-2714

   INSCRIÇÕES...

http://cinemacineum.blogspot.com/2021/03/pedro-almodovar.html

segunda-feira, 29 de março de 2021

Cine Especial: Cine Debate: 'A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata'(2018)

Sinopse: Juliet Ashton (Lily James) é uma jovem escritora, com falta de inspiração, que logo após a Segunda Guerra Mundial recebe uma carta de um membro da misteriosa Sociedade Literária de Guernsey, uma organização formada durante o período de ocupação nazi. 

"A Sociedade Literária e A Torta de Casca de Batata" é uma adaptação homônima do livro de mesmo nome, de Mary Ann Shaffer e Annie Barrows, feita maravilhosamente pela Netflix! Dirigido por Mike Newell, também diretor do quarto filme da série Harry Potter, já podemos iniciar o filme sabendo que uma decepção será pouco provável, ainda mais tendo Lily James como protagonista, mostrando que é boa no que faz, independente do papel. Quem viu Mamma Mia 2, e agora verá este, perceberá que Lily é uma atriz muito versátil e realiza com bastante maestria quaisquer personalidades que lhe sejam confiadas. 

Onde Assistir: Netflix. 

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sexta-feira, 26 de março de 2021

Cine Dica: Streaming: 'Druk - Mais Uma Rodada'

Sinopse: Para alegrar um amigo em crise, um grupo de professores decide testar a ousada teoria de que serão mais felizes e bem-sucedidos vivendo com um pouco de álcool no sangue. 

O clássico "Farrapo Humano" (1945) foi um dos primeiros filmes em abordar o vício do álcool e suas consequências como um todo. A partir daí, começou a ser lançados ao longo da história diversos filmes em que se aborda diversos vícios e retratando os protagonistas que transitam em estar no fundo do poço para se reerguer ao longo do tempo. Curiosamente, é raro vermos um filme em que se debata até onde essas drogas podem ser usadas para colaborar na melhora da vida da pessoa, desde que mostre de forma lógica o outro lado dessa moeda.

O filme Dinamarquês "Druk - Mais Uma Rodada" (2021), do diretor Thomas Vinterberg, o mesmo de "A Caça" (2013) procura em retratar pessoas com determinados dons, mas que desejam ir muito além disso e, portanto, experimentando drogas que podem ajuda-los, mas até certo ponto. O filme conta a história de quatro professores com problemas em suas vidas, testando a teoria de que ao manter um nível constante de álcool em suas correntes sanguíneas, suas vidas irão melhorar. De início, os resultados são animadores, porém, no decorrer da experiência, eles percebem que nem tudo é tão simples.

Há quem diga que a Dinamarca é um dos países em que o povo mais bebe no mundo e, portanto, não é de se estranhar, por exemplo, o prólogo onde retrata jovens estudantes disputando um desafio de corrida alinhado com altas doses de álcool. Após isso, o filme retrata o dia a dia dos protagonistas, que transitam entre um bom profissionalismo em suas profissões como professores com uma vida rotineira e, por vezes, sem graça. É a partir dessa rotina em que os mesmos testam a teoria de que grandes artistas e políticos do passado usaram álcool e outras drogas para conseguir obter inspiração em seus trabalhos, mesmo quando corriam um sério risco de serem descobertos.

Curiosamente, Thomas Vinterberg procura nos explicar com bastante lucidez de que grandes talentos do passado chegaram aonde chegaram com um pouco da ajuda de determinadas drogas como no caso do álcool. Quando o cineasta chega neste ponto, por exemplo, ele acaba se tornando corajoso ao colocar na tela políticos do mundo real que chegaram ao poder, mas que não conseguiam esconder em determinados momentos que usavam certas drogas ilícitas para conseguir falar com o povo ou a imprensa. Se por um lado surpreende pela coragem, do outro, se torna sarcasticamente previsível quando surge na tela o ex-presidente dos EUA Bill Clinton, pois o escândalo sobre o que ocorria no salão oval daqueles tempos se tornou algo conhecido mundialmente.

Dos quatro protagonistas, Martin, interpretado pelo ótimo Mads Mikkelsen, aceita em participar do experimento, mas sempre com a mão no freio, mesmo quando surgem elementos que o poderiam tentá-lo em jogar tudo para alto. Se do primeiro ato até ao início do segundo o experimento dá certo resultado, porém, logo em seguida se percebe que é inevitável que os quatro comecem a cair no desfiladeiro do alcoolismo e cabe o bom senso de cada um ali saberem quando se deve parar antes que seja tarde demais.

No final das contas, Thomas Vinterberg não procura suavizar a questão das bebidas ilícitas, mas sim nos dizer que todos nós somos seres humanos destinados a experimentar tudo que vier pelo nosso caminho. Porém, cabe a nós sermos adultos e dizermos a nós mesmos quando se deve parar. O epílogo, por exemplo, nos mostra os sobreviventes de um círculo de eventos da trama comemorando com tudo o que tem direito, mas todos ali tendo a consciência dos seus próprios atos.

Indicado ao Oscar de Melhor Longa Internacional, "Druk - Mais Uma Rodada" é sobre pessoas talentosas, porém, não menos que humanas e que carregam para si os seus erros e acertos na vida. 

Onde Assistir: Assista pelo Google Play

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quinta-feira, 25 de março de 2021

Cine Dica: Cine Dica: Streaming: 'Supernova'

Sinopse: Três homens, um lugar e um acontecimento que vai mudar a vida de todos. Supernova analisa como a essência de uma pessoa pode mudar baseada em um fato do acaso e do destino.

Em tempos de crise política, pandêmica e descrença que nós sentimos perante aos nossos líderes, constatamos que cada vez mais o lado bestial do ser humano está se aflorando, ao ponto que corremos um sério risco de adentrarmos um caminho sem retorno. Curiosamente, esse caminho está inundado de trevas, mas também de luz e da qual nem mesmo ela pode consertar o estrago que já está sendo feito. O filme Polonês "Supernova" (2019) é uma representação do mundo atual prestes a ter um ataque de nervos e do qual corremos sério risco de testemunharmos.

Dirigido estreante  Bartosz Kruhlik, o filme é baseado num fait divers no qual o diretor diz ter se inspirado quando leu sobre o trágico atropelamento de uma família, em uma estrada vicinal do campo polonês, em nota de pé de página de jornal. Assistimos uma jovem com os seus dois filhos fugindo do seu marido bêbado, mas ela e as crianças são atropeladas por um determinado político. Com a chegada da polícia e dos paramédicos se tem início a diversas situações em um único ponto da estrada.

Em pouco mais de uma hora de duração, Bartosz Kruhlik nos convida para adentrarmos em uma trama cuja a mesma se passa em um dia ensolarado, como se não houvesse razão nenhuma para acontecer algo trágico. Curiosamente, o prólogo começa em um Plano-sequência, onde gradualmente avistamos a mulher, seus filhos e o marido bêbado tentando convencê-la a não ir embora. Só por essa cena já imaginamos diversos desdobramentos, mas todos eles acabam se tornando errados, pois a realidade acaba sendo muito mais crua do que nós imaginamos.

Há uma curiosa interligação dos personagens uns com os outros na medida em que eles vão surgindo, provocando a sensação para alguns que aquilo pode ser um tanto que inverossímil, mas se tornando coerente na medida que vamos conhecendo as suas motivações, seja do policial, do seu superior, ou dos demais que vão surgindo na tela. É a famosa teoria sobre o efeito borboleta, mesmo que aqui seja em menor escala, mas que a própria cresce na medida em que a situação foge do controle. É algo similar ao que já havia sido visto no filme "Babel" (2007), de Alejandro González Iñárritu, em escalas menores, mas sintetizando o fato de que qualquer mudança na água pode gerar uma onda maldita.

Com a câmera na mão, Bartosz Kruhlik nos passa uma sensação de uma obra quase documental sobre os fatos, como se aquilo estivesse realmente acontecendo. Curiosamente, foram poucos atores profissionais que foram contratados, sendo que a maioria que provoca ali a multidão que irá desencadear o descontrole são apenas moradores comuns da região em que foi feita a obra. O resultado é a transição do lado amador para o perfeccionismo da situação, onde qualquer passo em falso poderia ser benéfico para o resultado final da obra como um todo.

"Supernova" se encaminha facilmente na mesma fileira onde se encontra filmes recentes como "Parasita" (2019) ou "Coringa" (2019), pois são obras que dialogam com a sociedade atual cada vez mais sobrecarregada devido aos diversos problemas em que o mundo se encontra, seja ele moral, político ou de um desprezo cada vez maior das classes dominantes que se acham no dever de menosprezar um lado mais sociável. O epílogo, aliás é simbólico, pois ele fala de um eventual fim do mundo vindo através de uma supernova vinda do espaço, mas bem da verdade ele já está ocorrendo aqui embaixo e o que resta é, ou intervir, ou manter o pouco que nos resta nestes tempos indefinidos.

"Supernova" transita entre a insanidade e a estupidez  humana atual perante as situações que poderiam ser evitadas.         


Onde Assistir: NOW, Looke e outras plataformas de aluguel. 

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