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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 24 de junho de 2019

Cine Dica: Em Cartaz: ‘Toy Story 4’ - A Emoção do Adeus

Sinopse: Woody, Buzz Lightyear e o resto da turma embarcam em uma viagem com Bonnie e um novo brinquedo chamado Garfinho. A aventura logo se transforma em uma reunião inesperada.

"Toy Story 3" (2010) havia encerrado de uma forma mais do que satisfatória a saga de Woody, Buzz e companhia nas telas do cinema. Porém, ao ser anunciado "Toy Story 4", muitos temiam que a quarta aventura nada mais seria do que uma possível forma do estúdio arrecadar mais e apresentando uma trama meramente vazia. Eis que o filme chega e, novamente, a Pixar nos prova que não brinca em serviço, ao fazer um filme de coração e nos revelando uma jornada emocional sobre qual é o real papel desses pequenos personagens no nosso mundo.
Dirigido pelo estreante Josh Cooley, o filme começa nove anos no passado, onde é revelado o que realmente aconteceu com a pastora Betty (Potts) e que estava ausente no filme anterior. No presente, Woody (Hanks) tenta buscar o seu lugar na vida de sua nova dona Bonnie, ao criar para ela, de uma forma indireta, o novo brinquedo dela chamado Garfinho (Hale). Quando todos partem para uma viagem, Woody se mete em uma nova aventura e descobrindo revelações surpreendentes.
O filme já começa de uma forma que nos faz a gente se emocionar, já que os roteiristas conseguiram de uma forma coerente de nos trazer esses personagens de volta. Quando se é revelado, por exemplo, sobre o que realmente aconteceu com a Betty no passado, testemunhamos o peso da escolha de Woody em querer ser tão presente na vida do seu primeiro dono e de como isso o afetaria posteriormente na vida de sua nova dona. Ao se ver, novamente, excluído das brincadeiras da pequena jovem, é então que vemos um Woody mais maduro e tentando descobrir sobre qual é o seu verdadeiro papel nesse mundo.
Ponto positivo para o estúdio, pois a franquia Toy Story sempre foi algo para todas as idades, mas o teor adulto encontrado nas entrelinhas, sempre foi o verdadeiro coração de toda a sua história. Com isso, o primeiro ato já nos pega desprevenido, ao fazer um pequeno flashback para nos amarrarmos emocionalmente, para nos darmos conta que o tempo passou e que cabe agora esses brinquedos escolherem os seus próprios caminhos. Woody escolhe em manter o novo personagem Garfinho ao lado de sua dona a todo custo, mas o problema que esse já nasce com inúmeras crises de identidade.
Crises de identidade, aliás, é o que move boa parte desses personagens, seja na ala dos mocinhos, como também no caso dos novos vilões, em especial a boneca Gabby (Hendricks), que é obcecada em ser amada por uma garota chamada Harmonia e da qual Woody e Garfinho a conhecem em uma loja de antiquários. Mas diferente dos vilões anteriores, Gabby  é uma personagem muito mais trágica, mas com tantas camadas psicológicas, que nos faz até mesmo torcermos por ela para encontrar o seu lugar na vida.
Lugar esse que muitos personagens centrais da trama buscam, sejam elas em maior ou menor grau. Ao reencontrar com uma Betty mais segura de si e independente, Woody percebe que é preciso tomar certas escolhas e para que assim o mesmo possa conseguir obter o seu novo caminho em sua jornada. Em meio a boas piadas, cenas de ação, além de muita tensão, o ato final nos reserva um dos momentos mais emocionantes da franquia, onde ela nos ensina que é preciso a gente abraçar uma nova etapa da vida, mesmo quando a gente não sabia o que virá pela frente.
"Toy Story 4" é um filme emocional, que irá agradar todas as idades e fará a gente pensar sobre o nosso real papel perante um mundo cheio de possibilidades.   


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Cine Dica: Produção cinematográfica gaúcha é destaque no cinema da UFRGS


A semana na Sala Redenção traz uma programação com filmes para diferentes públicos e com roteiros que abordam desde a história do Rio Grande do Sul até a ficção “Ainda Orangotangos”, baseada no livro Paulo Scott e adaptada  para o cinema por Gustavo Spolidoro. Com uma mostra dedicada à produção cinematográfica de Tabajara Ruas, o Cinema Universitário exibe quatro filmes importantes de sua trajetória e recebe o diretor e escritor gaúcho para uma conversa no dia 24 de junho, às 19h, após a sessão de “Brizola – tempos de luta”. O filme é um documentário que retrata a vida de Leonel Brizola, um dos políticos mais importantes do Brasil do século XX.
Tabajara Ruas, antes de dedicar-se ao cinema, construiu uma sólida carreira na literatura, tendo publicado dez livros, como O Amor de Pedro por João (1982) e Perseguição e Cerco a Juvêncio Gutierrez (1990). Durante seu exílio na Dinamarca, no período da ditadura militar, frequentou uma escola de cinema, porém só iniciou a carreira como cineasta em 2001, quando adaptou para as telas seu livro de 1995, Netto Perde Sua Alma. O longa de estreia de Tabajara será exibido na sessão do dia 25 de junho, terça-feira, às 16h.
A programação da sala exibe também a produção audiovisual e experimental da geração mais nova do cinema gaúcho. “Ainda Orangotangos”, dirigido por Gustavo Spolidoro, é o primeiro filme feito no Brasil em plano-sequência, ou seja, sem um único corte. Com duração de 81 minutos, o longa é uma adaptação de seis contos do livro homônimo do escritor gaúcho Paulo Scott. O filme, premiado como melhor Filme no 13º Festival Internacional de Milão, mostra 14 horas de um dia quente de Verão, quando 15 personagens transitam pelas ruas e pelos prédios de Porto Alegre.
O cinema brasileiro também será destaque no dia 27 de junho, com o filme “O Lobo Atrás da Porta”, estrelado por Leandra Leal e Juliano Cazarré. A produção será exibida às 19h como parte da programação da Mostra Cinemas em Rede. A Sala Redenção recebe, ainda, no dia 26 de junho, às 14h, o filme franco-alemão “O que Está por Vir”, como parte da parceria com a UNAPI (Universidade Aberta para Pessoas Idosas).

Mostra Tabajara Ruas 
A Sala Redenção – Cinema Universitário, em parceria com o Sesc/RS, apresenta, em Junho, a mostra Tabajara Ruas.  De 24 a 28 de junho, quatro filmes do escritor e diretor gaúcho serão exibidos no Cinema. Serão exibidos quatro filmes dirigidos por ele: Netto Perde Sua Alma (2001), seu primeiro longa-metragem, que mitifica os acontecimentos da vida do General Netto, militar gaúcho que participou da Guerra do Paraguai e da Revolução Farroupilha; dando continuidade à história desta personagem, Netto e o Domador de Cavalos (2005) recria o mito do Negrinho do Pastoreio; Brizola, Tempos de Luta (2008), por sua vez, é um documentário que retrata a vida desta outra figura de nosso imaginário gaúcho, Leonel Brizola, um dos políticos mais importantes do Brasil do século XX; por fim, exibiremos Os Senhores da Guerra (2014), que narra a história verídica dos irmãos Julio e Carlos Bozano, jovens da elite gaúcha no início do século XX, que se enfrentam em lados opostos na guerra civil de 1924, no Rio Grande do Sul.

Sessão UNAPI 
As sessões de cinema da parceria entre UNAPI (Universidade Aberta para Pessoas Idosas) e Sala Redenção – Cinema Universitário ocorrem mensalmente. Nelas, busca-se integrar os idosos ao cotidiano cultural universitário. Em todas as sessões, são promovidos debates relacionados ao tema escolhido para cada filme exibido. Para saber mais sobre o projeto você pode acessar a página da UNAPI no Facebook: https://www.facebook.com/projetounapiufrgs/ .
A sessão desse mês tem parceria com o SESC/RS e será do filme O Que está Por Vir (2016), da diretora francesa Mia Hansen-Løve. 

Cinemas em Rede
O Cinemas em Rede é uma iniciativa da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) em parceria com o Ministério da Cidadania e o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, que pretende contribuir para a criação de um circuito de exibição audiovisual nas Universidades e Instituições federais de todo Brasil. A sessões são exibidas simultaneamente em diversas federais do Brasil, no Rio Grande do Sul a parceria é com a Sala Redenção – Cinema Universitário.

Mostra Espaços (Sub)traídos
O Grupo de Pesquisa Identidade e Território (GPIT-UFRGS) e Sala Redenção – Cinema Universitário apresenta a mostra Espaços (Sub)traídos. As inquietações urbanas que permeiam as pesquisas dos diversos integrantes do grupo dialogam com filmes produzidos pela cena audiovisual brasileira. A ideia surge com intuito de fomentar o diálogo entre o público em geral e o meio acadêmico sobre a função da imagem cinematográfica como imagem poética. Tal imagem pode possibilitar uma outra de visão de mundo, aquela que constrói a diversidade do espaço contemporâneo a partir da subtração, realçando o menos, o esquecido, o invisível.
As narrativas audiovisuais que integram a mostra Espaços (Sub)traídos pautam outras ordens que operam na produção do espaço. Serão dez sessões entre abril e dezembro de 2019, sempre às quartas-feiras. 

Veja a programação completa clicando aqui.  

sexta-feira, 21 de junho de 2019

Cine Dica: Em Blu-Ray - DVD – VOD: 'Democracia em Vertigem' - O Canto do Cisne

Sinopse: A cineasta Petra Costa registra a ascensão e queda de um grupo político e a divisão do Brasil atual. 

Desde as articulações que culminaram com a saída da até então Presidenta Dilma Rousseff do governo em 2016, o cinema brasileiro tem nos brindado com inúmeros documentários e dos quais nos mostra o que as outras mídias jornalísticas da época nunca colocaram em pauta. Enquanto "O Processo" (2017) tentava ouvir os dois lados da história, "Excelentíssimos"(2018), por sua vez, registra muito mais o lado da oposição de uma direita conservadora e viciada pelo poder. "Democracia em Vertigem” opta por uma linha temporal, que vai do início da redemocratização, para a sua ruina atual.
Dirigido por Petra Costa, do documentário "Elena" (2013), a obra começa no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC Paulista em abril de 2018, onde vemos o Ex-Presidente Lula se preparando para se entregar as autoridades de Curitiba. Após essa abertura, somos encaminhados para um grande flashback, que vai desde ao golpe de 1964, para a redemocratização e o início de sua agonia a partir do ano de 2013.
Nascida de uma família dividida entre a esquerda e a direita, a documentarista Petra Costa cria um documentário que vai de acordo com a sua visão pessoal, sobre o que ela viu e ouviu durante a sua vida e criando, então, uma obra investigativa sobre a nossa própria história política. Embora o brasileiro atual, digo aquele bem-intencionado com relação aos fatos, esteja mais do que por dentro dos eventos políticos nestes últimos dez anos, é impressionante quando a história ganha uma nova roupagem vinda de um outro olhar e fazendo a gente obter um outro angulo dos fatos já conhecidos. Com cenas de arquivos de um passado longínquo, além dos tempos recentes, a documentarista cria um paralelo entre as várias épocas e criando assim um círculo histórico do qual, ao meu ver, o Brasil vive avançando e retrocedendo em uma linha do tempo cheia percalços.
Com uma câmera sempre em movimento, Petra Costa adentra aos inúmeros protestos que ocorreram ao longo destes anos, desde as manifestações dos estudantes contra o aumento das passagens em junho de 2013, para os derradeiros que culminaram na queda de popularidade da até então Presidenta Dilma Rousseff. Ao mesmo tempo, constatamos um país que sempre ficou dividido entre as classes e, portanto, não se surpreenda ao testemunhar em cena pessoas ricas e brancas serem contra ao governo por colaborar na sobrevivência das pessoas pobres. Uma guerra, não só de classes, como também daqueles que defendem um mundo mais socialista perante aqueles que bebem e vivem da riqueza capitalista.
Dito isso, o documentário nos joga ao cenário que todos nós já conhecemos: o fatídico dia do Impeachment contra a Dilma e o show de horrores comandado pelos partidos da oposição e que estavam alinhados até então com o Presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha. Embora não possua as mesmas doses cavalares vistas em "Excelentíssimos", Petra Costa consegue obter imagens aterradoras de deputados, seja ela da Bancada da Bala ou Evangélica, comemorando um resultado que até hoje é contestado. Ao vermos, por exemplo, deputados pulando de alegria nos corredores do planalto após a votação, constatamos o que muitos de nós já suspeitávamos, de que fomos jogados para a boca dos lobos.
Do segundo para o terceiro ato do documentário, testemunhamos o embate entre Lula e o até então Juiz de Curitiba Sergio Moro. Ao mesmo tempo, a obra nos deixa mais do que claro o papel da mídia que se posicionou de uma forma parcial e das redes sociais, que das quais jogaram uma avalanche de pontos contra o ex-presidente e criando uma sociedade brasileira movida pelo ódio contra a esquerda. O que eles não esperavam, e tão pouco queriam, é que nisso culminou na popularidade do até, então, deputado Jair Bolsonaro, que cresceu através de manifestações polêmicas e nenhum pouco democráticas.
Os quinze minutos finais do documentário é aquela história que todos nós já conhecemos. Porém, Petra Costa nos emociona ao registrar as expressões das inúmeras pessoas em volta de Lula e enxergando nele a única esperança de não cairmos em um futuro obscuro. Desde a sua prisão, e com a vitória de Jair Bolsonaro na Presidência, constatamos que o canto do cisne da democracia já havia sido dado e os sobreviventes de sua queda, infelizmente, serão muito poucos.
"Democracia em Vertigem" é um soco no estômago para aqueles que se encontram despertos e que desejam que a história recente do Brasil não seja nada mais do que um terrível pesadelo. 



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Cine Dicas: Estreias do Final de Semana (21/06/19)

Toy Story 4

Sinopse: Os brinquedos mais amados do cinema novamente embarcam em uma viagem com Bonnie e um novo brinquedo chamado Forky. 

Graças a Deus

Sinopse: Amigos da infância comparam suas experiências e questionam vida conjugal, familiar e profissional.

Santiago, Itália 

Sinopse: Durante um dos mais duros golpes militares da história do Chile, responsável por derrubar o presidente Allende e instituir uma sanguinária ditadura no país, a embaixada italiana tornou-se uma das protagonistas da situação.

Depois do Fim 

Sinopse: Um senhor de 90 anos, percebendo o quão perto está o fim de sua vida, relembra todos os anos de sua caminhada como comandante de trens e as histórias que seu pai contava sobre as ferrovias na cidade de Santa Marias. 

Casal Improvavel 

Sinopse: O jornalista Fred Flarsky reencontra sua paixão de infância, Charlotte Field, agora uma das mulheres mais influentes do mundo. 

Espirito Jovem

Sinopse: Uma adolescente tímida sonha em escapar de sua pequena cidade e seguir sua paixão por cantar.

Maya

Sinopse:  Gabriel (Roman Kolinka) é um repórter francês de 30 anos que construiu sua carreira no jornalismo por meio da perigosa cobertura de guerras.


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Cine Especial: 'Hermenegildo' - Cada Um Com a Sua Chernobyl

Sinopse: 'Hermenegildo' acompanha Marco Antônio Villalobos, em 1978, quando ocorreu um dos maiores desastres de nossas praias gaúchas.  


Recentemente o canal norte americano HBO está colhendo os frutos pela sua minissérie "Chernobyl", da qual reconstitui um dos maiores desastres nucleares da história. É claro que, não demorou muito, para alguns detratores surgirem e darem a sua versão mais amena com relação aos fatos, como no caso do próprio governo Russo que não aceitam os seus próprios erros do passado. O documentário média metragem "Hermenegildo" segue uma trilha parecida, mas da qual as opiniões diversas sobre o que, ou quem, provocou o conhecido desastre de nossas praias ficam em atritos já dentro da própria obra.
Dirigido por Daniela Sallet, do documentário "Substantivo Feminino" (2017), o filme acompanha Marco Antônio Villalobos, em 1978, quando começava sua trajetória como repórter da então TV Gaúcha. O jornalista é o fio condutor do documentário, que faz uma investigação sobre o desastre ambiental ocorrido na Praia do Hermenegildo, em Santa Vitória do Palmar, distante mais de 500 quilômetros da capital gaúcha. Na época, a mortandade de inúmeros de mariscos, além de animais mortos encontrados na beira da praia, despertou grande temor nos habitantes na época.
Pegando carona com a nova onda dos documentários investigativos brasileiros recentes, como no caso do ótimo "O Caso do Homem Errado" (2017), de Camila de Moraes, a documentarista Daniela Sallet cria um verdadeiro mosaico de informações, na medida que as investigações de Marco Antônio Villalobos avançam no decorrer do tempo. Com uma edição dinâmica, da qual nos envolve rapidamente, a obra possui inúmeros registros sobre os fatos da época, desde cenas de arquivos, como também jornais impressos e que sintetizam a gravidade da situação daquele período. Além disso, o documentário obteve inúmeros depoimentos e dos quais levantam mais dúvidas do que respostas definitivas.
Curiosamente, é graças aos depoimentos que descobrimos que o caso obteve diversas versões com relação a sua real origem. No oficial, orquestrada pelo governo ditatorial da época, de que foi um fenômeno natural chamado maré vermelha, enquanto a paralela, assinada por técnicos gaúchos e ignorada pelo governo, de que foi uma contaminação química. As diversas opiniões da época foi aumentando na medida que a cidade foi invadida por pessoas de todo o País e jornalistas, tanto nacionais, como também internacionais.
Mas, talvez, o ápice do documentário é quando ele vai percorrendo o litoral no extremo sul do Brasil e chegando ao Uruguai. Daniela Sallet e os demais realizadores nos mostram documentos, como o manifesto de carga do navio Taquari, naufragado sete anos antes na praia uruguaia de Cabo Polônio e onde poderiam estar os produtos causadores da contaminação química.  A obra revela, ainda, que amostras desapareceram, impedindo as análises e busca saber o motivo da contaminação química, identificada por técnicos do Centro de Estudos de Toxicologia, a qual não foi considerada pelo governo.
Quarenta anos depois, muitas perguntas ainda não foram respondidas sobre o que realmente aconteceu nos locais dos acontecimentos e é bem provável que nunca haverá uma conclusão definitiva. Em tempos em que um governo da extrema direita tenta camuflar as suas próprias corrupções através de um jornalismo parcial, além de fake news, naqueles tempos ditatoriais não era muito diferente, infelizmente.  "Hermenegildo" é dinâmico em sua proposta e que fará nascer diversos debates acalorados ao longo de sua história cinematográfica.  

NOTA: O média metragem foi exibido no último dia 18/06/19, as 19h30min, na Casa de Cultura Mario Quintana. Vale lembrar também que ele será exibido no próximo dia 27, em três sessões, na cidade de Santa Vitória do Palmar e no dia 28 terá sessões especiais  nas cidades de Rocha e La Paloma, Uruguai. Lembrando que,  tanto Daniela Sallet como os demais realizadores, pretendem lançar uma versão em longa metragem do documentário em breve. 

Leia também: Substantivo Feminino. 

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quinta-feira, 20 de junho de 2019

Cine Dica: Em Cartaz: 'Amazônia Groove' - Luz, Cor e Estilos

Sinopse: Um mergulho na música regional da Amazônia. Um retrato aprofundado, um mergulho apaixonado na música regional da Amazônia, especialmente a música característica do Pará. 

O documentário Amazônia Groove, de Bruno Murtinho, tem uma proposta, no mínimo, curiosa e original, que é explorar a ligação da natureza da Amazônia paraense e a farta música da região. Isso resulta em um documentário com belíssimas imagens e ótimo som que traz um ponto do Brasil pouco explorado em nosso cinema.
A fotografia de Jacques Cheuiche é muito bela, diga-se de passagem, aproveita como um todo o belo mosaico da Floresta, com suas cores quentes, céu e rio, criando assim inúmeros detalhes e que somente valoriza o nosso patrimônio.  Mas é na música que o filme possui coração, trazendo figuras conhecidas do local, com ritmos distintos, como no caso de Carimbó, Búfalo Bumbá, Guitarrada, violão clássico amazônico e tecnobrega.
“Quanta fé e ancestralidade transporta esse rio? Quantas músicas cabem nesse rio”? pergunta uma voz, no início da obra. E é a essa pergunta que "Amazônia Groove" tenta nos passar e responder.  O mosaico musical visto na tela impressiona, e acompanhamos de cabo a rabo o que se cria lá, desde o já clássico-local, como o instrumentista Sebastião Tapajós e Dona Onete, até Gina Lobrista, jovem que vende seus CDs num mercado popular e que rouba a cena quando surge na tela.
Murtinho, diretor de videoclipes, cria um ritmo autoral apresentado em seu documentário, é como se a montagem, elaborada por Pablo Ribeiro, segue o movimento do rio e dos ritmos dando tempo para contar suas histórias, apresentar a sua música. Há uma qualidade na forma como o longa é construindo, despistando do perigo de se transformar em uma dispensável colagem de pessoas e sons extravagantes. O respeito que o diretor tem pelos artistas em cena é grande, e isso fica mais do que claro.
"Amazônia Groove" é uma homenagem ao que há de melhor da cultura e da música vinda da Amazônia.  


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Cine Dica: “RELATOS DO FRONT” ESTREIA EM 20 DE JUNHO NO CINEBANCÁRIOS


Depois de ser exibido em diversos festivais, longa de Renato Martins sobre a realidade da segurança pública no Brasil chega ao CineBancários no dia 20 de junho nas sessões das 15h e das 19h.
"RELATOS DO FRONT – FRAGMENTOS DE UMA TRAGÉDIA BRASILEIRA”, de Renato Martins, é um documentário sobre segurança pública no Brasil, especificamente no Rio de Janeiro, que aborda os dois lados dessa “guerra civil” na qual vivem aqueles que participam das rotinas de combate entre o tráfico e a polícia. A partir de relatos de policiais e ex-criminosos, costurados com depoimentos de familiares de vítimas e especialistas, o diretor apresenta um cenário de violência urbana e problemas sociais, causados pela ineficiência das políticas públicas.
De acordo com o Atlas da Violência do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o número de homicídios no Brasil em 2016 foi de mais de 62,5 mil, registrando aumento de 25,8% em relação a 2006. O filme levanta um debate sobre as estatísticas, os laços com a escravidão e o custo social e financeiro dessa política de segurança pública, sempre marcada pelo confronto.
“RELATOS DO FRONT” pretende mostrar como a repetição das políticas de segurança pública e o modelo vigente de investimento em armamento e não em treinamento e inteligência mostraram-se ineficazes, além de questionar também a “pacificação”, que já foi testada por outros governos sem resultados efetivos. A sociedade, em constante pânico com a crise na segurança, pressiona o governo, o que acaba desencadeando ações policiais pirotécnicas retratadas pela mídia, que dão uma falsa impressão de que o estado vence a “guerra” contra o crime.
“É fundamental pararmos para discutir com maturidade, sem ódios ou vinganças, o problema que enfrentamos na segurança pública do país. Pois ele está diretamente ligado ao nosso passado escravocrata, de genocídio da população indígena e negra e de políticas públicas equivocadas que nos levaram às desigualdades sociais. Acredito que o momento seja de perdão e resgate, para decidirmos conjuntamente enquanto sociedade, como queremos viver os próximos 30 anos”, diz o diretor Renato Martins.
O filme oferece respostas a algumas perguntas fundamentais sobre a segurança pública. Ao humanizar personagens que só são conhecidos pelas manchetes dos jornais, exibe uma inteligência crítica e atualizada da questão mais importante e sensível do Brasil hoje. E apresenta depoimentos de um policial civil e de um ex-traficante que, apesar de estarem de lados opostos desta “guerra”, concordam que a segurança está sendo administrada da pior maneira possível pelos políticos eleitos, com cada vez mais mortes de ambos os lados.
Com participação na Mostra Internacional de Cinema de SP 2018, no Festival do Rio 2018 (Première Brasil) e no CPH:DOX – Copenhagen 2019 (F: ACT AWARDS), o longa também foi selecionado para o festival Docs Barcelona 2018 na categoria Latim Pitch. “RELATOS DO FRONT” é uma produção Jacqueline Filmes, em coprodução com Globo News, Globo Filmes, Canal Brasil, Film Pro e Syndrome Films, com distribuição da ArtHouse.

SINOPSE: Através de relatos das pessoas que vivem ou viveram a rotina de combate entre tráfico de drogas e polícia, misturado com os relatos de especialistas em segurança pública, psicólogos, escritores e jornalistas, queremos apresentar para o público os dois lados de uma mesma tragédia. Sem tomar partido para nenhum dos lados, trazendo o expectador para uma reflexão sobre nossa política atual de segurança pública e suas consequências na vida da população.


FICHA TÉCNICA
Direção: Renato Martins
Roteiro: Gabriel Pardal, Renato Martins, Sergio Barata
Argumento: Renato Martins, Sergio Barata
Produção: Jacqueline Filmes
Coprodução: Globo News, Globo Filmes, Canal Brasil, Filmpro e Syndrome Films
Coprodutores: Daniel Van Hoogstraten, Valentina Scanziani
Produção executiva: Leticia de Souza, Matilde Villela, Renato Martins
Produtores associados: Fernanda Tornaghi, Marcello Maia, Pedro Peregrino, Rafael Dragaud
Direção de fotografia: Manuel Aguas
Fotografia do front: Jadson Marques
Edição: Pedro Asbeg, EDT.
Som direto: Marcel Costa
Trilha Original: Roberto Pollo
Desenho de som: Waldir Xavier
Edição de som: Fernando Aranha
Edição de som e mixagem: Bernardo Adeodato
Direção de produção: Lili de Paula, Paulão Costa
Pesquisa: Cecilia Oliveira, Eduardo Biaia, Natasha Neri, Patricia Pamplona
Fotografia aérea: Pedro Von Kruger
Câmeras: Alberto Bellezia, Eduardo Br, J.Vitorino
Ano: 2018
Duração: 100 min
Classificação indicativa: 12 anos

SOBRE O DIRETOR
Renato Martins é diretor, montador e produtor, formado em comunicação social. Foi sócio da produtora Urca Filmes e em 2012 abriu a produtora independente, Jacqueline Filmes. Renato é diretor de dois longas-metragens premiados no Brasil e exterior; “Geraldinos” e “Carta para o Futuro”, e de três curtas também premiados. Entre seus principais trabalhos como montador, estão os filmes: “Tropa de Elite 2”, “Até que a sorte nos separe 2 e 3”, “Democracia em Preto e Branco”, “O Concurso”, “Os Desafinados”, “Quanto tempo o tempo tem”, entre outros. Atualmente trabalha no desenvolvimento do seu primeiro longa de ficção, “Caldo de Cana”, e no lançamento do seu terceiro longa documentário “Relatos do Front”.

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