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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 24 de abril de 2013

Cine Especial: Zé do Caixão: 50 anos de terror: Parte 5


Nos 29 e 30/Abril; 02 e 04/Maio eu estarei participando do curso Zé do Caixão: 50 anos de terror, criado pelo Cena Um e ministrado pelo especialista no assunto Carlos Primati. Enquanto os dias da atividade não chegam, por aqui, estarei postando um pouco do que eu sei, sobre o melhor representante do gênero do terror do nosso cinema tupiniquim.

  
O Estranho Mundo de Zé do Caixão (1968) 

Sinopse: Elevado ao estado inatingível dos seres sobrenaturais, Zé do Caixão desfia sua filosofia e apresenta três contos.

O estranho mundo de Zé do Caixão (1968) é composto por três curtas-metragens: O fabricante de bonecas, Tara e Ideologia. O primeiro narra à história de Mestre Bastos, um idoso fabricante de bonecas reconhecido pelo seu trabalho aprimorado e detalhista, sobretudo, pelo aspecto realista dos olhos de suas criações. Ao saber que o idoso guardava seu dinheiro em sua oficina, um grupo de assaltantes planeja invadir o local para roubá-lo. Ao por em prática o plano, eles se deparam também com as belas filhas do mestre, que o ajudavam na confecção, e decidem estuprá-las. Porém, as coisas não caminham como eles esperavam. Esse conto, que termina de uma forma bem previsível, imediatamente me lembrou alguns dos filmes que eu assistia na saudosa sessão cine trash da Band, que alias apresentado pelo próprio Mojica.
O segundo (e melhor) seguimento, Tara, conta a história de um vendedor de balões obcecado por uma bela e jovem mulher. Ele a persegue e observa dia a dia sem que ela perceba. Por fim, ele só tem a oportunidade de concretizar os seus desejos após a morte da jovem. De todos os três, este é o curta que reúne elementos e referências ao cinema clássico, principalmente do período do expressionismo alemão. A pequena trama não possui palavras, sendo que sua estética, que se aproxima ao mais puro naturalismo, faz com que agente nos lembre facilmente do clássico Nosferatu de 1922.
Ideologia é o seguimento mais forte e tipicamente trash. O professor Oãxiac Odéz (José Mojica Marins) convida um professor rival e sua esposa até a sua sombria casa para que possa comprová-los a sua absurda teoria materialista contra a razão e o amor, na qual o ser humano se reduz ao instinto. Odéz submete o casal convidado a uma série de experiências sádicas que envolvem dor, tortura física e psicológica, canibalismo, resistência física e outras bizarrices que buscam provar uma animalização do ser humano. Não há duvidas de quem assiste que essa é a parte mais forte da obra, que desafia a força mental da pessoa que vê e mais recomendada para pessoas de mente aberta.  
No saldo geral, era um filme que realmente ia contra a maré das obras brasileiras que eram lançadas naquele tempo e que lembra mais os contos sombrios do escritor Edgar Alan Poe.  

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Cine Dica: Em Cartaz: A Morte do Demônio (2013)



Sinopse: cinco amigos de vinte e poucos anos se isolam num chalé retirado. Quando descobrem um Livro dos Mortos eles inconscientemente invocam demônios adormecidos vivendo nas florestas adjacentes e os jovens um após outro vão sendo possuídos por eles até que resta somente um intacto para lutar pela sua sobrevivência.

Embora tenha sido anunciado em todo o mundo, que essa produção era uma refilmagem do clássico de 1981, o filme está mais para uma continuação da obra original de Sam Raimi. Produzido pelo próprio, o filme começa nos jogando no mesmo cenário do primeiro, dando a entender que os eventos vistos na trilogia anterior (mais uma cena do inicio desse filme), já aconteceram na cabana. Portanto não falta referencias daqueles filmes, desde a espingarda, porão, colar, cerra elétrica e ate mesmo o carro amarelo de Ash, que se encontra ali perto abandonado.     
Assim como no original, o filme é protagonizado por cinco amigos (Jane Levy, Lou Taylor Pucci, Shiloh Fernandez, Jessica Lucas e Elizabeth Blackmore), mas diferente das vitimas do filme de 81, aqui eles vão à cabana com a intenção de desintoxicar um deles que é viciado em drogas. Não é preciso ser gênio, que quando começa os ataques de abstinência da personagem de Jane Leyy, imediatamente eles se misturam com os ataques de possessão do demônio já a solta no local, que alias, é muito mais forte do que seus antecessores. Na verdade o humor negro tanto visto na trilogia original, aqui é zero e se vocês acreditam que as marcas registradas de Raimi se encontram em cena, já adianto que a única coisa dele que eu vi foi à clássica seqüência da câmera correndo na floresta e só.
Na verdade o filme do começo ao fim é do diretor Uruguaio Fede Alvarez, convidado por Raimi, que ficou impressionado com o curta que ele fez de um ataque alienígena na terra. Isso foi o suficiente para Alvarez, não só ganhar o emprego como diretor, como também de roteirista e injetando então personalidade própria em seu primeiro longa americano. O que vemos na tela, é uma visão pessoal de Alvarez com relação aquele universo já estabelecido, mas injetando idéias novas no que já existe e em dobro: sangue gore, mutilações e possessões desenfreadas para ninguém botar defeito. Sangue, alias, é uma coisa que fazia tempo que não via na tela grande e aqui não tem o que reclamar, pois da à sensação de que a qualquer momento irá nos respingar.
Infelizmente isso também é o maior defeito do filme, pois Alvarez talvez tenha se preocupado mais em querer chocar com cenas fortes, do que criar cenas assustadoras criativas, que fizesse com que o publico pulasse da cadeira, sendo que elas, da para se contar nos dedos. Pouco posso falar sobre o desempenho do quinteto, já que eles estão somente ali para serem vitimas das inúmeras situações que viram a seguir. Muito embora, devo reconhecer o esforço de Jane Levy, já que da para ver que ela sofreu o diabo (literalmente) durante todo o processo de produção, desde há usar uma maquiagem “a lá Linda Blair” e ser enterrada viva por vários minutos.
Com um ato final que foge um pouco do que acontece no original (embalado com inúmeros litros de sangue) o filme pode até terminar de uma forma previsível, mas deixando o território armado para uma possível seqüência, que alias, podemos já ter uma idéia do que irá acontecer. Se você for paciente, assista á todos os créditos finais, para escutar uma narração off conhecida dos fãs da trilogia original e dar de encontro com um rosto super conhecido desse universo criado por Raimi.    

Leia também: Tudo sobre os filmes de Sam Raimi clicando aqui. 

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terça-feira, 23 de abril de 2013

Cine Especial: Zé do Caixão: 50 anos de terror: Parte 4



Nos 29 e 30/Abril; 02 e 04/Maio eu estarei participando do curso Zé do Caixão: 50 anos de terror, criado pelo Cena Um e ministrado pelo especialista no assunto Carlos Primati. Enquanto os dias da atividade não chegam, por aqui, estarei postando um pouco do que eu sei, sobre o melhor representante do gênero do terror do nosso cinema tupiniquim.

O Despertar da Besta / Ritual de Sádicos

Sinopse: Um renomado psiquiatra injeta doses de LSD em quatro voluntários com o objetivo de estudar os efeitos do tóxico sob a influência da imagem de Zé do Caixão. O personagem aparece de maneira diferente nos delírios psicodélicos e multicoloridos de cada um, misturando sexo, perversão, sadismo e misoginia. Interrogado por um grupo de intelectuais o psiquiatra faz uma revelação surpreendente que os obriga a questionar suas convicções.

De todos os seus filmes, O Despertar da Besta foi o mais perseguido e rotulado como maldito de sua filmografia aos olhos da censura do regime militar. Batizado na época de Ritual de Sádicos em 1969 foi rapidamente proibido pelos censores, que não satisfeitos, pretendiam destruir as copias e negativos.  Liberado nos anos 80 foi exibido em festivais e mostras, mas infelizmente não teve lançamento comercial.
Toda essa raiva que o governo da época teve contra o filme, foi devido à abordagem franca sobre o consumo de drogas e sexo desenfreado na época, mas tudo filmado de uma forma bem inventiva, que é bem da característica do diretor.  O primeiro ato do filme, mostra a degradação de civis devido as drogas e sexo desenfreado, que ao mesmo tempo se divide com cenas de depoimento de um médico (Sérgio Hingst), que é colocado na parede por  entrevistadores (entre eles os diretores Carlão Reichenbach e Maurice Capovilla), sob o silencio de Mojica presente, que interpreta a si mesmo. O médico a recém havia lançado um livro que aborda o consumo de drogas (ou “tóchicos”), e apresenta os casos para compreender melhor suas teorias.
Os diálogos com frases como “são os atos anormais de uma juventude sem freio” da impressão que o filme tenderá para a simplória e reducionista abordagem refletida pela citação acima. Contudo, Mojica filma as cenas com um clima carregado e bem próximo do seu terror habitual. Pegamos um exemplo de uma jovem colegial do inicio do filme: ela participa de uma festinha cheia de drogas de um grupo de jovens translocados, para que então no auge da situação, é morta num ato de estupro de um taco de madeira. Em outra seqüência (a mais inventiva delas), vemos uma jovem sendo entrevistada para uma vaga de emprego, para então ser assediada pelo seu futuro patrão, que por vezes, ela enxerga ele como um porco ou um cachorro.
Com esses momentos, é preciso realmente se tirar o chapéu, pois além dessas cenas criativas, a utilização de musica e som, se casa muito bem com as cenas, onde destaco a musica em que é tocada na abertura e no encerramento do filme. Tudo isso, se da uma verdadeira sensação de experimentação, para aqueles que assistem pela primeira vez e que acaba se enquadrando com o lado inventivo do cineasta. Já no segundo ato do filme, o médico explica o seu estudo, que é a utilização da droga LSD num grupo de drogados, a partir do momento que eles focam suas atenções a figura do Zé do Caixão.  
Não deixa de serem bastante curiosas as imagens do programa de TV da época (Quem tem medo da Verdade), no qual o cineasta é interrogado por um júri formado por celebridades daquele período, mas  que por sua vez é defendido  pelo diretor Carlos Manga e absolvido pela quase unanimidade dos componentes. Nestes momentos, Mojica é sempre rotulado pelo seu personagem e destaca sua desilusão como artista nacional. A partir daí, o filme começa a ficar  carregado de um clima de auto-referência, que a partir de então marcará presença em quase toda sua obra: o cineasta faz uso da sua popularidade, pressupondo a presença de Zé do Caixão nas mentes das pessoas, o que levaria o pesquisador a utilizar a figura do personagem  para testar então os drogados.
 E é nas seqüências dos delírios acompanhados pelo médico, no qual cada uma das quatro pessoas da experiência apresenta sua visão e opinião pessoal de Zé do Caixão, onde por sua vez o cineasta abre a sua imaginação por completo na tela, criando seqüências surrealistas e que se distancia da simples realidade, com direito a cemitérios, mulheres seminuas, uma escadaria de corpos humanos e rostos desenhados em bundas. Assim como a própria presença do  Zé do Caixão e tudo embalado em cores e que se acaba criando um verdadeiro contraste com o resto do filme que é em todo preto e branco.
O despertar da besta acaba por então sintetizar sobre o que acontecia naquele período, onde popularização do rock’n’roll, sexo e das drogas, que, apesar da impressão inicial, acabam por não ser satanizadas, quando o médico apresenta como conclusão de seu estudo o fato de não serem elas as responsáveis pela perversidão de seus usuários, mas apenas como fator de liberação de suas frustrações. No saldo geral, O despertar da besta foi um filme corajoso para época, mesmo tendo um moralismo um tanto que disfarçado aqui e ali, mas que isso não foi o suficiente para que os sensores o deixassem em paz. Felizmente o tempo é o melhor juiz para todos. 

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Cine Curiosidade: ZÉ DO CAIXÃO NA ESPREITA


CURSO SOBRE O CINEASTA BRASILEIRO FOI DESTAQUE NO JORNAL DO COMÉRCIO DE HOJE.

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segunda-feira, 22 de abril de 2013

Cine Especial: Zé do Caixão: 50 anos de terror: Parte 3


Nos 29 e 30/Abril; 02 e 04/Maio eu estarei participando do curso Zé do Caixão: 50 anos de terror, criado pelo Cena Um e ministrado pelo especialista no assunto Carlos Primati. Enquanto os dias da atividade não chegam, por aqui, estarei postando um pouco do que eu sei, sobre o melhor representante do gênero do terror do nosso cinema tupiniquim.

Encarnação do Demônio

Sinopse: Após 40 anos preso, Zé do Caixão (José Mojica Marins) enfim é libertado. De volta às ruas, ele está decidido a cumprir sua missão: encontrar uma mulher que possa gerar seu filho perfeito. Caminhando pela cidade de São Paulo ele enfrenta leis não naturais e crendices populares, deixando um rastro de sangue por onde passa.

Foram quatro décadas de espera, mas em 2008, finalmente Zé do Caixão retornou aos cinemas com uma potencia máxima. Tudo que o cineasta, roteirista e ator não pode fazer nos filmes anteriores, aqui ele faz de tudo um pouco e em dobro: tortura, mutilação, sangue, nudez, sexo e humor negro em doses cavalares para ninguém botar defeito. Embora envelhecido, o personagem continua com seu mesmo objetivo, que é encontrar a mulher perfeita para então gerar o seu filho perfeito, mas ao mesmo tempo, enfrenta os seus próprios fantasmas.    
É neste ponto em que a produção simplesmente enlaça com os dois filmes anteriores, mostrando as vitimas (agora em espectros) do protagonista e disparando em alguns momentos de flashbacks em que mostra cenas clássicas dos filmes daquele tempo. De quebra, Mojica simplesmente volta no tempo, ao reconstituir o final do filme Esta Noite Encarnarei no teu Cadáver: na época das filmagens do segundo capitulo da saga do coveiro, a censura obrigou o cineasta a modificar o destino do personagem, pois senão o filme jamais seria liberado. Aqui, revemos a mesma cena, mas casadas com novas (com direito a uma fotografia idêntica) e o jovem Zé do Caixão interpretado pelo americano Raymond Castille que espanta pela semelhança absurda que possui se comparado quando Mojica era jovem.
Com isso, embora seja uma continuação, em alguns momentos o filme parece uma releitura de algumas passagens dos filmes anteriores, como no caso de quando o protagonista se transporta ao purgatório (no segundo filme ele havia descido ao inferno), acompanhado do Mistificador (José Celso Martinez Correa). É neste momento que o filme possui um grande numero de efeitos visuais, mas tudo de forma artesanal e somente com algumas pinceladas de efeito digital. Não há como negar que existem cenas fortes ali, desde pessoas se comendo umas as outras (com direito alguém tendo o pênis devorado) e inúmeras mutilações a torto e a direito. Mas nem só de cenas fortes o filme vive, pois além do protagonista comandar o show, o filme ganha pontos por possuir um elenco de peso, o que difere e muito dos filmes anteriores, onde boa parte era com um elenco amador.

O veterano Jece Valadão (Rio Zona Norte) é o grande adversário do, ao interpretar o Coronel Pontes, só que infelizmente o destino pregou uma peça: durante as filmagens, Valadão veio a falecer e deixando o seu trabalho que incompleto. Para contornar isso, Mojica chamou o ator Adriano Stuart, para interpretar um capitão e irmão do personagem de Jece Valadão e junto com o trabalho de edição, conseguiu-se cobrir as cenas que era com Valadão. Uma pena, já que nos poucos momentos que surge em cena, Valadão da um verdadeiro show, principalmente na seqüência em que seu personagem descobre que foi sua própria esposa que conseguiu tirar Zé do Caixão da prisão. Muito embora, Milhem Cortaz (o eterno 02 de Tropa de Elite), que interpreta um monge enlouquecido e a procura de vingança, acaba também roubando a cena, principalmente nos minutos finais em que duela com o protagonista. E para completar com uma cereja no bolo, o veterano Luis Melo (Olga), faz uma pequena, mas significativa ponta no inicio do filme, onde o seu personagem se vê obrigado a soltar o protagonista depois de anos preso na prisão.   
Com um ato final em que todos os personagens irão se colidir e gerar muito mais violência, sangue e mortes, o filme termina de uma forma satisfatória, mas deixando uma pergunta no ar: será possível que veremos futuramente Zé do Caixão novamente nos cinemas?    

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domingo, 21 de abril de 2013

Cine Dica: Em Cartaz: "HOJE"


Sinopse: Vera (Denise Fraga) é uma ex-militante política que recebe uma indenização do governo, em decorrência do desaparecimento do marido, vítima da repressão provocada pela ditadura militar. Com o dinheiro ela consegue comprar um apartamento próprio, além de enfim poder ser reconhecida como viúva. Só que, quando está prestes a se mudar, recebe uma visita que altera sua vida.

De uns tempos para cá, começou a pipocar inúmeros filmes nacionais que retratassem diversas historias da época da Ditadura Militar (vide Cara ou Coroa), mas diferente do que se possa imaginar, HOJE não é um retrato sobre aquela época, mas sim sobre as seqüelas que ela havia deixado. Com toda historia se passando dentro de um apartamento, acompanhamos Vera (Denise Fraga, ótima) a recém se mudando para o local, enquanto os arrumadores vão colocando as coisas para dentro do seu novo lar. Ao mesmo tempo em que ela conhece um Sindica enxerida, imediatamente surge do nada Luiz (César Troncoso, sensacional), que junto com ele, vem à tona o passado, de que ambos eram guerrilheiros (e casal) contra os seus governos daquele período.
Embora não aja nenhum flashback em que retrate a época de luta e de fuga de ambos, no momento em que chega Luiz, ele faz com que tanto a protagonista feminina como nos adentremos aquele período nebuloso através de suas palavras, em que ambos os lados não tiveram vencedores e que carregam cicatrizes até hoje. Com isso, temos na tela um jogo de gato e rato psicológico, em que eles não somente relembram os tempos difíceis, como também começam a remexer os esqueletos dentro dos armários de ambos. Na medida em que isso aumenta, se tem a sensação de claustrofobia, pois temos dois protagonistas se duelando verbalmente num lugar de pouco espaço e se criando então um clima de tensão, que só vai aumentando ainda mais, graças a câmera da cineasta Tatá Amaral, que fisga cada olhar diferente em que o casal faz um para o outro.
Falando na cineasta, é preciso se tirar o chapéu pelo seu esforço, já que não é fácil se criar toda uma trama dentro de um único cenário, que se por um lado pode se criar uma sensação de incomodo, por outro, a diretora surpreende ao fazer com que o apartamento se torne uma espécie de terceiro personagem. Durante a projeção, a cineasta cria truques de efeitos visuais artesanais, que embora simples, se tornam eficazes: o ambiente acaba se interagindo com as ações e palavras que os protagonistas falam, desde as projeções na parede, á truques de luzes e sombras, que faz com que o apartamento em muitos momentos, se torne o universo em que se passa na mente dos dois (ou  pelo menos de um deles).
Infelizmente a cineasta somente tropeça, quando ela não conseguiu esconder suficientemente a verdade sobre o que realmente estava acontecendo no apartamento durante a projeção. Se por um lado a revelação que surge nos últimos minutos da trama impressione um publico de primeira viagem, por outro lado, um cinéfilo veterano irá matar a charada antes mesmo da metade do filme. Mas embora tenha esse deslize, isso não tira o brilho do restante do filme, que embora curto, nos envolve numa teia de eventos que surgem no decorrer do tempo naquele apartamento.

Abaixo, deixo momentos registrados da pre-estreia do filme HOJE no Cinebancários de Porto Alegre.
    
eu na fila 

elenco e cineasta no palco
Meu momento com a protagonista da noite.

Eu, Troncoso e minha amiga Graça Garcia.  

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sexta-feira, 19 de abril de 2013

Cine Especial: Zé do Caixão: 50 anos de terror: Parte 2

 Nos 29 e 30/Abril; 02 e 04/Maio eu estarei participando do curso Zé do Caixão: 50 anos de terror, criado pelo Cena Um e ministrado pelo especialista no assunto Carlos Primati. Enquanto os dias da atividade não chegam, por aqui, estarei postando um pouco do que eu sei, sobre o melhor representante do gênero do terror do nosso cinema tupiniquim.

      Esta Noite Encarnarei no teu Cadáver 
Sinopse: Após sobreviver ao ataque sobrenatural do final de 'À Meia-Noite Levarei Sua Alma', Zé do Caixão continua na busca obsessiva da mulher ideal, capaz de gerar o filho perfeito. Com ajuda do fiel criado Bruno, ele rapta seis belas moças, submetendo-as às mais terríveis torturas. Só a mais corajosa sobreviverá ao teste e poderá ser a mãe de seu filho. Mas Zé comete um crime imperdoável ao assassinar uma moça grávida. Atormentado pela culpa de ter assassinado uma criança inocente, ele sofre um pesadelo no qual é levado para um inferno gelado, onde reencontra suas vítimas.
  
Se A Meia Noite Levarei Sua Alma já surpreendia, o que dizer de uma seqüência que supera o original em todos os quesitos. Embora pareça em alguns momentos uma produção barata, o filme possui um cuidado muito maior do que o filme original, fazendo parecer com que as ultimas diabruras de Zé do Caixão vistas anteriormente parecesse então tímidas comparadas a essas. Com o sucesso do original, Mojica está muito mais a vontade interpretando o seu personagem que o consagrou, dobrando em tudo em que ele faz e o que não fez anteriormente: duplicar o numero de suas vitimas femininas, com seqüências de tortura em seu covil, com direito a inúmeras aranhas reais, ácidos e armadilhas mortais em que esmaga suas vitimas.
Como no anterior, vive sempre combatendo as crendices e a religiosidade do povo que ele chama de ignorante e crente do nada. É Zé do Caixão disparando o seu ateísmo a torto e a direito, sem se preocupar com nada, mas sim se preocupando em alcançar o seu único objetivo: achar a sua mulher perfeita para gerar o seu filho perfeito, para então dar a continuidade do seu sangue. É claro que mesmo parecendo estar sempre no controle, o personagem há de enfrentar as conseqüências dos seus atos, principalmente vinda de uma de suas vitimas mesmo a pôs a morte. A partir desse ponto, começa a enfrentar conflitos de culpa interiores, onde o leva a um dos momentos mais interessantes do filme, que era o próprio inferno.
Não resta a menor duvida que a seqüência do inferno seja a melhor parte do filme, pois o que mais contrasta com o resto da obra, é que ela foi rodada toda em cores e fazendo das cenas de terror mostradas (pessoas sendo torturadas por demônios), se torne muito mais forte. De volta ao mundo dos vivos (na reta final), o protagonista chega ao ápice da insanidade e desespero em conseguir o seu filho perfeito, mas é ai então que ele terá que enfrentar as pessoas da vila que desejam a sua morte. É neste momento que o filme me lembrou um pouco os clássicos filmes de horror dos estúdios da Universal, onde o povo enlouquecido tenta destruir monstro incompreendido.
Embora tenha tido liberdade em quase tudo que fez durante o processo de criação do filme, infelizmente os minutos finais foram modificados devido uma ordem da famigerada censura na época, sendo que a bendita modificação torna a cena ilógica e trai completamente o que personagem foi do começo ao fim. São minutos que não diminui as qualidades desse filme e que felizmente foi corrigido esse erro histórico na terceira parte da saga do Zé do Caixão em A Reencarnação do Demônio, mas isso já é outra historia há ser contada.    

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