Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte.
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A Cinemateca Capitólio apresenta programações especiais com exibições de curtas-metragens internacionais contemporâneos. Nos dias 12 e 13 de novembro, sempre às 19h, o Panorama do Novo Cinema Francês. Produzida pelo Festival Curta Cinema, a programação conta com a exibição de oito curtas-metragens do cinema francês contemporâneo, com entrada franca.
Nos dias 14 (19h30) e 15 (17h) de novembro, a Cinemateca Capitólio e o Instituto Cervantes apresentam o programa Isto é cinema-curta argentino, com filmes de diretores como Martín Rejtman, Paola Buontempo, e Nicolás Prividera.
O Último Episódio, nova produção da Filmes de Plástico, dirigida por Maurílio Martins, entra em cartaz nesta quinta-feira, 13 de novembro. The Mastermind, de Kelly Reichardt, segue em exibição.
De 15 a 18 de novembro, a Cinemateca Capitólio, em Porto Alegre, recebe a Mostra Mundificação, uma seleção de nove filmes brasileiros escolhidos entre quase 600 inscritos de todas as regiões do país. A mostra é fruto da parceria entre o Festival Kino Beat e o Cine Esquema Novo, integrando o projeto Portos Conectados: Construindo Mundos Digitais e Encontros em Porto Alegre e Liverpool, que aproxima artistas e pesquisadores do Brasil e do Reino Unido para refletir sobre arte, tecnologia, cidades e outras formas de habitar o mundo.
Sinopse: Expulso do seu clã, um caçador alienígena e um aliado improvável embarcam em uma jornada traiçoeira em busca do adversário supremo.
Dan Trachtenberg fez o que parecia impossível ao revitalizar a franquia "Predador", já que desde o clássico de 1987 nenhum outro filme chegou ao mesmo patamar que havia chegado àquele longa protagonizado por Arnold Schwarzenegger. Foi a partir de "O Predador: A Caçada" (2022) que tivemos uma noção de sua revitalização, mas foi no longa animado "Predador: Assassino de Assassinos" que tivemos uma melhor noção das verdadeiras raízes desses alienígenas. "Predador: Terras Selvagens" (2025) é mais um novo passo em termos de criatividade que o diretor obtém ao explorar o universo desses seres, mesmo quando corre o risco de falhar em alguns momentos diga-se de passagem.
A trama se inicia em um planeta alienígena de um determinado futuro e do qual um jovem predador chamado Dek foi rejeitado por seu clã. Para obter respeito e seu lugar ele decide pousar em um planeta onde vive uma criatura difícil de caçar, mas lá obtém uma ajuda inesperada de um androide chamada Thia (Elle Fanning). Juntos eles iniciam uma cruzada perigosa naquele cenário e descobre certas coisas com relação a eles mesmos.
Se nos primeiros filmes a gente tinha pouca noção das origens do Predador, aqui temos finalmente uma dimensão ainda maior sobre a sua cultura e como a fraqueza pode levá-los a ruína. Uma vez que o jovem Predador, ou Yautja, se vê em uma encruzilhada para obter o seu lugar no clã é então que temos a chance de vermos pela primeira vez esse ser alienígena como protagonista, sendo que nos filmes anteriores quase sempre era apresentado como antagonista implacável. Dek é um ser que leva a honra acima de tudo, mesmo que isso lhe custe a própria vida durante o percurso.
Em termos visuais Dan Trachtenberg caprichou ao não somente construir o cenário desses principais acontecimentos, como também soube escolher o seu elenco a dedo. Dek é interpretado pelo dublê neozelandês Dimitrius Schuster-Koloamatangi, sendo que aqui ele nos brinda com uma boa atuação ao trazer vida e personalidade para um personagem que poderia soar um mero boneco feito em CGI, mas que aqui sentimos vida a cada cena sua sendo apresentada na tela. Porém, o seu personagem somente aumenta graças a sua interação com a androide Thia, e cuja atuação dinâmica de Elle Fanning faz com que a interação da dupla se torne o coração e alma do longa.
Curiosamente, é através dessa interação que o filme ganha contornos até mesmo de humor e do qual pode ser visto por todas as idades. Por incrível que pareça, essa suavização para atrair um público maior não diminui a qualidade do filme, mas sim ganha uma outra dimensão com relação a esse universo destes alienígenas e abrindo um leque de diversas novas possibilidades. O filme chega a um ponto em que há elementos não muito diferentes do que é visto na franquia Star Wars e fazendo a gente se perguntar se é para temer ou abraçar essa proposta inusitada.
Ao mesmo tempo, a participação da personagem Thia é outro fator que nos faz a gente se perguntar até onde irá essa franquia, já que ela foi construída por uma empresa tecnológica vista na franquia Alien. As duas criaturas já haviam se encontrado em filmes do passado que já não haviam dado muito certo, mas que agora podem obter uma segunda chance que poderá, ou não, obter certo significado. São diversas perguntas que são levantadas no decorrer da trama, mas que sendo apreciadas de forma independente a gente gosta do longa até o seu último minuto.
Com começo, meio e fim bem amarrados, o filme só derrapa um pouco quando começa algumas cenas de ação desenfreadas que parecem ter o intuito de encher os nossos olhos do que ter algum significado dentro da história. Ao menos o filme se encerra com certo êxito, mas deixando um grande gancho para uma eventual sequência. Será que a criatividade Dan Trachtenberg continuará para mais alguns filmes ou cairá na vala comum de outras diversas franquias?
"Predador: Terras Selvagens" é um belo entretenimento para os fãs da franquia, mesmo quando ela corre o risco de decair nos próximos capítulos.
Consciência Negra: Estreia de “Neirud” e sessão especial de “A Melhor Mãe do Mundo” são destaques de 13 a 19 de novembro no CineBancários
A MELHOR MÃE DO MUNDO
“O Agente Secreto” e “O Filho de Mil Homens” também estão em cartaz
Na semana de 13 a 19 de novembro, dentro da programação alusiva ao mês da Consciência Negra do SindBancários, o cinema da Casa dos Bancários exibe a estreia de “Neirud”, documentário que parte de uma investigação pessoal da diretora, Fernanda Faya, sobre uma figura enigmática de sua infância: uma tia negra que cresceu com sua família circense, mas cuja origem era cercada de silêncios. Na segunda-feira, 17, às 18h30, o CineBancários promove sessão especial de “A Melhor Mãe do Mundo”, seguida de debate com a deputada estadual Bruna Rodrigues e a ativista e catadora Maninha Medeiros. A atividade tem entrada franca.
“O Agente Secreto”, novo filme de Kleber Mendonça Filho, e “O Filho de Mil Homens”, baseado no livro homônimo de Valter Hugo Mãe, seguem em cartaz.
Após uma premiada trajetória em festivais nacionais e internacionais, o documentário Neirud, dirigido por Fernanda Faya, chega ao CineBancários. Com distribuição da Descoloniza Filmes, o filme parte de uma investigação pessoal da cineasta sobre uma tia negra que cresceu com sua família circense, mas cuja origem era cercada de silêncios. A partir da morte dessa mulher, Fernanda inicia uma jornada documental para reconstruir sua história.
Descobre então que Neirud foi uma criança preta que fugiu de um lar abusivo nos anos 1930, encontrou abrigo no circo e, décadas mais tarde, tornou-se lutadora em uma trupe feminina vinda da Argentina, além de ter vivido uma história de amor e companheirismo que atravessou décadas e localidades. Uma história potente de coragem e resistência em espaços marginais.
Com cinco anos de montagem, em colaboração com o editor Yuri Amaral, Neirud se desdobra entre memória familiar, herança circense e a presença de mulheres lésbicas no Brasil popular das décadas de 1950 a 1970. “É um filme que começou como um resgate familiar e se revelou uma história de amor e sobrevivência entre duas artistas queer que viajaram o Brasil em meio ao mundo do circo”, afirma a diretora.
A Melhor Mãe do Mundo ganha sessão e debate com participações especiais
Depois de emocionar a plateia em festivais internacionais como o Festival de Berlim, onde fez sua estreia mundial, A Melhor Mãe do Mundo, dirigido por Anna Muylaert, chega ao CineBancários para uma sessão especial em 17 de novembro. O longa, que acompanha a jornada de uma mãe e seus filhos pelas ruas de São Paulo depois de ser agredida pelo marido, é estrelado por Shirley Cruz, atriz de séries como “3%” e “Carcereiros” e longas como “A Vida Invisível” (2019).
No filme, Shirley vive Gal, mulher preta e catadora de materiais recicláveis, mãe de Rihanna (Rihanna Barbosa) e Benin (Benin Ayo). Determinada a dar uma nova vida e buscar um lugar seguro para criar os dois filhos pequenos, Gal decide abandonar a casa da família, levando as crianças na carroça com que trabalha. Para preservar os pequenos da dura realidade de não ter um teto, ela cria uma aventura imaginária pelas ruas da metrópole.
Após a exibição, haverá debate com a deputada estadual Bruna Rodrigues e a ativista e catadora Maninha Medeiros. A atividade tem entrada franca.
PROGRAMAÇÃO DE 13 A 19 DE NOVEMBRO
ESTREIAS:
O AGENTE SECRETO
Brasil/França/Holanda/Alemanha /Drama/2024/ 158 min.Direção: Kleber Mendonça Filho
Sinopse: O longa é um thriller político, que acompanha Marcelo (Wagner Moura), um especialista em tecnologia que foge de um passado misterioso e volta ao Recife em busca de paz, mas logo percebe que a cidade está longe de ser o refúgio que procura.
Elenco: Wagner Moura, Maria Fernanda Cândido, Gabriel Leone, Carlos Francisco, Hermila Guedes, Alice Carvalho, Roberto Diogenes.
EM CARTAZ:
O FILHO DE MIL HOMENS
Brasil/Drama/ 2025/126min.
Direção: Daniel Rezende
Sinopse: Primeira adaptação do romance de Valter Hugo Mãe, o filme conta a estória de Crisóstomo, pescador solitário de 40 anos que sonha em ser pai e encontra o menino órfão Camilo. Unidos pelo destino, formam uma família não convencional e descobrem juntos o amor.
Elenco: Rodrigo Santoro, Johnny Massaro, Miguel Martines e Rebeca Jamir
SESSÃO ESPECIAL DIA 17 DE NOVEMBRO, ÀS 18H30, ALUSIVA AO MÊS DA CONSCIÊNCIA NEGRA:
A MELHOR MÃE DO MUNDO
Brasil/Drama/2024/105 min.
Direção: Anna Muylaert
Sinopse: Batalhadora e de personalidade solar, Gal ganha a vida como catadora de materiais recicláveis em São Paulo. Vítima de um relacionamento abusivo, ela decide prestar contra o marido Leandro, mas não encontra ajuda nem proteção. Determinada a dar uma nova vida e buscar um lugar seguro para criar os dois filhos pequenos, Gal decide abandonar a casa da família, levando as crianças na carroça com que trabalha. Para preservar os pequenos da dura realidade de não ter um teto, ela cria uma aventura imaginária pelas ruas da metrópole.
DEBATE APÓS A SESSÃO COM AS CONVIDADAS: Deputada estadual Bruna Rodrigues e ativista e catadora Maninha Medeiros.
HORÁRIOS DE 13 A 19 DE NOVEMBRO
Não há sessões nas segundas
15h: O FILHO DE MIL HOMENS
17h15: NEIRUD
18h40: O AGENTE SECRETO
Ingressos
Os ingressos podem ser adquiridos a R$ 14 na bilheteria do CineBancários. Idosos (as), estudantes, bancários (as), jornalistas sindicalizados (as), portadores de ID Jovem e pessoas com deficiência pagam R$ 7. São aceitos cartões nas bandeiras Banricompras, Visa, MasterCard e Elo.
Na quinta-feira, a meia-entrada (R$ 7) é para todos e todas.
CineBancários
Rua General Câmara, 424 – Centro – Porto Alegre
Mais informações pelo telefone (51) 3030.9405 ou pelo e-mail cinebancarios@sindbancarios.org.br
Sinopse: Em 1977, Marcelo trabalha como professor especializado em tecnologia. Ele decide fugir de seu passado violento e misterioso se mudando de São Paulo para Recife com a intenção de recomeçar sua vida.
No ano de 1977 os meus pais saíram do interior para morar em Porto Alegre. Segundo eles, era comum naquela época pegar um ônibus para logo em seguida ser parados por policiais militares que vinham com a desculpa que estavam procurando determinado meliante, mas a realidade era bem diferente. Assim era o Brasil do final dos anos setenta, onde se fazia tudo do jeitinho brasileiro, mas de um modo para ocultar um país em declínio moral e civilizado.
Kleber Mendonça Filho viveu boa parte de sua vida em Recife e por lá testemunhou as metamorfoses do país como um todo. Isso é sentido, por exemplo, no seu documentário "Retratos Fantasmas" (2023), longa que não somente fala sobre a juventude do diretor, como também sobre uma Recife que estava mudando aos poucos e cujo certos símbolos culturais foram ficando no passado. "O Agente Secreto" (2025) não é somente um dos melhores filmes do diretor, como também sintetiza o calor do momento de um Brasil sem rumo em tempos incertos.
A trama se passa no Brasil de 1977 onde Marcelo (Wagner Moura), que trabalha como professor especializado em tecnologia, sai da movimentada São Paulo e vai para Recife. Ele tenta fugir de algo que, em um primeiro momento, não sabemos ao certo e tendo como objetivo de recomeçar a sua vida. Em Recife ele chega em pleno calor do Carnaval, onde a calmaria dá lugar ao mistério e investigações sobre o seu passado e fazendo se perguntar se Recife se tornou um refúgio ou um beco sem saída.
Abertura do filme já é simbólica, onde o cineasta joga na tela fotos sobre tudo que estava acontecendo naquele período, desde aos filmes, como também a música, televisão e a cultura geral como um todo. Com uma fotografia de cores quentes, alinhada com uma edição de arte que impressiona, é como se voltássemos no tempo ao nos depararmos com um Brasil onde a terra sem lei não era vista nos noticiários, mas que rolava constantemente fora de nossa vista. A figura do corpo vista nos primeiros minutos do filme simboliza muito bem isso, onde o protagonista se torna o nosso guia para nos levarmos em uma realidade opressora nas entrelinhas.
Kleber Mendonça Filho não tem pressa para revelar a premissa principal da trama, sendo que nem precisa, pois, essa realidade vista na tela já nos encanta e desperta a nossa curiosidade sobre o que acontecia nela. Além disso, o diretor presta uma bela homenagem com relação a uma determinada sala de cinema de Recife, da qual exibia filmes de sucesso da época como "A Profecia" (1976), "Tubarão" (1975) e "Dona Flor e Seus Maridos" (1976). É curioso, por exemplo, ver as reações das pessoas diante do filme, assim como também os seus determinados comportamentos e que sendo colocados em prática hoje seriam politicamente incorretos.
Falando em "Tubarão", é notório que o clássico de Steven Spielberg talvez seja um dos filmes favoritos de Kleber, pois só mesmo desta forma para explicar a aparição de um Tubarão em uma determinada cena e que trazia consigo uma perna decepada. Aliás, esse membro decepado é simbólico, pois pertence a uma época que os jornais usavam histórias surreais para tentar fugir da censura. Portanto, a sequência que mostra a perna atacando pessoas em plena madrugada sintetiza o folclore que havia se enraizado naquele período através de um jornalismo picareta e cujo sistema ditatorial somente agradecia por isso.
Curiosamente, essa sequência da perna sintetiza o quanto Kleber sabe explorar elementos de horror do gênero fantástico. Porém, o sangue jorrando em momentos que representam a violência que ocorria naquele período simboliza uma realidade muito mais assustadora do que qualquer filme de terror da época. E se determinada cena por sua vez não é explícita, por outro lado, a sugestão se torna algo ainda mais angustiante, principalmente na cena de um camburão que diz tudo mesmo não mostrando nada diante dos nossos olhos.
O horror que não se vê acaba se tornando um elemento relevante do filme como um todo, principalmente nas passagens que é revelado que a trama é apresentada através de duas estudantes do nosso tempo atual que estão ouvindo relatos de Marcelo através de fitas cassetes. É neste momento, portanto, que não só descobrimos a cruzada em que o protagonista está enfrentando, como também é o momento em que Wagner Moura mais brilha na tela como um todo. Vale destacar que neste flashback dentro de flashback é que conhecemos uma personagem importante dentro da trama que é a esposa do protagonista e que mesmo em pouco tempo de cena a atriz Alice Carvalho dá um verdadeiro show de atuação e digno de nota.
O filme é uma visão autoral de Kleber Mendonça Filho, onde cada cena moldura uma parte íntima de sua pessoa, mas que realmente funciona também graças ao seu grande elenco. Maria Fernanda Cândido, Hermila Guedes, Thomas Aquino, Carlos Francisco Udo Kier e dentre outros brilham em seus respectivos papéis, mesmo quando seus momentos são de pequenas passagens da trama, mas de grande relevância. Mas da ala de coadjuvantes se destaca realmente Tânia Maria, Artesã potiguar que começou atuar ao fazer uma rápida, porém, significativa participação em "Bacurau" (2019) e que aqui rouba a cena ao interpretar uma personagem não muito diferente de sua pessoa, mas sendo o suficiente para nos conquistar de forma imediata.
A maioria dos personagens centrais da história acabam por sua vez se cruzando em um ato final digno de nota, onde o cineasta dá uma verdadeira aula de como se faz um verdadeiro filme de suspense e culminando em elementos imprevisíveis. Tudo se direciona para minutos finais simbólicos, onde nos diz que todo o começo tem o seu final, mas o que foi de relevante a história nunca apagará. Resta, porém, saber se essa geração atual está disposta a conhecer a verdade dos fatos como é visto na tela, pois assim como os livros de história o cinema também é uma janela para o conhecimento e que é preciso abri-la para abraçarmos os fatos.
"O Agente Secreto" não é somente a obra prima de Kleber Mendonça Filho, como também uma representação genuinamente histórica de um Brasil que não existe mais, mas que é necessário essa geração atual conhecer.
Na próxima TERÇA-FEIRA, 11 de novembro, às 19h, o Clube de Cinema de Porto Alegre realiza mais uma sessão do Ciclo de Cinema de Animação, em parceria com a Sala Redenção – Cinema Universitário da UFRGS.
O filme da vez é “Historietas Assombradas – O Filme” (2017), dirigido por Victor-Hugo Borges, uma animação brasileira cheia de humor, imaginação e pitadas de terror.
Baseado na série de sucesso exibida no Cartoon Network, o longa acompanha Pepe, um garoto que vive com sua avó bruxa e descobre ser adotado. A partir daí, ele embarca em uma jornada maluca e sombria para descobrir suas origens, enfrentando criaturas esquisitas, cientistas doidos e muitas situações sobrenaturais. Com uma estética marcante e um humor que mistura fantasia, crítica social e o macabro, o filme confirma o talento inventivo de Victor-Hugo Borges — um dos nomes mais originais da animação brasileira contemporânea.
Após a exibição, teremos um bate-papo com o diretor Victor-Hugo Borges, mediado pelos associados do Clube de Cinema de Porto Alegre.
Confira os detalhes da sessão:
📅 Data: Terça-feira, 11/11/2025, às 19h
📍 Local: Sala Redenção – Cinema Universitário da UFRGS
Rua Eng. Luiz Englert, 333 – Campus Central da UFRGS
🎟️ Entrada gratuita
Historietas Assombradas – O Filme
Brasil, 2017, 90 min, classificação livre
Direção: Victor-Hugo Borges
Produção: Glaz Entretenimento / Copa Studio
Sinopse: Pepe vive com sua avó, uma bruxa que vende poções mágicas pela televisão. Quando descobre que foi adotado, parte em uma jornada cheia de mistérios e criaturas sobrenaturais para encontrar seus pais biológicos. Misturando humor ácido, estética do grotesco e uma boa dose de crítica social, o filme revela o lado mais divertido (e assustador) do universo criado por Victor-Hugo Borges.
A Sala Redenção – Cinema Universitário recebe, entre os dias 10 e 29 de novembro, a 20ª edição do Festival de Cinema Italiano. As sessões, gratuitas e abertas ao público, reúnem filmes contemporâneos e clássicos do cinema italiano.
O tema desta edição, “Il Cinema che Racconta, I Maestri che Ispirano – O cinema que conta, os mestres que inspiram”, mescla filmes inéditos no Brasil com uma retrospectiva de obras fundamentais de cineastas italianos célebres, como Federico Fellini, Roberto Rossellini e Pier Paolo Pasolini, oferecendo ao público um panorama abrangente da riqueza e da diversidade do cinema italiano.
Destaques do Festival incluem “Eterno Visionário” (2024), cinebiografia do dramaturgo italiano Luigi Pirandello vencedor do Prêmio Nobel de Literatura em 1934; “As Provadoras de Hitler” (2025), do diretor Silvio Soldini; e “Diamantes” (2024), de Ferzan Özpetek.
Confira a programação completa no site oficial da sala clicandoaqui.
A diretora Lone Scherfig propõe uma história multitrama nos moldes de Robert Altman com uma narrativa sem um grande protagonista e com tramas que se conectam impulsionadas pela grande temática do longa. Trata-se de uma novidade na carreira de Scherfig, que oscila entre obras inspiradas como "Educação", longa que revelou em 2009 a atriz Carey Mulligan, e títulos medianos como o romance "Um Dia" de 2011 com Anne Hathaway no elenco.
O longa aborda temas delicados como a situação da população sem-teto da maior cidade dos Estados Unidos, além da violência doméstica, motivo o suficiente para potencializar na obra uma atmosfera pesada. Scherfig procura suavizar a tensão desse contexto, o que é uma intenção até positiva da realizadora. O drama de Clara e seus filhos já seria suficiente para um filme. Mas a autora Lone Scherfig queria mais, pois Clara e os meninos são apenas alguns dos personagens. O filme é um mosaico, uma trama com diversos personagens, à la Short Cuts – aquilo que os críticos chamam de estrutura multiplot. Diversos personagens cujos caminhos acabam se cruzando.
Além de Clara, são cinco os personagens mais importantes na trama tecida pela realizadora. E há um detalhe interessante: de maneira bem pouco usual, nos créditos iniciais do filme, vemos, junto do nome dos atores, também o nome do personagem que cada um interpreta. Confesso que eu tenha me incomodado com a sensação de inverossimilhança, enquanto via o filme. Porém, a crença nesse valor maravilhoso que é a solidariedade entre as pessoas, é tão belo, e tão forte, que é impossível não gostar do filme.