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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 7 de agosto de 2024

Cine Dica: CINEMATECA CAPITÓLIO PROGRAMAÇÃO 08 a 14 de agosto de 2024

A Serena Onda que o Mar me Trouxe

 SESSÃO ESPECIAL DE LONGA BRASILEIRO

Na quinta-feira, 08 de agosto, às 19h, o longa A Serena Onda que o Mar me Trouxe, dirigido pelo capixaba Edson Ferreira, entra em cartaz com uma sessão especial. O projeto inicial de um curta-metragem sobre um time de futebol amador de Brasília transformou-se em um longa documental que retrata o amor do pai do cineasta pelas pessoas, o impacto que ele causou naqueles com quem conviveu, e o legado que deixou, mesmo sem ser uma figura pública. Em uma viagem pela sua própria história, Ferreira visita o passado do pai e redescobre a própria história e a da sua família. A exibição do filme será seguida de um bate-papo com o diretor. O valor do ingresso é R$ 16,00.


Mais informações: https://www.capitolio.org.br/eventos/7522/a-serena-onda-que-o-mar-me-trouxe/


ESTREIA DE ORLANDO, MINHA BIOGRAFIA POLÍTICA

A partir de quinta-feira, 8 de agosto, entra em cartaz Orlando, Minha Biografia, a incursão do escritor e filósofo Paul B. Preciado no mundo do cinema. O valor do ingresso é R$ 16,00.


Mais informações: https://www.capitolio.org.br/eventos/7520/orlando-minha-biografia-politica/


ÚLTIMA SEMANA PARA VER LA CHIMERA

O filme italiano La Chimera, dirigido por Alice Rohrwacher e protagonizado pela brasileira Carol Duarte, segue em cartaz até o dia 14 de agosto. O valor do ingresso é R$ 16,00.  


Mais informações: https://www.capitolio.org.br/eventos/7490/la-chimera/


GRADE DE HORÁRIOS

08 a 14 de agosto


08 de agosto (quinta-feira)

15h – La Chimera

17h15 – Orlando, Minha Biografia Política

19h – A Serena Onda que o Mar me Trouxe + debate


09 de agosto (sexta-feira)

15h – La Chimera

17h30 – A Serena Onda que o Mar me Trouxe

19h – Orlando, Minha Biografia Política


10 de agosto (sábado)

15h – La Chimera

17h30 – A Serena Onda que o Mar me Trouxe

19h – Orlando, Minha Biografia Política


11 de agosto (domingo)

15h – À Meia-Luz

17h – A Dama Fantasma

19h – Orlando, Minha Biografia Política

                                                        

13 de agosto (terça-feira)

15h – La Chimera

17h30 – A Serena Onda que o Mar me Trouxe

19h – Orlando, Minha Biografia Política


14 de agosto (quarta-feira)

15h – La Chimera

17h30 – A Serena Onda que o Mar me Trouxe

19h – Retratos Fantasmas

terça-feira, 6 de agosto de 2024

Cine Dica: Em Cartaz - 'A Filha do Palhaço'

Sinopse: Joana, uma adolescente de 14 anos, aparece para passar uma semana com o pai, Renato, um humorista que apresenta seus shows em churrascarias, bares e casas noturnas de Fortaleza interpretando a personagem Silvanelly. 

Pedro Diógenes construiu uma carreira como cineasta comendo pelas beiradas, mas que aos poucos foi chamando atenção da crítica especializada. Nunca me esqueço da sessão que eu tive aqui no Cinebancários ao assistir o seu filme experimental "Os Monstros" (2011) e cujo seu ato final nunca me esqueço, pois irritou muita gente durante a sessão. Já o ótimo "Inferninho" (2018) fala sobre um universo particular dentro de um bar e cujo seus habitantes procuram despertar para realizar os seus sonhos quase nunca alcançáveis.

Nota-se, portanto, um realizador que experimenta dizer algo com relação a sua pessoa, mas que ao mesmo tempo nos transmite algumas questões que entram em debate hoje em dia. Em tempos em que as famílias tradicionais brasileiras só existem da boca pra fora, cabe uma análise mais profunda sobre o que realmente se faz uma família nos dias de hoje. "A Filha do Palhaço" (2022) fala sobre redenção, reconciliação e saber perdoar a pessoa próxima, pois a mesma nunca sabe para onde irá parar uma vez que decide ser o que é na vida.

O filme conta sobre Joana (Lis Stutter), uma jovem que não conhece muito bem o seu pai Renato (Demick Lopes), pois ela cresceu longe dele. Então, ela vai passar uma semana na companhia dele, um humorista que se apresenta em diversos ambientes interpretando o personagem Silvanelly e nessa semana fatídica eles aprenderão a lidar um com o outro. Porém, ambos terão que reaprender a saber conviver um com o outro.

Não faltam filmes ao longo da história do cinema que fala sobre relacionamentos entre pais e filhos, mas Pedro Diógenes criou um longa que fala por si. De uma relação fria logo se ganha cores na medida que os dois personagens centrais se aproximam um do outro e logo ficam sabendo como são suas realidades e como viveram até aquele ponto. Se em um primeiro momento Joana acha estranho o trabalho que o seu pai coloca em prática logo ela vai compreendendo que esse universo particular dele é sobre ele próprio e do qual não tem como mudar isso.

Com uma fotografia super colorida, o filme remete uma realidade que, por vezes, se separa do nosso mundo, assim como foi visto no filme "Inferninho", mas que logo vai se desconstruindo na medida que Joana adentra o mundo do seu pai e vai revelando para ele a sua própria realidade. Tanto Lis Stutter como  Demick Lopes estão ótimos em cena, sendo que esse último faz parte de inúmeros títulos indispensáveis do cinema recente brasileiro e aqui ele faz um trabalho novamente que merece ser analisado de perto.

Seu Renato é um personagem complexo, que não esconde a sua real natureza para a sua filha, mas não escondendo também o seu desejo de tentar se aproximar dela mesmo de forma tardia. Já Joana procura deixar de lado a raiva para procurar compreender as motivações que levaram o seu pai em abandona-la, mesmo que em um primeiro momento isso possa parecer impossível de colocar em prática. No final das contas, é um filme que todos nós iremos nos identificar, pois toda família que se preze tem os seus altos e baixos e dos quais podem ser amenizados se houver uma fresta para que possamos adentrar e entender os atos e consequências do nosso próximo.

Ao final, nós desejamos que eles fiquem juntos, mesmo quando a realidade bate à porta na reta final da trama. A redenção e reconciliação sempre existiram, mas o mundo segue girando e nem tudo que nós construímos pode se casar com a vida dos outros. Cabe, então, seguirmos em frente, mas sabendo que tentamos sermos o melhor em cada relação que havíamos construído. "A Filha do Palhaço" é um belo filme brasileiro sobre pais e filhos e que o amor paternal sempre existirá mesmo nestes tempos complexos. 

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Cine Dica: Fehorama Filmes - 10 anos

 FEHORAMA FILMES CELEBRA DEZ ANOS COM SESSÃO ESPECIAL

Na quarta-feira, 07 de agosto, às 19h30, a produtora Fehorama Filmes celebra os dez anos na Cinemateca Capitólio, com a exibição gratuita de quatro curtas-metragens: Jardim das Horas, Cidade Média, 1947 e Johann & os Ímãs de Geladeira.

A Fehorama Filmes, composta por Daniel Miragem, Giordano Gio e Matheus Piccoli, é uma produtora gaúcha fundada em 2014. Navegando entre cinema, televisão e os games, a Fehorama construiu uma filmografia orbitando o cinema fantástico em suas variadas formas e abordando temáticas como a passagem do tempo, a memória, a identidade e o amadurecimento. Entre os projetos da Fehorama, estão curtas como “Ferro” (dir. Giordano Gio, 2015), “Ne Pas Projeter” (dir. Cristian Verardi, 2015), o longa-metragem “Antologia da Pandemia” com o segmento “Psicopompo” (dir. Giordano Gio, 2020), as séries em desenvolvimento “Abduzidos Anônimos”, em parceria com a Bacteria Filmes, e “Só Sei que Foi Assim”, em parceria com a Otto Desenhos, e o videogame “Esquadrão 51 Contra os Discos Voadores”, lançado em plataformas no mundo todo.


Mais informações: https://www.capitolio.org.br/eventos/7518/fehorama-filmes-10-anos/

segunda-feira, 5 de agosto de 2024

Cine Dica: Em Cartaz -'Vermelho Monet'

Sinopse: Johannes Van Almeida, um pintor que acaba de sair da prisão, quer recomeçar sua vida, mas tudo muda quando a negociante de arte, Antoinette, e a atriz internacional em crise, Florence Lizz, ficam em seu caminho.  

Do pouco que eu sei sobre a história de diversos pintores famosos há sempre um lado excêntrico com relação ao modo de como eles viam o mundo e servindo de influência para a realização de suas obras. "No Portal da Eternidade" (2018), por exemplo, vemos as motivações que levaram Vincent van Gogh em cometer suicídio, mas nunca fica exatamente claro, pois a sua própria arte se torna o único meio para termos uma noção do que foi a sua real pessoa como um todo." Vermelho Monet" (2022) fala sobre pessoas com grande talento, mas que são sugadas pelas suas verdadeiras paixões e que as levam na divisa entre a insanidade e lucidez.

Dirigido por Halder Gomes, o filme conta a história de Johannes Van Almeida (Chico Díaz) um pintor especialista em arte de corpos femininos que acabou de sair da prisão e precisa recomeçar a sua vida para tentar ser reconhecido pela sua arte. Porém, Johannes encontra com a atriz estrangeira em crise profissional, Florence Lizz (Samantha Heck Müller), e vê nela uma fonte de inspiração devido aos seus cabelos vermelhos e por se parecer com a sua esposa enferma interpretada por Gracinda Nave. Além do artista, a negociante de arte, Antoinett Léfèvre (Maria Fernanda Cândido), se aproxima da atriz para obter uma relação ardente, mas não escondendo as suas ambições com relação a pintura que se pode nascer através dela.

Pensado para ser o início de uma trilogia sobre as cores, Halder Gomes procura dar aqui o destaque principalmente ao vermelho, a cor da vida e do qual se torna a obsessão do pintor dentro da trama. Curiosamente, o artista não consegue enxergar as cores devido ao seu problema de visão, sendo o vermelho é o mais próximo do que ele se lembra e fazendo com que isso se torne uma obsessão dentro de sua arte do começo ao final dela. Acima de tudo, o filme fala sobre as obsessões do ser humano, seja através da arte ou até mesmo do dinheiro que ele pode proporcionar e não escondendo as segundas intenções de determinados personagens dentro da história.

Antoinett Léfèvre, possui um olhar aguçado com relação ao que tudo vê em volta, com o direito de não medir esforços para obter certo lucro através até mesmo de artes falsificadas. Uma vez que ela conhece Florence Lizz ficamos sempre na dúvida se o que nasceu ali é paixão ou tudo não passa de uma grande fachada para que ela obtenha algum lucro através de sua beleza. Maria Fernanda Cândido dá um verdadeiro show de atuação, onde a sua personagem nos transmite certa ambiguidade em um primeiro momento, para logo depois escancarar as suas verdadeiras ambições dentro da trama como um todo.

Samantha Heck Müller também se sai muito bem ao dar vida a uma personagem disposta a se entregar para um papel que pode ser a sua grande consagração e usando os altos e baixos de sua jornada em Lisboa como ferramentas para se entregar ainda mais ao seu trabalho. Tanto ela como Maria Fernanda Cândido possuem uma ótima química em cena, cuja as cenas de amor não escondem segunda intenções de ambas as partes e fazendo a gente se perguntar até onde isso vai dar. Porém, Chico Díaz é o coração do filme como um todo, ao despejar em suas palavras todo um simbolismo sobre o universo das artes e cuja sua obsessão chega até mesmo assustar os demais personagens em cena.

Halder Gomes, por sua vez, surpreende com uma direção dinâmica, cuja a sua câmera rodeia os atores em cena e fazendo com que a mesma se torne o nosso olhar perante os atos e consequências daqueles personagens em conflito constante. Com uma fotografia deslumbrante, o filme é um verdadeiro jogo de cores em que se revela a real faceta daqueles personagens nutridos pelas suas obsessões, mas que a qualquer momento irão cair devido as suas próprias escolhas, seja através da ambição, do amor ou da arte como um todo. Ao final, ficamos hipnotizados pelos desdobramentos da obra e todos moldados pelas cores fortes que rodeiam aqueles personagens.

"Vermelho Monet" é sobre amor e obsessão pela arte, sendo que esses sentimentos se batem a todo momento e se encaminhando para momentos irreparáveis como um todo. 

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Cine Dica: Sala Redenção inicia mostra de cinema espanhol

Entre 05 e 30 de agosto, a Sala Redenção e o Instituto Cervantes apresentam a mostra “Cineastas Espanhóis: À Direita e à Esquerda do Tempo”. Com título inspirado em uma citação do dramaturgo espanhol Federico Garcia Lorca, a programação conta com 12 filmes de cineastas espanhóis, produzidos entre as décadas de 1960 e 2000. A partir do recorte temporal, a mostra promove uma reflexão sobre como os diretores captaram os contextos históricos nos quais viveram, através de suas obras.

Para celebrar o centenário do Manifesto Surrealista, a mostra apresenta duas produções do diretor Luis Buñuel. A obra do cineasta e sua relação com o surrealismo são o foco de dois bate-papos que integram a programação. A sessão de Viridiana (1961), no dia 15 de agosto, às 19h, conta com a participação de Luís Edegar Costa, professor de História da Arte. Já a exibição de O anjo exterminador (1962), no dia 20 de agosto, às 19h, é seguida de uma conversa com o cineasta e historiador da arte Giordano Gil.

O diretor Carlos Saura também ganha destaque especial na programação, com quatro produções em cartaz: Cria Corvos (1976), Elisa, Minha Vida (1977), Mamãe Faz Cem Anos (1979) e Goya em Bordeaux (1999). A filmografia de Saura é tema de bate-papo com a professora e crítica de cinema Fatimarlei Lunardelli, que acontece após a exibição de Mamãe Faz Cem Anos (1979), no dia 14 de agosto, às 16h.

Além de Buñuel e Saura, a mostra ainda apresenta obras de outros seis diretores espanhóis. Em cartaz na programação, estão: O Espírito da Colméia (1973), de Victor Erice; Tasio (1984), de Montxo Armendáriz; As Galinhas de Cervantes (1988), de Alfredo Castellón; Todos a la carcel (1993), de Luis Garcia Berlanga; Lucia e o Sexo (2001), de Julio Medem; e Mar Adentro (2004), de Alejandro Almedabar.

A programação tem entrada franca e é aberta à comunidade em geral. O cinema da UFRGS está localizado no campus central da Universidade, com acesso mais próximo pela Rua Eng. Luiz Englert, 333.

Confira a programação completa no site oficial da sala clicando aqui. 

domingo, 4 de agosto de 2024

Cine Especial: Próximo Cine Debate - 'O Compromisso de Hasan'

Sobre o Filme: 

A trama começa a partir de um conflito que se tornou comum ao ser observado de perto em vários países do mundo. É o dilema do indivíduo perante os engravatados do poder, do indivíduo simples contra poderosos de sistemas milionários que não se intimidam em vender a própria mãe para obter um bom lucro. Aqui, o senhor Hasan tem as suas terras ameaçadas porque a fiação de uma torre de energia elétrica precisa passar justamente por sua propriedade, onde ele cultiva tomates para comercialização.

O enredo parece que vai seguir um caminho maniqueísta habitual desses filmes, sendo que num primeiro momento o longa me lembrou do ótimo "As Bestas" (2022). Porém, diferente do que acontece no filme de Rodrigo Sorogoyen, o protagonista passa a fazer parte da rede de negociações e especulações nem sempre honestas a fim de preservar o seu trabalho, muito embora ele continue sendo um mísero indivíduo contra o sistema. Hasan também tem lá o seu lado ambíguo, pois o mundo já é por si complexo.

Mas o mais curioso nesse filme do turco Semih Kaplanoglu é que toda essa disputa que toma boa parte do longa funciona como uma introdução para uma discussão a se revelar perto do fim da obra, quando Hasan precisa confrontar o seu passado que vem a tona. Pode parecer uma volta grande demais para uma linha de chegada muito pontual, até mesmo inesperada, mas o filme toma o seu tempo, desenvolve seus personagens sem vitima-los, sendo que a esposa de Hasan possui uma percepção aguda da situação como um todo e faz Hasan rever suas atitudes e seu passado com dureza, enquanto as árvores vão dando lugar a torres de metal. 

 Confira o filme completo clicando aqui e participe do Cine Debate. 

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sexta-feira, 2 de agosto de 2024

Cine Especial: 'O Sexto Sentido - 25 Anos Depois'

Nada melhor do que você fazer parte da história, ao testemunhar determinado evento e dizer a todos que você fez parte daquilo. Eu me lembro claramente quando assisti pela primeira vez "O Sexto Sentido" (1999), sendo que foi na saudosa sala Cine Imperial da rua das Andradas de Porto Alegre. Nunca me esqueço da reação do público dentro do cinema com relação aos minutos finais do filme, onde uns se viravam para as outros e dizendo que não estavam acreditando sobre o que estavam testemunhando.

M. Night Shyamalan havia rodado um filme anterior em 1998 intitulado "Olhos Abertos", o que torna "O Sexto Sentido" ainda mais especial pelo fato de ter sido apenas o seu segundo filme, mas o suficiente para obter a nossa atenção e seguir a sua carreira de perto. O longa se tornou um sucesso estrondoso na época, ficando várias semanas em primeiro lugar nas bilheterias e garantindo seis indicações ao Oscar e incluindo melhor filme. Nada mal para um realizador que a recém estava começando, mas as vezes é assim que surge grandes talentos.

A trama é sobre um psiquiatra interpretado por Bruce Willis, que no passado fracassou ao tentar ajudar um dos seus jovens pacientes chamado Vincent, sendo que esse último invadiu a sua casa e tentou mata-lo com um tiro. Um ano depois ele conhece um jovem chamado Cole, interpretado por Haley Joel Osment, e do qual possui o mesmo problema de Vincent e vê nele a chance de fazer as pazes com o seu passado. Ao mesmo tempo o psiquiatra está sofrendo uma crise no casamento com a sua esposa e da qual é vivida por Olivia Williams.

"O Sexto Sentido" é um daqueles filmes em que na primeira sessão a gente não descobre o grande segredo do qual é revelado somente em seu final. Porém, quando nós revisitamos notamos algumas pistas que o diretor havia deixado espalhado durante a projeção, desde o fato do protagonista falar somente com o jovem e nunca com os demais em sua volta, ou então porque dele nunca conseguir abrir a sua porta do porão e cuja maçaneta é vermelha. Falando desta cor ela está em vários pontos da trama e que simboliza o fato que as manifestações dos fantasmas estão acontecendo naquele momento.

Sim, o filme é sobre um menino que vê pessoas mortas, sendo que a cena em que ele revela isso para o personagem de Bruce Willis entrou para a história do cinema e que até hoje me arrepia sempre quando assisto ela. Porém, a minha cena de maior impacto é realmente quando o protagonista está ouvindo velhas gravações do seu antigo paciente Vincent e conseguindo ouvir que alguém a mais estava na sala enquanto ocorria a consulta. Uma cena simples, porém, assustadora e da qual me emociona todas as vezes que eu assisto ela.

É curioso que muitos rotulam o filme como uma obra de terror, o que é verdade, mas ele não se sustenta através de sangue ou cadáveres andando em cena, mas sim através de uma história humana e cujo os seus personagens nos identificamos rapidamente com eles. A mãe de Cole, interpretada magistralmente por Toni Collette, se sobressai dentro da história, ao nos passar para nós a angustia de uma mãe em não saber qual é verdadeiro problema que o seu filho está passando e tendo que ao mesmo tempo enfrentar desapontamentos vindos do passado. A cena final em que Cole revela para ela a verdade sobre o seu segredo e sobre algo do seu próprio passado me faz lamentar ainda mais o fato de Collette não ter recebido um Oscar por esse grande desempenho.

Após esse grande sucesso de público e crítica me parece que houve uma exigência exagerada para que M. Night Shyamalan nos surpreendesse novamente ou até mesmo que superasse o seu maior feito. "Corpo Fechado" (2000), por exemplo, foi vendido na época de uma forma bem errada, já que estávamos diante de um filme sobre a origem de um super herói e não de um filme de terror. Somente tempos depois que o público soube melhor compreender a sua proposta e fazendo que anos mais tarde o longa ganhasse as suas continuações que foram "Fragmentado" (2016) e "Vidro" (2019).

Revisto atualmente, se percebe que "O Sexto Sentido" envelheceu muito bem, onde M. Night Shyamalan, mesmo ainda jovem, dirigia como ninguém, com o direito de os movimentos da câmera contarem a história do filme e sendo algo que não se via desde os melhores anos de Steven Spielberg ou até mesmo do mestre Alfred Hitchcock. Se a cena fala por si o resto se torna tudo um acréscimo e fazendo com que a obra se torne ainda mais rica para dizer o mínimo. O cineasta pode ter tido os seus altos e baixos na carreira, mas talvez tudo o que ele queira é contar as suas próprias histórias e independente de nós gostarmos ou não delas.

"O Sexto Sentido" continua sendo o maior trunfo de M. Night Shyamalan, mas fazendo com que o público ao longo dos anos exigisse por demais de um cineasta que queria unicamente contar boas histórias e não só superar a sua maior obra prima.  

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