Sinopse: Um conto distorcido de duas irmãs distantes cujo reencontro é interrompido pela ascensão de demônios possuidores de carne, empurrando-as para uma batalha primordial pela sobrevivência enquanto enfrentam a versão mais aterrorizante da família imaginável.
Sam Raimi havia tirado leite da pedra quando lançou o seu primeiro "A Morte do Demônio" (1981), pois o orçamento era minúsculo, sendo estrelado por amigos da faculdade e dentre eles estava o seu maior astro Bruce Campbell. O filme acabou se tornando um grande sucesso por onde passou, ao ponto de o realizador fazer uma continuação, ou remake, em 1987 e tendo maior liberdade para a realização das cenas, desde ao fato de potencializar o seu movimento de câmera e que até hoje ninguém consegue fazer igual. Fechando como uma espécie de trilogia em 1992, o livro dos mortos e seus demônios levariam muito tempo para retornar ao cinema.
Foi somente em 2013 que Sam Raimi decidiu trazer novamente o seu universo macabro de volta, mas somente na produção e deixando a direção a cargo do cineasta Fede Alvarez. Diferente da obra original, o filme se distanciava do humor que existia na trilogia clássica e se entregando por completo ao mais puro terror, com muita violência, mutilações e muito gore. É então que se passaram mais dez anos e chega agora "À Morte do Demônio - Ascensão" (2023), filme que não traz o mesmo frescor de originalidade do clássico, mas não significa que não seja bem-vindo.
No filme, Beth (Lily Sullivan) vai até Los Angeles para visitar sua irmã mais velha, Ellie (Alyssa Sutherland), que mora com os três filhos em um pequeno apartamento. Com uma relação distante, essa seria a oportunidade para uma reaproximação entre as irmãs. Porém, o reencontro toma um rumo macabro quando elas encontram um livro antigo que dá vida a demônios possuidores de carne. Agora, para sobreviverem, serão forçadas a enfrentar uma versão aterrorizante da família.
Embora seja uma produção de Sam Raimi e Bruce Campbell, se percebe que o diretor convidado Lee Cronin teve liberdade para brincar com aquele universo de sua maneira, mas que ao mesmo tempo remete alguns elementos clássicos. Porém, na abertura por exemplo, o realizador nos prega uma verdadeira pegadinha, já que acreditamos que novamente a trama principal irá se passar em uma típica cabana, quando na verdade ocorrerá em um apartamento. O cenário muda, mas todas as fórmulas de sucesso dos filmes anteriores estão de volta, desde ao fato de um dos personagens achar um livro e uma gravação que não poderia ser lido e ouvido, como também das possessões começarem quando a câmera corre rapidamente em direção a sua primeira vítima.
Curiosamente, a gente acredita em um primeiro momento que o longa irá ser um verdadeiro terror teen, já que tem criança no meio, mas logo isso é jogado para o lado quando começam as primeiras fortes cenas de violência e sendo orquestradas pela assombrosa atuação de Alyssa Sutherland. Diferente dos filmes anteriores, aqui temos uma atriz de calibre forte e se entregando em todas as formas ao passar para a gente alguém que se tornou o puro mal em pessoa. Atenção para a cena em que ela se encontra no corredor do prédio e orquestrando um verdadeiro inferno.
Porém, Lily Sullivan não fica muito atrás, ao construir para a sua personagem alguém que terá que deixar de lado os seus temores pessoais e ter que encarar algo que a própria não consegue entender. O filme tem tempo ainda de falar sobre assuntos espinhosos atuais, desde ao fato de ser responsável por alguém, como também na questão de ter ou não filhos. Se isso pode soar meio que forçado ao ser inserido dentro do roteiro, ao menos isso serve como desculpa para que a protagonista tenha forças para sair viva desça situação bizarra.
Tecnicamente o filme flui sublimemente com os seus efeitos práticos, desde ao usar animatrônicos como também a velha e boa maquiagem que nunca fica devendo. Além disso, principalmente para os fãs da trilogia original, aguardem por referencias clássicas, desde ao fato de haver em cena espingardas, serra elétrica e até mesmo homenagens aos outros clássicos do gênero, desde ao "O Iluminado" (1980) como também "O Enigma do Outro Mundo" (1982). Como não poderia deixar de ser, o filme deixa um gancho para uma inevitável continuação, mas isso é outra história para ser contada mais adiante.
"A Morte do Demônio - Ascensão" não traz nada de novo a franquia, mas nem por isso que irá deixar de ser um filme assustador e que irá agradar os novos e os velhos fãs do universo criado por Sam Raimi.
Faça parte:
Facebook: www.facebook.com/ccpa1948