Sinopse: Pará, uma menina guarani, encontra por acaso um milho guarani tradicional, que nunca havia visto. Ela se encanta com a beleza das sementes coloridas do milho e busca cultivá-lo.
Durante a Quarta Série a nossa professora não ensinava que o Brasil foi descoberto por Pedro Alvares Cabral, mas sim que foi invadido. Desta invasão quem saiu perdendo foram os verdadeiros donos, ou seja, os indígenas e que desde então vivem pela luta em busca do direito pelas suas terras e manterem as suas tradições intactas. Embora inocente em alguns momentos, "Para’í" (2023) é uma forma singela em retratar a juventude desse povo que ainda mal sabe o quanto sofreram para se manterem vivos.
Dirigido por Vinicius Toro, o filme conta a história de Pará, menina guarani que encontra por acaso um milho guarani tradicional, que nunca havia visto e, encantada com a beleza de suas sementes coloridas, busca cultivá-lo. A partir dessa busca ela começa a questionar seu lugar no mundo, quem ela é, por que fala português e não guarani, por que é diferente dos colegas da escola, por que seu pai vai à igreja Cristã, por que moram numa aldeia tão perto da cidade, por que seu povo luta por terra.
O filme apresenta a pequena jovem protagonista de forma natural, desde ao fato de sair de casa para estudar com a sua amiga, como também colocar em prática os seus deveres de casa. Aos poucos percebemos que ela pertence ao povo indígena, mas do qual não se encontram em suas típicas tendas, mas sim em uma vila qualquer e tendo que conviver com o que tem. Tudo é visto pela perspectiva da jovem, da qual em um primeiro momento busca compreender a real situação em que eles vivem, mas ao mesmo tempo mantendo os seus desejos como toda criança qualquer. Porém, o milho especial que ela encontra é uma espécie de estopim para que certas verdades venham à tona e cabe ela compreendê-las, seja através dos seus pais ou de seu sábio avô que é uma espécie de líder da comunidade.
Com um elenco todo indígena, o diretor Vinicius Toro soube muito bem transitar elementos de ficção com a pura realidade em que esse povo está vivendo, mas tudo através da perspectiva da inocência de uma menina e da qual busca compreender o seu lugar na vida. Curiosamente, existem vários planos que nos passam a sensação de que tudo está sendo documentado, assim como as atuações de alguns do elenco, como se estivessem agindo naturalmente e não só atuando. Neste último, o líder do povo indígena age naturalmente porque ele é realmente um sábio no mundo real, do qual vê que a única esperança pela sobrevivência é manter as suas velhas tradições e manter a ligação do seu povo com as raízes frescas desse mundo.
No geral, o filme é um convite para as pessoas de todas as idades em assistirem e refletirem o que o homem branco faz pelo lucro e não se importando sobre o destino dos verdadeiros donos dessa terra. Ao menos a pequena protagonista abraça uma esperança que, embora pequena, simbolize o desejo de um futuro melhor para ela e a sua família, mesmo quando tudo parece perdido. "Para’í" é sobre uma jornada particular de uma menina, que busca sobre suas raízes e o lugar do qual talvez ela ainda desconheça.
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