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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 11 de maio de 2020

Cine Dica: Durante a Quarentena Assista: 'Mentiras Perigosas'


Sinopse:  jovem cuidadora de idosos que herda os bens de seu paciente. Mal sabe ela que essa riqueza inesperada também trará segredos sombrios, traições e perigos. 

A netflix tem um cardápio farto de boas séries policiais, das quais pode-se maratonar a vontade e logo partir para mais uma de qualidade. O mesmo não se pode dizer dos seus longas metragens sobre o mesmo tema, dos quais o roteiro se limita a somente nos passar uma sensação de Déjà vu ao nos lembrarmos de outros filmes, mas jamais nos brindando com alguma criatividade. "Mentiras Perigosas sofre mais ou menos desse mal, ao nos apresentar uma premissa policial interessante, mas caindo na vala comum ao usar ingredientes já usados e bastante desgastados dentro do gênero policial e suspense.
Dirigido por Michael Scott, o filme conta a história de Katie (Camila Mendes) e Adam, que são um jovem casal batalhando há anos para conquistar uma vida de sucesso para si. Quando Katie abandona seus sonhos de uma carreira médica para apoiar as ambições de seu marido, os dois enfim parecem se encontrar na hora certa e no lugar certo para sua vida funcionar. Porém, tudo se complica quando eles se encontram no meio de uma investigação criminal.
O filme começa interessante, principalmente quando determinados planos-sequências invadem a tela ao adentrar o primeiro cenário que irá provocar diversos desdobramentos durante a trama. Isso já é o suficiente para prender a nossa atenção, principalmente devido a um evento imprevisível dentro do local e que irá mudar os rumos da vida do casal central. O problema é quando novos desdobramentos nesta trama policial começam a surgir e fazendo o filme descarrilhar de vez.
Talvez o grande ponto negativo de "Mentiras Perigosas" é fazer com que a gente sempre se lembre de um outro filme quando começam a surgir situações que provoquem essas sensações. De referências ao clássico "Cova Rasa" (1994), ao até mesmo recente "Entre Facas e Segredos", o filme se sustenta até o seu final graças a essa salada de várias referências cinematográficas, mas não se sustentando em termos de originalidade e que passam muito longe da tela. Para piorar, o elenco secundário não ajuda em quase em nada, sendo que as atuações dos mesmos são tão previsíveis que já até ficamos sabendo de antemão as suas reais intenções com relação ao casal central.
Falando neles, é preciso reconhecer o esforço de Camila Mendes e Jessie T. Usher como o casal central da trama, sendo que ambos possuem química em cena, mas isso não é o suficiente para que o filme se torne realmente interessante. Cabe a Netflix repensar com relação aos seus próximos longas metragens, pois se é para fazer uma obra empurrando com a barriga, periga termos um cardápio bem dispensável nas próximas semanas.
Em outros tempos, "Mentiras Perigosas" seria um suspense que chamaria atenção do público em uma "sessão Supercine", mas correndo sério risco atualmente de ser esquecido graças a sua preguiça vinda dos seus próprios realizadores. 


Onde assistir: Netflix.

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quinta-feira, 7 de maio de 2020

Cine Dica: Durante a Quarentena Assista: 'Seven - Os Sete Crimes Capitais' (1995)


A turbulenta estreia no cinema com o filme "Alien 3" não foi o suficiente para que David Fincher desistisse da sétima arte. A sorte veio através do roteirista Andrew Kevin Walker, que escreveu uma sombria e enigmática história policial nos tempos em que morava em Nova York. Foi uma fase que o próprio estava sofrendo de depressão, pois ele não conseguia fazer carreira na indústria cinematográfica.
Vale lembrar que estamos na metade dos anos 90, cuja a década começou com o cinema sendo sacudido com o sucesso "O Silêncio dos Inocentes" (1991), de Jonathan Demme, e colocando os filmes protagonizados por serial killer como a nova fonte de lucro para os estúdios. Talvez, o filme que tenha adquirido melhor reconhecimento após o sucesso de jonathan Demme tenha sido "Copycat - a vida imita a morte", mas logo sendo eclipsado pelo surpreende filme de David Finher.
Com o roteiro de Andrew Kevin Walker, o cineasta criou uma trama em que ela não se passa em uma cidade conhecida e tão pouco ela tem nome. A chuva é torrencial, relembrando os velhos filmes Noir, com um direito uma fotografia de luzes, e cores que se entrelaçam com o lado obscuro daquela realidade decadente. O diretor de fotografia Darius Khondji disse certa vez que sua inspiração veio do reality Show americano "Cops", que seguia a rotina de policiais, xerifes e investigadores nos EUA, e acabou ajudando a traçar os planos de filmagem usados no filme, como por exemplo, quando o ator é captado na altura dos ombros pela câmera que está no banco de trás. 
O ponto forte da produção é a química da dupla central, interpretados pelos atores Morgan Freeman e Brad Pitt. Esse último, aliás, obtém uma das suas primeiras grandes atuações da carreira nas mãos de Fincher e conseguindo se distanciar cada vez mais do estereótipo de galã. Posteriormente, Pitt ganharia outro papel de sua vida pelas mãos do cineasta, mas isso falarei mais adiante.
Os personagens Mills e Somerset, interpretados pelos atores acima, possuem caminhos opostos dentro da lei, mas que precisarão se unir contra algo que não conseguem compreender. O assassino em si, comete os seus crimes se inspirando nos Sete Pecados Capitais levantados pelo cristianismo e resultando em situações, por vezes, imprevisíveis. Além das reviravoltas surpreendentes da trama, o filme é carregado de vários simbolismos, além de explorar o universo literário que se torna prato cheio para os amantes da leitura.
Passados mais de 20 anos desde o seu lançamento, não resta menor dúvida que o filme possui um dos finais mais imprevisíveis do seu tempo. Além de uma soberba interpretação de Kevin Spacey, que no mesmo ano estrelaria "Os Suspeitos", o final se casa com perfeição com a proposta dos seus realizadores, mas que com certeza causou temor nos executivos prevendo um mal retorno vindo do público e da crítica. Os fins justificam os meios e hoje Seven - Os Sete Crimes Capitais entra fácil na lista dos melhores filmes da década de 90 e de todos os tempos.  


Onde assistir: Netflix. Para locação: Youtube e Google Play Filmes.    

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Cine Dica: Live Universo Marvel: Com Roberto Sadovski



MAIS UMA LIVE DA CINE UM.
Grandes temas do Cinema em versão pocket.
Desta vez o assunto é o UNIVERSO MARVEL.
E quem vai participar é o jornalista e crítico de cinema ROBERTO SADOVSKI.

NÃO PERCA!
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ACESSE NO INSTAGRAM: @rsadovski
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Live: "UNIVERSO MARVEL" com ROBERTO SADOVSKI
* Quando: Sexta-feira - Dia 08 / Maio
* Horário: 19 horas
* Onde: Instagram - @rsadovski
#LiveCineUM

terça-feira, 5 de maio de 2020

Cine Dica: Durante a Quarentena Assista: 'Em Trânsito'

Sinopse: Georg tenta fugir da França após a invasão nazista e assume a identidade de um escritor falecido, cujos documentos ele possui. Preso em Marselha, Georg conhece Marie, uma jovem que está desesperada para encontrar esse autor, seu marido desaparecido. 

A ficção científica, seja ela literária ou cinematográfica, sempre nos brindou com histórias fantásticas e das quais nos fazem pensar. Porém, infelizmente, os últimos eventos do mundo atual fizeram com que qualquer ficção já vista se tornasse datada, ao ponto que o próprio cinema nos últimos tempos nos brindou com filmes que são o mais puro reflexo desses nossos tempos complexos. "Em Trânsito" é um filme que transita entre ficção e realidade e cujo a trama é moldada por ecos dos horrores, tanto vindos do passado, como também do nosso presente.
Dirigido por Christian Petzold, do filme "Phoenix" (2014), o filme conta a história de Georg (Franz Rogowski), que tenta fugir da França após a invasão nazista e rouba os manuscritos de um autor falecido e assume sua identidade. Preso em Marseille, acaba conhecendo Marie (Paula Beer), que está desesperada para encontrar seu marido desaparecido - o mesmo que ele está fingindo ser. Para complicar ainda mais, ele começa a se apaixonar por ela.
Christian Petzold já havia explorado as cicatrizes da guerra em filmes anteriores, porém, decidiu ousar nesta trama que tinha tudo para dar errado, mas surpreendendo pela sua originalidade. O filme se passa em uma realidade alternativa, como se a Segunda Guerra Mundial tivesse estourado nos dias atuais e retratando a França em declínio com uma invasão nazista de hoje. Se por um momento isso possa soar absurdo, devemos lembrar que hoje há um aumento crescente de adoradores do fascismo, pois basta pegar, como exemplo, uma parcela da população brasileira cega que adora fascistas como Bolsonaro.
Polêmicas à parte, o filme nada mais é do que uma metáfora dos horrores de ontem e hoje vindos dessa intolerância e cabendo as pessoas de boa índole agirem antes que seja tarde. Embora com um caráter duvidoso, o protagonista Georg vai aos poucos mudando de acordo com as pessoas que cruzam o seu caminho. Sempre quando tenta de alguma forma escapar dessa realidade, porém, ele acaba dando de encontro com pessoas que passam por mais necessidade do que ele próprio. A partir daí se tem uma análise singela sobre o comportamento humano perante uma realidade, por vezes, sem sentido e fazendo com que o contato uns com os outros se torne a única coisa boa que lhes resta.
Visualmente o filme também nos chama atenção, principalmente por esperarmos um visual imprevisível de acordo com a proposta principal da obra. Ao invés disso, vemos uma França cheia de luz, cuja arquitetura e a maneira de se vestir das pessoas não é muito diferente da nossa realidade, mas não escondendo o medo do que irá acontecer posteriormente. A sensação que nos dá é de que se trata da nossa própria realidade vista na tela e que a qualquer momento ela será invadida pelo horror da intolerância.
O final em aberto não traz nenhum conforto, nem para os personagens e tão pouco para o lado de cá de quem assiste. Porém, é um filme que nos faz refletir sobre onde exatamente perdemos o bom senso e deixamos que os erros do passado novamente aflorassem e ameaçassem o nosso futuro. Como sempre, cabe a cultura vinda sétima arte nos dizer o quanto precisamos agir antes que seja tarde demais.
"Em Trânsito" a ficção vista na tela é mais realista do que nunca e nos amedrontando pelo fato que já estamos dentro dela. 

Onde assistir: Disponível para locação no Google Play Filmes e Youtuber.  

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segunda-feira, 4 de maio de 2020

Cine Dica: Durante a Quarentena Assista: 'Resgate'

Sinopse: Tyler Rake (Chris Hemsworth) um agente especial recebe a difícil missão de libertar um garoto indiano que é mantido refém na cidade de Dhaka. 

O cinema de ação norte americano teve o seu ápice durante a década de 80, onde filmes em que um exército era formado por um único homem enchiam as salas de cinema. Porém, veio os anos 90, a fórmula se tornou desgastada e, posteriormente, moribunda nos anos 2000. A franquia "Os Mercenários" comandada por Syvester Stallone servia mais para homenagear do que revitalizar o gênero.
Um sopro de vida veio através de filmes que não eram, necessariamente, filmes de ação, mas que direcionavam o caminho que precisaria ser seguido. Na franquia de espionagem do "Bourne", iniciada em 2002, os realizadores criaram cenas de ação e de luta empolgantes, mas isso graças a uma edição de cenas que faziam com que elas se tornassem dinâmicas e indispensáveis para o ritmo da trama. Isso posteriormente influenciou outras franquias, como no caso dos filmes de aventura da Marvel como, por exemplo, "Capitão América" - Soldado Invernal" e, principalmente, "John Wick" estrelado por Keanu Reeves. É aí que chegamos ao filme "Resgate", filme de ação moldado com os ingredientes citados acima e dando um sopro de vida para esse gênero em decadência.
Dirigido pelo estreante e diretor de dublês dos filmes da Marvel  Sam Hargrave, o filme conta a história Tyler Rake (Chris Hemsworth) um agente especial que recebe a difícil missão de libertar um garoto indiano que é mantido refém na cidade de Dhaka. Apesar de estar preparado fisicamente, ele precisa lidar com crises de identidade e com seu emocional fragilizado por problemas do passado para que consiga designar sua tarefa da melhor maneira possível.
Embora moldado com um fiapo de trama, o filme nos conquista graças a presença do próprio protagonista. Chris Hemsworth vive o típico herói solitário que não tem nada a perder, mas que enxerga na missão de salvar o garoto uma forma de exorcizar os seus próprios demônios. Aliás, a relação entre os dois é a força catalisadora  do filme como um todo e fazendo com que nós torçamos para que ambos terminem na  história vivos.
Porém, é preciso dar crédito para a direção de  Sam Hargrave, pois sem ele o resultado final do filme seria completamente diferente. Após uma boa apresentação personagens principais, o filme engata uma marcha da qual não freia e o realizador nos brinda com cenas de ação empolgantes e muito bem feitas. Tantos as cenas de perseguição, como as de tiroteio e de luta, são um verdadeiro balé em plano-sequências que nos tira o fôlego e faz com que não tiremos o olho da tela. Claro que nem tudo é perfeito na parte técnica da obra, onde destaco a teimosia dos realizadores em criar uma fotografia alaranjada toda vez que a trama se passa em um país fora dos EUA.
O ápice da trama  acontece, logicamente, na reta final do filme e que, curiosamente, havia aparecido pela primeira vez no prologo da trama. Curiosamente, essa sequência fará com que muitos se perguntem sobre um momento imprevisível que ocorre na trama e que fará muitos levantarem inúmeras teorias. Basicamente não me surpreenderia se realizadores usassem isso como uma forma de desculpa para se criar uma nova franquia para atrair a massa, mas isso é uma outra história a ser debatida mais adiante agora.
"Resgate" é entretenimento de qualidade para aqueles que curtem um filme de ação escapista e que não ofende muito a nossa inteligência.  
Onde assistir: Netflix 

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domingo, 3 de maio de 2020

Cine Dica: Live do Fantaspoa - "Nosferatu" musicado por Diego Poloni


Nesse mês de maio, o Fantaspoa e o Instituto Goethe de Porto Alegre apresentam o retorno de suas já tradicionais Sessões Musicadas, com apresentações ao vivo do multiintrumentista Diego Poloni via Instagram e Facebook. Serão duas sessões de clássicos do expressionismo alemão, ambas com composições autorais e inéditas: no dia 03 será “Nosferatu”, de F.W. Murnau, e no dia 10 teremos “Genuine”, de Robert Wiene. 

Artista
Diego Poloni é multiinstrumentista, compositor, produtor e engenheiro de som. Além de experiente compositor de trilhas sonoras, atua no cenário independente musical brasileiro e internacional desde o final nos anos 90, envolvido com projetos que permeiam uma vasta gama de gêneros musicais, do punk (Campbell Trio) ao eletrônico (Younitza), passando pela música brasileira (Francisco, el Hombre) e a música livre instrumental (Trompa). 

Sinopses
Nosferatu (1922) é uma adaptação cinematográfica do romance Drácula, de Bram Stoker, e conta a história de um vampiro, o conde Graf Orlock, que está vendendo seu castelo nos Montes Cárpatos para se mudar para Bremen, na Alemanha. O conde, que se apaixona pela jovem casada com o agente imobiliário Ellen, espalha terror na cidade alemã.
Genuine (1920) é o filme produzido por Robert Wiene logo após o sucesso alcançado com O Gabinete do Dr. Caligari. Conta a história de uma mulher que, feita escrava, é comprada por um rico senhor de hábitos estranhos. Os encantos dessa mulher conduzirão vários homens à loucura.

Lembrando que o Fantaspoa está com uma campanha de financiamento coletivo no ar. Entre em  https://www.catarse.me/fantaspoa16 e ajude o festival a seguir existindo.
Saiba mais na página oficial clicando aqui. 

sexta-feira, 1 de maio de 2020

Cine Dica: Durante a Quarentena Assista: 'Uma Vida Oculta'

Sinopse: O camponês austríaco Franz Jägerstätter enfrenta a ameaça de execução quando se recusa a lutar pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. 

Terrence Malick é um tipo de cineasta que se encontra em extinção, ao menos no território norte americano. Devido a sua visão autoral, e na coragem de moldar as suas obras da sua maneira, ele tem se tornado alguém cada vez mais raro de se ver no cinema norte americano hoje em dia. Se por um lado Quentin Tarantino ainda colhe os louros do sucesso graças a sua forma de fazer cinema, por outro lado, Terrence Malick é alguém que transitou entre o sucesso e o fracasso graças ao fato de se manter fiel a sua visão com relação ao mundo.
"Cinzas no Paraíso" (1978), por exemplo, foi um fracasso, mas foi logo considerado importante para o cinema norte americano. E se em 1998 "O Resgate do Soldado Ryan", de Steven Spielberg, foi um sucesso de público, Terrence Malick colheu os louros da crítica posteriormente pelo seu desempenho no filme "Além da Linha Vermelha". Talvez o ápice de sua carreira tenha vindo no corajoso "A Arvore da Vida" (2011), que embora tenha inúmeros astros em cena, o filme chama atenção mais pelo seu recheio cheio de filosofia, complexidade em sua história, muito sobre a ligação do homem com o próprio universo e com as suas raízes vindas do passado.
Portanto, não é um cineasta que busca algum lucro, mas sim na realização de algo que faça algum sentido. Em tempos em que a humanidade busca razão em meio a diversas crises, sejam elas políticas ou sanitárias, Terrence Malick vem então nos dizer alguma coisa. E ele vem com "A Vida Oculta", filme que contém o seu DNA, mas que também fala sobre nós perante as diversidades em busca pela paz.
O filme conta a história de Franz (August Diehl), um fazendeiro austríaco que se torna herói em circunstâncias um tanto quanto inusitadas. Quando ele é convocado a lutar junto ao exército alemão durante a Segunda Guerra Mundial, ele se recusa. Isso faz com que ele, com apenas 36 anos de idade, seja condenado à pena de morte por traição à pátria.
Com quase 3 horas de projeção, o filme é gradual na construção, tantos dos seus personagens principais, como também na apresentação dos cenários onde se passam os acontecimentos. Assim como "A Arvore da Vida" Terrence Malick faz questão de destacar o cenário, onde a sua fotografia sintetiza a grandeza do vasto verde dos campos e das montanhas, como se fosse um paraíso intocável e do qual merece ser compartilhado para os nossos olhos. Se tem, portanto, o casamento entre o ser humano e a natureza em sua total plenitude, mas que, infelizmente, é destruído gradualmente.
Baseado em fatos verídicos, o filme não esconde a tempestade que vem devastar a vida daqueles personagens. Com cenas de arquivos, o filme já começa com a imagem de Adolf Hitler fazendo pose enquanto os seus seguidores o idolatram cegamente. É então que Franz se torna um contraponto, talvez o único da história e se tornando uma resistência, mesmo quando ela se torne insignificante perante a força da loucura fascista da época.
Ao vermos o protagonista indo contra a maré, testemunhamos a selvageria de uma Alemanha obcecada por mudanças, na preservação da raça, mas se esquecendo da razão e se movendo somente pela emoção e loucura. É então que nos identificamos mais com Franz, pois ele acaba se tornando um símbolo do bom senso perante uma realidade que está acabando com relação a tudo o que ele havia construído, mas não desistindo de seus princípios.
Portanto, a beleza do cenário cheio de cores vista no princípio da projeção, logo vai dando lugar a cores escuras, frias e sintetizando o caminho sem volta que o protagonista escolheu de acordo com o que acreditava. Se por um lado ficamos revoltados pela sua escolha, por vezes inútil, do outro, encontramos a compreensão através do olhar de sua esposa, interpretada com intensidade pela atriz Valerie Pachner. Embora ela represente a nossa revolta, ao mesmo tempo ela busca coragem em aceitar a escolha de Franz e fazendo com que nós próprios entendamos esse caminho suicida a ser trilhado e que o protagonista veio então abraça-lo.
Acima de tudo, Terrence Malick procura passar para nós através do seu filme uma espécie de resistência perante ao fascismo de ontem e hoje, mesmo quando nós tenhamos a sensação de estarmos sozinhos nessa batalha e sem nenhuma glória. O importante é não nos vendermos ao sistema deles, mas sim mantermos o que nos faz realmente humanos com dignidade perante uma realidade distorcida, porém, da qual pode um dia ser melhorada. Em resumo, a força de um pode sim fazer a diferença perante a vontade de muitos.
"A Vida Oculta", é um épico sobre o amor e a resistência do bem que a gente acredita perante a maldade que tenta nos afligir em nosso dia a dia. 

Onde assistir: FlixFilmes.  

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