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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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sexta-feira, 1 de maio de 2020

Cine Dica: Durante a Quarentena Assista: 'Uma Vida Oculta'

Sinopse: O camponês austríaco Franz Jägerstätter enfrenta a ameaça de execução quando se recusa a lutar pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. 

Terrence Malick é um tipo de cineasta que se encontra em extinção, ao menos no território norte americano. Devido a sua visão autoral, e na coragem de moldar as suas obras da sua maneira, ele tem se tornado alguém cada vez mais raro de se ver no cinema norte americano hoje em dia. Se por um lado Quentin Tarantino ainda colhe os louros do sucesso graças a sua forma de fazer cinema, por outro lado, Terrence Malick é alguém que transitou entre o sucesso e o fracasso graças ao fato de se manter fiel a sua visão com relação ao mundo.
"Cinzas no Paraíso" (1978), por exemplo, foi um fracasso, mas foi logo considerado importante para o cinema norte americano. E se em 1998 "O Resgate do Soldado Ryan", de Steven Spielberg, foi um sucesso de público, Terrence Malick colheu os louros da crítica posteriormente pelo seu desempenho no filme "Além da Linha Vermelha". Talvez o ápice de sua carreira tenha vindo no corajoso "A Arvore da Vida" (2011), que embora tenha inúmeros astros em cena, o filme chama atenção mais pelo seu recheio cheio de filosofia, complexidade em sua história, muito sobre a ligação do homem com o próprio universo e com as suas raízes vindas do passado.
Portanto, não é um cineasta que busca algum lucro, mas sim na realização de algo que faça algum sentido. Em tempos em que a humanidade busca razão em meio a diversas crises, sejam elas políticas ou sanitárias, Terrence Malick vem então nos dizer alguma coisa. E ele vem com "A Vida Oculta", filme que contém o seu DNA, mas que também fala sobre nós perante as diversidades em busca pela paz.
O filme conta a história de Franz (August Diehl), um fazendeiro austríaco que se torna herói em circunstâncias um tanto quanto inusitadas. Quando ele é convocado a lutar junto ao exército alemão durante a Segunda Guerra Mundial, ele se recusa. Isso faz com que ele, com apenas 36 anos de idade, seja condenado à pena de morte por traição à pátria.
Com quase 3 horas de projeção, o filme é gradual na construção, tantos dos seus personagens principais, como também na apresentação dos cenários onde se passam os acontecimentos. Assim como "A Arvore da Vida" Terrence Malick faz questão de destacar o cenário, onde a sua fotografia sintetiza a grandeza do vasto verde dos campos e das montanhas, como se fosse um paraíso intocável e do qual merece ser compartilhado para os nossos olhos. Se tem, portanto, o casamento entre o ser humano e a natureza em sua total plenitude, mas que, infelizmente, é destruído gradualmente.
Baseado em fatos verídicos, o filme não esconde a tempestade que vem devastar a vida daqueles personagens. Com cenas de arquivos, o filme já começa com a imagem de Adolf Hitler fazendo pose enquanto os seus seguidores o idolatram cegamente. É então que Franz se torna um contraponto, talvez o único da história e se tornando uma resistência, mesmo quando ela se torne insignificante perante a força da loucura fascista da época.
Ao vermos o protagonista indo contra a maré, testemunhamos a selvageria de uma Alemanha obcecada por mudanças, na preservação da raça, mas se esquecendo da razão e se movendo somente pela emoção e loucura. É então que nos identificamos mais com Franz, pois ele acaba se tornando um símbolo do bom senso perante uma realidade que está acabando com relação a tudo o que ele havia construído, mas não desistindo de seus princípios.
Portanto, a beleza do cenário cheio de cores vista no princípio da projeção, logo vai dando lugar a cores escuras, frias e sintetizando o caminho sem volta que o protagonista escolheu de acordo com o que acreditava. Se por um lado ficamos revoltados pela sua escolha, por vezes inútil, do outro, encontramos a compreensão através do olhar de sua esposa, interpretada com intensidade pela atriz Valerie Pachner. Embora ela represente a nossa revolta, ao mesmo tempo ela busca coragem em aceitar a escolha de Franz e fazendo com que nós próprios entendamos esse caminho suicida a ser trilhado e que o protagonista veio então abraça-lo.
Acima de tudo, Terrence Malick procura passar para nós através do seu filme uma espécie de resistência perante ao fascismo de ontem e hoje, mesmo quando nós tenhamos a sensação de estarmos sozinhos nessa batalha e sem nenhuma glória. O importante é não nos vendermos ao sistema deles, mas sim mantermos o que nos faz realmente humanos com dignidade perante uma realidade distorcida, porém, da qual pode um dia ser melhorada. Em resumo, a força de um pode sim fazer a diferença perante a vontade de muitos.
"A Vida Oculta", é um épico sobre o amor e a resistência do bem que a gente acredita perante a maldade que tenta nos afligir em nosso dia a dia. 

Onde assistir: FlixFilmes.  

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