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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quinta-feira, 4 de julho de 2019

Cine Dica: Em Cartaz: ‘Homem Aranha - Longe de Casa’ - Diversão e Nostalgia Pura

Sinopse: Peter e sua turma da escola vão viajar para Europa. Porém, ele recebe uma missão de Nik Fury para enfrentar as estranhas criaturas chamadas de Os Elementais e que estão atacando por lá. Além disso, o heroi terá ajuda do mais novo personagem, Mystério.   

Embora esteja conectado aos eventos que ocorrem no restante do universo cinematográfico Marvel, "Homem Aranha - De Volta ao Lar" (2017) foi uma agradável surpresa para os fãs do teioso, pois além de respeitar o universo do personagem, é uma aventura divertida, descompromissada e de muita energia. Após os inesperados eventos em que o personagem se envolveu em "Vingadores - Guerra Infinita" (2018) e, principalmente, "Vingadores - Ultimato", muitos se perguntavam como o novo filme do herói iria se comportar com tamanha bagagem de informações. Felizmente, “Homem Aranha - Longe de Casa” não só consegue driblar essas adversidades, como também nos brinda com uma aventura envolvente, divertida e surpreendente.
Novamente dirigido por Jon Watts, o filme começa logo após os eventos de "Vingadores - Ultimato", onde vemos Peter (Tom Holland) e seus colegas da escola se reajustando nessa nova realidade em que a metade da humanidade voltou novamente a vida. O protagonista deseja declarar a sua paixão pela MJ (Zendaya) e pretende fazer isso quando ele e seus demais colegas estiverem viajando em uma excursão pela Europa. Porém. Nick Fuy (Samuel L. Jackson) o convoca para enfrentar os misteriosos seres Elementais e tendo ajuda de um novo herói que se chama Mystério (Jake Gyllenhaal).
Falar muito sobre a história em si seria estragar diversas surpresas que o filme nos brinda, mesmo para os velhos fãs que sabem de cor a verdadeira natureza de determinados personagens que surgem na tela. Dito isso, o filme é mais do que um novo capitulo do teioso, como também é uma aventura juvenil, com muito bom humor e que remete os bons tempos de filmes adolescentes dos anos 80, como no caso do clássico "O Clube dos Cinco" (1985). Curiosamente, os roteiristas foram habilidosos na explicação dos eventos dos filmes anteriores que o personagem se envolveu e criando uma criativa, além de hilária, abertura para aventura.
Com relação em termos de ação, ela somente acontece quando Peter, MJ, Ned (Jacob Batalon) e os demais jovens personagens viajam para Europa, onde a sua primeira parada é em Veneza. Felizmente, o filme não se polui com efeitos visuais desnecessários, pois afinal de contas eles são essenciais, metaforicamente falando. Digo isso com relação ao personagem Mystério, cujo o seu poder é com relação ao ilusionismo e gerando momentos visualmente surpreendentes e que se equiparam aos que foram vistos em "Doutor Estranho" (2017).
Das caras novas, Jake Gyllenhaal se destaca em seu respectivo personagem, ao criar inúmeras camadas subliminares para o seu papel e gerando para nós inúmeros pontos de interrogação. Mas o coração do filme fica na interação entre os personagens Peter, MJ, Ned e os demais jovens, que precisam lidar com sentimentos conflituosos em meio ao universo louco da Marvel sempre em movimento. Embora os fãs da velha guarda guardem uma imensa saudade com relação ao casal Peter ( Tobey Maguire)  e MJ ( Kirsten Dunst) apresentado na trilogia comandada por Sam Raimi, é preciso reconhecer que começamos a sentir imenso carinho pelos novos interpretes, principalmente por Zendaya que, desde o filme anterior, ela soube criar uma personalidade forte e independente para a personagem.
Voltando para ação, ela acaba se concentrando mais em seu ato final, onde acontece números momentos de pura emoção e de grandes revelações. Revelações essas, aliás, que irão mexer com o coração de quaisquer fãs, principalmente por aqueles nostálgicos que sempre desejam cada mais referências ao universo do teioso. Portanto, não saia da cadeira durante os créditos, pois o filme somente termina após subirem as últimas linhas.
"Homem Aranha - Longe de Casa" é um filme gostoso para ser visto e revisto e que irá agradar em cheio qualquer fã nostálgico. 



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Cine Dica: O OLHO E A FACA, de Paulo Sacramento, entra em cartaz no CineBancários , dia 04 de julho, na sessão das 19h


O OLHO E A FACA, terceiro longa-metragem de Paulo Sacramento, conta a história de Roberto (Rodrigo Lombardi), um petroleiro que se encontra num momento de grande transformação em sua vida pessoal e profissional. Roberto é pai de dois filhos, mantém um romance fora do casamento e está constantemente entre o mar e a terra. Uma promoção no trabalho o leva à reflexão de sua existência.
O longa tem produção da Gullane, TC Filmes e Olhos de Cão em coprodução com HBO Latin America e distribuição da Califórnia Filmes. Também estão no elenco do filme os atores Roberto Audio, Esther Góes, Genézio de Barros, Débora Nascimento, Simone Iliescu e as crianças Antonio Haddad e João Sabino.
O OLHO E A FACA foi exibido na Mostra Internacional de Cinema e no Festival do Rio, ambos em 2018. Além de filmar em São Paulo e Rio de Janeiro, Paulo Sacramento rodou mais da metade do longa em alto mar, em uma plataforma de petróleo.

SINOPSE CURTA
Roberto trabalha há anos em uma plataforma de petróleo, onde criou fortes vínculos de amizade. Uma inesperada promoção, no entanto, abala a estabilidade de suas relações profissionais em um momento em que vive também uma grave crise familiar.

SINOPSE LONGA
Aos 42 anos, Roberto tem uma vida estável como sempre planejou: é casado, tem dois filhos e um bom emprego.
Ele trabalha em uma plataforma de petróleo, onde faz turnos de 14 dias corridos. Ali Roberto tem um grupo de amigos muito próximos: Wagner, que considera como um irmão mais velho, Luizão, o mais sério do grupo, e Deco, um homem espirituoso e focado em planos para o futuro.
Uma inesperada promoção no entanto força Roberto a tomar decisões que o levam a perder a amizade de Wagner e a confiança de seus outros colegas. Roberto sente-se a cada dia mais isolado em alto-mar, na plataforma que sempre considerou sua segunda casa.
Em sua família Roberto também vive uma grave crise, uma avalanche de problemas. Enquanto seu casamento se desfaz ele não consegue melhorar o relacionamento com seu pai doente, condição que o atormenta.
Roberto é posto à prova pela força esmagadora do destino. A saída de tal labirinto, no entanto, estará dentro dele mesmo, começando por uma reeducação de seus sentidos.


FICHA TÉCNICA
Direção: Paulo Sacramento
Roteiro: Eduardo Benaim e Paulo Sacramento
Elenco: Rodrigo Lombardi (Roberto), Roberto Birindelli (Wagner), Maria Luisa Mendonça (Cris), Caco Ciocler (Zé Carlos), Roberto Audio (Silas), Lourinelson Vladmir (Luizão), Vinícius Faria Zinn (Deco), Daniel Costa (Caio), Clayton Mariano, Antônio Haddad (João) e João Sabino (Lucas)
Participação especial: Luís Melo (Dutra), Esther Góes (Eulália), Débora Nascimento (Camila), Genézio de Barros (Dr. Antunes) e Simone Iliescu (Juju)
Direção de Fotografia: José Roberto Eliezer, ABC e Jacob Solitrenick, ABC
Direção de Arte: Adrian Cooper, ABC
Montagem: Paulo Sacramento
Trilha sonora original: Paulo Beto
Produção: Gullane, TC Filmes e Olhos de Cão
Coprodução: HBO Latin America
Distribuição: California Filmes

DIRETOR
PAULO SACRAMENTO é formado em Cinema pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), onde também deu aulas de montagem como professor convidado. O diretor acumula mais de 30 prêmios recebidos em festivais no Brasil e no exterior com o curta Juvenília (1994) e o documentário de longa-metragem O Prisioneiro da Grade de Ferro (2004).
Em seu último trabalho dirigiu, produziu e montou o longa-metragem Riocorrente (2013), que teve grande destaque no circuito de festivais e ganhou os prêmios de Melhor Filme na Mostra Internacional de Cinema, dado pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (ABRACCINE) e Melhor Diretor de Cinema, segundo a Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA).
Como produtor, assina os longas Amarelo Manga (Cláudio Assis) e Encarnação do Demônio (José Mojica Marins). Foi também premiado como montador pelos filmes Querô (Carlos Cortez), Chega de Saudade (Laís Bodanzky) e É Proibido Fumar (Anna Muylaert).

HORÁRIOS CINEBANCÁRIOS DE 04 A 10 DE JULHO (não há sessões nas segundas):

Dia 04 de julho:
15h:DIVINO AMOR
17h:DIVINO AMOR
19h: O OLHO E A FACA

Dia 05 de julho:
15h:DIVINO AMOR
17h:DIVINO AMOR
19h: O OLHO E A FACA

Dia 06 de julho:
15h:DIVINO AMOR
17h:DIVINO AMOR
19h: O OLHO E A FACA

Dia 07 de julho:
15h:DIVINO AMOR
17h:DIVINO AMOR
19h: O OLHO E A FACA

Dia 09 de julho:
15h:DIVINO AMOR
17h:DIVINO AMOR
19h: O OLHO E A FACA

Dia 10 de julho:
15h:DIVINO AMOR
17h:DIVINO AMOR
19h: O OLHO E A FACA

Os ingressos podem ser adquiridos por R$ 12,00 na bilheteria do cinema ou no site ingresso.com. Idosos, estudantes, bancários sindicalizados, jornalistas sindicalizados,portadores de ID Jovem e pessoas com deficiência pagam R$ 6,00. Aceitamos Banricompras, Visa, MasterCard e Elo.

Confira a minha analise sobre o filme no site Cinema e Movimento clicando aqui. 

quarta-feira, 3 de julho de 2019

Cine Dica: Em Cartaz: 'Divino Amor' - O Futuro está Entre Nós

Sinopse: Em um futuro próximo, Joana trabalha como escrivã em um cartório e, profundamente religiosa e devota à ideia da fidelidade conjugal, sempre tenta demover os casais que volta e meia surgem pedindo o divórcio. Porém, a situação muda quando ela própria enfrenta uma crise em seu casamento. 

Os filmes de ficção, digo aqueles que propõem que a gente faça uma reflexão, nos apresentam quase sempre tramas que são na realidade uma metáfora com relação ao nosso próprio presente. Em tempos nebulosos atuais do Brasil, onde a igreja evangélica tenta ditar as regras no Supremo, isso acaba servindo para se fazer com que a gente pense sobre o nosso futuro inconclusivo. "Divino Amor" é corajoso ao recriar um futuro não muito distante do nosso Brasil, mas que fala muito sobre esses tempos conservadores de hoje e que, por vezes, soam muito hipócritas.
Dirigido por  Gabriel Mascaro, do filme "Boi Neon" (2015), o filme conta a história de Joana (Dira Paes), que trabalha como escrivã em um cartório, do qual é profundamente religiosa, devota à ideia da fidelidade conjugal e que sempre tenta demover os casais que volta e meia surgem pedindo o divórcio. Por esse posicionamento firme consigo mesma, ela sempre fica na espera de algum reconhecimento, pelos esforços feitos e no desejo de um dia ser mãe. Contudo, a situação muda quando ela própria enfrenta uma crise e que fará ela se testar perante sua fé.
Embora se passe no futuro, mais precisamente no ano de 2027, "Divino Amor" não se distancia visualmente do nosso mundo atual, principalmente ao possuir uma fotografia e edição de arte que remete esses tempos de nostalgia com relação aos anos 80. Ao mesmo tempo, se assemelha ao universo da ficção vista em “1984”, do escritor inglês George Orwell, e ou “Metrópolis”, do cineasta alemão Fritz Lang e cujas as obras eram uma metáfora sobre a época em que elas haviam sido criadas. "Divino Amor" é sobre o Brasil atual, cada vez mais embriagado por lições hipócritas de algumas religiões, mas que por de trás da cortina há planos maiores para se contestar.
Não que Gabriel Mascaro esteja jogando pedras contra aos evangélicos, pois ao meu ver, o que é mostrado ali não é muito diferente do que se é mostrado nos infindáveis cultos que se espalham nas tvs abertas hoje em dia. Mas, curiosamente, há uma informação que o Brasil daquele futuro ainda é laico, mas uma única religião domina os meios burocráticos e que, por vezes, tornam as pessoas muito mais fáceis de se tornarem um novo rebanho. Esse rebanho, aliás, se torna o combustível para os que dizem que servem a Deus, quando na verdade há uma grande hipocrisia por detrás de cada palavra.
A protagonista Joana é uma grande devota, incapaz de recuar no que acredita, mesmo quando os seus sonhos quase nunca são alcançados. Na medida em que a trama avança, percebemos uma figura forte por fora, mas prestes a desmoronar por dentro, mesmo continuando no que acredita como um todo. Dira Paes obtém uma ótima atuação em cena, já que Joana é uma pessoa que guarda para si uma força que ela própria não compreende, mas que acredita cegamente em uma força maior para ser seguida fielmente.
No momento em que ela realiza o seu sonho tão desejado, é aí que a hipocrisia e a burocracia, da qual ela tanto convive no seu dia a dia, é direcionado contra ela, mesmo tendo sido devota até o seu final. Embora o ato final já tenhamos uma ideia do que irá acontecer, é interessante ressaltar a coragem dos realizadores em nos trazer uma proposta como essa e que nos faça pensar, independente de qual religião você tiver. “Divino Amor” é uma pequena obra contestadora e que experimenta contestar sobre o caminho em que o Brasil pode chegar. 


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Cine Dica: Curso - New American Cinema

INSCRIÇÕES ABERTAS


Apresentação

 Um dos momentos mais instigantes da história do cinema norte-americano é a tomada do poder por uma novíssima geração que iniciou uma transformação a partir do final dos anos 60. Pela primeira vez na América chegavam à indústria jovens realizadores provenientes das escolas de cinema. Este período histórico se consolidou e marcou um movimento que ficou conhecido como o New American Cinema, que tinha na agenda a construção de uma “Nova Hollywood”.




Objetivos

O curso NEW AMERICAN CINEMA: A REINVENÇÃO DE HOLLYWOOD NOS ANOS 70, ministrado por Leonardo Bomfim, aborda as principais características de um dos momentos mais radicais da história do cinema americano, com o surgimento de uma nova geração após um momento de grande tensão entre indústria e vanguarda na explosão do cinema moderno dos anos 1960.
 



A partir da análise de trechos de obras emblemáticas realizadas entre 1968 e 1980, quatro tópicos que se entrelaçam serão destacados durante as duas aulas do curso:
1 – O mal-estar da sociedade americana revelado em boa parte dos filmes já nos primeiros suspiros da Nova Hollywood.
2 – O retrato realista da classe trabalhadora nos anos 1970. a presença feminina em um cinema extremamente masculino, a relação entre indivíduo e coletivo. As obras-primas realizadas na periferia de Hollywood.
3 – As tentativas políticas: o fracasso do Vietnã, a radicalização da luta negra, a paranoia conspiratória, os escândalos republicanos. A relação entre o cinema, a mídia e os acontecimentos da década.
4 – Os sintomas do desencanto (e os monstros da sexualidade) a partir das novas abordagens dentro do cinema de horror.
 



Curso
New American Cinema:
A Reinvenção de Hollywood nos Anos 70

de Leonardo Bomfim

Datas: 13 e 14 de Julho (sábado e domingo)
 

Horário: 14h às 17h
 

Duração: 2 encontros presenciais (6 horas / aula)
 

Local: Cinemateca Capitólio Petrobras / Sala Décio Andriotti
(Rua Demétrio Ribeiro, 1085 - 3º andar - Centro Histórico - Porto Alegre - RS)
 

Investimento
- Pagamento p/ Cartão de crédito: R$ 95,00
- Pagamento p/ Depósito: R$ 90,00
***
Promoção: R$ 80,00
(Para as primeiras 10 inscrições c/ pagamento por depósito)
 

Formas de pagamento
Depósito ou transferência bancária / Cartão de crédito
 

Material
Certificado de participação e Apostila
 

Informações
cineum@cineum.com.br  /  Fone: (51) 99320-2714
 


Inscrições
www.cinemacineum.blogspot.com.br

terça-feira, 2 de julho de 2019

Cine Especial: Clube de Cinema de Porto Alegre: 'O Homem da Câmera' - 90 Anos e a Frente do Seu Tempo


Segundo a lenda conta, os irmãos Auguste e Louis Lumière não tinham fé que o seu maior invento, o cinematógrafo, teria vida longa. Porém, bastou um mágico chamado Georges Méliès, para que o invento ganhasse novos rumos e assim surgisse os primeiros gêneros cinematográficos. Além disso, é preciso reconhecer que Méliès foi pioneiro ao apresentar para o mundo as novas e inúmeras maneiras de recursos técnicos que poderiam ser utilizados durante o processo de filmagem na realização de um filme.     
O tempo passou e os curtas e médias metragens passaram a se tornar longas metragens e atraindo cada vez mais o grande público. D. W. Griffith, por exemplo, lançou em 1915 aquele que se tornaria o primeiro grande épico cinematográfico, "O Nascimento de Uma Nação". Porém, em uma revisão mais aprofundada, acredito que o filme russo "O Homem da Câmera" (1929), de  Dziga Vertov, seja o verdadeiro precursor de muitas tendências cinematográficas.  
Vertov começou a sua carreira com CineJornais, filmando o Exército Vermelho durante a Guerra Civil Russa (1918 - 1921) e exibindo o material para o público que morava em vilarejos e cidades que embarcavam nos "agit-trains", trens equipados para a exibição de filmes e peças teatrais. Nesse meio tempo, ele se afiliou a um grupo de jovens cineastas, intitulado "Cine Olho", cujo o intuito eram fazer obras que valorizassem o poder da câmera e ser honesto na elaboração dos documentários que beiram ao realismo bruto. Com isso, Vertov realizou o seu feito mais extraordinário, o documentário "O Homem da Câmera" (1929). 
Realizado durante três anos, a obra retrata um dia qualquer de uma cidade, mais precisamente Moscou, do seu amanhecer até o seu entardecer. Vertov filma pessoas comuns no seu dia a dia, das quais elas a recém estão acordando e se surpreendendo com a câmera na frente delas. Além da correria da cidade grande, o cineasta filma o trabalho braçal, tanto dos homens, como também das mulheres. 
Com um material farto nas mãos, Vertov registra um trânsito desenfreado, maquinas e trabalhadores em movimento, casamentos, separações, morte e nascimento. Tudo isso moldado com o que ele capitou, mas sendo remodelado em uma das edições mais dinâmicas da história do cinema. Testemunhar essa edição de cenas nos faz não ter a menor dúvida que "O Homem da Câmera" serviu de modelo para o que viria a seguir, pois o seu ritmo dinâmico é o que veríamos, por exemplo, nos clipes da futura MTV.  
Além disso, o cineasta daria continuidade ao que Georges Méliès havia feito anos antes,  ao criar imagens sobrepostas uma na outra, utilizando cenas em câmera lenta, rápida e estática. Há também uma apreciação ao uso da câmera, pois quase sempre vemos o cineasta trabalhando com ela e registrando as cenas não importando o que aconteça. O ritmo acelerado sintetiza um cineasta obstinado na realização de sua obra e fazendo com que o criador e criatura se fundam em belíssimas cenas.  
Acima de tudo, é um filme que simboliza o poder da força braçal do povo trabalhador russo. Se dois anos antes o filme expressionista "Metrópolis" (1927), de Fritz Lang, retratava o conflito entre classes de uma cidade alemã futurística, Dziga Vertov deixa claro em sua obra que uma cidade somente funciona com a mão trabalhadora. Com esse pensamento, Vertov dá forma visual aos preceitos levantados por Karl Marx e fortalecendo ainda mais a ideia de uma realidade mais socialista e menos capitalista para as futuras gerações.  
Mas, ironicamente, Vertov não conseguiu se adaptar ao mundo socialista e jamais obteve o mesmo feito que ele adquiriu através desse filme. No entanto, com "O Homem da Câmera" ele conseguiu o seu maior objetivo, em potencializar ao máximo na tela todo o poder que pode proporcionar a arte cinematográfica. 

Nota: O clássico terá exibição especial para os associados e não associados do Clube de Cinema de Porto Alegre na próxima terça-feira (02/07/19) na Sala Redenção da UFRGS  de Porto Alegre.  


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Cine Dica: Ilha do Medo e Blade Runner integram mostra de cinema sobre gravurista inglês do século XVIII


Como é a Guerra da Síria além da imagem midiática que nos é mostrada? Como vive o povo Curdo em meio à destruição? O que homens e mulheres experienciam quando se tornam soldados do exército? Essas são algumas das questões trazidas no documentário que inaugura a programação do mês de julho da Sala Redenção.  Faces de um Conflito mostra a experiência do fotojornalista Alexandro Auler durante o mês que esteve em Kobane, cidade na fronteira da Síria com a Turquia, em 2016. O filme, dirigido por André Auler, será exibido nesta segunda-feira, 1º de julho, às 19h, e contará com a presença do fotojornalista que conduziu a narrativa do documentário. 
No mesmo dia, o Cinema Universitário recebe a mostra Simetrias Fantásticas – William Blake na cultura pop, com curadoria do bolsista da Difusão Cultural, Vitor Cunha. O ciclo dialoga com a exposição que está na Sala Fahrion (2º andar do prédio da Reitoria da UFRGS) desde 10 de maio, O Matrimônio de Céu e Inferno, desenvolvida a partir de adaptações em quadrinhos da obra original do poeta e pintor fantástico William Blake. Os premiados Ilha do Medo, de Martin Scorsese e Blade Runner – O Caçador de Androides, de Ridley Scott, fazem parte da programação de quatro filmes hollywoodianos que referenciam a obra do gravurista inglês. 
A Sala Redenção exibe, ainda, um dos filmes mais marcantes da história do cinema. Um Homem com uma Câmera, de 1929, conta a história de um sujeito que passeia por cidades da União Soviética com sua câmera no ombro, documentando a agitada vida urbana e as inovações do mundo moderno. Dirigido por Dziga Vertov, o filme reflete a teoria cinema-olho ou cinema-verdade, idealizada pelo cineasta, na qual a proposta é filmar apenas a “verdadeira realidade”. Vertov buscava uma nova forma de filmar o mundo, em que a câmera deixasse de ser subordinada da visão e passasse a explorar suas possibilidades técnicas próprias. A sessão acontece no dia 2 de julho, às 19h, e faz parte da parceria com o Clube de Cinema de Porto Alegre. Ao final da exibição, os integrantes do Clube promovem um debate sobre o filme com o público presente.

Veja a programação completa pelo site Difusão Cultural da UFRGS clicando aqui. 

segunda-feira, 1 de julho de 2019

Cine Dica: Noites na Cinemateca apresenta Nicole Puzzi e Filmes do Frapa (2 a 7 de julho)

NICOLE PUZZI É HOMENAGEADA NO PROJETO NOITES NA CINEMATECA FRAPA APRESENTA FILMES INÉDITOS EM PORTO ALEGRE
Possuidas pelo Pecado

Na madrugada do dia 06 para o dia 07 de julho, a Cinemateca Capitólio abre as portas da sala de cinema para o Noites na Cinemateca, projeto que a cada dois meses promove maratonas cinematográficas temáticas nas madrugadas de sábado para domingo.
Nesta segunda edição, com início marcado para as 23h59min do dia 06, o tema é Cinema & Erotismo, e tem como grande atração a presença da atriz Nicole Puzzi, musa da pornochanchada e apresentadora do programa Pornolândia no Canal Brasil. Nicole abre a noite e apresenta a sessão do filme Possuídas pelo Pecado, produção de David Cardoso dirigida por Jean Garrett que marcou sua estreia nas telas. A programação segue com o clássico As Mil e uma Noites, de Pier Paolo Pasolini, um filme surpresa (produção internacionalmente cultuada da década de 1970), e um programa de curtas reunindo títulos como Vênus, de Cássio Tolpolar, Vereda Tropical, de Joaquim Pedro de Andrade, além de obras eróticas do período do cinema silencioso.
Os ingressos para o Noites na Cinemateca custam R$ 20,00, com meia entrada para estudantes e idosos e valem para os quatro filmes da maratona.  A bilheteria abre 30 minutos antes de cada sessão. A Cinemateca Capitólio fica na Rua Demétrio Ribeiro, 1085 - Esq. com Borges de Medeiros. Mais informações (51) 3289 7453

ATRIZ HOMENAGEADA

Nicole Puzzi
Uma das principais divas do cinema brasileiro entre os anos 1970 e 1980, Nicole Puzzi estreou no cinema em 1976 com Possuídas pelo Pecado, de Jean Garrett. Já em seu primeiro trabalho, a jovem atriz chamou a atenção pela explosiva combinação de beleza e talento, o que pouco tempo depois a levaria a estrelar seu maior sucesso de bilheteria, Ariella (1980), de John Herbert, se transformando em uma das estrelas mais requisitadas da Boca do Lixo paulistana.
Ao longo de sua trajetória Nicole Puzzi trabalhou com grandes nomes do cinema brasileiro, como Walter Hugo Khouri, que a dirigiu em O Prisioneiro do Sexo, Convite ao Prazer, Eros, o Deus do Amor e Eu, Carlos Reichenbach (Anjos do Arrabalde), Bruno Barreto (Gabriela), Ivan Cardoso (As Sete Vampiras) e Francisco Ramalho Jr. (Filhos e Amantes), entre tantos outros.
Depois de alguns anos afastada das telas, a atriz retornou ao cinema em 2018 com Paraíso Perdido, de Monique Gardenberg.
Atualmente apresenta o programa Pornolândia, no Canal Brasil.

PROGRAMAÇÃO

23h59 – Possuídas pelo Pecado, de Jean Garrett (Brasil, 1976, 90 minutos).
Ao chegar na terceira idade e perceber que não poderá mais ter os filhos que sempre quis, o empresário Leme decide abandonar seu casamento com Raquel para entregar-se a amores passageiros com suas secretárias e ao vício em álcool. Raquel então se envolve com seu motorista e, logo, todos os membros da família acabam presos em uma grande teia de mentiras. Filme que marcou a estreia de Nicole Puzzi no cinema, assinado por um dos diretores mais talentosos da Boca do Lixo paulista, Jean Garrett.

2h – As Mil e uma Noites, de Pier Paolo Pasolini (Itália/França, 1974, 130 minutos).
Um homem começa uma viagem à procura de sua amante, uma bela escrava chamada Zumurrud, que foi raptada por um ser de olhos azuis. No caminho de sua longa busca, seu caminho vai cruzar com uma série de outros personagens envolvidos em traições, cobiças e desejos. Último filme da célebre Trilogia da Vida, maior êxito comercial da carreira do diretor italiano Pier Paolo Pasolini, formada ainda por Decameron (1971) e Os Contos de Canterbury (1972). Vencedor do Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes de 1974.

4h15 – Filme Surpresa (105 minutos)
Filme de culto, um marco da história do cinema erótico, que influenciou outras produções do gênero em diversos países.

6h – Programa de Curtas (60 minutos)
Um programa diversificado, que reúne desde raros registros eróticos das décadas de 20 e 30 do século passado até clássicos do cinema brasileiro como Vereda Tropical, de Joaquim Pedro de Andrade, e produções mais recentes, como o curta gaúcho Vênus, de Cássio Tolpolar.

FRAPA 2019
A 7ª edição do FRAPA (Festival de Roteiro Audiovisual de Porto Alegre), maior festival do gênero da América Latina acontece de 2 a 5 de julho na Cinemateca Capitólio Petrobras e outros espaços da cidade.
Na abertura será exibida a pré-estreia do longa Ilha (2018), de Ary Rosa e Glenda Nicácio, vencedor dos prêmios de melhor roteiro e ator (Aldri Anunciação) no Festival de Brasilia. A sessão comentada do documentário inédito Estou me Guardando para Quando o Carnaval Chegar (2019), de Marcelo Gomes, encerra o festival, que ainda apresenta duas sessões competitivas de curtas-metragens. Com direção de Leo Garcia e produção executiva de Mariana Mêmis Müller, o FRAPA é uma realização da Coelho Voador e Epifania Filmes. A arte é assinada pelo designer Leo Lage. A sessões do FRAPA têm entrada franca.

Programação completa: frapa.art.br.

GRADE DE HORÁRIOS
2 a 7 de julho de 2019

2 de julho (terça)
19h – Ilha (FRAPA)

3 de julho (quarta)
19h30 – Mostra Competitiva de Curtas – Sessão 1 (FRAPA)

4 de julho (quinta)
19h30 – Mostra Competitiva de Curtas – Sessão 2 (FRAPA)

5 de julho (sexta)
19h – Estou Me Guardando Para Quando o Carnaval Chega + debate com Marcelo Gomes (FRAPA)

6 de julho (sábado)
14h – Sessão Vagalume: Programa de Curtas
17h – Longa Jornada Noite Adentro
19h30 – Suspíria – A Dança do Medo
23h59 – Noites na Cinemateca: Cinema e Erotismo

7 de julho (domingo)
14h – Sessão Vagalume: Programa de Curtas
17h – Longa Jornada Noite Adentro
19h30 – Suspíria – A Dança do Medo