Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte.
Me acompanhem no meu:
Twitter: @cinemaanosluz
Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com
Nos dias 10 e 11 de
março, estarei participando do curso Brian de Palma: O Poder da Imagem, criado
pelo CENA UM e ministrado pelo
jornalista Leonardo BomFim. Enquanto os dois dias não chegam, por aqui, estarei
escrevendo tudo o que eu sei sobre os filmes desse cineasta, que muitos o
consideram como sucessor (ou imitador) de Alfred Hitchcock.
Dublê de Corpo
Sinopse: O fracassado
e claustrofóbico ator de filmes B Jake Scully acabam recebendo uma proposta
irrecusável de Sam Bouchard: ficar no belo apartamento de um amigo seu enquanto
procura lugar para ficar, após presenciar a traição de sua esposa. No novo
apartamento, ele presencia estranhos acontecimentos com uma vizinha, e passa a
persegui-la e a querer ajudá-la, mas não sabe o perigo que estará correndo.
Muitos podem culpar
De Palma de ser um pretensioso, ou um mero imitador de Alfred Hitchcock, mas se
analisarmos bem, de suas imitações (ou homenagens) ao mestre do suspense, ele
acaba que por vezes criar algo novo. Foi assim com Vestida para Matar e com
Dublê de Corpo não foi diferente. Usando elementos de Janela Indiscreta e
principalmente Um Corpo que Cai,De Palma cria uma trama investigativa que nos
leva em meio ao mundo do cinema onde o diretor, por vezes ou por outra, presta
homenagem também.
Não faltam cenas que
se tornaram clássicas como o beijo do casal na praia na qual a câmera faz um
giro de 360º graus (Um pouco de Um Corpo que Cai e uma dica do que viria
futuramente em Matrix) e a cena do assassinato de um determinado personagem
através de uma furadeira (clara referencia ao Massacre da Serra Elétrica).
Sinopse: Mark O'Brien
(John Hawkes) é um escritor e poeta que, ainda criança, contraiu poliomielite.
Devido à doença ele perdeu os movimentos do corpo, com exceção da cabeça, e
precisa passar boa parte do dia dentro de um aparelho apelidado de "pulmão
de aço". Mark passa os dias entre o trabalho e as visitas à igreja, onde
conversa com o padre Brendan (William H. Macy), seu amigo pessoal. Sentindo-se
incompleto por desconhecer o sexo, Mark passa a frequentar uma terapeuta
sexual. Ela lhe indica os serviços de Cheryl Cohen Greene (Helen Hunt), uma
especialista em exercícios de consciência corporal, que o inicia no sexo.
Bateram tanto na
tecla, pelo fato de Bem Affleck não ter sido indicado para melhor diretor por
Argo, que muitos se esqueceram de reclamar da ausência de John Hawkes (Inverno da Alma), entre os indicados a melhor ator, por sua delicada e impressionante
interpretação neste filme. Ao interpretar um portador de poliomielite (que o
deixa paralisado do pescoço pra baixo), Hawkes incorpora de corpo e alma, uma
pessoa impedida de fazer inúmeras coisas, mas que jamais se abaixa perante os obstáculos,
mesmo naquele, que acredita que seja o
seu maior desafio: fazer sexo pela primeira vez na vida. A tarefa não é das
mais fáceis, principalmente por acreditar em certos desígnios da igreja e que
acaba o levando a sempre consultar com o seu melhor amigo e padre (William H. Macy, espetacular). O encontro dos
dois é sem sombra de duvida os momentos mais cômicos do filme, que ao mesmo
tempo gera inúmeros debates sobre religião e do que é certo e errado no que irá
fazer durante a vida.
Ao procurar uma especialista
de exercícios de consciência corporal (e ter sua primeira relação sexual), entra
então em cena Helen Hunt, que surpreende ao passar tamanha segurança, em cenas
na qual exige cenas de nudez. Embora já aparentando certa idade, Hunt
surpreende ao passar tamanha segurança e profissionalismo que a personagem possui
e sem sombra de duvida mereceu a indicação ao Oscar de melhor atriz coadjuvante.
É claro que um tipo de filme como esse não é nada fácil de fazer, principalmente
porque toca em assuntos, que mesmo em pleno século 21, ainda são um verdadeiro tabu.
Mas o cineasta Bem Lewis surpreende ao contornar esses pontos espinhosos, com
momentos delicados, humanos e embalados com um bom humor refinado.
Curto, provocativo e
contagiante, As Sessões é um filme merecia ter tido mais atenção nesta temporada
de Oscar, mas nunca é tarde para descobrir os melhores perfumes nos menores
frascos.
Nos dias 10 e 11 de março, estarei participando do curso Brian de Palma:
O Poder da Imagem, criado pelo CENA UM e
ministrado pelo jornalista Leonardo BomFim. Enquanto os dois dias não chegam,
por aqui, estarei escrevendo tudo o que eu sei sobre os filmes desse cineasta,
que muitos o consideram como sucessor (ou imitador) de Alfred Hitchcock.
Carrie: A Estranha
Sinopse: Carry White (Sissy Spacek) é uma jovem que não faz amigos em
virtude de morar em quase total isolamento com Margareth (Piper Laurie), sua
mãe e uma pregadora religiosa que se torna cada vez mais ensandecida. Carrie
foi menosprezada pelas colegas, pois ao tomar banho achava que estava morrendo,
quando na verdade estava tendo sua primeira menstruação. Uma professora fica
espantada pela sua falta de informação e Sue Snell (Amy Irving), uma das alunas
que zombaram dela, fica arrependida e pede a Tommy Ross (William Katt), seu
namorado e um aluno muito popular, para que convide Carrie para um baile no
colégio. Mas Chris Hargenson (Nancy Allen), uma aluna que foi proibida de ir à
festa, prepara uma terrível armadilha que deixa Carrie ridicularizada em público.
Mas ninguém imagina os poderes paranormais que a jovem possui e muito menos de
sua capacidade vingança quando está repleta de ódio.
Carrie: A Estranha foi à primeira obra de Stephen King a ser levada para
o cinema, bem como foi seu primeiro best-seller. Carrie White (interpretada de
maneira sensacional por Sissy Spacek) é uma adolescente tímida e contraída,
filha de uma fanática religiosa (Piper Laurie, magnífica), sempre hostilizada
pelas colegas, mas que possui poderes paranormais, podendo mover objetos de
acordo com sua vontade. Numa das cenas mais poéticas e selvagens da história do
cinema, Carrie menstrua pela primeira vez no chuveiro do vestiário da escola: a
câmera lenta mostra seu banho, unindo a queda da água do chuveiro com o
escorrer do sangue nas suas pernas, vindo então a surpresa de Carrie pelo que
ocorreu e, imediatamente depois, o seu terror por não saber do que se tratava.
Desesperada, ela tenta procurar ajuda de suas colegas que, por sua vez, a
humilham. Voltando para casa, é repreendida pela mãe, que na opinião dela, sua
filha agora era possuía pelo pecado de ser mulher. Com remorso pelo que
aconteceu, uma de suas colegas, Sue (Amy Irving, a futura mulher de Steven
Spielberg) decide fazer com que seu namorado, Tommy (William Katt), um dos
rapazes mais disputados pelas garotas na escola, leve Carrie no baile de
formatura. Neste ínterim, a professora de educação física suspende Chris (Nancy
Allen) do baile que, junto com seu namorado (John Travolta antes do sucesso
espetacular de Os Embalos de Sábado à Noite), prepara para vingar-se da
protagonista. Carrie, dominando melhor os seus poderes, impõe sua vontade à sua
mãe, indo no baile com Tommy. No baile, o casal é eleito como os reis da festa
e, na hora da premiação, são banhados com um balde cheios de sangue de porco -
a vingança de Chris concretiza-se. Segue-se então uma das seqüências mais
violentas da década de 70: Carrie, sentindo-se humilhada, usa seus poderes
paranormais e destrói a escola, matando quase todos que estão na sua frente.
Brian de Palma fez o uso do efeito tridimensional, ou seja: várias telas se
abrindo e mostrando várias coisas acontecendo ao mesmo tempo para o espectador (Ang Lee faria algo parecido
na sua versão de Hulk de 2003). Voltando para sua casa, tem de enfrentar sua
mãe, em outra seqüência espetacular de suspense, terror e violência. Criticado
na época por seu excesso de violência, o filme apresentou muito mais do que
devastação e sangue (foi utilizado xarope nestas cenas): a fragilidade e os
elevados poderes de Carrie foram magistralmente retratados, criando a tensão
necessária para prender o espectador por todo o filme. O enredo vai crescendo
de tal maneira que fez com que a "resposta" da personagem,
"esmagada" por sua mãe e por todos à sua volta, tivesse sentido.O
final acrescentado ao filme (Sue, a única sobrevivente, sonha que uma mão sai
da cova de Carrie e a agarra) é diferente do livro de Stephen King, chegando a
assustar o próprio, que não o conhecia até a exibição do filme.
Sem sombra de duvida foi o grande momento da carreira do diretor Brian
de Palma, que após esse, começou a fazer inúmeros filmes como o magistral Os
Intocáveis, mas na minha humilde opinião, Carrie: A Estranha é sua maior obra
prima,
OS INTOCAVEIS
Sinopse: Na Chicago dos
anos 30, o jovem agente Eliot Ness (Kevin Costner) tenta acabar com o reinado
de terror e corrupção instaurado pelo gângster Al Capone (Robert De Niro). Para
isso, ele recruta um pequeno time de corajosos e incorruptíveis homens, dispostos
a levar a tarefa a cabo.
No auge de sua forma
como cineasta,Brian De
Palmacria aqui um
verdadeiro clássico de filmes de gangster baseado tanto em fatos reais como
também de uma famosa série de TV. Ambientando nos anos 30, o filme possui uma
excelente reconstituição de época da velha Chicago, onde gangster e policiais
se enfrentavam devido ao trafico de bebidas em meio à lei seca. Com um elenco
estelar de encher os olhos, cada um desempenha um ótimo papel, ao começar porKevin Costnerno papel certo e na hora certa no qual
o consagrou. JáRobert De
Nirouma reencarnação
perfeita deAl Caponeque transmite poder e medo, mas éSean Connerycom seu incorruptível personagemJim Maloneque da um verdadeiro show de
interpretação principalmente em sua seqüência final que lhe valeu o Oscar de
ator Coadjuvante.
E se já não bastasse
tudo isso, o diretor nos brinda com uma impactante cena de tiroteio na
escadaria do metro em que o cineasta presto uma homenagem mais do que bem vinda
do clássico russo oEncouraçado
de Potemkin.
Curiosidades:Albert H. Wolff, o único integrante vivo dos
verdadeiros intocáveis, trabalhou como consultor do filme, auxiliando o ator
Kevin Costner em como Eliot Ness deveria ser caracterizado nas telas.
As roupas utilizadas
por Robert De Niro ao interpretar Al Capone são cópias idênticas das roupas
verdadeiras que o gângster usava quando estava vivo.
Sinopse: Em um cenário
pós-apocalíptico, o zumbi R (Nicholas
Hoult) passa por uma crise existencial e criando laços de amizade com uma
humana chamada Julie (Teresa Palmer), uma de suas vítimas por quem acaba se
interessando amorosamente. O problema é que este relacionamento acaba causando
uma reação em cadeia em outros mortos-vivos, mas o general Grigio (John
Malkovich) não está interessado neste tipo de mudança e sim no total extermínio
da ameaça zumbi.
Embora lembre em
alguns momentos formulas usadas a exaustão na saga Crepúsculo, a historia de
amor de uma garota e um zumbi em um mundo pós apocalíptico até que agrada,
tanto para aqueles que curtem um romance açucarado, como também o publico mais
exigente. Isso se deve ao fato do humor sobressair em vários momentos bem
sacados: a seqüência de abertura, onde vemos o zumbi "R" (Nicholas Hoult)
contando para nos (narração off) o seu dia a dia como um morto vivo e comedor
de carne, em um aeroporto é genial. Na verdade o filme aproveita esse cenário
de fim de mundo, para levantar questionamentos sobre como as pessoas atuais se
afastam cada vez mais um do outro e se entregando a tecnologias de hoje, o que
acaba então gerando uma vida alienada e sem vida.
Embora seja um morto
vivo, "R" sente lá no fundo algo já muito esquecido e começa a senti-lo
novamente, a partir do momento que conhece Julie (Teresa Palmer), onde ao mesmo
tempo ele acaba comendo o cérebro de seu namorado. Curiosamente "R" começa a ter
lembranças não da sua vida passada, mas sim do falecido namorado de Julie e
partir disso começa gradualmente a sua volta para a vida. Embora o protagonista
nos convença que começa a ter vida e
sentimentos (muito se deve a boa interpretação de Nicolas Hoult), o mesmo não
se pode dizer dos outros mortos vivos, que com eles, essa formula de voltar a
sentir como um ser humano, não é só rápida demais como soa muito forçada.
Felizmente isso é contornado pelo bom desempenho de outro zumbi que é amigo de
R, interpretado com delicadeza pelo ator Rob Corddry, que em alguns momentos
acaba até mesmo roubando a cena.
Dirigido pelo cineasta Jonathan Levine (50%)
Meu Namorado um Zumbi possui uma historia com começo, meio e fim e não tem
pretensão nenhuma de ir além disso.
Muito diferente da interminável saga Crepúsculo, que diferente do seu
conterrâneo zumbi, teve que nos apresentar cinco filmes, cuja trama poderia
facilmente ser resumida num único e dispensável filme.
Documentário sobre
ícone da cena underground, entra em cartaz no CineBancários
Após ter aberto a
edição de 2011 do Close - Festival Nacional de Cinema da Diversidade Sexual na
capital gaúcha, o documentário brasileiro Meu Amigo Cláudia finalmente entra em
cartaz no CineBancários a partir de 26 de fevereiro, e permanece em cartaz até
dia 3 de março, com sessões às 15h, 17h e 19h, de terça a domingo.
Dirigido pelo
estreante Dácio Pinheiro, Meu Amigo Cláudia retrata a trajetória de Cláudia
Wonder (1955-2010), uma das artistas mais importantes da cena “underground”
brasileira durante as décadas de 80 e 90. Transexual que ficou conhecida por
suas performances e apresentações musicais na noite de São Paulo, Wonder também
ganharia notoriedade por sua militância em prol do livre exercício da
diversidade sexual. Além de seus disputados shows, ela atuou em filmes da Boca
do Lixo de São Paulo e também participou de espetáculos dirigidos por Zé Celso
Martinez Corrêa no Teatro Oficina. O título do documentário de Dácio Pinheiro é
o mesmo de uma crônica dedicada a Wonder pelo escritor gaúcho Caio Fernando
Abreu, que era amigo e fã da artista.
A exemplo de outros
documentários recentes, como Dzi Croquettes, Meu Amigo Cláudia traz depoimentos
reveladores e um rico material de arquivo, com imagens marcantes de um período
ainda pouco explorado pelo cinema brasileiro, as décadas de 80 e 90.
Meu Amigo Cláudia, de Dácio
Pinheiro. Brasil, 2009, 87 minutos. Classificação indicativa: 16 anos.
Mais informações e horários
da sessões, vocês conferem na pagina da sala clicando aqui.