Sinopse: Os mundos colidem quando Flash viaja no tempo para mudar os eventos do passado. No entanto, quando sua tentativa de salvar sua família altera o futuro, ele fica preso em uma realidade na qual o General Zod voltou, ameaçando a aniquilação.
Cada filme produzido e lançado pela Warner/DC é rodeado de incertezas com relação ao resultado final da obra. Infelizmente isso acontece em um momento em que o gênero de filmes de Super Heróis para o cinema se encontra desgastado e não sabendo ao certo em que rumo irá tomar. A última carta do baralho se encontra na já explorada questão do multiverso.
Desde "Vingadores - Últimato" (2019) vemos cada vez mais filmes de super-heróis explorando a possibilidade de testemunharmos novas linhas temporais, outras realidades alternativas e vermos personagens conhecidos por outra perspectiva. Portanto, "The Flash" (2023) chega em um momento em que o bonde já está andando algum tempo, mas não significa que pode ser facilmente descartado.
Dirigido por Andy Muschietti, do grande sucesso "It - A Coisa" (2017), a trama se passa tempos depois aos eventos vistos em "liga da Justiça", onde Barry Allen decide viajar no tempo para evitar o assassinato de sua mãe, pelo qual seu pai foi injustamente condenado à cadeia. O que ele não imaginava seria que sua atitude teria consequências catastróficas para o universo. Ao voltar no tempo, Allen se vê em um efeito borboleta e começa a viajar entre mundos diferentes do seu. Para voltar para seu plano original, Flash contará com a ajuda de versões de heróis que já conheceu.
O filme é baseado livremente na HQ "Flashpoint" e do qual explora uma realidade completamente diferente da DC. Aqui a situação não é diferente, sendo que a volta do tempo em que o protagonista faz para evitar a morte de sua mãe acaba se tornando uma bela desculpa para testemunharmos um outro tipo de viagem do tempo até então pouco explorado no cinema. É então que os efeitos visuais explodem na nossa cara, com direito a um CGI estranho, mas que se casa com a proposta pouco lucida do filme como um todo.
Em termos de ação o início do filme já começa acelerado, com direito a humor, por vezes forçado, explosões e até mesmo com algumas participações especiais. Porém, o filme desacelera para trabalhar mais na questão do drama vivido pelo protagonista, já que ele usa o seu poder para mudar o passado, mas tendo consequências graves ao longo do percurso. É então que o filme ganha fôlego graças ao ótimo desempenho de Ezra Miller que interpreta duas versões temporais do personagem e se tornando a alma do longa como um todo e fazendo a gente somente lamentar o fato do ator ter se envolvido com tantas polêmicas que poderão até mesmo prejudicar o resultado final desse projeto.
Se formos analisar de uma forma mais fria possível, o fio narrativo serve somente como desculpa para que o filme explore outras versões dos personagens, em especial com relação ao Batman. Trinta anos depois é com máxima alegria que eu vejo na tela grande o retorno de Michael Keaton como o homem morcego, sendo que aqui a sua personalidade ainda é mais explorada e se tornando um coadjuvante de peso durante toda a trama. Atenção para o momento em que a clássica trilha sonora dos filmes estrelados por Keaton dispara e sendo uma bela cortesia de Danny Elfman que nos faz ficar com um arrepio na espinha.
Infelizmente o roteiro peca ao não explorar mais as diversas possibilidades sobre o multiverso e fazendo as inúmeras ideias acabarem ficando somente em nosso pensamento. Supergirl, por exemplo, possui uma presença forte em cena, principalmente devido ao bom desempenho da atriz Sasha Calle, mas cujo seu esforço não foi o suficiente para que a sua personagem fosse mais bem explorada e adquirisse novos rumos. Porém, já que tanto insistem no multiverso bem que poderiam dar uma segunda chance para a personagem em um projeto futuro.
O ato final transita entre momentos falhos, surpresas e até mesmo oscilando para momentos dramáticos muito bem dirigidos e que ganham ainda mais força pelo esforço de Ezra Miller em cena. E se por um lado a solução para resolver o conflito da trama soe um tanto que forçado, ao menos essa brincadeira ao mexer com o multiverso nos brinda com uma das cenas mais surpreendentes do filme. Pode-se dizer que testemunhamos todas as adaptações para o cinema da DC em uma única sequência e até mesmo cenas de filmes que jamais saíram da prancheta.
Com essa homenagem, além de uma participação surpresa ainda mais surpreendente no minuto final da trama, "The Flash" é uma boa aventura do herói velocista, mas que chega ao cinema em um momento em que o gênero se encontra cada vez mais em um cenário indefinido e cuja ideia do multiverso já se encontra se esgotando.
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