Sinopse: Uma jovem descobre que a casa que alugou já está ocupada por um estranho. Contra seu melhor julgamento, ela decide passar a noite, mas logo percebe que há muito mais a temer do que apenas um hóspede inesperado.
Recentemente eu assisti há dois filmes de terror completamente diferentes um do outro que foram "Sorria" e "Você Não Estará Só". Se o primeiro consegue usar os clichês básicos do gênero para criar algo criativo, por outro lado, o segundo surpreende ao transitar entre o gênero fantástico e ao mesmo tempo explorar assuntos bastante abordados nestes últimos tempos dentro do subgênero "Pós-Terror". Por outro lado, "Noites Brutais" (2022) se destaca ao usar todos esses ingredientes em um só e agradando tanto aquela plateia que aprecia o básico como também aquela que procure algo que desafie a sua perspectiva.
Dirigido por Zach Cregger, o filme começa quando uma jovem (Georgina Campbell) vai para uma cidade para obter uma entrevista de emprego. Ela aluga uma casa em um determinado bairro para somente descobrir que o local foi reservado por engano e um homem estranho (Bill Skarsgård) já está hospedado lá. Contra seu melhor julgamento, ela decide passar a noite de qualquer maneira, mas logo descobre que há muito mais a temer na casa do que o outro hóspede.
O filme começa já com um clima mórbido, com uma noite chuvosa e cuja a trilha ecoa vozes e gritos de pessoas aparentemente desesperadas. O cenário principal parece uma espécie de versão alternativa do clássico "Psicose" (1960) e logo de cara já tememos pelo destino da protagonista, já que o ator que interpreta o rapaz misterioso que se encontra no local é figura conhecida dos filmes de terror pois basta a gente se lembrar dele como o palhaço demoníaco de "IT - A Coisa"(2017). Porém, o filme vai se enveredando para situações que fogem de nossa perspectiva e elevando a nossa tensão na medida em que a trama avança.
O cenário, aliás, é cheio de surpresas, onde cada camada descascada se revela algo que nos faz a gente montar um verdadeiro quebra cabeça e quando achamos que descobrimos o grande segredo, eis que nos damos conta que fomos bastante ingênuos. Zach Cregger surpreende ao quebrar por um momento a linha narrativa, ao nos apresentar uma nova subtrama e com um novo personagem, mas que somente faz com que esse mesmo acabe caindo no cenário principal da história. Como se não bastasse eis que temos uma volta no tempo brusca e revelando que o grande segredo daquele cenário já se encontrava vivo muito antes do que nós imaginávamos.
Tudo isso embalado por fórmulas já usadas dentro do gênero, mas que para nossa surpresa nos soa fresco, principalmente por saber brincar com as nossas previsões que se encontravam erradas até aquele momento. Para a minha surpresa, o filme nos passa uma crítica ácida com relação a própria sociedade norte americana, que desde sempre quer nos passar que possuem uma realidade perfeita, quando na verdade podem esconder terríveis segredos por detrás da porta. Não deixa também de ser interessante, por exemplo, a questão do machismo explorado na história, já que ao longo do tempo diversas mulheres são abusadas por homens aparentemente simples, mas que se revelam verdadeiros monstros e sendo responsável por criar um cenário caótico.
O ato final é surpreendente ao saber jogar isso no nosso colo sem medo, ao ponto de não faltar até mesmo um retrato peculiar das forças que se dizem ser as nossas protetoras, quando na verdade se encontram atualmente cada vez mais alienadas e pouco se importando com a vida humana. Nada mal para um filme cujo o projeto foi recusado por diversos estúdios, pois eles não tinham uma noção do grande potencial que nasceria disso.
"Noites Brutais" é um exemplo sobre criatividade muito bem alinhada com os velhos recursos e ideias do gênero de horror, mas que sendo bem conduzida acabam nos surpreendendo e isso já um grande feito.
Onde Assistir: Star+
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