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Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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sexta-feira, 19 de junho de 2020

Cine Dica: Durante a Quarentena Assista: 'Longa Jornada Noite Adentro'

Sinopse: Luo Hongwu retorna a Kaili, sua cidade natal. Enquanto as lembranças de uma mulher enigmática e bonita ressurgem - uma mulher que ele amava e que ele nunca foi capaz de esquecer - Luo Hongwu começa sua busca por ela

O curso de cinema "Sonho, Cinema e Psicanálise", criado pelo Cine Um e ministrado pelo psicanalista Leonardo Della Pasqua, fez tanto sucesso na Cinemateca Capitólio de Porto Alegre que a atividade acabou rendendo no total três versões entre anos 2017 e 2018. Atividade foi tão boa que me serviu de inspiração até mesmo para eu construir a minha análise sobre o filme "Blade Runner 2049" (2017) que estreou logo em seguida.
Do filme "Sonhos" (1990) para animação "Coraline" (2009), Leonardo Bella fez uma análise profunda sobre diversos filmes, onde cada um deles explorava de tudo um pouco, desde questões de Freud, para a arte de Salvador Dalí e como esses elementos se encaixam dentro do universo da sétima arte. De lá pra cá, muitos filmes vieram e que dariam para render também outras boas aulas sobre sonhos e seus significados. "A Longa Jornada Noite Adentro" (2018) é um desses casos e cuja a sua proposta nos proporciona uma viagem extra sensorial inesquecível.
Dirigido por Bi Gan, o filme conta a história de Luo Hongwu que volta para sua cidade natal depois ter ficado impune por um assassinato que cometeu há 12 anos. As memórias da mulher que matou voltam à tona. O passado, o presente, a realidade e a imaginação começam a se confrontar e fazendo a gente se perguntar aonde tudo isso irá parar.
Bi Gan nos apresenta o início de sua narrativa sem nos dar muitas explicações sobre o que acontece na tela. Porém, as informações chegam, mas não de uma forma mastigada, mas sim de uma forma gradual para que possamos entender aos poucos qual é verdadeira jornada que o protagonista adentra. Quando temos total entendimento sobre os objetivos dele, é então que o cineasta abraça as diversas formas de fazer um cinema autoral e isso é perceptível ao longo de mais duas horas de projeção.
Diferente de outros filmes, Bi Gan cria uma China fora do convencional, como se o passado, presente e o futuro compartilhassem o mesmo território e formando assim um cenário que, por vezes, mais parece algo do tipo pós-apocalíptico. Esse pensamento se solidifica ainda mais graças a sua edição de arte, que mais parece saída do grande clássico "Blade Runner" (1982), ou até mesmo de animações japonesas das quais se explora os significados do termo cyberpunk. Em contrapartida, o filme é carregado também de vários elementos do gênero "noir", já que em alguns casos Luo Hongwu mais parece um detetive que investiga um estranho caso e sempre ao encalço de sua dama fatal que se encontra sempre no escuro.
Curiosamente, o primeiro e o início do segundo ato do longa possuem uma trama fragmentada, onde o presente e o passado se entre cruzam a todo momento e fazendo com que se exija total atenção sobre o que está acontecendo. Além disso, há muitos elementos que se tornam simbólicos, desde um livro verde, como também uma maçã que acabam se tornando peças chaves. Vale destacar a sua ótima fotografia, cujas cores verde e vermelho surgem a todo momento e fazendo a gente levantar inúmeras teorias sobre os seus significados.
Se até aqui o filme acaba fazendo nenhum sentido para nós, por outro lado, o final do segundo ato adiante adentra em uma incrível narrativa linear, mas toda moldada em um impressionante Plano-sequência e que não deve nada a outros filmes recentes que usaram  a mesma técnica, como no caso, por exemplo, de "1917" (2019). O que mais impressiona é que nos damos conta que essa parte em diante do filme é na realidade um sonho que o protagonista está participando, mas que acaba fazendo muito mais sentido se for comparado com relação a tudo o que estávamos testemunhando até aquele ponto. Cenários são trocados a todo momento, personagens entram e saem em instantes, como se estivéssemos em um sonho dentro de um sonho, mas revelando inúmeras pistas sobre o quebra cabeça que o protagonista estava investigando.
Em sua reta final, o realizador não nos entrega todas as respostas, mas isso é o que menos importa, pois quando chegamos a esse ponto da narrativa nós desejamos que a obra não acabe de uma forma tão facilmente. Mesmo com poucos recursos, Bi Gan nos brinda com uma experiência extra sensorial em grande estilo e que vale muito a pena ser conferido.  "A Longa Jornada Noite Adentro" é prato cheio para os amantes do universo dos sonhos e cujo o debate nos leva desde a Freud e seus estudos psicológicos mais profundos.  

Onde assistir: Netflix.

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