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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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sexta-feira, 11 de março de 2022

Cine Especial: 'Nosferatu - 100 Anos Depois'

O cinema pode não pode mudar as pessoas, mas pode nos dizer o que acontece sobre realidade em volta delas. Neste sentido, os filmes não somente retratam determinados tempos, como também falar sobre o estado de espirito de uma sociedade que convive com os seus percalços e medos. O Expressionismo Alemão era a expressão de uma sociedade pedindo socorro, envolto de luz e sombras e sendo persuadidos por falsos profetas.

Os anos vinte foi o berço desse movimento, onde o país alemão ainda estava se recuperando de uma 1ª Guerra Mundial perdida, mas mal sabendo do pior que viria. Por conta disso, esse pessimismo era visto já nas pinturas, mas ganhando intensidade através de luz e sombras que eram vistas nas telas dos cinemas. "O Gabinete do Dr. Caligari" (1920), por exemplo, talvez seja a porta de entrada desse movimento, onde o cineasta Robert Wiene cria uma trama que pode ser interpretada como uma espécie de simbolismo de uma sociedade em estado de sonambulismo enquanto um gênio diabólico estava se aprontando para controla-lo.

Vale destacar que esse movimento foi o que lançou um dos primeiros títulos que podem ser considerados os primeiros filmes de horror da história, mas que ao mesmo tempo lançou cineastas promissores e que, posteriormente, os mesmos iriam para os EUA criar, não somente o horror, como colaborar para o nascimento do subgênero "Cinema Noir". Antes disso, algo estava sendo criado nas sombras, o que se transformaria em um dos pilares desse movimento que entraria para a história. "Nosferatu" (1922) é um exemplo de representação sobre o medo de uma sociedade e sobrecarregada de incertezas com relação ao futuro que viria.

Dirigido por F.W. Murnau, o filme é uma adaptação não autorizada do clássico literário "Drácula" do escritor Bram Stoker e que já havia falecido naqueles tempos, porém, a sua esposa havia herdado os direitos da obra. Não conseguindo obter os direitos de adaptação, F.W. Murnau e os demais realizadores pegaram somente a premissa principal da obra, alterando o nome de alguns personagens e o nome Drácula sendo substituído por Conde Orlok. Embora com essas mudanças o filme é considerado até hoje como uma das melhores adaptações já feitas para o personagem, já que esse Drácula de Murnau é sinistro, um morto vivo buscando por sangue e atraindo a morte por onde passa.

Usando cenários naturais, Murnau faz para si um conto gótico cheio de simbolismo, onde a figura do vampiro pode ser interpretada de diversas formas. Ao chegar na cidade portuária de Wisborg, por exemplo, Nosferatu vem junto com diversos ratos, dos quais os mesmos trazem diversas doenças e que causaria mortes por onde passasse. As cenas em si seriam uma referência com relação a peste negra que assolou na Europa, matando um terço da população desse continente no século XIV.

Porém, assim como "O Gabinete do Dr. Caligari", "Nosferatu" talvez seria uma manifestação que Murnau faz em referência ao que, talvez, já estava acontecendo na Alemanha. Com poucas perspectivas com relação ao futuro, a sociedade alemã vivia no temor pela chegada de algo pior, como se nas sombras viesse a morte iminente e com ela a sua extinção. Esse temor fez com que a sociedade fosse persuadida facilmente por falsos salvadores e por conta disso Adolf Hitler os seduziu facilmente nos anos que vieram.

Teorias a parte, o filme ainda tem o grande trunfo o ator Max Schreck, cuja a sua atuação como vampiro foi tão marcante que alguns acreditavam que ele era um na vida real. Aliás, essa teoria seria explorada posteriormente em "A Sombra do Vampiro" (2000), onde no filme é retratado como teria sido as filmagens, mas como Max Schreck sendo um vampiro de verdade e interpretado de forma assombrosa pelo ator Willem Dafoe. Antes disso, o clássico de 1922 já havia sido explorado anteriormente, mas em forma de uma ótima refilmagem lançada em 1979 e comandada pelo diretor Werner Herzog.

Vale lembrar que o próprio clássico quase se tornou perdido dentro da história cinematográfica. Florence Stoker descobriu Nosferatu durante a estreia no Jardim Zoológico de Berlim, em 1922. Nas primeiras versões do longa, o nome "Drácula" era usado em sua divulgação, tornando o plágio ainda mais óbvio. A viúva entrou prontamente com uma ação sobre violação de direitos autorais, com exigências de que a propriedade fosse compensada pelos responsáveis e todas as cópias do título destruídas.

Logo durante o início do processo, a produtora Prana Film declarou falência e fechou as portas. Em 1925, Florence Stoker ganhou o caso e o juiz responsável pela sentença ordenou que todos os negativos e impressões de Nosferatu fossem enviados a ela e destruídos. Entretanto, algumas cópias sobreviveram a esse processo e chegaram aos Estados Unidos no final dos anos 1920.

Como Drácula era de domínio público nos Estados Unidos, esse material não precisou ser destruído; e não somente foi reproduzido como pôde ser exibido sem restrições. Ao longo do tempo, conforme o culto em torno de vampiros, do expressionismo alemão e do próprio filme, aumentou, mais cópias apareciam no mercado. E, assim, Nosferatu foi se “reproduzindo” ao longo das décadas.

Com um século de vida, "Nosferatu" é uma obra de arte para ser vista, revista, analisada e debatida pelos próximos cem anos que vierem e por toda a eternidade. 

     

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Cine Dica: Próximo Clube de Cinema de Porto Alegre: 'Nós Duas'

Segue a programação do Clube de Cinema no próximo final de semana, passada pelo nosso Diretor de Programação.


Local: Sala Paulo Amorim, Casa de Cultura Mario Quintana

Data: 12/03/2022, sábado, às 10:15 da manhã


"Nós Duas" ( Deux)

França /Luxemburgo/Bélgica, 2019, 99 min, 14 anos.

Direção: Filippo Meneghetti 

Elenco: Barbara Sukowa, Martine Chevallier, Léa Drucker 

Sinopse: Nina e Madeleine, duas mulheres aposentadas, têm um relacionamento amoroso e secreto há anos. Para a família, elas são apenas vizinhas e grandes amigas - até que surge a possibilidade de elas viverem seu romance em outra cidade. Mas uma doença inesperada vai abalar os planos de ambas e fazer com que os filhos tentem controlar a situação.


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quinta-feira, 10 de março de 2022

Cine Dicas: Estreias do Final de Semana (10/03/2022)

 BELFAST


Sinopse: Belfast narra a vida de uma família protestante da Irlanda do Norte da classe trabalhadora da perspectiva de seu filho de 9 anos, Buddy, durante os tumultuosos anos de 1960. O jovem Buddy (Jude Hill) percorre a paisagem das lutas da classe trabalhadora, em meio de mudanças culturais e violência extrema. Buddy sonha em um futuro melhor, glamoroso, que vai tirá-lo dos problemas que enfrenta no momento, mas, enquanto isso não acontece, ele se consola com o carismático Pa (Jamie Dornan) e a Ma (Caitríona Balfe), junto com seus avós (Judie Dench e Ciarán Hins) que contam histórias maravilhosas. Enquanto isso, a família luta para pagar suas dívidas acumuladas. Pa sonha em emigrar para Sydney ou Vancouver, uma perspectiva que Ma encontrou com aflição. No entanto, ela não pode mais negar a opção de deixar Belfast à medida que o conflito piora e Pa recebe uma promoção e um acordo de moradia na Inglaterra de seus empregadores.



AGENTE DAS SOMBRAS

Sinopse: Confiança, identidade e o perigo do poder sem controle levam um agente secreto ao limite. Travis Block (Liam Neeson) vive e luta nas sombras. Um "consertador" autônomo do governo, Block é um homem perigoso cujas atribuições incluíam extrair agentes de situações ocultas.


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Cine Dica: PROGRAMAÇÃO DE 10 A 16 DE MARÇO DE 2022 na Cinemateca Paulo Amorim

 SEGUNDAS-FEIRAS NÃO HÁ SESSÕES

                                                                                                                                 Frank


SALA 1 / PAULO AMORIM


15h – LARA Assista o trailer aqui.

(Alemanha, 2020, 100min). Direção de Jan-Ole Gerster, com Corinna Harfouch, Tom Schilling, André Jung. Imovision, 14 anos. Drama.

Sinopse: O dia do aniversário de 60 anos de Lara tem tudo para ser inesquecível: o filho dela, Viktor, será solista em um concerto que pode definir o futuro de sua carreira. Lara foi quem mais apoiou o talento do filho para o piano, mas ela não é bem-vinda na apresentação. Apesar de não ter recebido um convite, ela montou os próprios planos para não perder o espetáculo.


17h - NÓS DUAS Assista o trailer clicando aqui. 

(Deux – França/Bélgica, 2019, 100min. Direção de Filippo Meneghetti, com Barbara Sukowa, Martine Chevallier. Imovision, 14 anos. Drama.

Sinopse: Nina e Madeleine, duas mulheres aposentadas, têm um relacionamento amoroso e secreto há anos. Para a família, elas são apenas vizinhas e grandes amigas - até que surge a possibilidade de elas viverem seu romance em outra cidade. Mas uma doença inesperada vai abalar os planos de ambas e fazer com que os filhos tentem controlar a situação.


ESPECIAL: IRLANDA CONTEMPORÂNEA

Em comemoração ao St. Patrick’s Day, a seleção reúne quatro filmes realizados na última década e que mostram a Irlanda dos dias atuais, a partir de temas como cultura pop, inclusão e criminalidade.


INGRESSOS A R$ 7,00 (PREÇO ÚNICO)


TERÇA, DIA 15 DE MARÇO ÀS 19h

O GUARDA

(Irlanda, 2011, 95min). Direção de John McDonagh, com Brendan Gleeson e Don Cheadle.

Sinopse: O sargento Boyle, que atua em uma pequena cidade do interior da Irlanda, precisa se entender com um agente do FBI que chega ao local para investigar um caso de tráfico de drogas.


QUARTA, DIA 16 DE MARÇO ÀS 19h

MICHAEL INSIDE

(Irlanda, 2017, 95min). Direção de Frank Berry, com Dafhyd Flynn.

Sinopse: Michael, um jovem de 18 anos, vai preso no lugar do irmão e conhece a violência e a intimidação do cárcere.


QUINTA, DIA 17 DE MARÇO ÀS 19h

FRANK

(Irlanda/Inglaterra, 2015, 95min). Direção de Lenny Abrahamson, com Domhnall Gleeson e Michael Fassbender.

Sinopse: John é tecladista e acredita que realizou um sonho ao entrar para o grupo de rock Soronprfbs. Mas ele não sabe como tratar com Frank, o líder da banda, que passa o tempo inteiro com uma máscara de papel-machê na cabeça.


SEXTA, DIA 18 DE MARÇO ÀS 19h

O AMOR NÃO TEM LIMITES

(Irlanda, 2016, 90min). Direção de Len Collin, com Stephen Marcus, Amy-Joyce Hastings.

Sinopse: Larry tem síndrome de down e Sophie sobre de epilepsia. Eles são jovens, estão apaixonados e, apesar das suas deficiências, desejam ficar juntos em um mundo que faz de tudo para mantê-los separadas.


SALA 2 / EDUARDO HIRTZ


14h30 - ADEUS, IDIOTAS Assista o trailer aqui.

(Adieu les Cons - França, 2021, 90min). Direção de Albert Dupontel, com Virginie Efira, Albert Dupontel, Nicolas Marié. Mares Filmes, 14 anos. Comédia dramática.

Sinopse: Depois de descobrir que está com uma doença grave, Suze resolve ir em busca do filho que abandonou quando ainda era adolescente. Nesta empreitada, ela conta com a ajuda de um homem depressivo e um cego cheio de entusiasmo pela vida. Exibido no Festival Varilux, o filme foi o grande vencedor do César, o Oscar do cinema francês, ganhando os prêmios de melhor filme, roteiro original, fotografia, direção de arte, direção e ator coadjuvante.


16h15 – DELICIOSO: DA COZINHA PARA O MUNDO Assista o trailer aqui.

(Délicieux - França, 2021, 115min). Direção de Eric Besnard, com Grégory Gadebois, Isabelle Carré, Benjamin Lavernhe. PlayArte Filmes, 14 anos. Comédia histórica.

Sinopse: Um dos longas preferidos do público no Festival Varilux de Cinema Francês, o filme trata dos primórdios da conceituada culinária francesa e da criação do primeiro restaurante do país. Tudo se passa ainda antes da Revolução Francesa, quando o cozinheiro Pierre Manceron comete algumas “ousadias” culinárias e é demitido da casa do seu empregador, o duque de Chamfort. Mas logo ele conhece Louise, uma mulher que quer aprender a cozinhar e o incentiva a buscar novos sabores e novas receitas – nesta pequena revolução pessoal, Manceron vai conquistar novos admiradores e alguns inimigos.


18h30 - A FELICIDADE DAS PEQUENAS COISAS Assista o trailer aqui.

NÃO HAVERÁ SESSÃO NA TERÇA, DIA 15.

(Lunana: A Yak in the Classroom - Butão/China, 2019, 110min). Direção de Pawo Choyning Dorji, com Sherab Dorji, Kelden Lhamo Gurung. Pandora Filmes, 12 anos. Comédia dramática.

Sinopse: Cansado da vida em seu pequeno país, um jovem professor butanês resolve tentar a sorte como cantor na Austrália. Mas ele precisa cumprir um último ano de trabalho e é enviado a uma escola distante, em uma aldeia glacial chamada Lunana. Sem conforto algum, o professor começa a ensinar as crianças da aldeia e, aos poucos, descobre os encantos do lugar. O longa é um dos 15 títulos pré-indicados ao Oscar de filme internacional.


TERÇA, DIA 15 DE MARÇO ÀS 19h

GUATÁ

(Brasil/Para Guaxu e Argentina/Para Mirim (Brasil, 55min, 2021). Documentário de Jorge Morinico e Epifanio Chamorro. Flow Filmes.

Sinopse: Após se conhecerem por videoconferência durante a pandemia da covid-19, os diretores do filme, que são Mbya-Guarani, tentam se encontrar para investigar juntos a importância que o guata (caminhar) tem para os guarani enquanto prática existencial, cosmopolítica e filosofia de vida. O filme é resultado do Edital Entre Fronteiras, uma parceria entre as Secretarias de Cultura do RS e de Misiones, na Argentina.

*Debate com os diretores após a sessão.*


PREÇOS DOS INGRESSOS:

TERÇAS, QUARTAS e QUINTAS-FEIRAS: R$ 12,00 (R$ 6,00 – ESTUDANTES E MAIORES DE 60 ANOS). SEXTAS, SÁBADOS, DOMINGOS, FERIADOS: R$ 14,00 (R$ 7,00 - ESTUDANTES E MAIORES DE 60 ANOS). CLIENTES DO BANRISUL: 50% DE DESCONTO EM TODAS AS SESSÕES. 

Professores têm direito a meia-entrada mediante apresentação de identificação profissional. Estudantes devem apresentar carteira de identidade estudantil. Outros casos: conforme Lei Federal nº 12.933/2013. Brigadianos e Policiais Civis Estaduais tem direito a entrada franca mediante apresentação de carteirinha de identificação profissional.

*Quantidades estão limitadas à disponibilidade de vagas na sala.

A meia-entrada não é válida em festivais, mostras e projetos que tenham ingresso promocional. Os descontos não são cumulativos. Tenha vantagens nos preços dos ingressos ao se tornar sócio da Cinemateca Paulo Amorim. Entre em contato por este e-mail ou pelos telefones: (51) 3136-5233, (51) 3226-5787.


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quarta-feira, 9 de março de 2022

Cine Dica: Streaming: 'Belle'

Sinopse: Uma adolescente se torna uma cantora mundialmente famosa após entrar em um fantástico mundo virtual. Lá ela encontra uma criatura misteriosa e embarca em uma jornada para descobrir sua identidade. 

O clássico conto francês "A Bela e a Fera" de Gabrielle-Suzanne Barbot é uma daquelas histórias que ultrapassam as fronteiras da literatura e adquirindo diversas adaptações ao longo da história. Talvez, a mais conhecida seja "A Bela e a Fera" (1991) dos estúdios Disney e que acabou entrando para a história ao se tornar o primeiro longa de animação a concorrer ao principal prêmio da noite. Eis que então chegamos na animação japonesa "Belle" (2021), que apenas se inspira na essência do clássico, mas sendo o suficiente para nos conquistarmos como um todo.

Dirigido por  Mamoru Hosoda, do filme "Pokemon - O Filme" (2000), o filme conta a história de Suzu é uma estudante tímida do ensino médio que vive em uma vila rural. Por anos, ela foi apenas uma sombra de si mesma. Mas quando ela entra em "U", um enorme mundo virtual, ela foge para sua persona online como Belle, uma cantora linda e globalmente amada. Um dia, seu show são interrompidos por uma criatura monstruosa perseguida por vigilantes. À medida que sua caçada aumenta, Suzu embarca em uma jornada épica e emocional para descobrir a identidade dessa misteriosa "fera" e descobrir seu verdadeiro eu em um mundo onde você pode ser qualquer um.

Não é de hoje que o cinema leva para as telas filmes que abordam sobre a realidade virtual, principalmente com relação ao fato de estarmos bem próximo ao que é retratado na ficção. Analisando a sua proposta, o filme não é muito diferente do que foi visto recentemente em "O Jogador nº 1" de Steven Spielberg, mas a diferença que aqui os personagens são ainda mais humanos, mesmo sendo criados em animação tradicional. Falando nela, a obra é um colírio para os olhos, cujo os desenhos feitos a mão transitam com uma tecnologia de ponta e o que torna as cenas ainda mais deslumbrantes e cheia de detalhes.

O filme em si é um verdadeiro musical em vários momentos, cujas músicas nos emociona e possuindo um alto grau de significados com relação ao que sente a protagonista em cada momento. Suzu é uma jovem com um passado traumático, o que faz dela não ser muito sociável e cuja a ideia de entrar na realidade virtual "U" acaba se tornando fácil. Lá, ela se torna alguém que sempre desejou ser, ao cantar músicas que a tornam popular, mas jamais revelando o seu verdadeiro rosto do mundo real.

Curiosamente, a Fera se torna uma figura a ser perseguida neste mundo virtual por ser diferente das outras e não escondendo dores que carrega do mundo real e as trazendo para o mundo virtual. Aproximação de ambos os personagens acaba sendo extremamente tocante e se tornando um dos pontos altos do filme. Não deixa de ser maravilhoso, por exemplo, quando os realizadores deixam mais do que explicito a sua homenagem ao clássico da Disney e que com certeza fará alguns dessa nova geração em querer buscar a obra para poder assisti-la.

O ato final reserva momentos primorosos, onde os sentimentos da protagonista e dos demais personagens extravasa e vai muito além da realidade virtual. O filme deixa mais do que claro que as realidades virtuais podem ser um grande entretenimento, mas jamais irão substituir o verdadeiro toque humano quando realmente precisamos dele em situações de extrema pressão e das quais nós precisamos sempre de um abraço cheio de amor. Aplaudido no último festival de Cannes por catorze minutos, "Belle" é uma experiência sensorial fascinante, obrigatória e muito bem-vinda.

Onde Assistir: Em locação pelo Youtube.

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Cine Dica: PROGRAMAÇÃO CINEMATECA CAPITÓLIO 10 a 16 de março de 2022

Não Olhe Para Cima. 

CLÁSSICO DE CHARLES CHAPLIN NA SESSÃO VAGALUME

A próxima edição da Sessão Vagalume vai oferecer ao público uma verdadeira viagem à era de ouro do cinema mudo. Primeiro longa-metragem dirigido por Charles Chaplin, O Garoto será exibido nos dias 12 e 13 de março, às 15h, na Cinemateca Capitólio. Lançado em 1921, o filme alçou o artista britânico ao patamar de gênio da sétima arte. Marcado pelo humor, irreverência e sensibilidade, o título, até hoje, emociona crianças e adultos. O valor do ingresso é R$ 4,00.

Mais informações: http://www.capitolio.org.br/eventos/4922/sessao-vagalume-o-garoto/


TEATRO E CINEMA EM DEBATE NO CINECLUBE ACADEMIA DAS MUSAS

No domingo, 13 de março, às 19h, a Cinemateca Capitólio apresenta uma sessão especial do Cineclube Academia das Musas com Bookpink - O Livro dos Pássaros, de Liliane Pereira, e Sobre Portas e Janelas, de Victória Sanguiné, duas obras produzidas no RS que trazem a linguagem do teatro em diálogo com o cinema e o audiovisual. As diretoras participam de um debate após a exibição, uma parceria da Cinemateca Capitólio, Goethe-Institut Porto Alegre e Cineclube Academia das Musas. Entrada franca.


Mais informações: http://www.capitolio.org.br/novidades/4919/bookpink-o-livro-dos-passaros-e-sobre-portas-e-janelas-no-cineclube-academia-das-musas/


SESSÕES ESPECIAIS DE NÃO OLHE PARA CIMA E A MÃO DE DEUS

Os longas-metragens Não Olhe Para Cima, de Adam McKay, e A Mão de Deus, de Paolo Sorrentino, ganham sessões na Cinemateca Capitólio a partir desta semana. O valor do ingresso é R$ 16,00.

Mais informações: http://www.capitolio.org.br/eventos/4917/nao-olhe-para-cima/ e http://www.capitolio.org.br/eventos/4915/a-mao-de-deus/


MOSTRA 4X BRESSON E A NUVEM ROSA EM EXIBIÇÃO

Os filmes da mostra 4x Bresson e o longa A Nuvem Rosa, de Iuli Gerbase, ganham mais uma semana de exibição até o dia 16 de março.

Mais informações: http://www.capitolio.org.br/novidades/4891/4x-bresson/ e http://www.capitolio.org.br/eventos/4893/a-nuvem-rosa/


GRADE DE HORÁRIOS

10 a 16 de março de 2022


10 de março (quinta-feira)

15h – O Batedor de Carteiras

17h – A Nuvem Rosa

19h – Não Olhe Para Cima


11 de março (sexta-feira)

15h – A Grande Testemunha

17h – A Nuvem Rosa

19h – A Mão de Deus


12 de março (sábado)

15h – Sessão Vagalume: O Garoto

17h – A Nuvem Rosa

19h – Não Olhe Para Cima


13 de março (domingo)

15h – Sessão Vagalume: O Garoto

16h30 – A Mão de Deus

19h – Cineclube Academia das Musas: Bookpink – O Livro dos Pássaros + Sobre Portas e Janelas


15 de março (terça-feira)

15h – Lancelot do Lago

17h – A Nuvem Rosa

19h – Não Olhe Para Cima


16 de março (quarta-feira)

15h – O Dinheiro

17h – A Nuvem Rosa

19h – A Mão de Deus

terça-feira, 8 de março de 2022

Cine Dica: Breve Em Cartaz: ' Adeus, Idiotas'

Sinopse: Mulher de 43 anos de idade (Virginie Efira) descobre uma doença letal, e decide procurar pela filha que abandonou quando era adolescente.

Filme bastante audacioso, que se encaixa perfeitamente no espírito rebelde deste diretor  Albert Dupontel, que pratica centrismo cinematográfico de alto nível sob o disfarce de "entretenimento" altamente contido que inclui risos, perseguições frenéticas de carro, tentativas de fuga, colisões e desenvolvimentos de tramas milagrosas. Ele faz uso maravilhoso do humor negro para denunciar as falhas deste mundo moderno, que está escorregando nas profundezas do absurdo tecnológico vistos no clássico "Brazil - O Filme" (1985) (dando um grito direto para Terry Gilliam e vários acenos de sua obra que são, aliás, reminiscentes do estilo trágico-burlesco de Dupontel). Mas isso não nos impede de sentir um grande carinho por seus personagens, seres comuns, diversos e frágeis, que aos poucos se transformam em tipos de Dom Quixote, solidários na adversidade e na busca do amor. É um coquetel de aventuras agitadas, quase como um desenho animado e repleto de voltas e reviravoltas, onde nossos dois protagonistas Suze e Jean-Baptiste (interpretado por Virginie Efira e o próprio Albert Dupontel) se cruzam e recebem a ajuda de um homem que perdeu sua visão em consequência de um erro da polícia (Nicolas Marié) e de um obstetra abatido pelo mal de Alzheimer (Jackie Berroyer).

"Adeus, Idiotas" avança na velocidade do turbilhão de júbilo em um ambiente urbano onde o reconhecimento facial, a vinculação de banco de dados de identidade e rastreamento digital são uma opção (para aqueles que têm o direito legal de fazer uso deles, ou para aqueles que sabem como sequestrá-los ), e onde a poluição, a burocracia, a linguagem profissional e as deficiências de comunicação reinam supremas.

Espalhando seu caminho com mensagens codificadas ("recurso morto ou recurso vivo?") Sobre a necessidade de dar às crianças e o futuro uma chance e de reconhecer aberrações mortais (como a doença autoimune de Suze), o desejo que sentimos de encontrar nosso lugar dentro uma sociedade desequilibrada e a importância vital de recarregar as baterias, olhando para trás, para a nossa juventude enérgica (deixe um flashback de uma dança da liberdade emocionante ao som de Malavida de Mano Negra), este filme que é altamente realizado e formalmente impecável, cortesia de seu ritmo e os belos efeitos de claro-escuro criados pelo diretor de fotografia Alexis Kavyrchine, tem um efeito deslumbrante sobre o espectador, como se uma lufada de ar fresco revigorante e estimulante, soprando para longe as teias de aranha tóxicas.



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