Sinopse: Uma adolescente se torna uma cantora mundialmente famosa após entrar em um fantástico mundo virtual. Lá ela encontra uma criatura misteriosa e embarca em uma jornada para descobrir sua identidade.
O clássico conto francês "A Bela e a Fera" de Gabrielle-Suzanne Barbot é uma daquelas histórias que ultrapassam as fronteiras da literatura e adquirindo diversas adaptações ao longo da história. Talvez, a mais conhecida seja "A Bela e a Fera" (1991) dos estúdios Disney e que acabou entrando para a história ao se tornar o primeiro longa de animação a concorrer ao principal prêmio da noite. Eis que então chegamos na animação japonesa "Belle" (2021), que apenas se inspira na essência do clássico, mas sendo o suficiente para nos conquistarmos como um todo.
Dirigido por Mamoru Hosoda, do filme "Pokemon - O Filme" (2000), o filme conta a história de Suzu é uma estudante tímida do ensino médio que vive em uma vila rural. Por anos, ela foi apenas uma sombra de si mesma. Mas quando ela entra em "U", um enorme mundo virtual, ela foge para sua persona online como Belle, uma cantora linda e globalmente amada. Um dia, seu show são interrompidos por uma criatura monstruosa perseguida por vigilantes. À medida que sua caçada aumenta, Suzu embarca em uma jornada épica e emocional para descobrir a identidade dessa misteriosa "fera" e descobrir seu verdadeiro eu em um mundo onde você pode ser qualquer um.
Não é de hoje que o cinema leva para as telas filmes que abordam sobre a realidade virtual, principalmente com relação ao fato de estarmos bem próximo ao que é retratado na ficção. Analisando a sua proposta, o filme não é muito diferente do que foi visto recentemente em "O Jogador nº 1" de Steven Spielberg, mas a diferença que aqui os personagens são ainda mais humanos, mesmo sendo criados em animação tradicional. Falando nela, a obra é um colírio para os olhos, cujo os desenhos feitos a mão transitam com uma tecnologia de ponta e o que torna as cenas ainda mais deslumbrantes e cheia de detalhes.
O filme em si é um verdadeiro musical em vários momentos, cujas músicas nos emociona e possuindo um alto grau de significados com relação ao que sente a protagonista em cada momento. Suzu é uma jovem com um passado traumático, o que faz dela não ser muito sociável e cuja a ideia de entrar na realidade virtual "U" acaba se tornando fácil. Lá, ela se torna alguém que sempre desejou ser, ao cantar músicas que a tornam popular, mas jamais revelando o seu verdadeiro rosto do mundo real.
Curiosamente, a Fera se torna uma figura a ser perseguida neste mundo virtual por ser diferente das outras e não escondendo dores que carrega do mundo real e as trazendo para o mundo virtual. Aproximação de ambos os personagens acaba sendo extremamente tocante e se tornando um dos pontos altos do filme. Não deixa de ser maravilhoso, por exemplo, quando os realizadores deixam mais do que explicito a sua homenagem ao clássico da Disney e que com certeza fará alguns dessa nova geração em querer buscar a obra para poder assisti-la.
O ato final reserva momentos primorosos, onde os sentimentos da protagonista e dos demais personagens extravasa e vai muito além da realidade virtual. O filme deixa mais do que claro que as realidades virtuais podem ser um grande entretenimento, mas jamais irão substituir o verdadeiro toque humano quando realmente precisamos dele em situações de extrema pressão e das quais nós precisamos sempre de um abraço cheio de amor. Aplaudido no último festival de Cannes por catorze minutos, "Belle" é uma experiência sensorial fascinante, obrigatória e muito bem-vinda.