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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 27 de julho de 2020

LUTO: Olivia de Havilland (1916 - 2020)


Dame Olivia Mary de Havilland nasceu em Tóquio em 1 de Julho de 1916, filha da também atriz Lillian Fontaine e irmã de Joan de Havilland, conhecida pelo nome artístico de Joan Fontaine, que a exemplo de Olivia, tornou-se uma das mais admiradas estrelas do cinema, ambas permanecendo até a presente data como as únicas irmãs a terem sido premiadas com o Oscar de melhor atriz.
De Havilland ficou conhecida pela parceria com o astro Errol Flynn, co-estrelando com ele oito filmes, sendo o mais notório 'As aventuras de Robin Hood' (The Adventures of Robin Hood, 1938), tido como um dos maiores clássicos dentre os filmes de aventura. Mas foi sua performance indicada ao Oscar como Melanie Hamilton Wilkes no épico ...'E o vento levou' (Gone with the Wind,1939) que a colocou nos anais da história do cinema, fazendo com que a atriz ficasse marcada como o símbolo da doçura nos filmes americanos ao atribuir-lhe uma imagem da qual ela própria tentou se desvincular na esperança de obter papéis mais desafiadores e assim provar que a sua capacidade artística lhe permitia ir além - fato este confirmado na década de 1940 em seus desempenhos subsequentes, que, por sua vez, acabaram rendendo-lhe dois Oscars de melhor atriz, pelos filmes 'Só resta uma lágrima' ("To Each His Own", 1946) e 'Tarde demais' ("The Heiress", 1949), além de ter sido indicada ao prêmio também por A porta de ouro ("Hold Back the Dawn", 1941) e A cova da serpente ("The Snake Pit", 1948, tido pela atriz como o filme favorito de sua carreira).
Dentre as honrarias a ela concedidas também incluem-se a estrela na Calçada da Fama de Hollywood, que recebeu em 1960 graças a sua contribuição à indústria cinematográfica, a Medalha Nacional das Artes, concedida pelo presidente americano George W. Bush em 2008, a Ordem Nacional da Legião de Honra, com a qual foi condecorada pelo presidente francês Nicolas Sarkozy em 2010, e a Excelentíssima Ordem do Império Britânico, sendo condecorada com o título de Dama do Império Britânico em 2017 por serviços prestados às artes, tornando-se, então, aos quase 101 anos, a mais velha mulher a receber esta condecoração.
Olivia também tornou-se defensora dos direitos de atores e atrizes, tendo sido criada, por sua iniciativa, uma lei que leva o seu nome, validada com o objetivo de assegurar aos mesmos importantes direitos que estes devem ter como garantia. Em 1999 ela foi nomeada uma das 500 grandes lendas do cinema pelo American Film Institute.
Morreu enquanto dormia  aos 104 anos, em Paris.


Fontes: Wikipédia, Cinema Clássico.

Também se foi John Saxon (1936 - 2020)


Filho de imigrantes italianos nos Estados Unidos, Saxon nasceu em 5 de agosto de 1936 em Nova York. Teve uma carreira que durou 60 anos e atuou em filmes de grande sucesso como 'A Hora do Pesadelo' (1984) e Operação Dragão (1973), clássico de Bruce Lee, que trouxe filmes de artes marciais para o mainstream. Antes, Saxon era conhecido por ser ídolo teen, estrelando filmes ao lado de Esther Williams, Mamie Van Doren e Sandra Dee.
Em 1967, ele foi indicado ao Globo de Ouro por sua interpretação em ‘Sangue em Sonora’, ao lado de Marlon Brando. Mais recentemente, atuava na série ‘Dinastia’.

Fontes (com modificações): Claúdia e Isto é.

sexta-feira, 24 de julho de 2020

Cine Especial: 'Farenheit 451' - O Conhecimento em Chamas


“— O que faz nas horas de folga, Montag? 
— Muita coisa... corto a grama... 
— E se fosse proibido? 
— Ficaria olhando crescer, senhor. 
— Você tem futuro". 
Diálogo entre Montag e seu superior no esquadrão 

O maior temor dos governos autoritários é o conhecimento, principalmente vindos de pessoas que se posicionam contra as suas regras e que passam os seus pensamentos para as demais pessoas que possam rever os seus posicionamentos políticos. Não é à toa que, por exemplo, Adolf Hitler mandou incinerar diversos livros durante o seu governo ditatorial nos tempos da Alemanha Nazista e gerando assim um temor ao redor do mundo contra aqueles que defendiam o conhecimento a todo custo. Não me surpreenderia, portanto, que o escritor Ray Bradbury tivesse esse grande temor, mas que acabou servindo de inspiração na realização do seu conto "Fahrenheit 451" lançado em 1953.
Muito próximo da ideia já vista no clássico literário "1984" de George Orwell, o romance de Ray Bradbury apresenta um futuro onde todos os livros são proibidos, opiniões próprias são consideradas antissociais e hedonistas, e o pensamento crítico é suprimido. O personagem central, Guy Montag, trabalha como "bombeiro" (o que na história significa "queimador de livro"). O número 451 é a temperatura (em graus Fahrenheit) da queima do papel, equivalente a 233 graus Celsius.
Durante anos o livro já passou por diversas releituras e até hoje se encontra mais atual do que nunca. Certa vez, Bradbury declarou que "Fahrenheit 451" não trata exatamente da censura, mas de como a televisão destrói o interesse pela leitura. Mal ele sabia que hoje a tv estaria obsoleta e perdendo o seu espaço para internet que, infelizmente, se encontra inundada por fake news e que ameaça a verdadeira informação dos fatos sobre o mundo em que nos rodeia. 

Logicamente o livro ganharia mais cedo ou mais tarde alguma adaptação para o cinema e coube essa tarefa para François Truffaut. Ao lado de alguns diretores de cinema, como no caso de Jean-Luc Godard, François Truffaut construiu uma carreira sólida na França ao fazer parte do movimento "Nouvelle vague", do qual não só mudaria a forma de se fazer cinema naquele país, como também serviria como forte influência para o mundo a fora. Em território inglês, François Truffaut realizou adaptação de "Fahrenheit 451" (1966) e que até hoje é apontada como a melhor versão do romance até aqui.
Abertura já começa com uma boa sacada de Truffaut, já que os créditos da direção e dos demais envolvidos não são apresentados de forma escrita na tela, mas sim em off e se casando com perfeição com a proposta principal da obra. Ao mesmo tempo, as imagens dão destaque as antenas externas de televisão e sintetizando com relação ao pensamento do escritor com relação ao papel dos aparelhos naqueles tempos. A partir dali somos apresentados ao protagonista Montag (Oskar Werner), que tem a ingrata tarefa como bombeiro que, ao lado de seus colegas, de queimar qualquer tipo de material impresso, pois foi convencionado que literatura um propagador da infelicidade.
A partir daí, François Truffaut apresenta aquele mundo autoritário, mas que não se encontra muito distante do nosso. Embalado com a trilha do compositor Bernard Herrmann (compositor favorito de Alfred Hitchcock), Truffaut faz questão de realizar a cenas dos livros sendo queimados como se fossem verdadeiras chacinas e dando destaque as capas de grandes clássicos da literatura enquanto são devorados pelas chamas. Curiosamente, a revista Cahiers du Cinéma, revista na qual o diretor escrevia, se encontra em um determinado momento de uma das cenas.
Embora o filme possua uma estética meio que ultrapassada da maneira de como retratavam determinados futuros alternativos naquela época, é notório que alguns pontos até hoje não envelheceram e nos surpreendendo ao revisita-los. Na casa de Montag, por exemplo, vemos como as pessoas daquele futuro se interagem com outras através da televisão, da qual é a única forma de entretenimento, mas sendo uma forma de ferramenta para aliená-los. Revisto hoje, essa cena possui um peso maior, principalmente em tempos em que muitas pessoas se dedicam cada vez mais em assistir somente vídeos pelo Youtube do que ler um bom livro.
Essa alienação, por sua vez, faz com que as pessoas daquele futuro se encontrem cada vez mais em uma espécie de transe, como se os sentimentos, lembranças e sensações começassem a desaparecer aos poucos. Isso é representado muito bem pela esposa de Montag, interpretado pela atriz Julie Christie e conhecida mundialmente pela sua atuação no filme "Doutor Jivago" (1965). Aqui, a sua personagem se encontra consumida pela alienação que ela absorve através da televisão, ao ponto que suas energias são consumidas em um determinado ponto da história.
Ao mesmo tempo, Montag conhece Clarisse sua vizinha e que é também interpretada pela atriz Julie Christie. Clarisse é o oposto da esposa de Montag, ao ponto que sentimos nela uma predileção pelos livros que são caçados naquele mundo, mas não deixando isso explícito em um primeiro momento. Segundo o diretor, o motivo de a atriz fazer as duas personagens e a de que o bombeiro Montag vive seus desafios acompanhados por duas figuras femininas, onde uma é a imagem invertida da outra.

Porém, ao meu ver, cada um tem a sua interpretação com relação qual das duas influenciou as escolhas dele com relação ao seu posicionamento a favor dos livros que foi logo revelado ao longo da trama. No meu entendimento, Montag passou a cada vez mais se sentir sufocado naquela realidade em que ler e escrever eram proibidos, passando então a ler livros escondidos e assim obter a sua saúde mental intacta. Talvez a sua escolha não precisaria necessariamente da influência das duas personagens, pois aquela realidade já era mais do que o suficiente para ele tomar uma iniciativa de forma independente.
Assim como no livro, o filme também possui passagens poderosas como aquela em que uma senhora decide sucumbir as chamas juntos com os seus livros. Aqui, o conhecimento impresso sendo extinto ao lado de um ser humano nos diz que um não vive sem o outro, sendo que o conhecimento não existe se não houver alguém para obtê-lo, assim como a vida não faz um menor sentido quando se perde o conhecimento.  Porém, a reta final da história nos mostra que ainda há esperança como um todo.
Com simplicidade e sem muita pirotecnia da época, Truffaut adapta com perfeição a mensagem final do livro, do qual nos diz que os governos autoritários podem até destruir ou alienar muitos, mas não significa que serão todos. Testemunhamos então o protagonista se inserindo em uma sociedade clandestina, onde os apaixonados pelos livros decoram os mesmos para serem guardados em suas mentes. Feito isso, os livros são queimados para que o governo autoritário não consiga achá-los, mas suas histórias permaneceram a salvas nas mentes daquelas pessoas.
Curiosamente, há uma rápida cena em que Montag presencia a sua própria execução na televisão através das autoridades. Tanto essa passagem lida no livro, como também vista no filme, sintetiza o fato de que esses governos autoritários alimentam o povo através da mentira e fazendo com que os mesmos não se sintam mais satisfeitos só com a verdade, pois ela acaba não se tornando mais suficiente. Em tempos em que o Brasil e outros países que são governados pela extrema direita, da qual se alimenta através das fake news, essa cena revista hoje em dia tem um peso muito maior.
François Truffaut declarou certa vez que ficou decepcionado com a versão original do filme, pois não gostou de alguns diálogos em inglês. Truffaut declarou ainda que preferia a versão dublada em francês do filme, cuja tradução foi inclusive supervisionada por ele. Polêmicas à parte, tanto o livro como a sua versão cinematográfica faz de "Farenheit 451" uma obra obrigatória para ser vista e revista por todas as gerações e das quais precisam despertar da alienação imposta pelos seus próprios governantes que se acham os donos da verdade.

NOTA: O filme será revisto e analisado pela minha colega Tânia Cardoso em uma live pelo Instagram. Mais informações segue abaixo.  



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quinta-feira, 23 de julho de 2020

Cine Dica: O suspense brasileiro “Disforia” está no Amazon Prime


Sinopse: Dário sofre pela dificuldade em se recuperar de um acontecimento assustador de seu passado. Ao se aproximar da menina Sofia, as emoções e a culpa tomam conta da vida de Dário, a partir das sensações estranhas e perturbadoras que a menina causa nas pessoas ao seu redor. Atormentado, ele precisa encarar o passado e o mistério envolvendo a família de Sofia.
Confira o trailer clicando aqui.  
FICHA TÉCNICA:
Direção: Lucas Cassales
Empresa Produtora: Sofá Verde Filmes
Empresa co-produtora: Epifania Filmes
Roteiro: Lucas Cassales, Thiago Wodarski
Produção executiva: Mariana Mêmis Muller
Direção de produção: Martina Zanetello
Direção de fotografia: Arno Schuh
Montagem: Daniel Almeida
Direção de arte: Maurício Bispo, Richard Tavares
Som direto: Tomaz Borges
Desenho de Som: Tiago Bello
Trilha sonora original: Tiago Abrahão
Elenco: Rafael Sieg, Isabella Lima, Vinícius Ferreira, Juliana Wolkmer, Janaina Kremer, Ida Celina Weber

SOBRE A DISTRIBUIDORA – LANÇA FILMES:
A Lança é uma empresa distribuidora de conteúdo audiovisual. Trabalha em parceria com produtoras e exibidores. Entre seus títulos destacam-se: A Cidade dos Piratas (2019), Aventura em Miniatura (2019), Meditation Park (2019), Tamara (2019), Yonlu (2018), Entre-Laços (2018) e Sobre Viagens e Amores (2017).

Assessoria de Imprensa
Anna Luiza Muller
Marcela Salgueiro – marcela@primeiroplanocom.com.br
21 2266-0524 / 2286-3699
Twitter: @Primeiro_Plano /  Instagram: @Primeiroplanocom

quarta-feira, 22 de julho de 2020

Cine Dica: Durante a Quarentena Assista: 'ADÚ'

Sinopse: Adú conta a história comovente da busca de uma criança de seis anos para chegar à Europa depois de escapar da sua cidade nos Camarões, em África 

Embora superproduções americanas de grande alcance como, por exemplo, “Pantera Negra” (2018) toquem no assunto sobre os muros em volta que dividem o muro, isso acaba ainda não sendo o suficiente para que o assunto continue sendo debatido e estendido por um bom tempo. O que falta, talvez, seja uma obra que trate do tema sobre os imigrantes atuais de uma forma mais crua, mas que consiga dialogar com a massa que, infelizmente, se encontra alienada sobre o que acontece no mundo real em sua volta. “Adú” pode até ser considerado um filme romanceado por alguns, mas não foge de uma proposta mais crua e que devemos sim experimentá-la.
Dirigido pelo espanhol Salvador Calvo, o filme começa em Adú, numa cidade autônoma de Melilla no norte da África pertencente à Espanha. Um Guarda Civil chamado Mateo tem a tarefa de proteger o arame farpado que divide a cidade do resto da África, evitando a entrada de imigrantes. Coincidentemente, em uma reserva de Mbouma no Senegal, um consultor externo chamado Gonzalo deve impedir a matança de elefantes por caçadores ilegais, mas falha ao tentar salvar o mais importante da reserva. Com isso, o jovem Alika e seu irmão mais novo Adu são forçados a fugir de sua pequena cidade em Mbouma e precisam lidar com a perseguição por testemunharem acidentalmente o assassinato.
Embora o roteiro nos pregue coincidências, por vezes, demais ao longo da história, isso é contornado graças a sua proposta principal, ao falar sobre um mundo cada vez mais dividido, desumano e sugado por um sistema nenhum pouco socialista. O cenário miserável, por exemplo, é carregado de simbolismos do ocidente, onde marcas como a Coca Cola, ou celebridades do esporte, estão espalhados por todo o lugar, mas que se tornam meros enfeites de distração para alegrar aquele povo que vive da fome e guerras infinitas que perduram até hoje. Se a massa do restante do mundo sabe sobre assunto somente pela superfície, ao menos, isso acaba por então tendo um choque ao constatar que tem muito ainda a ser aprendido.
O pequeno protagonista Adú se torna o coração do filme, ao representar as milhares de crianças que fogem de suas terras para obter a felicidade do novo mundo, mas que dão de encontro com as regras de um sistema já a muito tempo viciado. Sua cruzada, aliás, é dolorosa, mas que não deixa de ser uma aventura a ser contada e que dificilmente uma pessoa do ocidente um dia irá experimenta-la. Se por um lado vemos Adú aprendendo logo cedo as dificuldades do mundo atual, por outro lado, temos os personagens do ocidente, que se inserem nesta realidade para ajudar, mas mal sabem sobre o verdadeiro significado da palavra.
Temos então Gonzalo (Luís Tosar) que tenta proteger os elefantes a todo custo, mas que desconhece as reais necessidades daquele povo. Ao mesmo tempo recebe a visita da filha Sandra (Anna Castilho), garota rebelde, alienada, mas que tenta compreender a realidade do pai que o fez ele se afastar de sua vida. Sandra, aliás, seria uma representação da massa branca do ocidente de vida vazia, que acredita ter problemas pessoais, mas mal sabendo o que é realmente passar por necessidades e descobrindo, mesmo que superficialmente, uma nova realidade.
O filme não veio somente para querer denunciar sobre os desleixos das autoridades do mundo sobre o que acontece em países em que os seus povos são obrigados a abandoná-los, como também é um retrato de pessoas comuns em busca de sua própria redenção em meio a esse cenário. Porém, o filme é falho na questão do guarda Mateo (Álvaro Servantes), que busca uma forma de se redimir por um ato falho no passado, mas cuja a solução vista no ato final acaba soando artificial, como se a intenção ali fosse fazer dele o homem branco salvador.
Porém, esse artificialismo logo é abandonado para dar lugar a um cenário que perdura até hoje e que, infelizmente, não terá um final tão cedo. Ao vermos o destino em aberto de Adú na reta final da trama, constatamos que não é somente para dele, como também de milhares de crianças que são jogadas nesta realidade sem muitas perspectivas para um futuro melhor. Tudo que nos resta é torcer para que, um dia, ocidente possa mudar o seu sistema com relação em ajudar essas pessoas desamparadas, mesmo quando esse milagre ainda possa parecer um tanto distante de nossa realidade.
Mesmo romanceado em alguns pontos, “Adú” é retrato cru de uma realidade em que a sociedade alienada gosta de ignorar, mas que é preciso um dia testemunhar. 

Onde Assistir: NETFLIX 

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terça-feira, 21 de julho de 2020

Cine Dica: XVI Fantaspoa será totalmente online e gratuito


O XVI Fantaspoa será realizado de forma totalmente online, na plataforma Darkflix (www.darkflix.com.br), e gratuita, entre os dias 24 de julho à 2 de agosto de 2020. 89 curtas e 48 longas-metragens serão disponibilizados ao público no Brasil com legendas em português, quando não falados nesta língua. Com obras advindas de mais de 35 países, o festival reforça sua missão de disponibilizar ao público um panorama representativo da produção fílmica mundial recente na seara do cinema fantástico. 
Mais informações sobre o festival acompanhem no site oficial clicando aqui. 

segunda-feira, 20 de julho de 2020

Cine Dica: Durante a Quarentena Assista: 'Lost Girls - Os Crimes de Long Island'

Sinopse: O drama sobre uma mãe desesperada para encontrar a sua filha desaparecida e que encontra resistência na polícia, que não se dedica com afinco a investigar o que aconteceu com ela.

Não é fácil para determinados documentaristas passar a experimentar novos rumos na carreira, como no caso, por exemplo, transitar para os filmes de ficção. Liz Garbus é uma ótima cineasta no ramo dos documentários, pois basta assistir ao "What Happened, Miss Simone?", baseado na vida da lendária cantora e ativista Nina Simone, para constatarmos isso. Ao fazer o seu primeiro filme de ficção, "Lost Girls - Os Crimes de Long Island" ela nos apresenta um filme com alguns defeitos, mas com uma carga bastante pesada e reflexiva sobre a realidade impune em que nós vivemos.
Baseado no livro do escritor e repórter Robert Kolker, o filme conta a história de Mari Gilbert (Amy Ryan), que está desesperada para encontrar sua filha, que desapareceu em Long Island. Com isso, ela acaba ajudando a polícia a descobrir diversos casos de assassinatos não resolvidos.
Tanto o livro como o filme são baseados nos casos reais dos assassinatos de jovens garotas que foram brutalmente assassinadas e cujas as histórias de cada uma renderia um material farto até mesmo para uma série documental. Ao invés disso, Liz Garbus opta por um longa-metragem de pouco mais de uma hora e meia e fazendo com que várias subtramas sobre as outras vítimas ficassem de fora. Se por um lado ficamos um tanto que frustrados ao imaginarmos sobre como teria sido melhor executado essas histórias neste outro formato, por outro lado, esse problema é contornado quando filme não se torna uma mera trama policial.
Ao invés disso, o filme gira em torno do drama da figura de Mari, de suas filhas e dos atos e consequências que elas obtiveram ao longo da vida. Mari, por exemplo, é a típica norte americana que se vira sozinha, mãe solteira e moldada pelo machismo atual que lhe cuspiram na cara. Amy Ryan, indicada ao Oscar pelo filme "Medo da Verdade" (2007), dá um show de interpretação ao carregar o filme nas costas, ao sintetizar a dor física e mental de uma mulher consciente dos seus erros, mas não permitindo que lhe pisem como um todo.
A sua presença em cena compensa a falta de experiência de Liz Garbus na direção deste tipo de obra, mesmo quando essa última se esforça em nos passar algo que nos faz pensar ao fim da sessão. Em resumo, é um filme sobre o universo das mulheres que tentam viver de forma independente, mas que sofrem nas mãos, tanto de homens criminosos, como também de homens da justiça incompetentes e que as tratam como lixo. O ato final não nos traz nenhum conforto, principalmente com relação ao destino de alguns personagens, mas não tinha como ser diferente.
"Lost Girls - Os Crimes de Long Island" é sobre casos criminais sem solução contra as mulheres e cujas as suas vozes não podem serem caladas pelo lado sombrio dos homens. 

Onde Assistir: Netflix. 

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domingo, 19 de julho de 2020

Cine Especial: 'Cinema Paradiso' - Paixão Imortal

Sinopse: O menino Toto se encanta pelo cinema e inicia uma grande amizade com o projecionista de sua pequena cidade. Já adulto e agora um cineasta bem-sucedido, Toto volta a lembrar de sua infância ao descobrir que seu velho amigo faleceu.

O cinema não vai morrer, não agora e talvez isso nunca venha acontecer. Mas aqui fala alguém que ama a sétima arte, que ama apreciar um belo filme ao lado de pessoas, mesmo quando essas sejam desconhecidas, pois não tem coisa melhor do que apreciar algo ao lado de alguém que tem o mesmo pensamento. Portanto trate de ficar com um pé atrás com relação ao que eu falo, pois sou suspeito, um amante do cinema e que vezes essa paixão cega.
A morte do cinema sempre esteve à espreita, talvez desde quando essa arte foi criada. Os seus criadores, os irmãos Lumière, não deram crédito a sua própria criação, veio então o cinema sonoro, cinema a cores, a televisão, vídeo cassette, DVD, Blu-Ray e, enfim, a Netflix. Tudo isso não foi o suficiente para matar o cinema, pois há um público sempre fiel para manter o seu coração pulsando e não permitindo que isso aconteça. Infelizmente vivemos a sombra do Coronavírus, o que obrigou vários cinemas a fecharem suas portas e fazendo com que muitos cinéfilos fiquem em prontidão pela retomada.
Será como antes? Difícil responder essa pergunta, mas o cinema sempre estará ali a nossa espera, pois a nossa história nos mostra que as artes prevalecem perante aos ventos da mudança, ou até mesmo da ignorância que nos cerca. O próprio cinema já lançou obras primas que são verdadeiras declarações de amor com relação a essa arte de contar histórias. Em um desses casos, o clássico do cinema italiano "Cinema Paradiso" (1988) é sem sombra de dúvida o exemplo mais genuíno.
Dirigido por Giuseppe Tornatore, do filme "Malena" (2001) o filme se passa nos anos que  antecederam a chegada da televisão em uma pequena cidade da Sicília, o garoto Toto (Salvatore Cascio) ficou hipnotizado pelo cinema local e iniciou uma amizade com Alfredo (Philippe Noiret), projecionista que se irritava com certa facilidade, mas tinha um enorme coração. Todos estes acontecimentos chegam em forma de lembrança quando Toto (Jacques Perrin), agora um cineasta de sucesso, recebe a notícia de que Alfredo faleceu.
Giuseppe Tornatore tinha a intenção de que esse filme fosse uma espécie de "obituário" dos cinemas tradicionais e da indústria cinematográfica em geral. Porém, após o sucesso do filme, ele nunca mais mencionou isso. E com razão, pois o filme não é sobre a extinção sobre o cinema, mas sim como a sua magia prevalece através das memórias daqueles que sempre apreciaram a sétima arte. O pequeno Toto é uma espécie de representação de todo o cinéfilo que cresceu e levou essa paixão consigo, mesmo quando os ventos da mudança vem para destruir tudo.
O filme fala sobre a magia da infância, sobre épocas mais douradas, mas dando lugar ao amadurecimento, paixões não correspondidas e sobre os dilemas que o passado nos ensina. A relação de amor e amizade de  Toto com o projecionista Alfredo é o coração pulsante do filme e é através dele que a sala de cinema vista no filme ganha vida a cada projeção vista na tela. Não deixa de ser apaixonante ver diversos clássicos na tela servindo, tanto como ingredientes crucias dentro da trama, como também símbolos que nos provoca pura nostalgia.
Nostalgia, aliás, que se torna o motor que move em diversos momentos do filme, principalmente quando a trilha sonora composta pelo mestre  Ennio Morricone dispara em nossos ouvidos e fazendo a gente se emocionar como um todo. Assim como no clássico "Era Uma Vez no Oeste" (1968) a sua trilha sonora nos passa a sensação sobre o começo do fim das coisas, sobre a morte e o nascimento de uma nova ideia. No ato final do filme nós sentimos na pele a morte do cenário principal da trama, mas ficamos aliviados quando no epílogo constatamos que as nossas memórias pela sétima arte jamais serão destruídas.
Curiosamente, eu havia comprado esse filme em DVD anos atrás, mas havia colocado na minha prateleira particular e me esquecendo então de assistir. Foi então que o mestre  Ennio Morricone veio a falecer dias atrás e decidi assistir aos filmes que ele havia composto as suas trilhas sonoras. Devo agradecer a mim mesmo pelo meu desleixo, pois se eu tivesse assistido a esse filme antes, talvez, não teria o mesmo impacto.
Assistir "Cinema Paradiso"  agora, em um momento em que todos os cinemas se encontram fechados, faz ele ser mais atual do que nunca, mesmo quando o maior vilão contra essa arte seja bem diferente do que foi visto nos anos oitenta. Eu chorei junto com o protagonista, pois amor talvez seja a única forma de manter essa nossa paixão intacta e desfrutar futuramente ao lado de várias pessoas que sentem essa mesma sensação boa. "Cinema Paradiso" é uma declaração de amor a todos cinéfilos e que desejam sempre que as salas de cinema sobrevivam mesmo em tempos nebulosos que nos assombram.  

Onde Assistir: Em DVD e Google Play Filmes. 

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