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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Cine Dica: Em Cartaz: 'Era uma Vez em... Hollywood' - Vingança Tarantinesca

Sinopse: No final da década de 1960, Hollywood começa a se transformar e um astro e seu dublê tentam acompanhar os tempos das mudanças.    

O cinema autoral de Hollywood está morrendo, já que a fábrica dos sonhos de hoje se vendeu a franquias intermináveis e que geram o seu lucro seguro para os engravatados ambiciosos. Porém, Quentin Tarantino chegou em um momento de sua carreira onde tem pleno controle dos seus projetos, elaborando o seu universo tarantinesco ao seu modo e pouco se importando com os resultados. "Era uma Vez em... Hollywood" é mais do que a reconstituição de uma época, da qual é moldada por uma bela edição de arte e fotografia, como também é uma crítica ácida e lucida sobre um império cinematográfico que cria, mas que também destroe vidas. 
O filme conta a história de Rick Dalton (Leonardo DiCaprio), ator pouco experiente de faroestes do universo televisivo, seu melhor amigo, Cliff Booth (Brad Pitt), um dublê decadente e assistente pessoal do colega, e Sharon Tate (Margot Robbie), atriz pouco conhecida, que leva uma vida ao lado do marido, o cineasta Roman Polanski. Depois de uma breve abertura onde Rick participa de produções repletas de fórmulas manjadas, o filme adentra na vida pessoal dessas respectivas figuras cheias de sonhos, mas frustradas por dentro. Ao mesmo tempo, algo de ruim parece que há de acontecer a qualquer momento.  
Notasse que Quentin Tarantino se esbaldou na realização desse filme, pois ele retrata a transição de mudanças, em uma época em que Hollywood perdeu a sua inocência e se vendo obrigada a dar mais liberdade criativa para cineastas que dominariam os anos setenta. Porém, existe a explosão de sucesso da televisão, onde filmes e seriados televisivos eram rodados a profusão e dando sinais de que o público estava cada mais envolvido a essa fórmula de entretenimento. Qualquer semelhança com a nossa época atual, onde a Netflix domina diversos lares, não é mera coincidência. 
Tarantino, por sua vez, não poupa o gênero faroeste, que na época estava entrando em sua inevitável decadência, mas ganhando sobrevida pelo universo televisivo. É nesse cenário de mudanças que se encontram os personagens de Leonardo DiCaprio e de Brad Pitt, onde ambos não escondem suas frustações perante os obstáculos que a própria indústria proporciona, mas que buscam sobreviverem em meio a essa terra selvagem do faz de conta. Aliás, não deixa de serem hilários os momentos que o personagem de DiCaprio luta contra os seus próprios demônios em cenas em que a ficção e o real andam de mãos dadas de uma forma genuína.  
Falando nisso, o filme foi bastante divulgado pelo fato de retratar os últimos dias de Sharon Tate, antes dela ser brutalmente assassinada pelos seguidores de Charles Manson. Curiosamente, Tarantino não procura adentrar na vida pessoal da falecida atriz, mas sim somente observa-la em meio a uma realidade cheia de promessas. Embora com poucas falas, Margot Robbie está bem em cena, onde não deixa de ser comovente quando ela se encontra dentro de um cinema, sintetizando os sonhos de sua personagem e dos quais, infelizmente, jamais ela iria alcançar. 
Com relação ao terrível crime, Tarantino usa e abusa de momentos em que se constrói um verdadeiro cenário de suspense, cuja a sua câmera nos mostra muito mais do que os próprios personagens em cena podem enxergar.  Além disso, o cineasta não se importa de brincar com as nossas expectativas, com o direito de até mesmo de nos frustrar, mas não deixando de nos surpreender. E com relação ao brutal assassinato de Sharon Tate, eis que Tarantino nos prega uma peça corajosa, mas que com certeza serviu para respeitar a imagem de uma atriz que tinha tudo para se tornar uma grande estrela do cinema.  
É bem da verdade que Tarantino também não está nem aí para fazer um filme em que se reconstitui realmente os fatos verídicos, mas sim em criar o seu universo Tarantinesco e transitando ele em uma realidade que já é violenta por si só. Se em "Bastardos Inglórios" (2009) ele teve a capacidade de mudar os rumos da Segunda Guerra Mundial, aqui não seria muito diferente, mas com o intuito de corresponder aos nossos sentimentos mesmo que a gente negue isso. Assim é Tarantino e fazendo o cinema do seu jeito.  
Com participações especiais de Al Pacino e Kurt Russell, "Era uma Vez em... Hollywood" é um sopro de criatividade vindo de um cinema autoral que Quentin Tarantino nos proporciona e nada melhor do que agora em um momento em que a fábrica de sonhos se encontra viciada. 

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Cine Dica: Em Cartaz: 'Anna - O Perigo Tem Nome' - Os Vícios de Luc Besson

Sinopse: Por trás da beleza marcante de Anna Poliatova há um segredo que irá expor sua indestrutível força e habilidade para se tornar uma das assassinas mais temidas do mundo.  
  


"Nikita - Criada Para Matar" (1990) é uma das obras primas de Luc Besson, do qual gerou refilmagens, séries e ´vários filmes que capturavam a mesma ideia de uma protagonista espiã assassina. Até a pouco tempo tivemos "Atômica" (2017), baseado em uma HQ e que, talvez, tenha feito Luc Besson relembrar dos seus velhos tempos. Só assim para explicar o seu mais novo filme, "Anna - Perigo Tem Nome", do qual bebe da mesma fonte, muito embora não possua o mesmo grande impacto daquele período.   
O filme conta a história de Anna (Sasha Luss) do filme "Valeriam e a Cidade dos Mil Planetas"(2017), que vive em desgraça ao se envolver com pessoas erradas e que fazem se distanciar cada vez mais dos seus sonhos. Certa vez um agente russo (Luke Evans) e sua superiora (Helen Mirren) dão a chance para que ela realize o seu sonho, desde que ela trabalhe como espiã a serviço dos russos. Porém, o agente americano Lenny (Cillian Murphy) pode colocar tudo isso a perder.  
Assim como nos seus filmes anteriores, como no caso do ótimo "Lucy" (2014), Luc Besson comanda o filme de cabo a rabo, com o direito de sua edição ser dinâmica e bem ao estilo vídeo clipe como ele gosta. É curioso observar como ele tem uma predileção por uma edição de arte caprichada, ou por um figurino que é, por vezes, extravagante. Assim é e sempre será Luc Besson, com as suas luzes, cores e um ritmo agiu para tornar o seu filme sempre alucinante.  
Já a trama em si é um verdadeiro efeito cebola, com o direito de nunca sabermos ao certo quais são as verdadeiras intenções das principais peças desse xadrez. Por conta disso, Luc Besson cria um curioso vai e vem dentro da trama através de flashback, onde quase sempre nos mostra um outro angulo de uma situação da qual já havíamos testemunhado. Isso gera um curioso quebra cabeça, do qual prende a nossa atenção e fazendo a gente não desgrudar da cadeira.  
Porém, o principal problema do filme seja justamente a própria protagonista. Vinda do mundo da moda, Sasha Luss ainda não tem a força matriz para ser considerada uma boa atriz, sendo que a sua falta de expressão incomoda e não faz com que sinapizemos muito com ela. Pode-se dizer que o filme se sustenta mais pela ala de bons coadjuvantes, sendo que Cillian Murphy e, principalmente, Helen Mirren estão ótimos em cena.  
Outro fator negativo é justamente nas cenas de ação, principalmente nas cenas de luta e das quais criam somente uma sensação de déjà vu. Talvez é porque estejamos mal-acostumados ao fantástico balé sangrento visto no já citado "Atômica", ou porque Sasha Luss também não nos convence nesses momentos. Ao menos, o ato final nos reserva diversas surpresas, onde o jogo de xadrez dá o seu derradeiro cheque mate.  
Apesar de tudo, ''Anna - O Perigo Tem Nome" é um bom entretenimento, mas talvez seja melhor Luc Besson começar a largar dos seus vícios. 

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quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Cine Dica: Abaixo a Gravidade, Divino Amor, Fourteen e Rafiki (15 a 21 de agosto)

FILMES DE EDGARD NAVARRO E GABRIEL MASCARO ENTRAM EM CARTAZ NA CINEMATECA CAPITÓLIO PETROBRAS
Abaixo a Gravidade

A partir de quinta-feira, 15 de agosto, a Cinemateca Capitólio Petrobras exibe duas produções brasileiras em cartaz: Abaixo a Gravidade, novo filme do grande realizador baiano Edgard Navarro, e Divino Amor, de Gabriel Mascaro, um dos destaques do ano. Fourteen, de Dan Sallitt, e Rafiki, de Wanuri Kahiu, ganham mais uma semana de exibição. O valor do ingresso é R$ 16,00, com meia entrada para estudantes e idosos.

FILMES  

ABAIXO A GRAVIDADE
Brasil, 2017, 110 minutos, DCP
Direção: Edgard Navarro
Classificação Indicativa: 16 anos
Distribuição: Fênix Filmes
Ao descobrir que sofre de uma grave doença, Bené (Everaldo Pontes) entra num sério dilema, pensando se deve se tratar ou espera o desenvolvimento natural da patologia. Sua amizade com a jovem e descolada Letícia, leva o homem que vive há anos isolado em uma comunidade rural no interior da Bahia, de volta para a cidade grande e todo o seu caos.

DIVINO AMOR
Brasil, 2019, DCP, 101 minutos
Direção: Gabriel Mascaro
Classificação Indicativa: 18 anos
Distribuição: Vitrine Filmes
Joana (Dira Paes) trabalha como escrivã em um cartório e, profundamente religiosa e devota à ideia da fidelidade conjugal, sempre tenta demover os casais que volta e meia surgem pedindo o divórcio. Tal situação sempre a deixa à espera de algum reconhecimento, pelos esforços feitos. Entretanto, a situação muda quando ela própria enfrenta uma crise em seu casamento.

FOURTEEN
94 min., 2019, EUA, DCP
Direção: Dan Sallitt
Distribuição: Zeta Filmes
Mara (Tallie Medel) e Jo (Norma Kuhling) são as melhores amigas desde o ensino médio, quando tinham 14 anos. Jo é a mais extrovertida, é assistente social, vive uma série de relacionamentos breves, sempre intensos. Mara tem uma personalidade mais reservada, é professora assistente, tenta uma vaga no ensino fundamental, e escreve ficção em seu tempo livre. Sua vida romântica é dos pequenos casos, até conhecer Adam. Jo apresenta uma certa instabilidade emocional cada vez mais preocupante que afeta seu trabalho e sua vida pessoal. Ao longo de mais de uma década, Mara às vezes tenta ajudar, às vezes recua para se preservar, mas nunca deixa para trás sua poderosa conexão afetiva com Jo.

RAFIKI
Quênia/África do Sul/França, 2018, 82 minutos, DCP
Direção: Wanuri Kahiu
Distribuição: Olhar
Rafiki (que significa “amigos”) é uma história de amor entre duas jovens mulheres em um país que ainda criminaliza a homossexualidade. Kena e Ziki há muito tempo ouvem dizer que “boas meninas quenianas se tornam boas esposas quenianas” – mas elas anseiam por algo mais. Apesar da rivalidade política entre suas famílias, as meninas encorajam uma a outra a perseguir seus sonhos em uma sociedade conservadora. Quando o amor floresce entre elas, Kena e Ziki devem escolher entre felicidade e segurança.

GRADE DE HORÁRIOS
15 a 21 de agosto de 2019

15 de agosto (quinta-feira)
14h – Kinoclube: O Corcel Negro
16h – Abaixo a Gravidade
18h30 – Rafiki
20h – Divino Amor

16 de agosto (sexta-feira)
14h – Fourteen
16h – Abaixo a Gravidade
18h30 – Rafiki
20h – Divino Amor

17 de agosto (sábado)
14h – Fourteen
16h – Abaixo a Gravidade
18h30 – Rafiki
20h – Divino Amor

18 de agosto (domingo)
14h – Fourteen
16h – Abaixo a Gravidade
18h30 – Rafiki
20h – Divino Amor

20 de agosto (terça-feira)
14h – Fourteen
16h – Abaixo a Gravidade
18h30 – Rafiki
20h – Divino Amor

21 de agosto (quarta-feira)
14h – Fourteen
16h – Abaixo a Gravidade
18h30 – Rafiki
20h – Divino Amor

A Cinemateca Capitólio Petrobras conta, em 2019, com o projeto Cinemateca Capitólio Petrobras programação especial 2019 aprovado na Lei Rouanet/Governo Federal, que será realizado pela FUNDACINE – Fundação Cinema RS e possui patrocínio master da PETROBRAS. O projeto contém 26 diferentes atividades entre mostras, sessões noturnas e de cinema acessível, master classes e exposições.

terça-feira, 13 de agosto de 2019

Cine Dica: Em Cartaz: 'Vermelho Sol' - Hermanos em Transe

Sinopse: Um advogado vê sua vida perfeita desmoronar quando um detetive particular chega à sua pacata cidade para investigar um desaparecimento.
  
Nos últimos anos, tanto no cinema brasileiro como no argentino, tem sido lançado diversos filmes que retratam as Ditaduras da América Latina entre os anos sessenta e setenta. Tanto na ficção como em documentário, temos então uma base de como funcionava as engrenagens da opressão e que sua principal meta eram calar aqueles que eram contra os regimes fascistas. Contudo, "Vermelho Sol" é um caso raro de retratar os tempos da ditadura, mas sem ela explicitamente em cena.  
Dirigido por  Benjamín Naishtat, do filme "O Movimento" (2015), o filme conta a história de Claudio (Dario Grandinetti), um advogado de meia idade que vive uma vida calma e confortável com sua esposa em uma pequena cidade da Argentina da década de 1970.  Porém, um detetive particular (Alfredo Castro) aparece na sua cidade determinado em localizar um estranho com quem ele brigou meses atrás em um restaurante. O mundo do advogado começa a ruir e cabe a ele tomar uma providência.  
Se existe alguma dúvida que o filme irá nos conquistar isso logo se dissipa em seu prólogo imprevisível. Ao focar o desentendimento entre o protagonista e uma figura genuinamente trágica, temos aqui um retrato de uma sociedade alienada e sem saber ao certo o motivo que os levaram ao conflito. Porém, enquanto o advogado pouco se importa com os problemas crescentes que ocorrem no mundo a fora, o outro parece saber muito bem o que acontece fora da bolha, mas tendo a chance somente de expressar sua frustação através da violência. 
Benjamín Naishtat procura retratar aqueles tempos de opressão dentro do cenário Argentino não pelo caminho óbvio, mas sim através de imagens sugestivas, frases vindas dos personagens e cuja a mensagem principal se encontra nas entrelinhas fortemente. É bem da verdade que o advogado Claudio procura se alienar perante os fatos que acontecem no mundo. Porém, no momento que não consegue encontrar o equilíbrio perfeito dentro da sua própria família, é aí que as consequências vindas dos seus atos, além do que acontece no mundo real, venham então ao seu encalço.  
O lado sugestivo, aliás, é motor que move o filme como um todo. O lado opressor vindo do governo, por exemplo, faz com que as pessoas desfrutem de situações que acreditam que podem fazer o que bem entenderem. Em tempos atuais, em que a Extrema Direita fez aflorar o pior de nós, qualquer semelhança retratada na obra não é mera coincidência.  
Se há ainda alguma dúvida que a sugestão é a força catalizadora da obra, aguardem a cena do eclipse do sol. É nesse momento, por exemplo, que é retratado uma argentina em transe, preocupada demais com os seus afazeres do dia a dia, mas mal sabendo dos horrores que poderiam estar acontecendo próximo a ela. A cor vermelha do eclipse, aliás, é a cor do sangue de inocentes e que defendiam o sonho de um país livre.  
O ato final reserva momentos em que as consequências chegam a cavalo, muito embora pouco pode ser feito. Em um período em que os horrores aconteciam a torto e a direito, o que restava para alguns era, ou despertar, ou ignorar os tempos violentos que aconteciam nos porões do governo argentino. "Vermelho Sol" é sobre tempos em que uma parte da população se encontrava em transe enquanto os demais lutavam pela liberdade. 

Em cartaz: Cine Bancários - 15:00 e 19:15  e  Cinemateca Paulo Amorim - 17:15.

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Cine Dica: PREMIADO DOCUMENTÁRIO ‘ESPERO TUA (RE)VOLTA’ ESTREIA NO CINEBANCÁRIOS NO DIA 15 DE AGOSTO ÁS 19H

O CineBancários traz a Porto Alegre, a partir do dia 15 de agosto, na sessão das 19h, o documentário “Espero tua (re)volta”, de Eliza Capai,

vencedor do prêmio da Anistia Internacional e Prêmio da Paz no Festival de Berlim deste ano, onde fez sua estreia mundial na Mostra Generation 14Plus,. Em Porto Alegre, o filme entra em cartaz no Cine Bancários e terá entrada gratuita para estudantes de escolas públicas (mediante comprovação) em todas as sessões. Produzido pela TVa2, e coproduzido pela GloboNews e Globo Filmes, já recebeu diversos prêmios nacionais e internacionais e foi exibido em mais 10 festivais.
Sob o ponto de vista de três secundaristas - Marcela Jesus, Nayara Souza e Lucas Penteado – que participaram da ocupação de mais de 200 escolas em São Paulo em 2015, o longa reflete sobre a recente e intensa história brasileira a partir das lutas estudantis. Eles protestavam contra a reorganização escolar anunciada pelo governo paulista, por uma escola pública de qualidade. “A primeira vez que eu entrei numa ocupação tinha a intenção de ficar poucas horas, mas mal pisei lá dentro e minha cabeça deu um nó. Acabei dormindo na ocupação e saí de lá com a certeza que precisava fazer um filme sobre aquela geração”, conta a diretora. O documentário aborda também os eventos de 2013, o processo de impeachment de Dilma Rousseff em 2016, e a vitória de Jair Bolsonaro na eleição para Presidente da República em 2018.
Partindo de pontos de vistas diferentes, os personagens do filme têm em comum o ativismo por um ensino público de qualidade e uma cidade mais inclusiva. A necessidade de comunicar essa luta foi determinante para que topassem participar da história. “Este filme pode educar pessoas sobre os seus direitos principais: contestar algo que não te supre, manifestar sobre algo que não te representa, principalmente quando se trata de política e educação.” nos diz Koka, um dos personagens do filme.
Além dos prêmios recebidos em Berlim, “Espero tua (re)volta” também foi eleito melhor documentário nos festivais FICIP (Festival Internacional de Cine Político), na Argentina, na Mostra de Cinema Llatinoamericà de Catalunya, na Espanha, e no Sneakers Film Festival for Children and Youth, na Polônia. Recebeu também o Grand Prix no Internacional Festival of Red Cross and Health Films, na Bulgária, o Prêmio Olhar, na Mostra Festival Olhar de Cinema, em Curitiba, e os prêmios de melhor roteiro, melhor montagem, prêmio da crítica e melhor filme no Cine PE, em Recife. 
O filme foi realizado através da Lei de Audiovisual, em conjunto com investimentos do Fundo Setorial (BRDE/Ancine) e parceria com o Canal Curta!.

SINOPSE
Quando a crise se aprofundou no Brasil, os estudantes saíram às ruas e ocuparam escolas protestando por um ensino público de qualidade e uma cidade mais inclusiva. "Espero tua (re)volta” acompanha as lutas estudantis desde as marchas de junho de 2013 até a vitória do presidente Jair Bolsonaro em 2018. Inspirada pela linguagem do próprio movimento, o filme é conduzido pela locução de três estudantes, representantes de eixos centrais da luta, que disputam a narrativa, explicitando conflitos do movimento e evidenciando sua complexidade.


SESSÃO ESPECIAL COM DEBATE
Sessão especial de Espero Tua (Re)volta em Porto Alegre
Cine Bancários, 20 de agosto, terça-feira, às 19h
Seguida de debate com:
Januária Tinoco: Estudante secundarista, militante da União da Juventude Comunista e membro do Grêmio Estudantil do Padre Reus.
Rene Loreno: Ex-secundarista autonomista, estudante de Ciências Econômicas da UFRGS
* Entrada gratuita | Ingressos distribuídos 30min antes da sessão| R. Gen. Câmara, 424 - Centro Histórico, Porto Alegre – RS

FICHA TÉCNICA:
ESPERO TUA (RE)VOLTA (Your Turn)
2019, Longa-documentário, 93', Brasil
Direção e roteiro: Eliza Capai
Produção e Produção Executiva: Mariana Genescá
Narrado e escrito com a colaboração de: Lucas “Koka” Penteado, Marcela Jesus e Nayara Souza
Assistente de Produção Executiva: Jacqueline Melo
Montagem: Eliza Capai e Yuri Amaral
Fotografia: Bruno Miranda e Eliza Capai 
Documentaristas 2015: Caio Castor e Henrique Cartaxo/Jornalistas Livres
Trilha Sonora Original: Décio 7 
Edição de Som e Mixagem: Confraria de Sons & Charutos
Finalização: Clandestino
Arte e Letreiros: Bijari
Criação e lambe Cartaz: Zé Vicente
Foto cartaz: Carol Quintanilha
Tradução e legendas inglês: Paula Bara
Produção: TVa2
Coprodução: Globo Filmes / Globonews
Produtor Associado: Usina de Imagem
Fomento: BRDE / FSA / Ancine
Parceiro: Curta! 
Distribuição: Taturana
A frase "Espero tua (re)volta" foi criada em 2015 por Leto William, como parte da sua série de cartazes intitulada "escritório"

PRÊMIOS:
- Prêmio da Anistia Internacional e Prêmio da Paz - Festival de Berlim (Alemanha), fevereiro 2019
- Melhor Documentário - FICIP, Festival Internacional de Cine Político  (Competencia Oficial de Largometrajes Internacionales) - Argentina, maio 2019
- Melhor Documentário / Prêmio de Público - Mostra de Cinema Llatinoamericà de Catalunya (Sección Oficial de Documentales) - Espanha, junho 2019
- Melhor Filme - Cinema in Sneakers Film Festival for Children and Youth  (Youth Feature Film Competition) - Polônia, junho 2019
- Grand Prix Award - Internacional Festival of Red Cross and Health Films  (Competition program documentaries), Bulgária, junho 2019
- Prêmio Olhar / Melhor filme brasileiro - Festival Olhar de Cinema (Curitiba, Brasil), junho 2019
- Melhor Roteiro / Melhor montagem / Prêmio da Crítica / Melhor Filme – Cine PE (Recife, Brasil), agosto 2019

FESTIVAIS:
- Festival de Berlim (Mostra Generation 14plus) - Alemanha, fevereiro 2019
- BAFICI (Mostra Direitos Humanos) - Argentina, abril 2019
- FICIP - Festival Internacional de Cine Político (Competencia Oficial de Largometrajes Internacionales) - Argentina, maio 2019
- Muestra de Cine Latinoamericano Araguaney - Espanha, maio 2019
- Seattle International Film Festival (Ibero-American Competition) - EUA, junho 2019
- Barcelona Women International Film Festival - Espanha, junho 2019
- Mostra de Cinema Llatinoamericà de Catalunya (Sección Oficial de Documentales) - Espanha, junho 2019
- Cinema in Sneakers Film Festival for Children and Youth (Youth Feature Film Competition) - Polônia, junho 2019
- Sheffield Doc/Fest (indicado ao Tim Hetherington Award) - Reino Unido, junho 2019
- International Festival of Red Cross and Health Films (Competition program documentaries), Bulgária, junho 2019
- Olhar de Cinema (Mostra Outros Olhares) - Brasil, junho 2019
- Cine PE – Brasil, agosto 2019

ELIZA CAPAI - DIRETORA
Eliza Capai é jornalista formada pela Universidade de São Paulo (ECA/USP), e foi bolsista do OpenDocLab no MIT (Massachussets Institute of Technology). Atua como documentarista com temáticas relacionadas a gênero e sociedade.
Seu primeiro longa metragem, “Tão longe é aqui” (2013), estreou no Festival do Rio com prêmio de melhor filme (Mostra Novos Rumos). O documentário reflete sobre ser mulher a partir de uma viagem de sete meses pela África.
Seu segundo filme, “O jabuti e a anta” (2016), investiga as gigantes hidrelétricas amazônicas, durante a maior seca brasileira em décadas.
Eliza lança na Mostra Gerações da Berlinale seu novo filme. “Espero tua (re)volta” (2019) acompanha três ex-secundaristas tentando entender a partir das lutas estudantis o que aconteceu no Brasil nos últimos anos. O filme recebeu o Prêmio da Anistia Internacional e o Prêmio da Paz e segue circulando por festivais e recebendo prêmios, entre eles o Prêmio de Melhor Filme em sua estréia nacional no Olhares de Cinema.

PERSONAGENS:
Lucas Koka era presidente do grêmio da sua escola, Caetano de Campos, quando ela foi ocupada. Ele ficou popular no movimento pois criava músicas e poesias que viralizaram na internet. Foi diversas vezes campeão do Slam Resistência, com apresentações emocionantes na Praça Roosevelt, falando sempre de racismo e união do povo negro. Integrou o elenco da novela “Malhação- Viva a Diferença”, da Rede Globo, em 2017, e hoje apresenta o programa “NBA Freestyle”.
Marcela Jesus tem 19 anos e ocupou sua própria escola contra o projeto de reorganização escolar do governo do Estado de São Paulo em 2015 e 2016. É atriz na ColetivA Ocupação e se apresentou na Mostra Internacional de Teatro de São Paulo com a performance "Só me convidem para uma revolução onde eu possa dançar", em 2017. Desde o ano passado atua e dança na peça "Quando Quebra Queima".
Nayara Souza construiu sua militância estudantil na luta na União da Juventude Socialista (UJS). Liderou a luta contra o roubo da merenda escolar, na ocupação da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP), contra as privatizações da gestão de João Doria na capital paulista e contra os cortes do passe livre estudantil, na ocupação da Câmara Municipal de SP. Atualmente é presidenta da União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE SP), entidade filiada a UNE, na gestão 2017-2019.
TVA2 - PRODUTORA
A TVa2 é uma produtora independente de filmes focada na realização de documentários com temáticas sociais e políticas.
Em TV, já exibiu suas produções em diversos canais no Brasil e também no exterior, como BBC, RTP e Aljazeera.
Em cinema, o longa ‘O Estopim’ (2014), sobre a ocupação militarizada das favelas do Rio, entre outros importantes prêmios e festivais, venceu o Grand Prix do Festival Internacional de Televisão de São Paulo.
O longa anterior, ‘Cortina de Fumaça’ (2010), sobre política de drogas, participou de mais de 20 festivais e integra a lista internacional dos “11 documentários que podem mudar a sua visão do mundo”, publicada pela Revista Galileu e pelo blog Hypeness.
Atualmente, a TVa2 lança a sua mais recente produção, o longa “Espero tua (re)volta” (2019), de Eliza Capai, na Mostra Generation 14plus do Festival Internacional de Berlim.


TATURANA MOBILIZAÇÃO SOCIAL - DISTRIBUIDORA
A Taturana é uma distribuidora de filmes com foco em impacto social. Fundada em 2013, vem trabalhando com circuitos comerciais e não comerciais com o objetivo de democratizar o acesso ao cinema e potencializá-lo como ferramenta de impacto social. Além dos circuitos tradicionais, atua com uma rede de parceiros exibidores em todo o país constituída por universidades, escolas, centros culturais, cineclubes, equipamentos públicos, entre outros. Também concebe e realiza projetos de impacto a partir de obras audiovisuais.


GLOBONEWS E GLOBO FILMES - COPRODUTORAS
A associação entre a GloboNews e a Globo Filmes tem entre seus principais objetivos formar plateias para o documentário e, em consequência, ampliar o consumo desses filmes nas salas de cinema. A parceria tem contribuído para um importante estímulo ao documentário no Brasil, onde o gênero ainda tem pouca visibilidade quando comparado aos demais países. A iniciativa visa o fortalecimento e a promoção dentro do mercado audiovisual brasileiro, através da coprodução e da exibição desses longas.
O projeto completa cinco anos em 2019 e a parceria estimula a criação de longas-metragens que, após a exibição nas salas de cinema, vão ao ar na emissora. Ao longo desse período, os filmes foram vistos por mais de seis milhões de pessoas no canal por assinatura e o alcance médio das produções foi de 450 mil telespectadores por exibição.
Foram lançados filmes como Brasil: DNA África, Cidades Fantasmas, vencedor do Festival É Tudo Verdade 2017, Slam: Voz de Levante e Pitanga, premiados respectivamente nos Festivais do Rio e de Tiradentes em 2017, e A Corrida do Doping - até o momento, o filme mais visto na faixa da GloboNews.
Outros destaques foram o longa coletivo 5 x Chico – O Velho e Sua Gente, sobre comunidades banhadas pelo Rio São Francisco, selecionado para quatro festivais internacionais na França; Tim Lopes - Histórias de Arcanjo, sobre a trajetória do jornalista morto em 2002; Betinho - A Esperança Equilibrista, que narra a vida do sociólogo Herbert de Souza, Menino 23, que acompanha a investigação do historiador Sidney Aguilar a partir da descoberta de tijolos marcados com suásticas nazistas em uma fazenda no interior de São Paulo, ambos vencedores do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro em 2016 e 2017, respectivamente; Setenta, de Emília Silveira, sobre a militância política nos anos 1970, que recebeu dois prêmios no 8º Festival Aruanda (Paraíba), incluindo o de Melhor Filme pelo júri popular; e o premiado Meu nome é Jacque, de Angela Zoé, que enfoca a diversidade sexual a partir da experiência da transexual Jacqueline Rocha Cortês, eleito o Melhor Longa Nacional pelo júri do Rio Festival de Gênero & Sexualidade no Cinema 2016.
Entre 2018 e 2019, são mais de 65 filmes em produção, envolvendo mais de 60 produtoras de diferentes regiões do país, ajudando a fomentar o mercado.

C i n e B a n c á r i o s 
Rua General Câmara, 424, Centro 
Porto Alegre - RS - CEP 90010-230 
Fone: (51) 34331205

segunda-feira, 12 de agosto de 2019

Cine Especial: Clube de Cinema de Porto Alegre: 'O Mistério do Gato Chinês' - Beleza Vs Narrativa

Sinopse: Dinastia Tang, na China, um gato preto começa a atacar altos membros da Corte Imperial, deixando uma série de mortos. Um poeta e um monge se unem para investigar os estranhos fatos que andam acontecendo neste cenário. 

A China é atualmente um dos maiores mercados cinematográficos do mundo e tendo o direito de fazer qualquer tipo de filme que bem entender. O problema é quando esse tipo de filme é vendido ao público do ocidente e tendo sério risco de testar a paciência de pessoas acostumadas pelo lado convencional de uma trama."O Mistério do Gato Chinês" é uma superprodução onde se encontra o melhor da mitologia do país e da qual nem todos irão compreender.  
Dirigido pelo cineasta Chen Kaige, do filme "Sacrifício" (2013), o filme se passa durante a dinastia Tang, na China, onde um gato misterioso começa a atacar altos membros da Corte Imperial, deixando uma série de mortos. Dois homens muito diferentes, o poeta chinês Bai Letian (Huang Xuan) e o monge japonês Kûkai (Shôta Sometani) decidem unir forças para descobrir o que existe por trás do animal místico. Aos poucos, eles descobrem segredos na história da nobreza, envolvendo uma bela concubina amada pelo Imperador, mas atacada pelo povo. 
O primeiro ato do filme já nos deixa claro que estamos diante de algo em que os realizadores não terão freio em usar e abusar dos melhores recursos de ponta e dos quais irão moldar a narrativa do começo ao fim dela. O gato em si, por exemplo, é apresentado na maioria das vezes de uma forma digital e, por vezes, realista. Além disso, é notório o uso de velhos recursos de luz e sombra e dos quais se cria um clima de mistério dos filmes policiais de antigamente, mesmo quando essa trama se passe no oriente. É preciso destacar também que esses momentos são moldados por um plano-sequência curioso, onde câmera flui de uma maneira fácil pelos cenários e sintetizando a genialidade do cineasta Chen Kaige. 
Mas acho que o problema principal de "O Mistério do Gato Chinês" seja o excesso de informações para uma trama que não precisaria de tantas camadas narrativas. O uso em demasia de inúmeros personagens, por exemplo, faz com que o público tende a se concentrar em dobro e o que acaba prejudicando o raciocínio. É preciso, portanto, se concentrar nos dois principais protagonistas, principalmente por eles serem uma espécie de representação do público perante uma situação em que os mesmos tentam compreende-la. 
Se a narrativa e personagens em demasia tornam a história confusa, ao menos, visualmente o filme é um verdadeiro espetáculo. Além de efeitos visuais e da câmera fluida já citado acima, o filme possui uma das mais belas edições de arte e fotografia que eu presenciei neste ano e do qual sintetiza todo o esplendor da cultura Chinesa como um todo. O flashback, por exemplo, do qual se inicia no final do segundo ato, é um verdadeiro colírio para os nossos olhos e se tornando peça-chave para melhor compreendemos esse quebra cabeça de teorias conspiratórias.   
Embora com complexidades narrativas em excesso, "O Mistério do Gato Chinês" é um filme para ser apreciado graças ao seu visual esplendoroso. 

Nota: O filme foi exibido para os associados no última sábado (10/08/19) na sala Sala Eduardo Hirtz na Cinemateca Paulo Amorim da Casa de Cultura Mario Quintana. O filme segue em cartaz as 19h. Confira a programação completa clicando aqui.

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Cine Dica: Woodstock na Sala Redenção

Aconteceu em Woodstock, de Ang Lee. 

Em 15, 16 e 17 de agosto de 1969, 500 mil pessoas se reuniam em uma fazenda no interior do estado de Nova York para celebrar a paz, o amor e a liberdade em meio a um contexto histórico de ascenção do “american way of life”, da guerra e da violência. O movimento de contracultura se espalhava pelo país norte-americano e o Movimento Hippie protagonizava e impulsionava a luta pela não-violência. Esse era o contexto do Woodstock, festival que completa 50 anos na próxima semana e que é tema de um ciclo de filmes na Sala Redenção. Além de marcar a história do mundo, escancarando as contradições e injustiças por meio da música – principalmente do Rock -, o festival conseguiu provocar uma série de produções cinematográficas sobre o assunto. Um dos longas escolhidos para integrar a Mostra Woodstock é o memorável Woodstock – 3 Dias de Paz, Amor e Música, um documentário de 225min que traz imagens icônicas de figuras como Jimi Hendrix, Janis Joplin, Joan Baez, Crosby, Stills, Nash & Young e revela de perto momentos importantes dos 3 dias do evento, considerado um marco do movimento hippie, desde a montagem das estruturas até a limpeza.
A programação da próxima semana conta, ainda, com a exibição do filme Assassinato no Expresso Oriente, uma adaptação audiovisual da obra da escritora Agatha Christie.  A trama parte do misterioso assassinato de Ratchett, interpretado por Johnny Depp, passageiro de um luxuoso trem. Após o ocorrido, o detetive Hercule Poirot, que também estava a bordo, precisa correr contra o tempo para resolver o caso. A sessão acontece no dia 14 de agosto, quarta-feira, às 19h, e faz parte do projeto CineDHebate Direitos Humanos, uma parceria entre a Liga dos Direitos Humanos da Faculdade de Educação da UFRGS e a Sala Redenção. Após o término do longa-metragem, haverá um debate com integrantes do projeto e convidados.
Veja a programação completa no site oficial clicando aqui.