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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Cine Dica: Em Cartaz: 'Era uma Vez em... Hollywood' - Vingança Tarantinesca

Sinopse: No final da década de 1960, Hollywood começa a se transformar e um astro e seu dublê tentam acompanhar os tempos das mudanças.    

O cinema autoral de Hollywood está morrendo, já que a fábrica dos sonhos de hoje se vendeu a franquias intermináveis e que geram o seu lucro seguro para os engravatados ambiciosos. Porém, Quentin Tarantino chegou em um momento de sua carreira onde tem pleno controle dos seus projetos, elaborando o seu universo tarantinesco ao seu modo e pouco se importando com os resultados. "Era uma Vez em... Hollywood" é mais do que a reconstituição de uma época, da qual é moldada por uma bela edição de arte e fotografia, como também é uma crítica ácida e lucida sobre um império cinematográfico que cria, mas que também destroe vidas. 
O filme conta a história de Rick Dalton (Leonardo DiCaprio), ator pouco experiente de faroestes do universo televisivo, seu melhor amigo, Cliff Booth (Brad Pitt), um dublê decadente e assistente pessoal do colega, e Sharon Tate (Margot Robbie), atriz pouco conhecida, que leva uma vida ao lado do marido, o cineasta Roman Polanski. Depois de uma breve abertura onde Rick participa de produções repletas de fórmulas manjadas, o filme adentra na vida pessoal dessas respectivas figuras cheias de sonhos, mas frustradas por dentro. Ao mesmo tempo, algo de ruim parece que há de acontecer a qualquer momento.  
Notasse que Quentin Tarantino se esbaldou na realização desse filme, pois ele retrata a transição de mudanças, em uma época em que Hollywood perdeu a sua inocência e se vendo obrigada a dar mais liberdade criativa para cineastas que dominariam os anos setenta. Porém, existe a explosão de sucesso da televisão, onde filmes e seriados televisivos eram rodados a profusão e dando sinais de que o público estava cada mais envolvido a essa fórmula de entretenimento. Qualquer semelhança com a nossa época atual, onde a Netflix domina diversos lares, não é mera coincidência. 
Tarantino, por sua vez, não poupa o gênero faroeste, que na época estava entrando em sua inevitável decadência, mas ganhando sobrevida pelo universo televisivo. É nesse cenário de mudanças que se encontram os personagens de Leonardo DiCaprio e de Brad Pitt, onde ambos não escondem suas frustações perante os obstáculos que a própria indústria proporciona, mas que buscam sobreviverem em meio a essa terra selvagem do faz de conta. Aliás, não deixa de serem hilários os momentos que o personagem de DiCaprio luta contra os seus próprios demônios em cenas em que a ficção e o real andam de mãos dadas de uma forma genuína.  
Falando nisso, o filme foi bastante divulgado pelo fato de retratar os últimos dias de Sharon Tate, antes dela ser brutalmente assassinada pelos seguidores de Charles Manson. Curiosamente, Tarantino não procura adentrar na vida pessoal da falecida atriz, mas sim somente observa-la em meio a uma realidade cheia de promessas. Embora com poucas falas, Margot Robbie está bem em cena, onde não deixa de ser comovente quando ela se encontra dentro de um cinema, sintetizando os sonhos de sua personagem e dos quais, infelizmente, jamais ela iria alcançar. 
Com relação ao terrível crime, Tarantino usa e abusa de momentos em que se constrói um verdadeiro cenário de suspense, cuja a sua câmera nos mostra muito mais do que os próprios personagens em cena podem enxergar.  Além disso, o cineasta não se importa de brincar com as nossas expectativas, com o direito de até mesmo de nos frustrar, mas não deixando de nos surpreender. E com relação ao brutal assassinato de Sharon Tate, eis que Tarantino nos prega uma peça corajosa, mas que com certeza serviu para respeitar a imagem de uma atriz que tinha tudo para se tornar uma grande estrela do cinema.  
É bem da verdade que Tarantino também não está nem aí para fazer um filme em que se reconstitui realmente os fatos verídicos, mas sim em criar o seu universo Tarantinesco e transitando ele em uma realidade que já é violenta por si só. Se em "Bastardos Inglórios" (2009) ele teve a capacidade de mudar os rumos da Segunda Guerra Mundial, aqui não seria muito diferente, mas com o intuito de corresponder aos nossos sentimentos mesmo que a gente negue isso. Assim é Tarantino e fazendo o cinema do seu jeito.  
Com participações especiais de Al Pacino e Kurt Russell, "Era uma Vez em... Hollywood" é um sopro de criatividade vindo de um cinema autoral que Quentin Tarantino nos proporciona e nada melhor do que agora em um momento em que a fábrica de sonhos se encontra viciada. 

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