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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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terça-feira, 2 de outubro de 2018

Cine Especial: Sonho Cinema & Psicanálise: Parte 3


Nos dias 06 e 07 de Outubro eu estarei na Cinemateca Capitólio de Porto Alegre participando do curso Sonho Cinema e Psicanálise, criado pelo Cine Um e ministrado pelo psicanalista Leonardo Della Pasqua. Enquanto os dias da atividade não chegam por aqui eu irei falar um pouco sobre os seis filmes que serão analisados na atividade. 

Preso na Escuridão (1997)

Sinopse: Cesar, um rapaz bonito de 25 anos, tinha tudo, uma carreira de sucesso, carros caros, uma casa de solteiro e uma sequência interminável de mulheres bonitas e dispostas. De repente, ele é jogado em um estranho mistério psicológico depois que um acidente de carro lhe deixa com o rosto cicatrizado e o coloca na prisão.

Muito pouco deve ser dito sobre esse filme, pois a experiencia de assisti-lo sem saber muito sobre ele o torna surpreendente. Misturando passado e presente envolvendo César (Eduardo Noriega), um jovem bem-sucedido, cujos sonhos de consumo (dinheiro, sucesso, mulheres, boa aparência) se tornam pesadelos depois de se apaixonar pela namorada de seu melhor amigo, a bela Sofia (Penélope Cruz, em um dos seus primeiros papéis de destaque, e que repetiria a personagem no remake com Tom Cruise, “Vanilla Sky), e que depois surge em um hospital psiquiátrico com o rosto inutilizado e escondido por uma máscara por conta de uma batida de carro que vitimou sua ex-namorada Nuria, que o perseguia. Os delírios que parecem acompanhar César a partir daí vão aos poucos envolvendo o espectador numa rede onde sonho e realidade coexistem numa mesma lógica, em que o personagem é incapaz de saber se está sonhando ou em vigília.
O tema não é novidade. David Cronenberg (Videodrome, eXistenZ, Mistérios e Paixões), David Lynch (Cidade dos Sonhos) e David Fincher (The Game) são peritos nisso. Porém Alejandro Amenábar também fala por si numa forma de filmar original e que nos prende do começo ao fim. Em “Preso na Escuridão”, o protagonista (e o espectador junto com ele) finalmente se coloca em xeque, e há antagonismo moral e um sentimento estético que dele decorre. O grande demérito do filme, porém, é o momento explicativo, em que tudo é devidamente mastigado e entregue de bandeja para aqueles que não entenderam a trama. Contudo, Amenábar elabora um criativo final que o torna aberto e faz com que tiremos as nossas  próprias conclusões.
De fato, o suspense inteligente utilizado pelo cineasta com os toques de ficção científica resulta em uma obra que tece uma dura crítica à preocupação excessiva com as aparências que rege o mundo contemporâneo. Utilizando referências sofisticadas (“O Fantasma da Ópera” é a mais explícita delas), o diretor realiza um questionamento constante da natureza do real, através do embaralhamento das fronteiras entre sonho e realidade. “Preso na Escuridão” funciona como uma parábola que bate forte na cultura yuppie, mas faz isso sem o menor traço de didatismo, constrói uma narrativa empolgante em que a ação, mais psicológica do que física, evolui em uma trama envolvente, que desafia a lógica convencional e flerta com a metafísica ao discutir temas polêmicos, como o uso da tecnologia para superar a barreira da morte. Amenábar consegue imprimir a lógica dos sonhos à narrativa, através de cortes abruptos que quebram o fluxo espaço-tempo e da inclusão de diversos momentos de dèjá vu e bons momentos de suspense, pontuados pela trilha sonora composta pelo próprio diretor.


Saiba mais sobre o curso clicando aqui. 

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Cine Dica: Capitólio 90 Anos - Programação Especial de Outubro

CAPITÓLIO COMEMORA 90 ANOS
COM PROGRAMAÇÃO ESPECIAL
 
 Casanova

No próximo dia 12 de outubro, Porto Alegre celebra uma data que poucas cidades no mundo têm o privilégio de festejar: os 90 anos de existência de um grande cinema de rua, inaugurado no período áureo dos imponentes palácios de cinema (na década de 20 do século passado), o Cine Theatro Capitólio, que depois de permanecer durante duas décadas fechado, em março de 2015 reabriu suas portas totalmente restaurado e readaptado para ser, além de uma sala de exibição, um espaço de guarda e preservação da memória do cinema gaúcho, agora com o nome de Cinemateca Capitólio Petrobras. Para marcar este aniversário, a Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia da Secretaria Municipal da Cultura e a Fundacine RS, responsáveis pela gestão do espaço, localizado no coração do centro histórico de Porto Alegre (na Rua Demétrio Ribeiro, 1085), prepararam uma programação especial comemorativa, distribuída ao longo de todo o mês de outubro.

Entre o cardápio de atrações, um dos principais destaques será a exibição especial, às 21h do dia 12 de outubro, exatamente 90 anos após sua estreia em Porto Alegre, do filme que inaugurou o Cine Theatro Capitólio em 12 de outubro de1928, a produção francesa Casanova (1927), de Alexandre Volkoff, considerado um dos títulos mais ousados do cinema silencioso. Estrelado pelo célebre ator russo Ivan Mosjoukine, Casanova notabilizou-se como a primeira grande produção a levar para as telas a vida do conquistador Giacomo Casanova.

A partir de 13 de outubro, a mostra Obras-Primas de 1928 exibe dez grandes filmes realizados no ano da abertura do Cine Theatro Capitólio: A Turba, de King VidorA Paixão de Joana d'Arc, de Carl Theodor DreyerBraza Dormida, deHumberto MauroO Homem das Novidades, de Buster Keaton e Edward SedgwickA Queda da Casa de Usher, de Jean EpsteinO Circo, de Charles ChaplinSolidão, de Pál FejősA Montanha do Tesouro, de Aleksandr DovjenkoA Concha e o Clérigo, de Germaine Dulac, e Vento e Areia, de Victor Sjöström. 

Antes disso, no período de 4 e 12 de outubro, o espetáculo Das Cinzas Coração, com direção de Jéferson Rachewsky,irá apresentar uma combinação de cinema e teatro, inspirando-se nas comédias cinematográficas dos anos 1920, especialmente nos filmes realizados por Buster Keaton e protagonizados por Sybil Seely, que serão projetados após a apresentação, com acompanhamento ao vivo do músico Arthur de Faria.

Também foram programadas três sessões de pré-estreias, com a presença de suas equipes: os ansiosamente aguardados longas gaúchos A Cidade dos Piratas, de Otto Guerra (no dia 13 de outubro), e Música Para Quando as Luzes se Apagam, de Ismael Caneppele (no dia 21 de outubro), e o longa português Djon África (no dia 15 de outubro), com a presença do diretor João Miller Guerra e do ator Miguel Moreira, este em parceria com a distribuidora Vitrine Filmes, habitual colaboradora da Cinemateca Capitólio Petrobras.

Também se destaca na programação a exibição dos filmes premiados na Mostra Gaúcha de Curtas do Festival de Gramado – Um Corpo FemininoFè Mye TaleSem AbrigoGritoMulher LtdaNós MontanhaAbismo e A Formidável Fabriqueta de Sonhos Menina Betina –, que serão debatidos por seus diretores no dia 14 de outubro.  A sessão acontece em parceria com a APTC-RS.

Outra importante entidade do cinema gaúcho, a ACCIRS – Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul, se junta a essas atividades comemorativas, propondo a realização de um debate sobre a preservação dos cinemas de rua, com a presença dos especialistas João Luiz Vieira, da Universidade Federal Fluminense, e Alice Trusz. A atividade acontece no dia 20 de outubro, às 16h, e será seguida pela projeção do filme Bancando o Águia (1924), de Buster Keaton. 

 No dia 25 de outubro, o Programa de Alfabetização Audiovisual, braço educativo da Cinemateca Capitólio Petrobras, promove uma visita de escolas da Rede Municipal de Educação ao prédio e ao acervo da Cinemateca, seguida pela exibição do filme Saci (1951), de Rodolfo Nanni, com apoio do CTAv – Centro Técnico do Audiovisual. O projeto conta também com formação docente para os educadores que acompanham as turmas. 

Em 27 de outubro, Dia Mundial da Preservação Audiovisual, a Cinemateca Capitólio Petrobras recebe duas sessões muito especiais: Sinfonia Amazônica (1951), de Anélio Latini Filho, primeiro longa de animação realizado no Brasil, e o longa experimental Pontal da Solidão (1974), de Alberto Ruschel, em exibição comemorativa do centenário de nascimento do ator e diretor gaúcho, aqui em sua única incursão na direção. Ainda na área da preservação audiovisual, principal missão do renovado Capitólio, no dia 13 de outubro acontece o resgate histórico de Novos Horizontes, longa-metragem de Ítalo Mangeroni Leopoldis realizado em 1934, que será debatido pela historiadora e pesquisadora Alice Trusz.

Projeto Raros, tradicional sessão da Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia que celebrou sua 200ª edição em 2018, ganha uma edição luxuosa, realizada com o apoio do Instituto Moreira Salles, com a exibição de Trás-os-Montes (1976), filme mítico do cinema moderno português, realizado por António Reis e Margarida Cordeiro, que será mostrado no dia 19 de outubro, às 20h, com cópia em DCP restaurada pela Cinemateca Portuguesa.

Finalmente, o Centro de Documentação e Memória da Cinemateca Capitólio Petrobras inaugura em 12 de outubro uma exposição sobre a trajetória da tradicional sala de cinema, com cartazes de filmes ali exibidos ao longo dos anos, documentos, equipamentos e a projeção de depoimentos de diferentes personagens ligados à história do espaço e à sua restauração, registrados pelo cineasta Beto Souza, e editados por alunos do Curso de Realização Audiovisual da Unisinos.

segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Cine Especial: Clube de Cinema de Porto Alegre: Você Nunca Esteve Realmente Aqui

Nota: filme exibido para associados do Clube no último dia 29/09/18. 

Sinopse: Um homem, veterano de guerra, ganha a vida resgatando mulheres presas em cativeiros trabalhando como escravas sexuais. Após uma missão mal sucedida em um bordel de Manhattan, a opinião pública se torna contra ele e uma onda de violência se abate na região.

Embora exista nesse momento os ventos da nostalgia com relação aos anos 80, os anos 70, por sua vez, começam aos poucos serem revisitados nos cinema, mas não só retratando uma época, como também recriando a sua estética e temática. No recente Bom Comportamento, por exemplo, assistíamos a um filme que remetia aqueles tempos, mesmo com a história se passando nos nossos dias contemporâneos. Você Nunca Esteve Realmente Aqui segue sessa tendência, mas num grau mais elevado, ousado e inesquecível.
Dirigido por Lynne Ramsay (Precisamos Falar sobre Kevin), acompanhamos a história de Joe (Joaquin Phoenix), veterano de guerra e que atualmente se sustenta como matador profissional. Certo dia um Senador o contrata para resgatar a sua filha chamada Nina (Ekaterina Samsonv) que foi levada para servir de prostituta num bordel de Manhattan. Porém, o resgate dá errado durante o percurso e Joe acaba sendo envolvido no emaranhado  submundo político e corrupto. 
No decorrer da projeção é fácil comparar o filme aos grandes clássicos dos anos 70, principalmente ao Taxi Drive. Em ambos os casos, os protagonistas são veteranos de guerra que não conseguem mais se introduzirem na América que um dia viveram e fazem somente o que foram forçados a fazer no passado. Mas, se por um lado ficávamos nos perguntando o que havia acontecido com personagem de Robert De Niro no clássico de Martin Scorsese, aqui testemunhamos fragmentos da mente de Joe, dos quais não temos exatamente uma base linear sobre os fatos, mas sim uma ideia do ocorrido.
Assim como no perturbador Precisamos Falar sobre Kevin, a cineasta Lybbe Ramsay não excita em colocar o protagonista em situações limites, das quais cutucam o seu demônio interior e faz sempre lhe questionar se deve ou não continuar adiante. Joaquin Phoenix, novamente, nos brinda com uma interpretação extraordinária, onde só pelo seu olhar consegue transmitir um ser moldado pelo horror, seja ele vindo da guerra, ou da própria civilização que se diz "politicamente correta". Sua interpretação, aliás, melhora a cada cena graças ao perfeccionismo vindo da diretora.
Lynne Ramsay  não joga um letreiro explicativo, ou tão pouco narração off explicando os fatos, mas sim elaborando diversas cenas fragmentadas sobre o passado e presente do protagonista. Em diversos momentos essas cenas vem e voltam, toda vez que o protagonista está diante de um ato violento, seja feito por ele próprio, ou por aqueles que provocaram a fazer isso. Isso gera, então, momentos de pura tensão, dos quais não deve em nada a um filme de terror e fazendo a gente sempre temer com que virá a seguir.
O ato final reserva momentos surpreendentes, onde a cineasta testa as nossas perspectivas com relação ao que formos testemunhar. Os minutos finais, aliás, são uma síntese sobre o ser humano num beco sem saída, mas que, independente do que venha acontecer, a sociedade irá continuar seguindo em frente, com os seus sorrisos amarelos e como se ele nunca tivesse existido. Cabe a ele desistir de tudo ou seguir em frente como se nada tivesse acontecido?
Você Nunca Esteve Realmente Aqui é um provocante estudo sobre a sociedade atual cada vez mais violenta, hipócrita, da qual cria os seus próprios monstros, mas que não se encontram em outros países, mas talvez adormecido e dentro de você mesmo. 

Onde assistir: Sala Paulo Amorim Rua das Andradas nº 736, centro de Porto Alegre. Horário: 19h30min


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Cine Dica: Mostra CinResistência



Vivências TLGBQ+
I MOTRA CINERESISTÊNCIA

Entre os dias 01 e 05 de outubro, a Sala Redenção - Cinema Universitário – em Parceira com o Sesc/RS – apresenta a I mostra CineResistências, visando promover um espaço para o debate de questões que atravessam o cotidiano de grupos socialmente marginalizados. A intenção dessa mostra é estabelecer uma postura de resistência em relação às invisibilizações estratégicas de vozes que denunciam as violências cotidianas que lhes são direcionadas; de vozes que não se conformam com padrões normativos impostos socialmente. Uma das preocupações na seleção dos filmes para compor essa mostra é dar visibilidade para trabalhos voltados para os grupos mais fragilizados dentro dos próprios movimentos de minorias. Assim, propomos colocar em evidência vivências de travestis, transexuais, negras e negros que precisam ser ouvidas a partir de suas experiências específicas, considerando seus enfrentamentos e lutas diárias. Desse modo, por meio desse espaço, desejamos potencializar essas vidas, criar conexões, fazer proliferar as linhas de resistências coletivas a partir da diferença. Em sua primeira edição, entre longas e curtas, a mostra conta com dez filmes: Afronte (Marcus Azevedo, Bruno Victor, 2017), Antes o tempo Não Acabava (Sérgio Andrade, Fábio Baldo, 2017), Estamos Todos Aqui (Chico Santos e RafaelMellim, 2017), Meu Corpo é Político (Alice Riff, 2017), Meu Nome é Jacque (Angela Zoé, 2016), Primavera (Fábio Ramalho, 2017), Primavera de Fernanda (Débora Zanatta, Estevan de laFuente, 2016); Sobrevivências (Leonidas Taschetto e Gabriel Celestino, 2018), Uma Mulher Fantástica (Sebastián Lelio, 2017) e Vaca Profana (René guerra, 2017).
Data: 01/10 a 05/10
Horário: 16h e 19h
Local: Sala Redenção (Av. Eng. Luiz Englert s/n, Campus Central da UFRGS)
Sessões digitais de alta qualidade e legendadas
Horários
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 PRIMAVERA DE FERNANDA
Dir. Débora Zanatta, Estevan de la Fuente | 2016 | 19 min
Uma mudança de estação na vida de Fernanda
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UMA MULHER FANTÁSTICA
Dir. Sebastián Lelio | 2017 | 104 min
Marina (Daniela Vega) é uma garçonete transexual que passa boa parte dos seus dias buscando seu sustento. Seu verdadeiro sonho é ser uma cantora de sucesso e, para isso, canta durante a noite em diversos clubes de sua cidade.

01/10/18 - 16:00
05/10/18 - 19:00
http://www.ufrgs.br/difusaocultural/assets/projeto/horario/vacaprofana.jpg
VACA PROFANA
Dir. René Guerra | 2017 | 15 min
Nádia é uma travesti que quer ser mãe. Ela será mãe. Ela é mãe.
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MEU NOME É JACQUE
Dir. Angela Zoé | 2016 | 72 min
A história de vida de Jacqueline Rocha Côrtes, uma mulher transexual brasileira, que vive com Aids há mais de 20 anos. Militante pela causa, Jacque tem a vida marcada por lutas e conquistas, chegando a trabalhar como representante do governo brasileiro. Na Organização das Nações Unidas. Atualmente, é casada e mãe de dois filhos, mora em uma pequena cidade e leva uma vida voltada para a maternidade, família e espiritualidade.
01/10/18 - 19:00
05/10/18 - 16:00
http://www.ufrgs.br/difusaocultural/assets/projeto/horario/antesotemponaoacabava.jpg
PRIMAVERA
Dir. Fabio Ramalho | 2017 | 24 min
“Querido, obrigado por cuidar da casa. Tem vinho na geladeira. Se Raja ficar inquieto, é só dar um biscoitinho.”
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ANTES O TEMPO NÃO ACABAVA
Dir. Fábio Baldo, Sérgio Andrade | 2016 | 85 min
Anderson é um jovem indígena que entra em choque com as tradições de sua tribo. Ele acaba deixando a comunidade em que mora e segue para o centro de Manaus.

02/10/18 - 16:00
04/10/18 - 19:00
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AFRONTE
Dir. Bruno Victor, Marcus Azevedo | 2017 | 16min
Ficção e documentário se cruzam para mostrar o processo de transformação e empoderamento de Victor Hugo, um jovem negro e gay, morador da periferia do Distrito Federal. Seu relato se mistura aos depoimentos de outros jovens, cujas histórias revelam diferentes formas de resistência, encontradas em discursos de valorização do negro gay.
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SOBREVIVÊNCIAS
Dir. Leonidas Taschetto e Gabriel Celestino | 2018 | 53 min
Catorze pessoas contam suas histórias de vida, todas elas atravessadas por preconceitos de gênero e sexualidade. (Sobre)Vivências é um documentário intimista que busca ampliar as vozes de pessoas LGBT’s através do cinema, contribuindo para a construção de novas ideias frente a forte estigmatização que esta população possui na sociedade. Os relatos cotidianos são intencionalmente explorados com o objetivo de tornar a experiência única e pessoal para cada um que assiste.
02/10/18 - 19:00
04/10/18 - 16:00
http://www.ufrgs.br/difusaocultural/assets/projeto/horario/meucorpoepolitico.jpg
ESTAMOS TODOS AQUI
Dir. Chico Santos, Rafael Mellim | 2017 | 22 min
Rosa nunca foi Lucas. Expulsa de casa, ela precisa de um novo lar. Enquanto busca um lugar no mangue para construir seu barraco, o projeto de expansão da zona portuária avança em direção aos moradores da Favela.
+
MEU CORPO É POLÍTICO
Dir. Alice Riff | 2017 | 72 min
O cotidiano de quatro militantes TLGB que vivem na periferia de São Paulo. A partir da intimidade e do contexto social dos personagens, o documentário levanta questões contemporâneas sobre a população trans e suas disputas políticas.
03/10/18 - 16:00
03/10/18 - 19:00

Segue, também, link com matéria: v http://www.telerrecriacao.com.br/blog-post26.html
Agradeço pela divulgação.

Abraço,
Tânia Cardoso de Cardoso
Coordenadora e curadora
Sala Redenção – Cinema Universitário
(51) 3308-4081

sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Cine Dica: Em Cartaz: A Moça do Calendário

Sinopse: Inácio, quarenta anos, é casado, mas não tem emprego fixo. Ex-gari, ele trabalha como dublê de dançarino e mecânico da oficina Barato da Pesada, onde sonha com a Moça do Calendário.

Helena Ignez (O Bandido da Luz Vermelha) é uma das grandes representantes da era de ouro do nosso cinema da resistência, onde a sua atuação transitou entre os períodos do "cinema novo" e "marginal" e se consagrando como um dos grandes nomes do cinema brasileiro. Saudosista daqueles tempos, Ignez se arriscou na direção e surpreendendo com o ótimo Luz nas Trevas: A Volta do Bandido da Luz Vermelha. A Garota do Calendário comprova o seu talento por trás das câmeras, onde ela consegue usar uma linguagem cinematográfica do passado, para falar dos altos e baixos dos nossos tempos contemporâneos.
O filme acompanha vida de Inácio (André Guerreiro Lopes), ex-gari, mecânico e dublê de dançarino desmotivado que trabalha numa oficina mecânica e sonha com uma Moça do Calendário (Djin Sganzerla), musa dos seus desejos e fantasias. Inácio, então, começa a transitar entre a realidade e sonhos, onde os seus delírios revelam inúmeras facetas de sua personalidade e da própria realidade em que vive. Caberá ele próprio encontrar um equilíbrio em sua vida, nem que para isso corra o risco de ficar sem ela. 
Helena Ignez já começa o filme com uma estética que remete os tempos em que o cinema brasileiro transitava do "cinema novo" para o "marginal", numa época em que a cultura audiovisual era massacrada pela censura, mas que sobrevivia pela persistência. Essa linguagem cinematográfica da velha guarda, aliás, funciona muito bem nos dias atuais, principalmente pelo fato da trama se situar justamente em tempos pós golpe 2016. Portanto, não se surpreenda em ter a sensação de estar assistindo a novamente uma continuação de O Bandido da Luz Vermelha, pois a intenção é exatamente essa.
Vale destacar a curiosa transição entre a ficção e documentário, já que a trama principal, por vezes, abre o seu espaço para vermos depoimentos das minorias que sofrem o preconceito ontem e hoje no Brasil e que tanto os poderosos tentam negar. Curiosamente, há um paralelo até mesmo com relação ao assassinato da vereadora Marielle Franco, do qual até hoje, infelizmente, continua não solucionado. Há também um forte discurso político que, curiosamente, ressoa forte nesses tempos de eleição cheia de conflitos. 
As questões direita e esquerda, capitalismo e socialismo, tudo isso e muito mais, é transportado no colo do protagonista Inácio, do qual se apresenta como um trabalhador de esquerda, mas que vive oscilando pelo consumo que tanto almeja. Esse consumo, aliás, é representado pela presença de Djin Sganzerla, cuja sua presença é uma representação dos desejos de Inácio, mas sendo um sonho que se encontra somente numa superfície plástica  e fazendo com que arealidade fale mais alto. Realidade, aliás, elaborada de uma forma criativa no cenário da mecânica onde Inácio trabalha, cuja a presença do seu patrão capitalista, além de uma fotografia em preto e branco propositadamente fria, se torna uma  síntese do que a elite tanto almeja.
A Moça do Calendário é sobre a inquietação e a vida indefinida do brasileiro atual, do qual se encontra com a porta batendo a sua cara e cabe ele saber novamente como reabri-la.   
Onde assistir: Cinebancários: Rua General Câmara, nº 424, centro de Porto Alegre. Horário: 19h.   

Cine Especial: Sonho Cinema & Psicanálise: Parte 2

Nos dias 06 e 07 de Outubro eu estarei na Cinemateca Capitólio de Porto Alegre participando do curso Sonho Cinema e Piscanálise, criado pelo Cine Um e ministrado pelo piscanalista Leonardo Della Pasqua. Enquanto os dias da atividade não chegam por aqui eu irei falar um pouco sobre os seis filmes que serão analisados na atividade. 

Mulholland Drive - Cidade dos Sonhos (2001)

Sinopse: Um acidente automobilístico na estrada Mulholland Drive, em Los Angeles, dá início a uma complexa trama que envolve diversos personagens. Rita (Laura Harring) escapa da colisão, mas perde a memória e sai do local rastejando para se esconder em um edifício residencial que é administrado por Coco (Ann Miller). É nesse mesmo prédio que vai morar Betty (Naomi Watts), uma aspirante a atriz recém-chegada à cidade que conhece Rita e tenta ajudar a nova amiga a descobrir sua identidade. Em outra parte da cidade o cineasta Adam Kesher (Justin Theroux), após ser espancado pelo amante da esposa, é roubado pelos sinistros irmãos Castigliane.

Foi a partir desse filme, que conheci finalmente o universo bizarro de David Lynh. Mais precisamente, foi numa edição, da saudosa revista SET (com o ET na capa), em que além da crítica sobre o filme, tinha matéria especial falando um pouco de cada filme que ele criou. Isso foi o suficiente para eu ir à caça, para assistir a essa obra, mas nem imaginava que ela me pegaria de jeito, muito menos ter imaginado se tornando o meu segundo filme preferido da minha vida (perdendo apenas para Blade Runner).

MUITO ALÉM DAS CORTINAS VERMELHAS

Para David Lynch, os filmes não precisam fazer sentido, pois a própria vida não faz. Com essa opinião (e dentre muitas), é o que serve de impulso para ele criar filmes, um tanto que inusitados e diferentes de tudo que se vê por ai e o público há de gostar ou odiar. Quando Mulholland Drive estreou no início dessa primeira década do século 21, acabou não só gerando debates, como inúmeras teorias levantadas em diversas mídias, como a internet por exemplo. Nem mesmo Matrix, com todas as suas engrenagens filosóficas, superou em termos de debates, discutições e teorias levantadas ao longo do tempo. 
Se muitos ficaram admirados com número de buscas na rede para entender os mistérios da série Lost, pode-se dizer que foi Lynch que começou com essa mania. Isso graças ao fato de, não somente esse filme, como também outros de sua filmografia, deixar mais perguntas do que respostas nas mentes das pessoas. Para se ter uma ideia da dimensão do cenário da  época que estreou Mulholland Drive houve muitas salas de cinema, que pediam as pessoas (após terem assistido o filme), para que não contasse os mistérios e revelações da trama para aquelas pessoas que iriam pegar a sessão seguinte. Contudo, Mulholland Drive sendo visto por uma segunda ou terceira vez, consegue matar a charada, o que não quer dizer que tenhamos uma resposta para tudo que é mostrado em cena. Digamos que, do primeiro até o final do segundo ato, estejamos (aparentemente) assistindo uma história com começo, meio e fim. Mas ao surgir o enigmático (e melhor cena) momento do Clube Silêncio de uma forma inesperada, tudo que assistimos até ali é revertido e o cineasta nos joga em uma realidade, da qual num primeiro momento, ficamos sem saber o que esta acontecendo realmente.
Mas o diretor nos deixa a ficar vendo navios? Não exatamente, pois com um belo jogo de câmera, Lynch nos proporciona um passeio por inúmeras pistas que surgem na tela. Mas não espere ele explicando as cenas, pois é a pessoa que irá assistir que terá que fazer um verdadeiro quebra cabeça mental com as cenas que são jogadas para ele, desde personagens chaves que surgem em cena, como determinados objetos simbólicos que aparecem, como uma chave azul e um piano miniatura como exemplo. Além disso, no decorrer da trama, mesmo com poucos recursos, Lynch gosta de brincar com nossa perspectiva, deixando a gente boiando em alguns momentos, fazendo a gente acreditar, que o que estamos vendo é uma coisa, quando na verdade é outra. Bom exemplo disso é quando surge uma cena de uma atriz cantando, no que aparentemente parece ser um palco, mas a câmera afasta e revela ser um estúdio, que por sua vez revela não estar num prédio, mas sim num deserto do entardecer, mas que por fim, quando a câmera finalmente para de se afastar, é revelado que tudo aquilo está num grande estúdio de cinema.
Na época, o filme acabou consagrando, até então a desconhecida atriz Naomi Watts, num papel que exigiu trabalho em dobro e para aqueles que já viram o filme, sabem do que estou falando. O seu desempenho foi tão elogiado, que muitos lamentaram ela não ter sido indicada ao Oscar, o que não quer dizer que não choveram inúmeros convites para filmes, que somente levantariam mais o seu status de ótima atriz, como Senhores do Crime, 21 Gramas, King Kong e dentre outros.  Vale lembrar, que originalmente Mulholland Drive foi realizado para a TV, como filme piloto que daria origem a uma série, mas, como a rede ABC rejeitou o projeto por achá-lo pesado demais, David Lynch decidiu levá-lo ao cinema. A idéia do filme surgiu quando ele visualizou a placa Mulholand Drive, a mítica estrada de Los Angeles, que atravessa as colinas de Santa Mônica, passando por Hollywood até a praia de Malibu, na Costa Oeste. Durante o último Festival de Cannes, Lynch disse que se inspirou na visão da placa sendo iluminada pelos faróis dos carros que passam pela estrada à noite, permeada pela inocência perdida de seus fantasmas que queriam conquistar Hollywood. "Que as pessoas entrem, então, nesta viagem por Mulholand Drive e sintam algo que não se explica", disse o cineasta à rede ABC de televisão.
Mulholland Drive rendeu-lhe indicação ao Oscar de Melhor Direção em 2002 e a conquista da Palma de Ouro na mesma categoria no Festival de Cannes 2001, cujo júri foi presidido pelo próprio Lynch. O filme também foi indicado a quatro Globos de Ouro (Filme-Drama, Direção, Roteiro e Trilha Sonora) e venceu na categoria Melhor Fotografia o Independent Spirit Award, além de ter sido eleito o Melhor Filme de 2001 pelas Associações de Críticos de Cinema de Nova York, Boston e Chicago. Com tudo isso, ao longo do tempo, Mulholland Drive veio a se tornar um dos mais importantes filmes da primeira década do século 21. Um filme que mexe com os sentidos do espectador, o faz pensar e adentrar ainda mais no universo de Lynch. Seja por esse filme, ou por outros de sua (quase) impecável filmografia cheia de mistérios.   

Saiba mais sobre o curso clicando aqui. 

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