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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

Cine Dica: Em Cartaz - 'Flow'

Sinopse: Flow é sobre um gato solitário que encontra refúgio em um barco com outras espécies após a sua casa ser destruída por uma grande inundação.

O cinema nasceu mudo, onde os movimentos e as expressões dos atores é o que faz a gente compreender a história. No cinema recente raramente alguém tentou se arriscar ao fazer um filme sem diálogo algum, sendo que o mais próximo que tivemos foi o ótimo "O Artista" (2011) que presta uma homenagem as raízes do cinema. É então que chega "Flow" (2024), uma animação da Letônia que se arrisca em apresentar uma trama protagonizada por animais e sem diálogo algum, mas é através de suas ações que o filme ganha o coração.

Dirigido por Gints Zilbalodis, a trama parece que se passa em um futuro distante, onde a terra que nós conhecemos está chegando ao fim e sem nenhum vestígio de vida da humanidade. É então que conhecemos o Gato, um animal que vive sozinho em uma casa, mas que começa a ser devastada pelas enchentes. O seu único refúgio acaba sendo um barco, mas do qual terá que dividir com outros animais em meio as adversidades que irão surgir nesta jornada.

Nas últimas décadas o público ficou mais do que acostumado a assistir filmes da Disney ou Pixar ao apresentar tramas em que há animais falantes e agindo como seres humanos, como no caso do ótimo "Zootopia" (2016). Não é o caso o que acontece aqui, já que tanto o gato como também os demais animais que surgem em cena são um retrato realístico dos bichos do mundo real, mas que usam os seus extintos para sobreviverem e fazendo com que isso possamos compreender a história. Tudo gira pela perspectiva do Gato, como se ele fosse o nosso guia para testemunharmos esse mundo em ruínas, mas do qual a vida prossegue mesmo sem a presença do homem.

Feito em animação digital, além de ser alinhado com o uso de 3D, o filme possui um dos visuais mais impressionantes dos últimos tempos, onde aquele futuro indefinido é moldado por cores deslumbrantes, mas ao mesmo tempo sintetizando o lado opressor de uma terra que foi molestada pelas ações do homem e culminando neste cenário. Porém, o filme nos lembra que a vida continua e cabe aos que ainda vivem buscarem sobreviver para continuar existindo, mesmo quando os eventos climáticos quase sempre se tornam um verdadeiro obstáculo. Por conta disso, o filme ganha pinceladas de até mesmo puro suspense, já que nos preocupamos com a vida dos personagens.

Embora sejam animais próximos de nossa realidade, cada um tem uma personalidade distinta e fazendo com que cada um tenha o seu merecido destaque na tela. O gato, por exemplo, age de forma independente, mas a partir do momento que as mudanças climáticas acontecem ele começa a se dar conta que somente sobreviverá com ajuda dos demais animais. Temos então o cachorro que sempre busca amizade, a Garça orgulhosa, o Lêmure obcecado em coisas e a Capivara sábia.

É curioso, por exemplo, vemos o Lêmure sempre preocupado com as suas coisas que encontra pelo caminho, mas que aos poucos deverá aprender a se preocupar mais com o seu próximo. Já a Garça possui certo orgulho que nos faz entender que ela não concorda em estar errada durante a jornada, mas que caberá a ela tomar uma difícil escolha. São observações como essa que nos faz lembrar do ser humano e como o próprio poderá um dia se destruir enquanto não deixar de pensar em si mesmo.

São elementos como esse que o filme cresce ainda mais diante dos nossos olhos e fazendo a gente desejar que aquela perigosa jornada não termine tão cedo, pois não queremos abandonar esses personagens cheios de vida como um todo. Ao final, o filme nos entrega um fio de esperança com relação aquele mundo e ao mesmo tempo servindo de ensinamento para as pessoas de todas as idades de que é preciso parar de sermos mesquinhos e começarmos a pensar em nos unirmos para um futuro que pode ser implacável. Se caso não aprendermos isso, ao menos a vida continuará de forma pura e plena e sem nenhum pingo de nossa ajuda.

"Flow" é uma das melhores animações dos últimos tempos, cuja arte de nos contar uma história sem nenhum diálogo é o que faz a gente abraçar a obra como um todo. 

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terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

Cine Especial: Clube de Cinema - 'Crônica de uma Relação Passageira'

Nota: Filme exibido para os associados no último Domingo (23/02/25)

Sinopse: Charlotte (Sandrine Kiberlain) e Simon (Vincent Macaigne) iniciam um romance sem compromisso, mas logo percebem que sentimentos inesperados podem tornar tudo mais complicado.

As comédias românticas foram levadas tantas vezes pelo cinema americano que ele acabou se desgastando no decorrer do tempo. Em tempos atuais onde as relações amorosas não é mais aquele conto de fadas fica cada vez mais difícil fazer um filme desse tipo que possa agradar o grande público. "Crônica de uma Relação Passageira" (2022) talvez seja um pequeno sopro para esse gênero, já que ele sabe lidar com situações amorosas que são discutidas em tempos contemporâneos.

Dirigido por Emmanuel Mouret, o filme conta a história romântica entre Charlotte (Sandrine Kiberlain) e Simon (Vicenti Macaigne) que se conhecem em uma festa. Charlotte é uma mãe solteira, já Simon é um homem casado e sua esposa está grávida. Eles se reencontram num bar e começam um relacionamento repleto de percalços. A princípio, os opostos realmente se atraem e ambos concordaram em viver uma relação apenas de aventuras, mas tudo se complica quando os dois criam sentimentos um pelo outro na medida em que o tempo vai passando.

Claramente Emmanuel Mouret e seus roteiristas buscaram inspiração dentro do gênero, mais especificamente em tempos em que era comum determinados títulos fazerem um grande sucesso. Há uma pitada de Woody Allen aqui e ali, assim como também sentimos que o realizador buscou inspiração na trilogia romântica de Richard Linklater iniciada em "Antes do Amanhecer" (1995). Neste último caso, por exemplo, isso se encontra nos momentos em que o casal central da trama vive conversando em diversos planos sequências e fazendo com que a nossa atenção com relação a essa relação somente aumente.

Curiosamente, existe sempre aquela desculpa de que não se faz mais comédias românticas como antigamente devido ao advento da internet, onde muitas relações através dela se criam, assim como também traições e relações vazias. Aqui isso não acontece exatamente, já que a tecnologia se encontra presente, mas somente na superfície e fazendo que o lado humano dos personagens e floresça ainda mais. Isso dá espaço a ser usado as velhas fórmulas desse gênero e provando que eles ainda funcionam em pleno século vinte um.

Tanto Sandrine Kiberlain como Vicenti Macaigne se saem muito bem em cena, sendo que 90% do filme são com ambos em cena e nos brindando com diálogos caprichados sobre relacionamentos, paixões e traições. Se por um lado Charlotte é uma mulher bem resolvida e com a mente aberta, por outro lado, Simon age de forma neurótica, sendo que cada passo que a relação fica mais séria, mas ele demonstra uma confusão sentimental e da qual ele transborda. Novamente, qualquer semelhança com a filmografia de Woody Allen não é mera coincidência.

Do terceiro ato até o seu final, a história já nos dá umas dicas sobre o destino dessa relação. Porém, graças ao lado humano e verossímil transmitido pelos personagens é o que faz com que aceitemos um final em aberto, mas que sintetiza tempos atuais em que as relações amorosas estão sempre na corda bamba, mas nunca nos esquecendo do início onde tudo começou de uma forma mais colorida. Ao final, caminhamos com os personagens tendo a certeza que já estivemos na mesma situação deles.

Com uma ligeira, porém, bela homenagem ao clássico "Cenas de um Casamento" (1973) do mestre Ingmar Bergman, "Crônica de uma Relação Passageira" é um outro ótimo exemplo de que a comédia romântica não morreu, mesmo em um mundo atual em que o romance pode parecer piegas para alguns. 


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cIne Dica: PROGRAMAÇÃO CINEBANCÁRIOS DIAS 27/2 e 28/2

 EM CARTAZ: 

AOS PEDAÇOS

ALMA DO DESERTO

Brasil-Colômbia /Documentário/ 2024/87 min.

Direção: Mónica Taboada-Tapia

Sinopse: Vencedor do prestigiado Queer Lion no 81º Festival de Veneza, ALMA DO DESERTO narra a emocionante história de Georgina, uma mulher trans da etnia Wayúu, que luta pelo direito à sua identidade reconhecida. Após perder seus documentos em um incêndio criminoso, ela embarca em uma jornada de coragem e resiliência para recuperá-los.


AS CORES E AMORES DE LORE

Brasil/ Documentário/ 2024 / 80 min.

Direção: Jorge Bodanzky

Sinopse: Feito a partir de uma série de encontros entre o diretor Jorge Bodanzky e a pintora alemã Eleonore Koch, única discípula de Volpi, radicada no Brasil desde a Segunda Guerra Mundial, o filme retrata os últimos anos da artista, que viveu livre e intensamente, dedicando sua vida à arte.

AOS PEDAÇOS

Brasil/ Drama/ 2020 / 93 min

Direção: Ruy Guerra

Sinopse:Eurico Cruz amanhece irritado. Sabe que algo está por acontecer. Eurico vive de viagem entre casas idênticas, uma construída no deserto, outra numa praia tropical. Em cada casa, vive uma de suas esposas, Ana e Anna. Nesse labirinto de espaços iguais recebe a perturbadora visita de Eleno. Um bilhete lhe anuncia sua morte.

Elenco: Emílio de Mello,Simone Spoladore,Christiana Ubach



HORÁRIOS DIAS 27/2 e 28/2 :

15h: AS CORES E AMORES DE LORE

17h: AOS PEDAÇOS

19h: ALMA DO DESERTO


ATENÇÃO! O CINEBANCÁRIOS ESTARÁ FECHADO DE 01 A 05 DE MARÇO.


Ingressos

Os ingressos podem ser adquiridos a R$ 14,00 na bilheteria do CineBancários. Idosos (as), estudantes, bancários (as), jornalistas sindicalizados (as), portadores de ID Jovem e pessoas com deficiência pagam R$ 7,00. São aceitos cartões nas bandeiras Banricompras, Visa, MasterCard e Elo. Na quinta-feira, a meia-entrada é para todos e todas.

EM TODAS AS QUINTAS TEMOS A PROMOÇÃO QUE REDUZ O VALOR DO INGRESSO PARA TODOS E EM TODAS AS SESSÕES PARA R$ 7,00. CineBancários/ Rua General Câmara, 424 – Centro – Porto Alegre/ (51) 3030.9405 ou pelo e-mail cinebancarios@sindbancarios.org.br


C i n e B a n c á r i o s 

Rua General Câmara, 424, Centro 

Porto Alegre - RS - CEP 90010-230 

Fone: 51- 30309405

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

Cine Especial: Próximo Cine Debate - 'A Excêntrica Família de Antônia'

Sinopse: A história contada em flashbacks da matriarca holandesa Antonia que volta à cidade natal com a filha depois da Segunda Guerra Mundial e que, ao longo de 50 anos, constrói uma vida de força, beleza e generosidade ao lado de sua família incomum.

Na primeira cena do filme, escutamos os suspiros de Antônia (Willeke van Ammelrooy) seguidos pelas lembranças de seu passado a partir do momento em que retorna à sua cidade natal acompanhada de sua filha Danielle (Els Dottermans) para visitar sua mãe, já no leito de morte. A partir de então, Antônia passa a viver novamente ao lado das pessoas daquela cidade. Percebe-se rapidamente que é uma mulher diferente das demais, acolhida pela cidade, da mesma forma com que se convive “com uma colheita ruim, uma criança deformada, ou um manifesto da onipresença divina”, segundo as palavras da narradora.

Acompanhamos cinco gerações de uma família que vai se constituindo a partir do amor e da generosidade da matriarca, que não hesita em acolher de diversas formas os habitantes daquele pequeno vilarejo, dos tipos mais diversos possíveis: desde uma mulher que uiva para a lua cheia, até um casal de deficientes mentais que encontra o amor de uma forma inesperada e improvável, passando por um filósofo pessimista, uma filha lésbica e uma neta superdotada.

Belas cenas envolvendo a imaginação de Danielle, como no momento em que se apaixona pela professora de sua filha (quando a vê como a Vênus de Botticelli), uma bela maquiagem que demonstra fielmente a passagem de tempo, e a variedade de sentimentos presentes na trama vividos pelos personagens e compartilhados com o expectador. Tristeza, alegria, e um estranho sentimento de melancolia, quando se percebe que embora a “missão” de Antônia já fora cumprida, e que sua hora chegou.

“A vida quer viver!”, diz Antônia a sua neta em determinado momento do filme, e talvez seja esta mensagem que fica no final de tudo: perdas, ganhos, tudo isso faz parte da nossa história. Cada um encara de seu jeito o fato de que a vida não tem muito sentido para além destas contingências (de um lado há a celebração desta vida na família de Antônia, de outro a negação desta pelo filósofo), mas a única verdade é que embora permeada por vários fins e começos (o que é simbolizado no filme pelas constantes gestações que vemos em cena), a vida nunca é conclusiva… É como se fôssemos pequenos capítulos, ou quem sabe notas de pé de página desta grande epopéia que é o existir.

Vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro (Holanda).

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domingo, 23 de fevereiro de 2025

Cine Dica: "Família Submersa" de Maria Alché na próxima sessão do Cineclube Torres, segunda dia 24 de fevereiro, às 20h.

O filme, sobre o luto e sua superação, é realizado pela jovem diretora argentina Maria Alché (atriz em "Menina Santa") e conta com a extraordinária interpretação de uma das mais relevantes atrizes do país, a Mercedes Moran, no papel da protagonista, a Marcela. A história começa com a morte improvisa da Rina, a irmã e companheira de vida de Marcela, uma perda que naturalmente a deixa triste e perturbada. O velório, realizado na própria casa, é dominado pelas conversas sobre o passado, assuntos familiares pendentes ou não resolvidos.

Produção intimista que explora o processo de luto numa visão próxima ao realismo fantástico, o filme é conduzido de forma segura pela diretora, na sua primeira prova atrás da câmera, se apoiando em mais uma atuação exemplar da veterana atriz argentina. "Mercedes Morán não se acanha frente à responsabilidade de sustentar dramaticamente o filme, de deflagrar intermitências num todo que parece infimamente perturbado pela morte da irmã" (Marcelo Müller, Papo de Cinema).

O filme, uma coprodução internacional envolvendo no Brasil os produtores de "Benzinho", recebeu o prêmio de melhor filme na mostra Horizontes Latinos festival de San Sebastián, na Espanha. A sessão, com entrada franca, integra o 10° Ciclo de filmes de expressão ibero americana, realizado na Sala Audiovisual Gilda e Leonardo, pelo Cineclube Torres, associação sem fins lucrativos com 13 anos de história, em atividade desde 2011, Ponto de Cultura certificado pela Lei Cultura Viva federal e estadual, Ponto de Memória pelo IBRAM, Sala de Espetáculos e Equipamento de Animação Turística certificada pelo Ministério do Turismo (Cadastur), contando para isso com a parceria e o patrocínio da Up Idiomas Torres.


Serviço:

O que: Exibição do filme "Família Submersa" de Maria Alché (Argentina) - 1h31m

Onde: Sala Audiovisual Gilda e Leonardo, junto à escola Up Idiomas, Rua Cincinato Borges 420, Torres

Quando: Segunda-feira, 24/2, às 20:00

Ingressos: Entrada Franca, até lotação do local (aprox. 22 pessoas).


Cineclube Torres

Associação sem fins lucrativos

Ponto de Cultura – Lei Federal e Estadual Cultura Viva

Ponto de Memória – Instituto Brasileiro de Museus

Sala de Espetáculos e Equipamento de Animação Turística - Cadastur


CNPJ 15.324.175/0001-21

Registro ANCINE n. 33764

Produtor Cultural Estadual n. 4917


sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

Cine Especial: Revisitando 'Shakespeare Apaixonado'

Ao longo da história surgiram inúmeros motivos para que os cinéfilos menosprezam a premiação do Oscar, pois ela colecionou através das décadas inúmeras injustiças. É extremamente vergonhoso, por exemplo, saber que Charles Chaplin somente levou um Oscar pela carreira no final de sua vida, ou o fato do mestre das trilhas musicais Ennio Morricone ter levado um único Oscar pela categoria pelo filme "Os 8 Odiados" (2015). Porém, na opinião de muitos, uma das piores premiações da história ocorreu em 1999, onde a academia consagrou "Shakespeare Apaixonado" (1998).

Dirigido por John Madden, o filme retrata o jovem astro do teatro londrino William Shakespeare (Joseph Fiennes) que sofre de bloqueio criativo e não consegue escrever a sua próxima peça. Certo dia, ele conhece Viola De Lesseps (Gwyneth Paltrow), uma jovem que sonha em atuar, algo proibitivo no final do século XVI. Para driblar o preconceito e ter sua chance, Viola se disfarça de homem e começa a ensaiar o texto de Will, que começou a fluir e fazendo da peça a sua primeira versão de Romeu e Julieta. O que ele não esperava é que há um casamento arranjado pela família entre Viola e Lorde Wessex (Colin Firth).

Embora seja uma ficção sobre a juventude do poeta, o filme é fiel na maneira de como eram feitas as peças teatrais de antigamente, sendo que havia uma luta árdua de fazer uma história que agradasse as grandes plateias e o próprio reino. Visualmente o filme é um colírio para os olhos, cujo figurino se casa com perfeição com a edição de arte e cuja reconstituição da época é um dos pontos altos do filme. Visualmente bonito, mas não um grande espetáculo.

Verdade seja dita, o filme é uma comédia de época refinada, pouco pretensiosa e que não tinha ambição nenhuma de mudar a vida de ninguém. O problema talvez tenha sido a própria Miramax que fez de tudo para que o filme se tornasse o favorito nas premiações da época, ao ponto de oferecerem jantares especiais para os votantes e gerando assim uma grande polêmica. O ápice disso é que Harvey Weinstein era o todo poderoso da Miramax na época e posteriormente foi revelado que ele agradava os votantes com diversos presentes, abusava sexualmente das atrizes que ele escolhia para os seus projetos e que, felizmente, foi condenado há 28 anos de prisão após as revelações virem a público.

Em meio a todas essas polêmicas o filme saiu ganhando, mas ao mesmo tempo saiu perdendo. Quando foi anunciado o prêmio de melhor atriz para Gwyneth Paltrow muitos não estavam acreditando naquilo, já que ela havia atuado bem na produção, mas longe do espetáculo de atuação que foi a nossa Fernanda Montenegro pelo "Central do Brasil" (1998), ou assombrosa atuação de Cate Blanchett por "Elizabeth" (1998). O resultado era o prenúncio do que iria acontecer na reta final da cerimônia.

Muitos apostaram na vitória de "O Resgate do Soldado Ryan" (1998), dirigido por Steven Spielberg e se consagrando já na época como um dos melhores filmes de guerra de todos os tempos. Ao levar o prêmio de melhor Direção naquela noite tudo apontava que o seu filme levaria o prêmio principal. Porém, ao ser anunciado "Shakespeare Apaixonado" o grande vencedor a sensação que me passou foi de uma grande piada de mal gosto e que me fez quase desistir da premiação como um todo.

Ao longo dos anos sempre tive pouca vontade de rever esse filme, mas deixei de lado o meu desapontamento e decidi revisá-lo com a mente aberta. Como eu disse acima, é um filme despretensioso, com ótimos toques de humor e tendo um elenco cheio de estrelas e que cada um fez a sua parte mesmo em pouco tempo de cena. Neste último caso, por exemplo, destaque para Judi Dench ao dar vida a Rainha Elizabeth em apenas oito minutos de cena, mas sendo o suficiente para levar o Oscar de atriz coadjuvante, muito embora ela tenha atuado em papéis maiores do que esse ao longo de sua grande carreira.

O filme é uma curiosa análise do que poderia ter sido as verdadeiras origens que colaboraram na criação de Romeu e Julieta, mas não tendo a ambição de ser verossímil com relação aos verdadeiros fatos e permitindo que a ficção tome conta do enredo. Como o próprio personagem da trama Philip Henslowe (Geoffrey Rush) dizia no decorrer do filme, tudo é um mistério, assim como as situações que levaram esse filme a ser pouco amado e muito odiado. Ao meu ver, está na hora de deixar o rancor de lado e permitir rever esse longa com novos olhos.

"Shakespeare Apaixonado" é uma comédia de época despretensiosa e que não merecia todo esse peso do mundo que obteve ao longo das décadas.  

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Cine Dica: Sessão dupla Clube de Cinema: "Em Trânsito" (22/02) e "Crônica de uma Relação Passageira" (23/02)

Em Trânsito 

Neste final de semana, o Clube de Cinema de Porto Alegre irá se aventurar através de duas sessões de filmes imperdíveis!

No sábado, em parceria com o Goethe-Institut, exibimos "Em Trânsito", de Christian Petzold. No domingo, seguimos para a Cinemateca Paulo Amorim com "Crônica de uma Relação Passageira", de  Emmanuel Mouret. Ainda que de formas distintas, as duas obras conseguem tangenciar as trajetórias do amor, atravessando questões de tempo e espaço, criando laços através de relações surpreendentes.

Confira os detalhes das sessões!


SÁBADO – 22/02

Em Trânsito (Transit)

Alemanha, 2018, 101 min, 12 anos

Direção: Christian Petzold

Elenco: Franz Rogowski, Paula Beer, Godehard Giese

Auditório do Goethe-Institut Porto Alegre (Rua 24 de Outubro, 112, Bairro Moinhos de Vento)

🕥 10h15

🎟 Entrada gratuita e aberta ao público (convide seus amigos a conhecerem o CCPA!)

Sinopse: Baseado no romance de Anna Seghers, o filme acompanha Georg (Franz Rogowski), um fugitivo que assume a identidade de um escritor falecido para escapar da França ocupada pelo nazismo. Mas quando conhece Marie (Paula Beer) tudo se complica. Petzold transporta a narrativa da Segunda Guerra para um cenário contemporâneo, criando uma atmosfera intrigante entre passado e presente.

Sobre o Filme: A ficção científica, seja ela literária ou cinematográfica, sempre nos brindou com histórias fantásticas e das quais nos fazem pensar. Porém, infelizmente, os últimos eventos do mundo atual fizeram com que qualquer ficção já vista se tornasse datada, ao ponto que o próprio cinema nos últimos tempos nos brindou com filmes que são o mais puro reflexo desses nossos tempos complexos. "Em Trânsito" é um filme que transita entre ficção e realidade e cujo a trama é moldada por ecos dos horrores, tanto vindos do passado, como também do nosso presente.

Dirigido por Christian Petzold, do filme "Phoenix" (2014), o filme conta a história de Georg (Franz Rogowski), que tenta fugir da França após a invasão nazista e rouba os manuscritos de um autor falecido e assume sua identidade. Preso em Marseille, acaba conhecendo Marie (Paula Beer), que está desesperada para encontrar seu marido desaparecido - o mesmo que ele está fingindo ser. Para complicar ainda mais, ele começa a se apaixonar por ela.

Confira a minha crítica já publicada clicando aqui. 


📽️ DOMINGO – 23/02

Crônica de uma Relação Passageira (Chronique d'une liaison passagère)

França, 2022, 100 min, 14 anos

Direção: Emmanuel Mouret

Elenco: Sandrine Kiberlain, Vincent Macaigne, Georgia Scalliet

📍 Sala Eduardo Hirtz, Cinemateca Paulo Amorim – Casa de Cultura Mario Quintana (Rua dos Andradas, 736 - Centro Histórico)

🕥 10h15

Sinopse: Charlotte (Sandrine Kiberlain) e Simon (Vincent Macaigne) iniciam um romance sem compromisso, mas logo percebem que sentimentos inesperados podem tornar tudo mais complicado. Emmanuel Mouret conduz essa história com um olhar niilista e bem-humorado, desmontando as idealizações do amor romântico.

Aproveite este final de semana cinematográfico conosco!

Nos vemos lá!

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