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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

Cine Dica: Em Cartaz - 'Nosferatu'

Sinopse: Um vampiro antigo da Transilvânia persegue uma jovem atormentada na Alemanha do século 19.

Robert Eggers já pode tranquilamente ser apontado como um dos melhores cineastas autorais dos últimos tempos e que ao mesmo tempo deu sangue novo ao gênero de horror como um todo. Títulos como "A Bruxa" (2016), "O Farol" (2020) e "O Homem do Norte" (2022) foram obras que geraram debate, dividiram a opinião do público, mas sendo justamente por isso que os longas continuassem sendo lembrados nestes últimos anos. Em "Nosferatu" (2024) o cineasta não somente cria uma refilmagem do clássico de 1922, como também o molda de sua maneira e fazendo novamente uma obra que gerará debates após a sessão de cinema.

Na trama se passa nos anos de 1800 na Alemanha e testemunhamos a sombria figura do Conde Orlok (Bill Skarsgård) na busca por um novo território. O vendedor de imóveis Thomas Hutter (Nicholas Hoult) fica responsável por conduzir os negócios de Orlok, mas ao mesmo tempo deixando para trás a sua esposa Ellen (Lily-Rose Depp) que começa a ter visões assustadoras sobre o Conde. Não irá demorar muito para que ambos se encontrem e selando o destino de ambas as partes.

Pode-se dizer que a última grande adaptação do livro Drácula para o cinema foi bem lá atrás em 1992 com o título "Drácula de Bram Stoker" e dirigido por Francis Ford Coppola. Após isso nenhuma outra adaptação ganhou o mesmo status e fazendo com que o personagem perdesse o prestígio nestes últimos anos. Porém, Robert Eggers sempre foi grande fã da história, seja vinda do livro ou da primeira e melhor adaptação que havia sido lançada em 1922 e fazendo com que o diretor realizasse até mesmo uma peça teatral antes de ingressar como diretor de cinema.

Tendo a chance de realizar o seu grande sonho de dirigir uma obra sobre esse rico personagem, Robert Eggers aproveita para moldá-la da sua maneira, ao injetar um teor sombrio similar ao que foi visto em "A Bruxa" e ao mesmo tempo um teor psicológico, onde os personagens transitam entre a realidade e delírio, mas cujo essa última observação tem certo fundamento. É interessante, por exemplo, a maneira como Conde Orlok é apresentado aos poucos, sendo visto somente como uma sinistra sombra pelas visões de Ellen, para logo depois ganhar contornos peculiares a partir do momento que Hutter tem o seu primeiro contato com ele.  Se no filme "A Bruxa" a entidade demoníaca vista no final daquele longa era apresentada como um vulto que possuía uma voz peculiar, aqui não é muito diferente, pois vemos Conde Orlok como um ser mórbido, cuja a voz parece que foi extraída de tempos bastante antigos e que aos poucos temos uma dimensão de sua real face como um todo.

Com uma pesada maquiagam, Bill Skarsgård simplesmente desapareceu em cena, ao construir para si um Nosferatu, ou Drácula para os íntimos, algo que se difere das outras adaptações, mas se aproximando ainda mais da figura literária criada por Bram Stoker.  Com uma edição de arte impressionante, além de uma fotografia sombria e que enche os olhos, o filme é extremamente fiel as passagens da trama vista no clássico de 1922, mas ao mesmo tempo Robert Eggers procura preencher novas lacunas dentro do roteiro, ao dar maior profundidade com relação a ligação entre Ellen e Nosferatu e cujo teor sexual é mais acentuado aqui diga-se de passagem. esta última observação, por exemplo, Lily-Rose Depp constrói uma Ellen inocente superficialmente, mas que não esconde a sua força e desejo interior e culmina em uma cena erótica inesperada com Hutter.

Assim como a versão comandada por Francis Ford Coppola em 1992, o diretor Robert Eggers também opta em fazer uma espécie de conto de fadas gótico, cujo os desejos e a solidão sentida na vida eterna se cruzam para se colocar um ponto final nisso. Até lá, o realizador não poupa esforços, tanto em ser fiel ao clássico do expressionismo alemão, como também fazer um paralelo aos tempos contemporâneos, em que a descrença se torna cada vez mais acentuada na medida em que catástrofes como a pandemia se alastraram pelo mundo. Neste último caso, por exemplo, Robert Eggers presta uma bela homenagem ao realizador alemão Werner Herzog, sendo que ambos retratam a peste de Orlok através de inúmeros ratos em cena e fazendo da cidade de Wismar um verdadeiro inferno na terra.

Curiosamente, o filme também é uma reconstituição fiel com relação aos pensamentos da época, em que certas crenças começam a ficar de lado e dando lugar aos meios científicos. Neste cenário em que o fantástico se fortalece e a lógica fica eclipsada o personagem Prof. Albin Eberhart Von Franz, interpretado brilhantemente por Willem Dafoe, se torna uma figura que usa os dois lados da situação para o seu propósito e fazendo com que o mesmo se encaminhe para descobrir a trágica verdade sobre o que está acontecendo na cidade de   Wismar. Se nas adaptações anteriores de "Nosferatu" esse personagem era visto como mero figurante, aqui ele ganha total relevância e se tornando uma das peças centrais da obra.

Se há algumas irregularidades com relação ao ritmo da trama do segundo ato, isso é completamente dissipado em seu ato final, onde o encontro definitivo de Ellen e o Orlok acontece e culminando em um momento surpreendente e até mesmo superior se formos compará-la com as outras versões. É como se Robert Eggers quisesse que não esqueçamos dela tão cedo e conseguindo, enfim, com grande êxito. Quem diria que uma história tantas vezes levada para o cinema pudesse soar tão fresca e renovada nos dias de hoje.

"Nosferatu" é uma história de horror de primeira linha, onde Robert Eggers refilma o clássico com elegância, coragem e puramente cinema. 

Leia Também: 'Nosferatu' (1922)', 'Nosferatu' (1979) e 'A Sombra do Vampiro' (2000)

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Cine Dica: Vencedores do Globo de Ouro 2025

O Globo de Ouro 2025, um dos principais termômetros do Oscar, revelou sua lista de vencedores neste domingo (5). O grande destaque em número de vitórias foram o filme “Emilia Pérez” e a série “Xógum” com quatro vitórias cada. A premiação também contou com uma vitória histórica para o Brasil: Fernanda Torres se tornou a primeira atriz brasileira a vencer o prêmio de Melhor Atriz em Filme Drama. Torres concorria por “Ainda Estou Aqui”, que perdeu o prêmio de Filme em Língua Não Inglesa para Emilia Pérez.

Ao subir ao palco para receber o prêmio das mãos de Viola Davis, Torres agradeceu ao diretor Walter Salles e relembrou que sua mãe, Fernanda Montenegro, esteve no palco do Globo de Ouro 25 anos atrás, concorrendo por "Central do Brasil". "Foi um ano incrível para os desempenhos de tantas atrizes aqui, que admiro tanto. Claro, que quero agradecer ao Walter Salles, meu parceiro, meu amigo. Que história, Walter! E quero dedicar esse premio à minha mãe. Vocês não têm ideia! Ela estava aqui há vinte e cinco anos."

Ela aproveitou para falar de sua personagem. "Isso é uma prova de que a arte dura na vida até durante momentos difíceis pelos quais a Eunice Paiva Passou. Com tantos problemas hoje no mundo, tanto medo, esse é um filme que nos ajudou a pensar em como sobreviver em tempos como esse.



Confira a lista dos Indicados e Vencedores: 


Melhor Atriz Coadjuvante

Selena Gomez, Emilia Pérez

Ariana Grande, Wicked

Felicity Jones, O Brutalista

Margaret Qualley, A Substância

Isabella Rossellini, Conclave

Zoe Saldaña, Emilia Pérez – VENCEDORA


Melhor Atriz em Série de Comédia ou Musical

Kristen Bell, Ninguém Quer

Quinta Brunson, Abbott Elementary

Ayo Edebiri, O Urso

Selena Gomez, Only Murders in the Building

Kathryn Hahn, Agatha Desde Sempre

Jean Smart, Hacks – VENCEDORA


Melhor Ator Coadjuvante

Denzel Washington, Gladiador II

Kieran Culkin, A Verdadeira Dor – VENCEDOR

Guy Pearce, O Brutalista

Jeremy Strong, O Aprendiz

Yura Borisov, Anora

Edward Norton, Um Completo Desconhecido


Melhor Ator de Drama em Série de TV

Donald Glover, Sr. e Sra. Smith

Jake Gyllenhaal, Acima de Qualquer Suspeita

Gary Oldman, Slow Horses

Eddie Redmayne, O Dia Do Chacal

Hiroyuki Sanada, Xógum: A Gloriosa Saga do Japão – VENCEDOR

Billy Bob Thornton, Landman


Melhor Atriz Coadjuvante em Título para a Televisão ou Streaming

Liza Colón-Zayas, O Urso

Hannah Einbinder, Hacks

Dakota Fanning, Ripley

Jessica Gunning, Bebê Rena – VENCEDORA

Allison Janney, A Diplomata

Kali Reis, True Detective: Night Country


Melhor Ator Coadjuvante em Título para a Televisão ou Streaming

Tadanobu Asano, Xógum: A Gloriosa Saga do Japão – VENCEDOR

Javier Bardem, Monstros: Irmãos Menendez: Assassinos de Pais

Harrison Ford, Falando a Real

Jack Lowden, Slow Horses

Diego Luna, A Máquina

Ebon Moss-Bachrach, O Urso


Melhor Ator em Série de Comédia ou Musical

Adam Brody, Ninguém Quer

Ted Danson, Um Espião Infiltrado

Steve Martin, Only Murders in the Building

Jason Segel, Falando a Real

Martin Short, Only Murders in the Building

Jeremy Allen White, O Urso – VENCEDOR


Melhor Roteiro

Emilia Pérez

Anora

O Brutalista

A Verdadeira Dor

A Substância

Conclave – VENCEDOR


Melhor Comediante

Jamie Foxx, What Had Happened Was

Nikki Glaser, Someday You’ll Die

Seth Meyers, Dad Man Walking

Adam Sandler, Love You

Ali Wong, Single Lady – VENCEDORA

Ramy Youssef, More Feelings


Melhor Filme de Língua Não-Inglesa

Tudo Que Imaginamos Como Luz

Emilia Pérez – VENCEDOR

The Girl With the Needle

Ainda Estou Aqui

The Seed of the Sacred Fig

Vermiglio


Melhor Ator de Filme para TV ou Série Limitada

Colin Farrell, Pinguim – VENCEDOR

Richard Gadd, Bebê Rena

Kevin Kline, Disclaimer

Cooper Koch, Monstros: Irmãos Menendez: Assassinos dos Pais

Ewan McGregor, Um Cavalheiro Em Moscou

Andrew Scott, Ripley


Melhor Atriz de Filme para TV ou Série Limitada

Cate Blanchett, Disclaimer

Jodie Foster, True Detective: Night Country – VENCEDORA

Cristin Milioti, Pinguim

Sofía Vergara, Griselda

Naomi Watts, Feud: Capote vs. the Swans

Kate Winslet, O Regime


Melhor Atriz em Filme de Comédia ou Musical

Amy Adams, Canina

Cynthia Erivo, Wicked

Karla Sofía Gascón, Emilia Pérez

Mikey Madison, Anora

Demi Moore, A Substância – VENCEDORA

Zendaya, Rivais


Melhor Ator em Filme de Comédia ou Musical

Jesse Eisenberg, A Verdadeira Dor

Hugh Grant, Herege

Gabriel LaBelle, Saturday Night

Jesse Plemons, Tipos de Gentileza

Glen Powell, Assassino por Acaso

Sebastian Stan, Um Homem Diferente – VENCEDOR


Melhor Filme de Animação

Flow – VENCEDOR

Divertida Mente 2

Memórias de um Caracol

Moana 2

Wallace & Gromit: Avengança

Robô Selvagem


Melhor Direção

Jacques Audiard, Emilia Pérez

Sean Baker, Anora

Edward Berger, Conclave

Brady Corbet, O Brutalista – VENCEDOR

Coralie Fargeat, A Substância

Payal Kapadia, Tudo Que Imaginamos Como Luz


Melhor Trilha Sonora

O Brutalista

Conclave

Robô Selvagem

Emilia Pérez

Rivais – VENCEDOR

Duna: Parte 2


Melhor Canção Original

The Last Showgirl – “Beautiful That Way”

Rivais – “Compress/Repress”

Emilia Pérez – “El Mal” – VENCEDORA

Better Man – “Forbidden Road”

Robô Selvagem — “Kiss the Sky”

Emilia Pérez – “Mi Camino”


Maior Evento Cinematográfico do Ano

Alien: Romulus

Os Fantasmas Ainda se Divertem: Beetlejuice Beetlejuice

Deadpool & Wolverine

Gladiador 2

Divertida Mente 2

Twisters

Wicked – Vencedor

Robô Selvagem


Melhor Filme para TV ou Série Limitada

Monstros

Bebê Rena – VENCEDOR

Difamação

Pinguim

True Detective: Terra Noturna

Ripley


Melhor Série de Comédia

Abbott Elementary

O Urso

Magnatas do Crime

Hacks – VENCEDOR

Ninguém Quer

Only Murders in the Building


Melhor Atriz de Drama em Série de TV

Kathy Bates, Matlock

Emma D’Arcy, A Casa do Dragão

Maya Erskine, Sr. e Sra. Smith

Keira Knightley, Black Doves

Keri Russell, A Diplomata

Anna Sawai, Xógum: A Gloriosa Saga do Japão – VENCEDORA


Melhor Série de Drama

O Dia do Chacal

A Diplomata

Sr. e Sra. Smith

Xógum: A Gloriosa Saga do Japão – VENCEDOR

Slow Horses

Round 6


Melhor Atriz em Filme de Drama

Pamela Anderson, The Last Showgirl

Angelina Jolie, Maria Callas

Nicole Kidman, Babygirl

Tilda Swinton, O Quarto ao Lado

Fernanda Torres, Ainda Estou Aqui – VENCEDORA

Kate Winslet, Lee


Melhor Ator em Filme de Drama

Adrien Brody, O Brutalista – VENCEDOR

Timothée Chalamet, Um Completo Desconhecido

Daniel Craig, Queer

Colman Domingo, Sing Sing

Ralph Fiennes, Conclave

Sebastian Stan, O Aprendiz


Melhor Filme de Drama

O Brutalista – VENCEDOR

Um Completo Desconhecido

Conclave

Dune: Parte 2

Nickel Boys

Setembro 5


Melhor Filme de Comédia ou Musical

Anora

Rivais

Emilia Pérez – VENCEDOR

A Verdadeira Dor

A Substância

Wicked

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sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

Cine Especial: Revisitando 'A Sombra de Um Vampiro' 

"Nosferatu" (1922) do mestre Friedrich Wilhelm Murnau é apontado como um dos melhores filmes de horror de todos os tempos. Talvez muito disso se deva pelo fato de o realizador ter tido uma obsessão pelo realismo, ao ponto de muitos acreditarem que o vampiro em cena era realmente real. Essa lenda urbana aumentou ainda mais pelo fato da vida do  ator Max Schreck ter sido tão pouco explorada pelos exploradores do cinema e fazendo com que a teoria aumentasse ainda mais.

No decorrer dos anos "Nosferatu" foi revisitado diversas vezes, ao ponto de ganhar uma merecida refilmagem em 1979 pelo mestre Werner Herzog. Porém, sempre existe aquele desejo de explorar aquela velha teoria de que Schrerk fosse realmente um vampiro. Eis que então foi lançado "A Sombra do Vampiro" (2000), filme que dá uma luz sobre essa possibilidade sobre o que era ficção e realidade durante as filmagens do clássico.  O filme foi dirigido por E. Elias Merhige, conhecido na época pelo cultuado "Begotten" (1990). Porém, o filme nasceu através do desejo de Nicolas Cage em trazer essa proposta às telas, sendo que ele bancou o projeto e se tornando então o produtor como um todo.

Apreciador do expressionismo alemão, a abertura do filme é uma clara referência a essa época e que através do cinema ganhou a sua força.  O filme em si traz algumas reconstituições sobre o que pode ter acontecido durante as filmagens e ao mesmo tempo utilizando cenas extraídas do clássico. O filme acaba se tornando um colírio para os olhos daqueles que apreciam a reconstituição dos primeiros anos do cinema, principalmente quando a câmera era mais simples, sendo tudo algo mais experimental e sintetizando tempos em que os primeiros realizadores autorais tinham certa obsessão de criar algo genuíno.

Há quem diga que Murnau era algo do tipo, ao ponto que esse desejo pela realização de sua obra é potencializado ainda mais pela atuação de John Malkovich não se preocupando na possibilidade de soar caricato em alguns momentos.  Porém, o filme pertence mesmo ao ator Willem Dafoe, na época já conhecido pelos seus incríveis desempenhos como "Mississípi em Chamas" (1988) e "A Última Tentação de Cristo" (1988). Aqui, o seu Nosferatu é um ser monstruoso, porém, trágico e ao ponto de que seu passado se torna um mistério, pois o próprio há muito tempo havia esquecido. Sua obsessão pela atriz Greta Schroeder se torna o seu principal motivo para fingir que é um ator e que está atuando no projeto do "Murnau.

É curioso a reação dos demais personagens perante ao personagem, sendo que eles acreditam que seja um ator que está interpretando um vampiro, mas a sua presença é tão incômoda que faz os mesmos duvidarem disso. Dafoe constrói para si um vampiro cheio de trejeitos peculiares, que se distancia do que o verdadeiro Max Schreck havia criando e se distanciando ainda mais se formos compará-lo ao assombroso desempenho de Klaus Kinski na versão de 1979. Não é a toa, portanto, que o ator havia sido indicado há vários prêmios na época, incluindo uma indicação ao Oscar de melhor ator coadjuvante.

Embora tenha tido uma estreia discreta na época do seu lançamento, o filme foi o suficiente para despertar a atenção da nova geração de cinéfilos para conhecer o clássico de 1922. Na época eu já era fã do clássico expressionista e fiz questão de assisti-lo no cinema e tendo, portanto, uma sessão inesquecível. Embora curto, o filme é uma experiência um pouco incomum, sendo que o final levanta mais dúvidas do que respostas sobre o que poderia ter acontecido realmente durante as filmagens e fazendo com que o filme fosse revistado no decorrer dos anos.

"A Sombra do Vampiro" é uma curiosa transição entre a ficção e a realidade sobre a realização de um clássico e que certas lendas urbanas podem sim ter algum fundamento. 

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quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

Cine Dicas: Estreias do Final de Semana (02/01/25)

 Nosferatu

Sinopse: Um conto cinematográfico gótico sobre a obsessão entre uma jovem mulher amedrontada e o aterrorizante vampiro apaixonado por ela, indiferente ao rastro do mais puro horror que deixa em seu caminho em direção a ela.



ENCONTRO COM O DITADOR

Sinopse: 1978. Durante três anos, o Camboja, agora Kampuchea Democrático, esteve sob a opressão de Pol Pot e do seu Khmer Vermelho. Atualmente, o país está economicamente devastado e quase dois milhões de cambojanos morreram num genocídio que permanece silencioso.


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Cine Dica: CINEMATECA PAULO AMORIM - PROGRAMAÇÃO DE 2 A 8 DE JANEIRO DE 2025

 PROGRAMAÇÃO DE 2 A 8 DE JANEIRO DE 2025

SEGUNDA-FEIRA NÃO HÁ SESSÕES

A primeira cinesemana de 2025 traz várias novidades em nossa programação. Entre elas está o longa COMO GANHAR MILHÕES ANTES QUE A AVÓ MORRA, representante da Tailândia na disputa pelo Oscar de filme internacional. Também temos a estreia do filme alemão DYING – A ÚLTIMA SINFONIA, vencedor do prêmio de melhor roteiro no Festival de Berlim. Outra estreia é MARCELLO MIO, lançado para marcar o centenário de nascimento do grande ator italiano Marcello Mastroianni. E ainda faremos a pré-estreia de BABY, um dos destaques nacionais na temporada de festivais de 2024.

Seguimos em cartaz com dois títulos bem recebidos pelo público na virada do ano: o indiano TUDO QUE IMAGINAMOS COMO LUZ e o espanhol HISTÓRIAS QUE É MELHOR NÃO CONTAR.

Confira nossa programação completa e o Portal do Cinema Gaúcho em www.cinematecapauloamorim.com.br


SALA PAULO AMORIM


15h – TUDO QUE IMAGINAMOS COMO LUZ

(All we imagine as light - Índia/França/Holanda/Luxemburgo, 2024, 120min). Direção de Payal Kapadia, com Kani Kusruti, Divya Prabha, Chhaya Kadam. Filmes da Mostra, 14 anos. Drama.

Sinopse: Na caótica Mumbai, a rotina de três mulheres que trabalham em um hospital é atravessada por sentimentos e situações que dão conta das tradições de um país. Prahna não tem notícias do marido, que foi tentar a sorte em outro país. Anu vive um romance com um rapaz que os pais não aprovam. Parvaty perdeu o marido e também está prestes a perder sua casa. O alento para o caos pode estar em uma viagem para o interior, onde há paz de espírito. O filme foi o vencedor do grande prêmio do júri no Festival de Cannes e já aparece em várias listas de melhores produções do ano.


17h15 – COMO GANHAR MILHÕES ANTES QUE A AVÓ MORRA Assista o trailer aqui.

(Lahn Mah - Tailândia, 2024, 125min). Direção de Pat Boonnitipat, com Putthipong Assaratanakul, Usha Seamkhum, Sanya Kunakorn. Paris Filmes, 12 anos. Drama.

Sinopse: Amah é uma senhora idosa que, de acordo com as tradições de seu país, sonha em ter uma sepultura própria quando morrer. Isso atrai o interesse de seu neto, que resolve cuidar da avó por conta da herança que ela pode deixar depois que partir. À medida em que o jovem se aproxima da idosa, as vivências e sentimentos entre ambos vão se modificando, com base no amor e respeito. O longa é o representante da Tailândia no Oscar e está entre os 15 títulos pré-selecionados ao prêmio de filme internacional.


19h30 – HISTÓRIAS QUE É MELHOR NÃO CONTAR (NÃO HAVERÁ SESSÃO DIA 8) Assista o trailer aqui.

(Historias para no contar - Espanha, 2024, 100min). Direção de Cesc Gay, com Anna Castillo, Chino Darín, Maribel Verdú, José Coronado, Javier Cámara. Pandora Filmes, 14 anos. Comédia dramática.

Sinopse: Um elenco talentoso protagoniza cinco episódios de situações embaraçosas do dia a dia, provavelmente já vividas por muitas pessoas e que seria melhor não serem reveladas. Em comum, as histórias são tratadas com bom humor e desfechos inesperados, incluindo o encontro de três amigas atrizes para um teste de elenco ou a tentativa de um casal de arranjar uma namorada para um amigo desiludido.


PRÉ-ESTREIA

QUARTA, DIA 8 ÀS 19h30 – SESSÃO COM A PRESENÇA DO DIRETOR. Assista o trailer aqui.


BABY

(Brasil, 2024, 106min). Direção de Marcelo Caetano, com João Pedro Mariano e Ricardo Teodoro. Vitrine Filmes, 16 anos. Drama.

Sinopse: Após ser liberado de um centro de detenção juvenil, Wellington se vê sozinho nas ruas de São Paulo, sem nenhum contato com os pais ou recursos para reconstruir a vida. Ele encontra Ronaldo, um homem maduro que lhe ensina novas formas de sobrevivência. Prêmios de melhor filme e ator no Festival do Rio.


SALA EDUARDO HIRTZ


15h30 – DYING - A ÚLTIMA SINFONIA - ESTREIA Assista o trailer aqui.

(Sterben - Alemanha, 2024, 180min). Direção de Matthias Glasner, com Corinna Harfouch, Lars Eidinger, Lilith Stangenberg. Imovision, 16 anos. Drama.

Sinopse: A música e o humor ácido costuram o cotidiano da família Lunies, formada pelo casal de idosos Lissy e Gerd e seus filhos Tom e Ellen. O casal enfrenta os problemas da saúde que vêm com a velhice, enquanto Tom é um maestro reconhecido que está às voltas com os ensaios de uma nova obra ao mesmo tempo em que precisa encarar o papel de pai. Já Ellen é uma dentista que não consegue se controlar quando a situação envolve álcool ou sexo. O filme ganhou o Urso de Prata de melhor roteiro no Festival de Berlim.


19h – MARCELLO MIO - ESTREIA Assista o trailer aqui

(França, 2024, 120min). Direção de Christophe Honoré, com Chiara Mastroianni, Catherine Deneuve, Fabrice Luchini. Imovision, 14 anos. Drama.

Sinopse: Marcello Mastroiani (1924 - 1996) é reverenciado pela própria filha em homenagem ao centenário do seu nascimento. Diante da semelhança, Chiara Mastroianni se apresenta como Marcello e reencarna o pai em alguns momentos emblemáticos da sua trajetória. Entre cenários de Paris e Roma, ela se veste e fala como ele, entregando momentos de interpretação convincente e outros em que parece estar em busca de sua verdadeira identidade. O filme participou da seleção oficial do Festival de Cannes 2024.


PREÇOS DOS INGRESSOS:

TERÇAS, QUARTAS e QUINTAS-FEIRAS: R$ 16,00 (R$ 8,00 – ESTUDANTES E MAIORES DE 60 ANOS). SEXTAS, SÁBADOS, DOMINGOS, FERIADOS: R$ 20,00 (R$ 10,00 - ESTUDANTES E MAIORES DE 60 ANOS). CLIENTE BANRISUL: 50% DE DESCONTO EM TODAS AS SESSÕES MEDIANTE PAGAMENTO COM O CARTÃO DO BANCO.

Estudantes devem apresentar Carteira de Identidade Estudantil.

Outros casos: conforme Lei Federal nº 12.933/2013.

A meia-entrada não é válida em festivais, mostras e projetos que tenham ingresso promocional. Os descontos não são cumulativos. Tenha vantagens nos preços dos ingressos ao se tornar sócio da Cinemateca Paulo Amorim. Entre em contato por este e-mail ou pelos telefones: (51) 3136-5233, (51) 3226-5787.


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terça-feira, 31 de dezembro de 2024

Cine Especial: Retrospectiva 2024 e um Feliz 2025

Ano de 2024 está acabando e posso dizer que foram doze meses que eu fiquei muito ocupado, tanto em assistir muitos filmes, como também saber lidar com diversos obstáculos e dois quais muitos de nós enfrentaram. Para mim e para muitos que moram no RS foi um ano em que encaramos a primeira grande enchente depois de mais de oitenta anos e da qual nos afetou profundamente. Quando ela começou eu estava em Sapucaia do Sul e vi a minha cidade natal Porto Alegre ser sucumbida pelas águas e sendo algo que nunca imaginei testemunhar em vida.

Foi com muita tristeza, por exemplo, ao ver as salas que eu frequento como a Cinemateca Paulo Amorim ser inundada e fazendo com que o futuro do local se tornasse indefinido. Felizmente a união fez com que elas voltassem a funcionar, assim como também a Cinemateca Capitólio e Cinebancários que haviam fechado durante o evento climático. Infelizmente por conta disso acabei tendo pouco acesso ao cinema nacional, pois são através dessas salas que eu assisto o nosso patrimônio cinematográfico e que merece ser valorizado.

Na medida em que a situação foi normalizando eu prossegui participando dos cursos do Cine Um, criado por Jorge Ghiorzi, onde eu tive o prazer de conhecer pessoalmente o crítico de cinema Waldemar Dalenogare Neto e do qual eu muito admiro. Foi um ano que o meu trabalho como crítico ganhou um passo à frente ao fazer parte do Zineclube, um fanzine elaborado pelo Clube de Cinema de Porto Alegre, onde trabalhei fazendo análises especiais e fiz também uma nova parceria com o site Teoria Geek, onde eu faço críticas e análises por lá também. Não posso deixar de mencionar a iniciativa do Cine Debate, criado pela minha amiga e psicóloga Maria Emília Bottini, onde quinzenalmente nos reunimos online para debatermos determinado filme que é escolhido para assistirmos e darmos a nossa opinião.

Em termos de comparação ao ano passado, 2024 não foi exatamente um ano em que tivemos um grande número de ótimos filmes, sendo que Hollywood continua presa às suas franquias de sucesso e não se arriscando em realizar muitos filmes originais. Enquanto o gênero de Super-heróis para o cinema teve como o seu melhor representante  "Deadpool e Wolverine", em contrapartida, o gênero de horror mostrou a sua força plena em longas desafiadores e muito criativos diga-se de passagem. "A Substância" da diretora Coralie Fargeat não teve medo em tocar o dedo na ferida e ousando ao fazer uma crítica ácida contra a própria Hollywood.

Voltando ao nosso cinema nacional, Walter Salles surpreendeu a nós e o mundo com o ótimo "Ainda Estou Aqui" e fazendo com que o longa se tornasse um forte concorrente ao próximo Oscar e sendo algo que não acontecia já há um bom tempo. Atraindo mais de três milhões de cinéfilos brasileiros, o filme se tornou uma chama de esperança para que o público voltasse a enxergar o nosso cinema com novos olhos e fazendo com o futuro se torne bastante positivo. Resta saber se os futuros governos irão investir cada vez mais em nossa cultura, pois se não ficaremos somente na vontade de valorizar o que é nosso como um todo.

Enfim, desejo a todos um feliz 2025, ótimas sessões de cinema e cuja ida às salas continue sendo uma experiência muito prazerosa e que nenhum streaming irá superá-lo.  


Melhores Filmes Internacionais 2024:

01º A Substância

02º Wicked

03º Duna: Parte 2

04º Pobres Criaturas

05º Rivais

06º Love Lies Bleeding: O Amor Sangra

07º O Quarto ao Lado

08º Jurado Nº2

09º O Mal Não Existe 

10º Dias Perfeitos


Menção honrosa:  'Furiosa: Uma Saga Mad Max',  'Deadpool e Wolverine', 'Coringa: Delírio a Dois', Robô Selvagem, 'Um Homem Diferente', O Aprendiz, 'Megalópolis', 'Gladiador 2', 'Super/Man: A história de Christopher Reeve', Pisque Duas Vezes, 'O Menino e a Garça', "Zona de Interesse', 'Meu Amigo Robô', 'Guerra Civil', 'Sorria 2', 'Imaculada', 'A Primeira Profecia'. 


Melhores Filmes Nacionais 2024:

01º Ainda Estou Aqui 

02º Propriedade

03º Motel Destino 

04º Uma Família Feliz

05º A Paixão Segundo GH

06º Saudosa Maloca

07º Sem Coração

08º Placa Mãe 

09º Lupicínio Rodrigues: Confissões de Um Sofredor 

10º Placa Mãe 

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segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

Cine Dica: Em Cartaz - 'Histórias Que é Melhor Não Contar'

Sinopse: Com encontros inesperados, momentos ridículos ou decisões absurdas, cinco histórias ácidas e compassivas exploram a incapacidade de governar nossas próprias emoções.

Cesc Gay é um diretor espanhol que me chamou atenção há vários anos atrás quando dirigiu o ótimo e divertido "O Que os Homens Falam" (2012), onde o longa era dividido em oito tramas episódicas. Posteriormente o realizador nos provou ao saber alinhar drama com humor através do maravilhoso "Thuman" (2016). Neste "Histórias Que é Melhor Não Contar" (2022) retorna ao estilo do seu primeiro grande sucesso e provando que consegue ainda provocar no público grandes risos.

O longa é dividido em cinco tramas, onde grandes segredos e humilhações se cruzam e vêm à tona. Sendo situações das quais nós identificamos e que preferimos não contar, ou melhor, que preferimos esquecer a todo custo. Encontros inesperados, momentos ridículos ou decisões sem sentido é o que moldam o filme como um todo e fazendo dele um ótimo entretenimento.

Cesc Gay consegue de uma forma bastante refinada criar um humor não ofensivo, porém, adulto e que fará muitos se identificarem na trama como um todo. É como se fosse aquelas típicas situações das quais a gente guarda segredo, mas que na ficção os personagens começam a colocar para fora e gerando assim situações maravilhosamente desconcertantes. A primeira trama, por exemplo, poderia soar até mesmo homofônica, mas o realizador consegue a proeza de nos fazer rir da situação e ao mesmo tempo nos passar uma bela lição de moral.

Do elenco, dou destaque ao ator Chino Darín, filho do veterano ator argentino Ricardo Darín e que na trama protagoniza a história final. É nesta trama, inclusive, que se encontram os verdadeiros dilemas com relação a segredos e mentiras e que uma vez falando a verdade pode correr sério risco de outras revelações serem colocadas a prova e gerando assim uma grande bola de neve. O que parecia ser a trama mais fraca do longa acaba se tornando, talvez, a mais criativa.

Outro fato interessante é a forma como o realizador explora o universo particular das mulheres e de como as mesmas possuem características que não são muito diferentes dos homens com relação à fidelidade. Se em uma trama um trio de amigas se surpreendem com os segredos, ou mentiras uma da outra, por outro lado, a sinceridade da mulher pode levar o homem a procurar também ser sincero e acabar revelando, ou construindo, uma situação que não estava prevendo. A trama protagonizada pelo veterano José Coronado, por exemplo, nos brinda com maior complexidade sobre o assunto, já que nunca sabemos ao certo até onde a verdade é genuína sobre ambas as partes e fazendo dessa passagem do longa terminar de forma aberta, porém, bastante construtiva.

Ao final, tudo o que eu queria desejar é que o longa continuasse, já que são histórias absurdas, porém, bastante humanas e que conseguem fazer a gente se colocar na pele dos protagonistas. Em tempos em que é problemático fazer uma comédia devido a onda do politicamente correto, Cesc Gay consegue a proeza de extrair o leite da pedra e fazer das quase duas horas de sessão uma das mais rápidas que eu senti dentro de um cinema recentemente. "Histórias Que é Melhor Não Contar" nos convida para testemunhar situações embaraçosas, engraçadas e ao mesmo tempo verdadeiramente humanas.      

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