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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

Cine Dica: Streaming - 'Jurado Nº 2'

 Sinopse: Pai de família serve como jurado em um importante julgamento de assassinato. Ele se depara com um dilema moral significativo que pode influenciar o veredito do júri. 

Clint Eastwood é um daqueles talentos que somente irá parar de trabalhar quando estiver morto. Aos seus 94 anos de vida o realizador parece não pensar em parar mesmo quando vemos fotos dele já bastante fragilizado devido ao peso da idade. Porém, quando assistimos o seu último filme "Jurado nº 2" (2024) constatamos que ele dá ainda uma verdadeira aula de direção e cuja a geração nova de cineastas deveria parar para assistir e aprender como se faz um bom filme para variar.   

Na trama, acompanhamos a história de Justin Kemp, interpretado por Nicholas Hoult, que está servindo em "jury duty", o serviço obrigatório dos Estados Unidos que escala os membros do júri de casos criminais. Ele e sua mulher estão prestes a terem o seu primeiro filho depois de uma longa tentativa, mesmo com os problemas financeiros que os aflige. Porém, o julgamento do crime do qual ele participa pode colocar o seu futuro em xeque.     

Clint Eastwood claramente se inspirou nos melhores filmes do subgênero tribunal, principalmente com relação ao clássico "11 Homens e uma Sentença" (1957) do realizador Sidney Lumet. Curiosamente, enquanto no clássico sentimos uma sensação claustrofóbica devido ao fato da trama se passar em um único cenário, aqui essa sensação acontece a partir do desconforto que o protagonista sente a todo momento a partir do instante em que começou a participar desse caso. O porquê de isso estar acontecendo Eastwood revela por cenas fragmentadas que se encontram nas memórias do protagonista, mas sendo o suficiente para compreendermos o seu dilema.

Nicholas Hoult obtém o melhor desempenho de sua carreira desde "Mad Max: Estrada da Fúria" (2015), já que ele consegue construir um personagem que busca pela sua redenção, mas tendo que encarar um terrível erro que havia cometido. O diretor, por sua vez, procura colocar o protagonista em um grande dilema e tendo o feito de fazer com que isso nos afete de forma imediata, pois querendo ou não, todos cometemos erros falhos em nossa jornada da vida e cabe corrigirmos isso. O problema que a verdade doí, mesmo quando ela precisa ser colocada em prática, mas tendo um alto preço a se pagar em seguida.

Já a promotora, interpretada de forma brilhante pela veterana Toni Collette, é o outro lado dessa moeda, ao tentar ganhar a causa e se tornar poderosa no mundo da política. Porém, uma vez que ela encara a possibilidade de condenar uma pessoa inocente, Collete consegue passar através de sua personagem toda a dúvida se é realmente necessário colocar em prática o sacrifício de uma vida para ganhar status, ou se não seria melhor colocar na mesa a verdade incontestável mesmo lhe prejudicando. É um filme recheado de dilemas e do qual sintetiza toda a complexidade do peso da culpa que é carregado dentro da alma humana.

Clint Eastwood nos revela então uma história em que não há bem e mal bem definidos, mas sim pessoas comuns com as suas falhas e das quais algumas buscam fugir delas, mesmo quando sente remorso no mais fundo de sua alma. Não é um filme que nos dá soluções fáceis para esses problemas, mas cabe no final das contas termos que as encarar mesmo que percamos tudo, mas que ao menos nos sintamos mais leves desse ponto em diante. Os erros do passado servem para não serem repetidos no futuro próximo e cabe nós todos darmos o bom exemplo.

"Jurado nº 2" é um filme que nos pega desprevenidos, ao nos colocar lado a lado do protagonista devido aos seu grande dilema e ao mesmo tempo sintetizando a boa forma do veterano Clint Eastwood em sua direção perfeccionista. 

Onde Assistir: Apple TV, Amazon Prime Vídeo, Google Play Filmes.   

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quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

Especial de Natal: 'Os Dez Mandamentos'

Nos últimos anos eu sempre me peguei assistindo a um filme no natal, mas que de natalino ele não tem nada, mas sim como devemos usar a fé para enfrentar os desafios da vida. O que dizer então de um homem que foi escolhido por Deus para libertar um povo das mãos do Egito e tem então a história de Moisés, talvez uma das passagens bíblicas mais surpreendentes. Portanto, o clássico "Os Dez Mandamentos" (1956) faz jus ao peso dessa história e sendo apontado por muitos como um dos maiores épicos da história do cinema.

Cecil B. DeMille já era um diretor veterano na época e que quase sempre dirigia grandes espetáculos cinematográficos que entrariam para a história. Após a finalização do "Maior Espetáculo da Terra" (1951) o realizador decidiu retornar à história sobre Moisés, já que em 1923 ele havia feito uma primeira versão da história e sendo já apontado na época como um grande espetáculo. Porém, Demille queria fazer um grande épico de quase quatro horas de duração e que fosse fiel, tanto o que está escrito no velho testamento, como também os Manuscritos do Mar Morto, coleção de pergaminhos encontrados no deserto a leste de Jerusalém, na costa do Mar Morto.

Por ser um realizador que começou a carreira nos primeiros anos do cinema, DeMille queria filmar o grande projeto da maneira como se fazia cinema antigamente, mas ao mesmo tempo usando a tecnologia de ponta para a época. Diante disso, o diretor filmou tanto cenas no Egito, como também nos próprios estúdios da A Paramount, ao ponto que uma mesma passagem da história era rodada em ambos os locais. Belo exemplo disso é a saída de Moisés (Charlton Heston) do Egito, sendo que a sua ida para o deserto é um local verdadeiro, enquanto Ramses (Yul Brynner) se encontra em estúdio, mas com cenas do Egito atrás dele, mas que em pré produção era uma tela azul.

Isso está espalhado em boa parte do filme, além de cenários pintados em vidro, cenários feitos em tamanho natural e uma imensidão de figurantes que representaram o povo Hebreu saindo do Egito e sendo uma bela representação do que foi o Êxodo. Agora, nada supera a surpreendente cena da abertura do mar vermelho, onde o povo de Moisés atravessa enquanto os soldados do faraó sucumbem as ondas quando elas caem novamente. A cena da abertura das águas, por exemplo, foi rodada em um grande tanque do estúdio, sendo então colocada na cena crucial da trama e se tornando uma das melhores cenas de ação de todos os tempos.

Com figurino, fotografia e edição de arte impecáveis, a produção também é recheada tanto de grandes astros da época, como também da participação de intérpretes que posteriormente fariam sucesso logo em seguida. Interessante exemplo é a presença do ator Vincent Price, que aqui interpreta justamente o Egípcio morto por Moisés e que anos mais tarde se consagraria como um dos grandes atores dos filmes de horror. Outro destaque é presença curta de Woody Strode em cena, mas que se consagraria em um papel marcante em "Spartacus" (1960) e se tornando um dos primeiros grandes atores negros de Hollywood.

No caso do elenco principal destaque logicamente Charlton Heston, que na época já era um grande astro de cinema e tendo já trabalhado com Cecil B. DeMille em "O Maior Espetáculo da Terra". Heston foi escolhido pelo diretor pelo fato do intérprete ter um rosto parecido com a estátua de Moisés criada por Michelangelo e uma vez ele maquiado concordamos que a escolha foi mais do que perfeita. Houve outros intérpretes que já interpretaram Moisés, seja para o cinema ou para tv, mas nenhum superou o seu incrível desempenho.

Outro destaque tem que ser dado a Yul Brynner como o ambicioso Ramses. Conhecido na época pelo clássico "O Rei e Eu" (1956), Brynner teve a proeza de possuir um físico invejável mesmo nunca ter feito grandes exercícios e tendo o costume de ficar sem cabelos, pois achava sua careca perfeita. Portanto, o papel lhe caiu como uma luva, onde ele se sentiu mais do que a vontade em colocar para fora o lado sombrio de um Ditador ambicioso e que não medirá esforços para esmagar o povo Hebreu.

Curiosamente, o filme começa justamente com o próprio Cecil B. DeMille em cena. Ao se apresentar em um grande palco, DeMille exemplificou em suas palavras que o filme nasceu com o intuito de, tanto agradar os religiosos, como também historiadores que sempre buscam por respostas sobre tempos longínquos. Acima de tudo, foi um filme realizado em uma época em que o mundo já enfrentava inúmeros ditadores no mundo e a produção veio para levantar a seguinte questão: É o destino do homem servir as ordens de outros homens, ou servir aos desígnios de Deus?

Vários anos depois eu digo que o filme é uma lição sobre fé, onde as adversidades existem para serem superadas, mesmo quando elas pareçam impossíveis de serem enfrentadas. Portanto, Cecil B. DeMille encerrou a sua carreira como cineasta de forma digna, sendo que essa lição ainda é necessária nos dias de hoje e revisto se percebe que ele não somente envelheceu bem, como está mais atual do que nunca. Curiosamente, é um filme que simboliza uma época em que os estúdios realmente colocavam a mão na massa, onde se faziam grandes cenários, figurinos e culminando em um grande espetáculo e que nenhum CGI de hoje consegue superá-lo.

Quase setenta anos depois, "Os Dez Mandamentos" é um exemplo da palavra épico e se tornando hoje para mim um dos meus filmes favoritos em tempos festivos de final de ano. 


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segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

Cine Especial: Clube de Cinema - 'O Conde de Monte Cristo (2024)'

Nota: Filme exibido aos associados no último sábado (21/12/24). 

Sinopse: Edmond Dantes é preso por um crime que não cometeu. Após 14 anos na prisão, ele consegue realizar uma fuga ousada. 

O conto literário "O Conde de Monte Cristo", obra máxima do escritor Alexandre Dumas, obteve tantas adaptações para o cinema que hoje fica até mesmo difícil dizer quantas já houveram. Eu, sinceramente, conheci o conto em um desenho animado obscuro que eu vi anos atrás na rede Manchete e posteriormente assisti a adaptação de 2002 estrelada por Jim Caviezel. Agora, temos a nova versão francesa e da qual está conquistando o público de forma gradual, porém, bastante precisa.

Dirigido por Matthieu Delaporte e Alexandre De La Patellière, ambos do filme "Qual o Nome do Bebê? (2011), acompanhamos a trama de Edmond Dantès (Pierre Niney) um jovem marinheiro que sofre uma injustiça no dia de seu casamento. Ele é preso devido a uma enorme conspiração contra ele organizada pelos seus supostos amigos. Se passam 14 anos desde esse dia, onde Edmond recebe a ajuda de um outro prisioneiro para fugir do sinistro Château d'If após o mesmo dizer a localização exata de um tesouro perdido. Edmond, então, consegue achar esse tesouro que o torna enriquecido e parte para vingança com esse poder em mãos e com um novo nome, o Conde de Monte Cristo.

Quem já leu ou assistiu alguma adaptação irá notar que a história serviu de inspiração para a criação de outros personagens ao longo das décadas, que vai desde "Batman", "Zorro" e "V de Vingança", obra escrita por Alan Moore e já levada para o cinema. Porém, diferente das outras adaptações, esse filme possui um teor épico de grandes proporções, onde é nítido onde foi investido o orçamento, desde a sua edição de arte, como também o seu rico figurino. Além disso, a sua trilha sonora emana o teor épico, trágico e envolvente da obra como um todo.

Com três horas de duração, nota-se que muitas passagens não vistas em outras adaptações foram então levadas aqui, ao ponto que até alguns personagens quase sempre excluídos em outras versões obtém agora o seu espaço. A personagem Haydée, vivida aqui pela atriz Anamaria Vartolomei, talvez seja a figura mais excluída de todas as adaptações, mas tendo um papel relevante na obra e sendo finalmente revelada para o grande público. Devido a longa duração era mais do que óbvio que os realizadores tentaram ao máximo serem fiéis ao conto clássico, mas não permitindo que o filme se tornasse cansativo.

Pelo contrário, o longa nos prende atenção principalmente quando assistimos ao personagem tentar escapar da prisão, quando obtém o seu poder para construir a sua vingança e ao mesmo tempo fazendo com que a gente testemunhe a sua mudança perante o desejo pela desforra. Pierre Niney se sai muito bem ao dar vida ao protagonista, já que ele nos transmite um ar de inocência nos primeiros minutos de trama, para logo depois ela ser destroçada pelo mal que causaram ao personagem. É nesta transformação que Pierre se sobressai, onde os seus olhos transmitem todo o ódio profundo que o personagem sente nas diversas passagens da trama.

Mas diferente do que se imagina, o filme não se envereda facilmente para uma aventura de capa e espada, sendo que o lado dramático se sobressai na adaptação como um todo, além de momentos em que o suspense psicológico se torna cada vez mais envolvente diga-se de passagem. O protagonista, por sua vez, cada vez mais afunda pelo seu desejo de vingança e fazendo a gente se perguntar até onde ele vai para alcançar o que mais deseja. No final das contas, a história é uma lição de moral em que o desejo de se vingar envenena a alma como um todo e cuja velha lição ainda funciona nos dias de hoje.

Ao final, vemos um Conde de Monte Cristo obter a sua vingança contra aqueles que o prejudicaram, mas ao mesmo tempo fazendo com que ele se transforme em alguém que não pode mais se desvencilhar. Para aqueles que se sentirão acomodados com os finais felizes das outras adaptações aqui a situação é inversa, ao ponto de talvez frustrar a maioria do público, mas que irá satisfazer aqueles que são grandes fãs do livro. Uma atitude corajosa por parte dos realizadores e que atraiu milhares de pessoas ao cinema francês neste ano.

"O Conde de Monte Cristo" é um exemplo de adaptação fiel a sua fonte literária, mas que não se esquece de nos transmitir o verdadeiro significado da palavra cinema. 

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domingo, 22 de dezembro de 2024

Cine Dica: Cineclube Torres vai apresentar "Feliz Natal", estreia na direção do Selton Melo.

 Segunda dia 23, às 20h, na Sala Audiovisual Gilda e Leonardo, o Cineclube Torres vai apresentar o filme "Feliz Natal", estreia na direção do Selton Melo.

Enquanto na TV se multiplicam as comédias clássicas natalinas, o cineclube exibirá um retrato familiar amargo, ambientado em tempo de festas. Na primeira prova na direção cinematográfica, inspirado diretamente nas realizações do brasileiro Luiz Fernando Carvalho que o dirigiu em "Lavoura Arcaica", Selton Mello entrega um drama fascinante e surpreendente. Um homem, Caio (Leonardo Medeiros), que trabalha num ferro-velho no interior, resolve visitar sua família justamente para a comemoração do Natal.

O título é irônico pois as espectativas não demoram a sairem frustradas: "Selton Mello demonstra segurança na direção de atores. Ele consegue articular bem os elementos do roteiro e dosar o sarcasmo e a ironia que transbordam destes encontros natalinos revestidos por camadas generosas de sentimentos fabricados, nada genuínos" (Leonardo Campos, Plano Crítico). Premiado como Melhor Direção em Los Angeles, Paulínia e Goiânia, o filme "Feliz Natal" obteve mais de 30 prêmios nacionais e internacionais.

A sessão, com entrada franca, integra a programação continuada realizada na Sala Audiovisual Gilda e Leonardo, pelo Cineclube Torres, associação sem fins lucrativos com 13 anos de história, em atividade desde 2011, Ponto de Cultura certificado pela Lei Cultura Viva federal e estadual, Ponto de Memória pelo IBRAM, Sala de Espetáculos e Equipamento de Animação Turística certificada pelo Ministério do Turismo (Cadastur), contando para isso com a parceria e o patrocínio da Up Idiomas Torres.

Serviço:

O que:  Exibição de "Feliz Natal", de Selton Mello, ficção, 100min., 2008.

Onde: Sala Audiovisual Gilda e Leonardo, junto à escola Up Idiomas, Rua Cincinato Borges 420, Torres

Quando: Segunda-feira, dia 23/12, às 20h.

Ingressos: Entrada Franca, até lotação do local (aprox. 22 pessoas).

Cineclube Torres

Associação sem fins lucrativos

Ponto de Cultura – Lei Federal e Estadual Cultura Viva

Ponto de Memória – Instituto Brasileiro de Museus

CNPJ 15.324.175/0001-21

Registro ANCINE n. 33764

Produtor Cultural Estadual n. 4917

sexta-feira, 20 de dezembro de 2024

Cine Especial: Revisitando 'Nosferatu'

Ao longo desses quase vinte anos que eu escrevo sobre cinema por aqui é notório que uma vez ou outra sempre escrevo novamente sobre o clássico do expressionismo alemão "Nosferatu" (1922) do diretor F.W Murnau. Um dos motivos que talvez leve a isso é que o filme é puramente cinema, gótico, expressionista e do qual é até mesmo revisitado por cineastas que se inspiram neste longa. Tantas vezes escrevendo sobre ele então porque escrever novamente?

Talvez não somente pelo fato que em breve haverá uma nova versão que sairá pelas mãos do diretor Robert Eggers, como também pelo fato de que "Nosferatu" é um daqueles filmes cujas lembranças me fazem acreditar que cada filme que eu vá conhecer se torne uma bela aventura. Porém, é preciso me lembrar de passagens da minha vida do qual as imagens já se embaçam através dos anos que passam.  Acho que o primeiro vislumbre que eu tive sobre o filme foi em uma edição especial de vários anos atrás do Globo Repórter da Rede Globo sobre Drácula.

Para os que estavam fora do planeta, "Nosferatu" é na realidade uma versão não autorizada do clássico literário escrito por Bram Stoker, mas que, ironicamente, se tornou através dos anos uma das melhores adaptações já feitas até hoje. O livro foi publicado pela primeira vez em 26 de maio de 1897 e provavelmente o especial do programa tenha sido exibido em 1997, ano que o livro estava completando cem anos. Quando estava assistindo ao programa me lembro claramente do teor mórbido quando estava sendo exibida diversas versões de Drácula para o cinema e dentre elas lá estava "Nosferatu".

Não sei ao certo, mas acho que deram destaque a cena em que ele ouve o galo cantar antes de sucumbir ao sol. Curiosamente, foi a partir desse clássico que levantou a ideia que os vampiros morriam perante os raios de sol.  Naquele tempo eu já alugava filmes para assistir em casa, sendo que a cidade de Guaíba onde eu morava tinha tantas vídeo locadoras que eu fazia questão de me cadastrar em cada uma delas.

Curiosamente, eu fui alugar o filme pela primeira vez em uma locadora bem vagabunda perto da escola Ruy Coelho Gonçalves onde eu estudava, sendo que foi indicado por uma colega minha que ficou fascinada pelo filme, mesmo sendo uma obra de vários anos atrás. Foi lá então que achei o VHS, mas ele estava empoeirado, perdido em meio a tantos títulos e temia por estar até mesmo estragado. Felizmente eu assisti em minha casa pela primeira vez.

Era uma cópia original em VHS lançada pelo Continental da época e que, curiosamente, havia lançado também no mesmo período "King Kong" (1933). Porém, em termos de imagem, ela era desgastada, não restaurada e cuja trilha tocada em um órgão era por vezes insuportável. Mesmo assim tive uma vaga ideia do porque o longa ser até hoje reverenciado e sendo que vários elementos do clássico viriam posteriormente na filmografia do diretor Tim Burton que é um grande fã do cinema gótico.

Algum tempo depois obtive umas revistas antigas da revista SET onde havia um texto especial sobre o clássico e fazendo com que visitasse ele diversas vezes na locadora. No decorrer dos anos, "Nosferatu" foi um daqueles filmes que acabou sendo restaurado, principalmente na era do DVD e recursos digitais que deram um novo verniz aos filmes para eles continuarem ainda vivos. Me lembro que uma das últimas restaurações para o filme foi feita entre 2005 e 2006 por Luciano Berritatúa para a fundação Friedrich Wilhelm Murnau com base de uma cópia de 1922, com intertítulos e coloração original.

Logicamente eu comprei uma versão do filme em DVD original, novamente pela Continental, mas infelizmente veio danificado e nunca pude trocá-lo. Anos depois, felizmente, a Versátil lançou um box especial com clássicos filmes de vampiros e 'Nosferatu" estava entre eles. Porém, F.W Murnau não criou uma obra para ser vista e revista em uma telinha, mas sim na tela grande onde ela foi exibida nos seus primeiros anos de vida.

Se tornou comum eu me pegar assistindo ao clássico toda vez que era exibido em uma mostra especial de Porto Alegre. O Fantaspoa, por exemplo, é um dos festivais do gênero fantástico mais conhecidos do país e sempre quando dá os programadores exibem o filme do Murnau e se tornando um grande sucesso de público. Em uma das edições, por exemplo, o filme foi exibido no Instituto Goethe com trilha sonora ao vivo e nem preciso dizer que isso foi inesquecível.

Por ser uma obra de domínio público, o filme é exibido até mesmo no Youtube hoje em dia e se tornando até mesmo meme nas redes sociais. Curiosamente, o personagem acabou tendo uma rápida participação no desenho "Bob Esponja" no episódio "Turno Macabro" e fazendo com uma nova geração tivesse conhecimento sobre o clássico. Se não conhece através dos livros de história sobre o cinema, ao menos irá conhecer através de outra mídia.

Mais de cem anos depois vemos a obra se tornar mais conhecida do que nunca, principalmente agora com a chegada de sua nova versão comandada por Robert Eggers. Independentemente dela ser boa ou ruim, ao menos o clássico estará sempre lá para podermos apreciá-la e sentirmos o sabor do mais puro cinema. Talvez F.W Murnau não tenha vivido o suficiente para ver o seu legado sendo lembrado com glórias, mas ao menos o seu perfeccionismo serviu de inspiração para várias gerações que surgiram através das décadas.

"Nosferatu" é um daqueles clássicos que me fez embarcar em uma grande aventura para conhecê-lo e que cada revisão era como se estivesse assistindo a obra pela primeira vez como um todo. 

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quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

Cine Dica: ÚLTIMA SESSÃO CLUBE DE CINEMA 2024 (21/12): "O Conde de Monte Cristo" na Cinemateca Paulo Amorim

Chegamos ao grande momento de encerramento da temporada 2024 do Clube de Cinema de Porto Alegre, e preparamos uma despedida à altura: a exibição do épico francês "O Conde de Monte Cristo". Este grande sucesso, que levou mais de 7 milhões de espectadores aos cinemas na França, traz uma nova adaptação do clássico de Alexandre Dumas.

Devido à duração de 3 horas, nossa sessão especial terá início mais cedo, às 10h da manhã. Confira os detalhes: 

SESSÃO CLUBE DE CINEMA


Local: Sala Eduardo Hirtz, Cinemateca Paulo Amorim, Casa de Cultura Mario Quintana (R. dos Andradas, 736 - Centro Histórico)

Data: 21/12/2024, sábado, às 10 horas da manhã  


"O Conde de Monte Cristo" (Le Comte de Monte Cristo)

França, 2024, 180 min, 14 anos  

Direção: Alexandre de La Patellière e Matthieu Delaporte  

Elenco: Pierre Niney, Bastien Bouillon, Anaïs Demoustier  

Sinopse: No início do século XIX, Edmond Dantè é preso injustamente no dia de seu casamento. Após 14 anos de prisão, ele foge, descobre uma fortuna e retorna com um plano elaborado de vingança contra aqueles que o traíram.  



Esperamos contar com sua presença para celebrarmos juntos o encerramento de mais um ano de cinefilia e encontros inesquecíveis no Clube de Cinema de Porto Alegre!  


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Cine Dica: CINEMATECA PAULO AMORIM - PROGRAMAÇÃO DE 19 A 25 DE DEZEMBRO DE 2024

(SEGUNDA-FEIRA NÃO HÁ SESSÕES)

HISTÓRIAS QUE É MELHOR NÃO CONTAR


ATENÇÃO: DEVIDO AO FERIADO DE NATAL, NÃO HAVERÁ SESSÕES NOS DIAS 24 E 25 DE DEZEMBRO

A cinesemana do Natal destaca duas estreias em nossa programação: o longa indiano TUDO QUE IMAGINAMOS COMO LUZ, que é destaque em todas as listas de melhores do ano, e a comédia episódica espanhola HISTÓRIAS QUE É MELHOR NÃO CONTAR. Duas produções francesas baseadas em histórias clássicas continuam entre as preferidas do nosso público: O CONDE DE MONTE CRISTO, sobre o romance de Alexandre Dumas, e A FAVORITA DO REI, ambientada na corte de Luiz XV.

Estes são os últimos dias para assistir ao documentário uruguaio OS SONHOS DE PEPE, de Pablo Trobo, e à produção italiana A HORA DO ORVALHO, de Marco Risi. Confira nossa programação completa e o Portal do Cinema Gaúcho em www.cinematecapauloamorim.com.br


SALA PAULO AMORIM


O CONDE DE MONTE CRISTO Assista o trailer aqui.

(Le Comte de Monte Cristo - França, 2024, 180min) Direção de Alexandre de La Patellière e Matthieu Delaporte, com Pierre Niney, Bastien Bouillon, Anaïs Demoustier. Paris Filmes, 14 anos. Drama..

Sinopse: Com um público de 7 milhões de espectadores na França, esta nova adaptação de um dos maiores clássico da literatura francesa é assinada pelos mesmos roteiristas de "Os Três Mosqueteiros - D´Artagnan". Na história, ambientada no início do século XIX, o jovem Edmond Dantè é preso por um crime que não cometeu no dia de seu casamento. Depois de 14 anos, ele consegue fugir da prisão, se apossa de uma fortuna e volta à sua cidade com um elaborado plano de vingança contra seus inimigos.

Sessões: 15h15min (não haverá exibição nos dias 24 e 25 - terça e quarta)


ESTREIA: TUDO QUE IMAGINAMOS COMO LUZ 

(All we imagine as light - Índia/França/Holanda/Luxemburgo, 2024, 120min). Direção de Payal Kapadia, com Kani Kusruti, Divya Prabha, Chhaya Kadam. Filmes da Mostra, 14 anos. Drama.

Sinopse: Na caótica Mumbai, a rotina de três mulheres que trabalham em um hospital é atravessada por sentimentos e situações que dão conta das tradições de um país. Prahna não tem notícias do marido, que foi tentar a sorte em outro país. Anu vive um romance com um rapaz que os pais não aprovam. Parvaty perdeu o marido e também está prestes a perder sua casa. O alento para o caos pode estar em uma viagem para o interior, onde há paz de espírito. O filme foi o vencedor do grande prêmio do júri no Festival de Cannes e já aparece em várias listas de melhores produções do ano.

Sessões: 19h (não haverá exibição nos dias 19, 24 e 25 – quinta, terça e quarta)


SALA EDUARDO HIRTZ


A FAVORITA DO REI Assista o trailer aqui.

(Jeanne Du Barry – França, 2023, 120min). Direção de Maïwenn, com Maïwenn, Johnny Depp, Benjamin Lavernhe. Mares Filmes, 14 anos. Drama histórico.

Sinopse: Na França do século XVIII, a jovem Jeanne Vaubernier aproveita sua beleza para sair da condição miserável em que nasceu. Como amante de um conde, ela se aproxima de ninguém menos que o rei Luis XV – e se torna uma das companhias mais frequentes e envolventes do poderoso monarca. Durante cinco anos, a despeito das regras da corte, Luis XV e Jeanne viveram intensamente sua paixão e entraram para os livros de História. O filme, que abriu o Festival de Cannes em maio passado, causou polêmica por conta da presença de Johnny Depp, que fez sua primeira aparição pública após as denúncias feitas pela sua ex-mulher.

Sessões: 15h (exibição somente no sábado, dia 21)


A HORA DO ORVALHO Assista o trailer aqui.

(Il punto di rugiada - Itália, 2023,112min). Direção de Marco Risi, com Massimo De Francovich, Luigi Diberti, Ariella Reggio. Imovision, 14 anos. Drama.

Sinopse: Carlo provocou um acidente de carro, enquanto Manuel foi pego traficando drogas. Ambos são jovens e terão que cumprir a mesma pena: um ano de trabalho social na Villa Bianca, uma casa de repouso. Sob a orientação da enfermeira Luisa e a convivência com os mais velhos, Carlo e Manuel viverão experiências que vão mudar suas vidas para sempre. Marco Risi é filho do grande diretor Dino Risi, considerado o pai da comédia italiano, e fez o filme inspirado nas histórias que viveu ao seu lado.

Sessões: 15h (exibições somente nos dias 20 e 22 – sexta e domingo)


ESTREIA: HISTÓRIAS QUE É MELHOR NÃO CONTAR Assista o trailer aqui.

(Historias para no contar - Espanha, 2024, 100min). Direção de Cesc Gay, com Anna Castillo, Chino Darín, Maribel Verdú, José Coronado, Javier Cámara. Pandora Filmes, 14 anos. Comédia dramática.

Sinopse: Um elenco talentoso protagoniza cinco episódios de situações embaraçosas do dia a dia, provavelmente já vividas por muitas pessoas e que seria melhor não serem reveladas. Em comum, as histórias são tratados com bom humor e desfechos inesperados, incluindo o encontro de três amigas atrizes para um teste de elenco ou a tentativa de um casal de arranjar uma namorada para um amigo desiludido.

Sessões: 17h15min (não haverá exibição nos dias 24 e 25 - terça e quarta)


OS SONHOS DE PEPE Assista o trailer aqui.

(Los Suenõs de Pepe – Uruguai, 2024,86min). Documentário de Pablo Trobo. Pandora Filmes, 12 anos.

Sinopse: O filme nos aproxima de Pepe Mujica, um dos principais políticos da América Latina. Prestes a completar 90 anos, ele segue com um discurso sobre como deixar um mundo melhor para as gerações futuras. Também viaja aos Estados Unidos, Japão, Brasil, Reino Unido, Alemanha e ao interior do Uruguai, se encontrando com grandes líderes mundiais e com pessoas tão simples quanto ele.

Sessões: 19h15min (não haverá exibição nos dias 24 e 25 - terça e quarta)


PREÇOS DOS INGRESSOS:

TERÇAS, QUARTAS e QUINTAS-FEIRAS: R$ 16,00 (R$ 8,00 – ESTUDANTES E MAIORES DE 60 ANOS). SEXTAS, SÁBADOS, DOMINGOS, FERIADOS: R$ 20,00 (R$ 10,00 - ESTUDANTES E MAIORES DE 60 ANOS). CLIENTE BANRISUL: 50% DE DESCONTO EM TODAS AS SESSÕES MEDIANTE PAGAMENTO COM O CARTÃO DO BANCO.


Estudantes devem apresentar Carteira de Identidade Estudantil.

Outros casos: conforme Lei Federal nº 12.933/2013.

A meia-entrada não é válida em festivais, mostras e projetos que tenham ingresso promocional. Os descontos não são cumulativos. Tenha vantagens nos preços dos ingressos ao se tornar sócio da Cinemateca Paulo Amorim. Entre em contato por este e-mail ou pelos telefones: (51) 3136-5233, (51) 3226-5787.


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