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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quinta-feira, 16 de maio de 2024

Cine Dica: Em Cartaz - 'O Dublê'

Sinopse: O dublê Colt Seavers volta à ação quando uma estrela de cinema desaparece de repente. À medida que o mistério se aprofunda, Colt se envolve em uma trama sinistra que o leva à beira de uma queda mais perigosa do que qualquer uma de suas acrobacias. 

Os anos oitenta foram maravilhosos em termos de séries de tv, principalmente pelo fato que as melhores eu assistia nos bons tempos de "Sessão Aventura" da Rede Globo. Uma dessas séries se chamava "Duro na Queda", uma divertida história de um dublê que nas horas vagas trabalhava como caçador de recompensas e que durou cinco temporadas. "O Dublê" (2024) é uma refilmagem dessa clássica série, mas obtendo identidade própria ao prestar homenagem a essa perigosa profissão e ao mesmo tempo tirando sarro da própria Hollywood.

Dirigido por David Leitch, responsável pelo primeiro filme de "John Wick" (2014), a trama conta a história de Colt Seavers (Ryan Gosling), um dublê de Hollywood que precisou abandonar a vida de acrobacias perigosas após sofrer um acidente que quase acabou com a vida. Um ano depois ele retorna a convite da diretora e ex-namorada Jody Moreno (Emily Blunt), mas durante as filmagens o astro principal Tom Ryder (Aaron Taylor-Johnson) desaparece e fazendo com que Colt o procure. Não demora muito para que o protagonista se meta em diversas encrencas enquanto procura o ator, mas ao mesmo tempo tentando reatar sua relação Jody.

Em tempos atuais em que o cinema de ação, aventura e adaptações de HQ andam com a fórmula de sucesso cansada é bom ver que Hollywood para pôr um minuto e ri de sua própria desgraça. Verdade seja dita, a cidade dos sonhos é moldada por grandes astros que se dizem o melhor no que fazem nestes tipos de filmes, mas são os dublês que realmente se arriscam para participar das mais perigosas cenas de ação, mesmo quando elas hoje são minimizadas pelo CGI e os dispensando até mesmo por bonecos digitais. Em uma determinação cena, por exemplo, o astro canastrão da trama está em alta velocidade dentro de um carro, mas ele está parado enquanto lá fora nada mais é do que um fundo azul que será incrementado por efeitos visuais durante a pós-produção.

Em meio essa homenagem e crítica acida então temos Colt, personagem boa pinta, convencido no que sabe fazer, mas tendo que superar as dificuldades após um misterioso acidente. Esse lado dramático fica bem de lado, já que o grande charme da trama está na relação dele com Jody e criando assim uma singela comédia romântica inserida dentro de um filme de ação, sendo que ambos os gêneros se encontram desgastados, mas fazendo dessa mistura algo curioso para ser observado de perto.  Ryan Gosling e Emily Blunt estão ótimos juntos em cena, cuja química faz com que eles nos brindem com os momentos mais engraçados e românticos do longa e só pela cena de Karaokê já vale a sessão.

Falando dessa cena, ela é interlaçada com a melhor cena de ação do filme, da qual é para lá de absurda, porém, proposital já que estamos falando de um filme que tira sarro do próprio gênero. Curiosamente, o filme que eles estão filmando dentro da trama parece um cruzamento de "Duna" com a trilogia "Guardiões das Galáxias", com direito a trilha sonora dramática, câmera lenta e muito CGI falsamente ineficaz. Pelo visto, Hollywood está querendo nos dizer que realmente fazem filmes cujo gêneros se encontram desgastados, mas sendo o único jeito para se manterem vivos.

Com uma divertida participação de Jason Momoa na reta final da trama, "O Dublê" faz piada do próprio´ cinema de ação norte americano, que se encontra atualmente tentando se reinventar e que sempre procura uma nova forma de voltar a lucrar.

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Cine Dicas: Estreias do Final de Semana (16/05/24)

 BACK TO BLACK

Sinopse: Filme biográfico sobre a cantora Amy Winehouse, pelas mãos da diretora Sam Taylor-Johnson (Cinquenta Tons de Cinza). O filme narra a carreira sombria da artista conhecida por sucessos como Rehab e Black to Black, que morreu aos 27 anos de idade por intoxicação alcoólica em 2011. 


A ESTRELA CADENTE

Sinopse: Boris, ex-ativista, vive no subsolo como barman no A Estrela Cadente. Seu passado culpado ressurge quando uma vítima o encontra e quer vingança.


AMIGOS IMAGINÁRIOS

Sinopse:A trama de AMIGOS IMAGINÁRIOS acompanha Bea (Cailey Fleming), uma garota que passa a ver os amigos imaginários de todas as pessoas após viver um evento traumático. 



BELO DESASTRE – O CASAMENTO

Sinopse: Em BELO DESASTRE - O CASAMENTO, Travis Maddox (Dylan Sprouse) e Abby Abernathy (Virginia Gardner) acordam depois de uma noite louca em Las Vegas confusos, de ressaca e...casados! 



O TARÔ DA MORTE

Sinopse: O Tarô da Morte vai mergulhar no mundo misterioso e perigoso das leituras de tarô, onde um grupo de amigos da faculdade comete o erro fatal de violar uma regra fundamental: nunca usar o baralho de tarô de outra pessoa. 

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quarta-feira, 15 de maio de 2024

Cine Dica: Streaming - 'Fallout'

Sinopse: Em uma realidade alternativa uma Guerra Nuclear acontece em tempos de Guerra Fria e fazendo com que os seres humanos se dividissem para sobreviverem.   

Pelo visto os tempos de péssimas adaptações de vídeo game para outras mídias está no passado e ganhando novos patamares ao obter elogios da crítica mais exigente. Curiosamente, você não precisa necessariamente conhecer o jogo para entender as tramas, pois basta um bom roteiro para que então você se envolva. É no caso de "Fallout" (2024), série baseada em um vídeo game que surgiu do nada, mas logo foi nos conquistando pela sua absurda trama.

A série é baseada no videogame de RPG Fallout: A Post Nuclear Role Playing Game lançado no ano de 19997 pela Interplay Productions. A trama se passa em uma realidade alternativa durante a Guerra Fria, onde houve realmente uma Guerra Nuclear e fazendo com que a humanidade quase entrasse em extinção. Após isso, a trama dá um salto de 200 anos, onde vemos os mais ricos se refugiando em luxuosos abrigos enquanto as demais pessoas da superficie sofrem com a guerra, fome, pragas e mutações. Neste cenário temos os três protagonistas, Lucy (Ella Purnell), uma das moradoras do abrigo; Maximus (Aaron Moten), um jovem soldado da facção paramilitar Irmandade de Aço; e The Ghoul (Walton Goggins), um caçador de recompensas e que viu de perto o início desse cenário caótico.

O grande charme da série é possuir um tom de humor sombrio, do qual nós rimos das situações absurdas e até mesmo hediondas que acontecem ao longo dos episódios. O passado e o presente vêm e voltam a todo momento, nos passando uma ideia de que as respostas sobre o que aconteceu e o que irá acontecer estão bem guardadas através de determinados personagens que se tornam cruciais dentro da trama mesmo de forma indireta. Nós nunca sabemos ao certo as suas reais intenções, já que o roteiro colabora para que alguns deles possua uma personalidade dúbia e fazendo que se tornem ainda mais interessantes na medida em que a trama avança.

Lucy, por exemplo, é a ingenuidade perante uma realidade opressora, da qual fará com que ela mude gradativamente, mas jamais perdendo a sua inocência da maneira de agir e de como foi criada. Já Maximus é um personagem curioso, já que de inocente não tem nada ao tentar obter novo status de soldado e fazendo com que sempre ficamos na dúvida sobre suas reais intenções. Porém, Ghoul é disparado o melhor personagem em cena, ao ter um laço forte com relação aos eventos que desencadearam todo esse cenário apocalíptico e cuja sua imagem não deve nada aos típicos cavaleiros solitários do antigo velho oeste.

Não espere por respostas fáceis o tempo todo, já que a trama pode causar um certo embaralhamento para aqueles que não prestarem bastante atenção em momentos cruciais que sintetizam a ideia principal da série como um todo. Porém, uma vez que as respostas surgem na reta final da trama, eis que surgem aquelas típicas pontas soltas para serem exploradas em uma eventual segunda temporada. Pela sua qualidade que foi apresentada até agora, espero que os próximos episódios cheguem em breve.

"Fallout" é uma das melhores surpresas desse ano no terreno de séries e provando que "The Last of Us" não foi e não será um fenômeno isolado.  

Onde Assistir: Prime Vídeo. 

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terça-feira, 14 de maio de 2024

Cine Dica: Streaming - 'Bebê Rena'

Sinopse: Comediante fracassado que trabalha em um bar começa a ser assediado de forma compulsiva por uma misteriosa mulher.   

Quando se ouve aquela famosa frase "baseado em fatos reais", seja em filmes ou séries, não significa que a trama seja necessariamente verdadeira. É preciso destacar o fato que ambas as mídias precisam nos apresentar uma boa história e que as vezes elas precisam serem remodeladas para agradar as grandes plateias. Por mais que os realizadores se esforcem dificilmente algum ponto da trama não irá bater com eventos verdadeiros que serviram de inspiração para o projeto.

Com o papel da internet, dizer que algo é realmente verdadeiro se torna ainda mais difícil, mesmo para os grandes estúdios. Porém, mesmo que nasça essa dúvida, é preciso reconhecer que uma obra sendo bem-feita, sendo ela fiel ou não aos fatos, é mais do que compensatório para os nossos olhos e mentes que buscam por algo que faça a diferença. "Bebê Rena" (2024) é um desses casos em que o projeto foi vendido do começo ao fim como fato verídico, mas que acabou sendo tão perfeito que ignoramos a sua real legitimidade.

Baseado em uma peça estrelada e dirigida por Richard Gadd, acompanhamos a história do comediante, performer e escritor Donny Dunn, sendo interpretado pelo próprio Richar  Gadd, que certo dia enquanto estava trabalhando em um bar ele acabou atendendo a Martha (Jessica Gunning), uma mulher extremamente carente e que começa a querer se relacionar com Dunn forçadamente. Essa perseguição transforma a vida do protagonista em um inferno e o levando para momentos inusitados.

Richard Gadd se encontra em um momento curioso de sua carreira, sendo que essa série fará com que abra novas portas para ele, ou será alguém sempre será lembrado pelo potencial do seu primeiro grande sucesso. Difícil dizer o que irá acontecer em seguida, mas o que eu posso dizer é que o realizador me surpreendeu pelo seu modo de filmar, cuja edição frenética das cenas nos faz não tirar os olhos da tela e sendo tudo embalado por uma trilha sonora contagiante e que fará com que a gente identifique rapidamente com algum grande sucesso. Ao mesmo tempo, a série possui um humor sedutor, politicamente incorreto e do qual está fazendo falta em tempos atuais em que muitos realizadores temem fazer comédias mais acidas em tempos de cancelamento.

Ao mesmo tempo, é um humor que transita para passagens mais dramáticas e das quais nos envolve emocionalmente e fazendo com que a gente entenda as raízes dos problemas emocionais dos dois protagonistas. Embora Martha seja uma pessoa com sérios problemas emocionais Dunn não fica muito atrás, já que ele próprio chega em um ponto da trama que não sabe ao certo se deseja se livrar de sua perseguidora ou continuar com esse joguinho doentio para ver até onde isso chega. Isso acaba revelando uma outra faceta do personagem, sendo que em determinado episódio conhecemos o seu passado trágico em que foi abusado fisicamente e emocionalmente ao buscar a fama e fazendo dele alguém mais complexo do que a gente imaginava.

Já Martha é uma entidade imprevisível, articuladora e que não medirá esforços para obter o seu Bebê Rena. Jessica Gunning com certeza será uma candidata favorita para as premiações futuras como o Emmy, já que a sua personagem é uma transição do que foi visto em clássicos como "Louca Obsessão" (1990) e "Atração Fatal" (1987), porém, obtendo luz própria e se revelando como uma das personagens mais trágicas das séries recentes que eu já vi. Atenção para a cena em que ela explode e agride a terapeuta Teri (Nava Mau) dentro de um bar e fazendo com que a tensão somente aumente a cada segundo que passa.

Falando na Teri, ela seria uma espécie de voz da razão para que Dunn procure se resolver, não somente com relação essa perseguição que está sofrendo, como também se achar na vida e sobre o que realmente quer. A série acaba se tornando mais complexa na medida em que ela avança, ao falar sobre qual é o nosso papel neste mundo sempre disputado sobre quem chegará no topo primeiro, quando na verdade bastaria as pessoas serem felizes sendo elas mesmas. Portanto, a cena em que o protagonista se abre diante de um grande público, não é somente a melhor cena da série, como também exemplifica a mensagem final de sermos nós mesmos em meio uma realidade, por vezes, opressora e que precisa ser combatida.

"Bebê Rena" lhe faz rir e refletir de uma realidade trágica que, por mais absurda que seja, pode sim ser verídica e cuja situação semelhante pode estar mais próxima de você do que imagina.

Onde Assistir: Netflix 

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segunda-feira, 13 de maio de 2024

Cine Dica: Oscar 2024 - 'Haulout'

Sinopse: documentário é sobre o cientista russo Maxim Chakilev, que observa a vida das morsas no Cabo Heart-Stone, no Mar de Chukchi.  

O desastre provocado pelas enchentes que afetou Porto Alegre e os demais municípios aqui no RS é algo que o cinema já havia nos alertado há muito tempo. Que atualmente vivemos um aquecimento global isso não é novidade, principalmente quando sentimos os calor intenso até mesmo no inverno e agora inundações quando chove excessivamente e invadindo as cidades como um todo. Porém, nós enxergamos somente o nosso lado, mas os sinais estavam lá para testemunhar a mudança de comportamento que certos animais estavam obtendo nesta metamorfose constante ao redor do globo."Haulout" (2023) nos surpreende com uma vasta beleza de diversas morsas, mas ao mesmo tempo nos revelando uma dura realidade que estes animais andam passando hoje em dia e fazendo a gente temer pelo nosso próprio futuro.

Dirigido por Maxim Arbugaev e Evgenia Arbugaeva, o documentário fala sobre o cientista russo Maxim Chakilev, um homem aguarda pela ocorrência de um fenômeno natural na vastidão do ártico russo. Porém, essa rotina pode ser drasticamente alterada pelos efeitos das mudanças climáticas e o aumento do nível do oceano. E isso é constado graças ao vasto número de morsas que se reúnem neste local.

Se a pessoa vai desinformada assistir a essa curta documentário irá se espantar com a primeira imagem das milhares de morsas que se concentram ao redor da cabana onde o cientista se encontra. As primeiras cenas, por exemplo, nos dão pouca informação sobre o porquê aquele cientista se encontra naquele lugar, mas nos passando a ideia de que existe algo que ele está esperando que está o deixando inquieto. É então que a resposta vem através de uma incrível cena, onde vemos o cientista abrir a porta e nos darmos de encontro com milhares de morsas umas em cima das outras.

A cena em si já é esplendida, mas somente temos uma dimensão da ocupação do local quando o vemos o cientista subir no telhado e onde acabamos tendo uma dimensão maior sobre até onde se expande essas morsas na beira da praia. Nota-se que estamos tão pouco acostumados a vermos esses animais que nos passa a sensação de que eles não existem e que tudo não passa de efeitos visuais. Porém, isso é quebrado quando sentimos a sensação de peso de cada uma dessas criaturas e fazendo a gente até mesmo temer pela vida do cientista.

O documentário em si é também uma alerta sobre o degelo que acontece no mundo, já que as morsas se reúnem em bando e se concentram em gelo firme para a próxima migração. O problema é que muitos pontos antes cheios de gelo agora não passam de rochas úmidas e fazendo com que esses animais encalhem e até mesmo morrem durante esse período. Por mais belo que seja vê-los todos juntos naquele local não deixa de ser triste o fato que muitos não sairão vivos dali e a culpa é nossa por termos chegado a esse ponto infelizmente.

Indicado ao Oscar de melhor Curta Documentário em 2024, "Haulout" é belíssimo, porém, preocupante com relação aos rumos que o planeta está passando e afetando, não somente os animais, como também todos nós. 

Nota: Curta-documentário ainda inédito no Brasil. 

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domingo, 12 de maio de 2024

Cine Dica: Sessão do Cineclube Torres -"Jimmy's Hall" Segunda dia 13/05 - 20h

 “Jimmy's Hall” é o próximo filme do ciclo do Cineclube Torres inteiramente dedicado à obra de Ken Loach, na próxima segunda, dia 13, às 20h, na Sala Audiovisual Gilda e Leonardo.

Continua assim a devida homenagem, em vida, ao cineasta cinema britânico, autor engajado e militante em favor das classes desfavorecidas. Se existe um filme com uma conexão direta ao Cineclube Torres e, em geral, à conjuntura da cidade de Torres, esse é "Jimmy's Hall". Mesmo ambientado em outro continente e período histórico, os eventos retratados são arquétipos do negacionismo cultural, destruição de patrimônio, boicotes e retaliações que grupos organizados sofrem, simplesmente por promover cultura e cidadania nas próprias comunidades.

O filme está ambientado em 1932; depois de passar dez anos em Nova York, Jimmy Gralton volta para Leitrim, na Irlanda, cidade onde nasceu e de onde saiu por sofrer perseguição por ser comunista e defensor da liberdade de expressão. No início, a intenção do Jimmy é levar uma vida pacata na Irlanda, mas jovens da cidade e seus antigos amigos insistem para que ele reabra o salão onde a população tinha encontros literários, aulas de dança e outras iniciativas culturais.

O problema é que estas iniciativas não agradam nada à facção ultraconservadora da cidade de Leitrim, liderada pelo padre da igreja local. O filme possui uma fotografia deslumbrante de uma Irlanda ainda bucólica, recém independente do Reino Unido, e conta com o excelente roteiro e textos de um parceiro histórico do Ken Loach, Paul Laverty, que reconstrói a história real do líder comunista James Gralton, único irlandês deportado do seu próprio país.

Contagiante é a trilha, que acompanha a tentativa de importar a sonoridade em voga no novo continente, o jazz dos salões de baile norte-americanos dos anos 30, reproduzida através de discos contrabandeados e de músicos locais, embora com instrumentos e influências da tradição irlandesa, para alegria e jóia dos participantes dos bailes comunitários no velho galpão do título (Jimmy's Hall).

Mais uma vez no cinema de Loach "há beleza somada à ideologia" (Willian Silveira, Papo de Cinema) e nele é indicado um possível caminho para o resgate dos sentimentos comunitários, dos valores humanistas: é o caminho da arte e da cultura, da alegria.

A sessão, com entrada franca, integra o ciclo de maio “Thank U, Ken” que será programado todas as segundas feiras, às 20h na Sala Gilda e Leonardo, com a organização do Cineclube Torres, Associação sem fins lucrativos, Ponto de Cultura pela Lei Cultura Viva e Ponto de Memória pelo IBRAM, em atividade desde 2011, contando com a parceria e o patrocínio da Up Idiomas Torres.

 Serviço: O que:

Exibição do filme “Jimmy's Hall”, integrado no ciclo “Thank U, Ken” em homenagem ao diretor Ken Loach.

Onde: Sala Audiovisual Gilda e Leonardo, na escola Up Idiomas, Rua Cincinato Borges 420, Torres

Quando: Segunda-feira, dia 13/05, às 20h.

Ingressos: Entrada Franca, até lotação do local (aprox. 22 pessoas).

sexta-feira, 10 de maio de 2024

Cine Especial: Revisitando 'Tubarão'

 

Nada melhor do que revisitarmos um grande clássico na tela grande, pois foi lá onde a obra foi exibida pela primeira vez e mantendo seu grande impacto. Por melhor que seja eu colecionar obras primas do cinema eu prefiro também os revisitar e para assim ter a sensação de estar em uma viagem no tempo e tendo o privilégio de dizer que vi tal título na tela grande. As salas de Porto Alegre nos dão a chance para tal feito e a melhor pedida é a Cinemateca Capitólio.

Dona de uma programação alternativa para os cinéfilos, o local também nos oferece uma programação de diversos clássicos de diversas épocas. Até a pouco tempo estava sendo exibido o Ciclo Fim de Verão, onde havia exibição de filmes em que o cenário se passava no período veranesco. No encerramento do ciclo teve a exibição daquele clássico que mudou a cara do cinema norte americano que foi "Tubarão" (1975).

Um dos primeiros grandes sucessos da carreira de Steven Spielberg e do qual fez as pessoas até terem medo de tomarem banho sozinhas dentro da banheira. Foi o primeiro grande filme a ultrapassar a marca dos R$ 100 milhões de dólares somente no território norte americano e inaugurando a leva de filmes Blockbuster que começaram a serem lançados no verão. Revendo na Cinemateca Capitólio eu percebi que o filme não envelheceu nenhum pouco e causando o mesmo impacto que a geração setentista sentiu.

Foi em uma sessão de Domingo as 18 horas, sendo que houve uma fila imensa e que se compara com a mesma imagem clássica do Cine Vitória em que os cinéfilos dos anos setenta foram em massa para assistir ao filme de Spielberg. Dentro da sala não havia mais lugar disponível, sendo que alguns ficaram sentado nas escadas, mas pouco se importaram com isso pois estavam focados na tela. Quando o tema de John Williams começa a plateia ficou em silêncio e já tendo uma noção do que virá em seguida.

Tubarão sendo exibido no Cine Vitória em 1975

Falando no mestre de trilhas sonoras, o próprio Steven Spielberg reconhece que metade do sucesso do filme se deve a sua trilha sonora, pois quando ela é tocada é sinal de que o Tubarão está por perto e fazendo com que o público respire fundo. Curiosamente, a sua trilha não somente serviu como alerta da aproximação da criatura, como também nos pregando um grande susto em algumas cenas mesmo sem a presença o vilão em cena. Isso é constatado em um momento que fez todo mundo pular da cadeira.

Em uma determinada passagem do filme, o chefe de polícia Martin Brody (Roy Scheider) e o pesquisador de tubarões Matt Hooper (Richard Dreyfuss) estão em alto mar quando avistam um barco em pedaços. Hooper nada para baixo do barco onde lá encontra um grande dente de tubarão branco, mas é pego de surpresa por uma cabeça que sai do nada de um buraco. Neste instante a trilha de Williams dispara e fazendo os cinéfilos do local pularem de suas cadeiras e repetindo o mesmo feito que as plateias sentiram nos anos setenta.

Mas talvez a melhor cena do filme é ainda para mim a USS Indianapolis, uma história realmente verídica e contada pelo caçador de tubarões Quint (Robert Shaw). Atuação de Shaw é digna de nota, pois cada passagem da história como ele conta faz com que adentremos no terrível cenário em que diversos marinheiros foram mortos em alto mar e fazendo com que a tensão somente aumente sendo alinhada pela trilha de John Williams. Neste momento olhei em volta e vi todos concentrados na tela e fazendo com a realidade em volta se tornasse esquecida.

Mas o exemplo final de que o filme não envelheceu mal é graças a presença do Tubarão. Apelidado carinhosamente de Bruce, a criatura de borracha e mecânica deu muita dor de cabeça para Spielberg e os produtores, já que ele sempre afundava e gerando diversos problemas. Quando as coisas funcionavam bem a magia do cinema fazia o resto e moldado a criatura se tornar uma entidade assustadora e fora do normal para os padrões de um tubarão comum.

Em tempos atuais em que o CGI está cada vez mais chato de se ver é impressionante como ainda sentimos o peso e a verossimilhança deste Tubarão, ao ponto de até mesmo aceitarmos a criatura pular da água e atacar o barco dos protagonistas e fazendo o caçador Quint escorregar até a sua boca. Na cena mais forte do filme Quint é devorado vivo pelo Tubarão, sendo sacudido, de um lado para o outro e sendo atorado ao meio e partindo para as profundezas do oceano. Neste instante eu olhei para o lado e vi uma jovem colocar as mãos no rosto de tão horrorizada que sentiu naquele momento.

Após a sessão houve um debate, mas eu decidi sair da sala para respirar um ar puro, pois a tela de um grande cinema me fez assistir ao filme como se fosse a primeira vez. Pessoas saíram comigo comentando sobre a obra de uma forma entusiasmada, como se tivessem saído da sala carregando uma aura positiva e fazendo com que não se esquecendo tão cedo da experiência. O filme que muda a forma de lançar filmes ainda teria o mesmo desempenho para essa geração que anda cansada de efeitos visuais sem vida e apreciando algo mais significativo para a história.

"Tubarão" não é somente um dos melhores filmes de todos os tempos, como também um exemplo de obra que soube envelhecer muito bem através do tempo.    

Nota: Filme exibido na Cinemateca Capitólio no dia 31 de Março as 18h. 

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