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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quinta-feira, 26 de outubro de 2023

Cine Dica: Streaming - 'Jogo Justo'

Sinopse: Uma promoção inesperada em um fundo de investimentos competitivo leva o relacionamento de um casal ao limite, ameaçando muito mais do que seu recente noivado. 

Em tempos em que as grandes empresas crescem mais rápido que o próprio tempo parece que há uma competição desenfreada entre as pessoas, mesmo quando as mesmas são próximas uma da outra. Em tempos em que o machismo se encontra encurralado o mesmo se mostra cada vez mais fragilizado e pensando somente em si mesmo. "Jogo Justo" (2023) é um eficiente trailer de suspense psicológico, onde a busca pelo poder desencadeia consequências desastrosas e ao mesmo tempo revelando o cenário misógino.

Dirigido por  Chloe Domont, o filme é estrelado por Phoebe Dynevor (Bridgerton) e Alden Ehrenreich (Han Solo: Uma História Star Wars). O filme acompanha o jovem casal Emily (Dynevor) e Luke (Ehrenreich), que trabalha em uma empresa de finanças e embarca em um romance proibido que vai contra as regras da organização. O segredo parece tornar as coisas ainda mais intensas, e tudo parece ir muito bem no relacionamento - até que Emily é promovida inesperadamente. Agora, os dois serão levados ao limite e devem enfrentar ameaças que podem afetar muito mais do que sua relação.

Um suspense não precisa de um assassino mascarado ou qualquer monstro dentro do gênero, mas sim fazer um retrato das verdadeiras tensões do dia a dia em que as pessoas convivem na esperança de conseguir melhores status dentro do emprego. Quando não se consegue surgir então a frustração e podendo revelar a verdadeira face da pessoa que não consegue aceitar a derrota de uma maneira fácil. Neste filme, vemos o papel do homem machista, que surge a partir do momento em que a mulher ganha um cargo que era a sua maior ambição e não aceitando de bom grado.

Vividos por Phoebe Dynevor e Alden Ehrenreich, ambos estão ótimos em cena, principalmente por demonstrarem total química e fazendo a gente acreditar por um momento em que eles são um casal perfeito. Porém, os primeiros minutos dizem ao contrário, já que a empresa onde trabalham eles mantem a relação em segredo e fazendo a gente se perguntar se esse amor é apenas uma cortina de fumaça para ocultar os reais interesses de ambos. As máscaras caem quando um cargo é disputado e revelando o jogo de cintura entre os funcionários e já nos passando uma noção de quem obterá a chance e quando alguém cairá pelo mal rendimento.

O filme ganha contornos cada vez mais pesados na medida em que Luke começa a se desconstruir na tentativa de crescer na empresa, quando na verdade se mantém mais distante dela e começando a se tornar o monstro que estava escondendo dentro de si. Já Emily não esconde as suas ambições de crescer no cargo, mas se esforçando para obter poder e jamais se vendendo ao sistema em si. Interessante observar, por exemplo, as cenas em que ela somente observa o cenário em que ela trabalha, onde vê como as engrenagens funcionam e se dando conta o quanto podem ser descartáveis a qualquer momento.

Do segundo ao terceiro ato o filme desencadeia para um caminho sem volta, onde a realidade do casório começa a desmoronar, onde Luke revela o seu verdadeiro ser e ameaçando a vida profissional de Emily como um todo. Chloe Domont filma como ninguém essas cenas, alinhado com a interpretação do casal central e cujo mesmos se entregam ao máximo em momentos pesados e de pura tensão. Aguardem para a cena do escritório onde Luke está completamente fora de si, ou quando ele e Emily fazem sexo dentro do banheiro, mas gerando uma situação imperdoável.

Em tempos em que o machismo se encontra, com razão, cada vez mais encurralado, o mesmo se vê diante de suas fraquezas e não aceitando o sexo feminino se igualar a ele como um todo. O filme em si mostra esse machismo sufocado, enlouquecido e revelando, enfim, um monstro para ser logo enjaulado. "Jogo Justo" é a briga pelo poder, pelos status e ao mesmo tempo revelando a verdadeira fraqueza do homem perante os novos tempos.       



Onde Assistir: Netflix

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Cine Dica: Clint Eastwood - Ícone do cinema clássico norte-americano

 Ícone do cinema clássico norte-americano

O ator e cineasta americano Clint Eastwood é normalmente vítima de uma sensibilidade atual que varre para debaixo do tapete as ambiguidades e complexidades do ser humano e de uma obra de arte. Daí ele e seus filmes serem considerados racistas, belicistas ou reacionários, o que um olhar atento negará. Está na ambiguidade, aliás, sua maior força.

Eastwood se apoia na complexidade do ser humano e nas contradições de suas ações porque sabe que a melhor arte é ambígua, dificilmente redutível a uma única classificação. Como ele questiona o politicamente correto, principalmente por ser de uma outra geração, mas também por encontrar na prática alguns exageros e uma certa hipocrisia, a incompreensão aumenta.


Objetivos

O curso Clint Eastwood: Entre Meninos e Lobos, de Sérgio Alpendre, não vai se limitar a falar sobre a vida de Clint Eastwood, seu posicionamento político e suas declarações. O interesse do estudo estará direcionado à reflexão sobre sua condição de realizador clássico do cinema norte-americano e ao pensar sobre seus filmes e no que eles nos dizem e informam sobre sua personalidade. É neles que estão todos os elementos necessários para estudar seu cinema, marcado pela crença no indivíduo e por um humanismo que parece não mais existir.


* APROVEITE O LOTE COM VALOR PROMOCIONAL *


Ministrante: SÉRGIO ALPENDRE

Crítico e professor de cinema, jornalista, pesquisador, curador e consultor para textos. Escreve na Folha de S. Paulo, no site Leitura Fílmica e no blog pessoal sergioalpendre.com, entre outros veículos. É doutor em Comunicação pela UAM - SP, mestre em Cinema pela ECA-USP. Atualmente faz pós-doutorado em Comunicação na PUC-RS. Ministrou o curso Panorama do Cinema Japonês pela Cine UM.


Curso

CLINT EASTWOOD: ENTRE MENINOS E LOBOS

de Sérgio Alpendre


* Datas

28 e 29 de Outubro

(sábado e domingo)


* Horário

14h30 às 17h30


* Local

Cinemateca Capitólio

(Rua Demétrio Ribeiro, 1085 - Centro - Porto Alegre - RS)


INSCRIÇÕES / INFORMAÇÕES

https://cinemacineum.blogspot.com/2023/09/clint-eastwood.html


Realização

Cine UM Produtora Cultural

Apoio

Cinemateca Capitólio


quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Cine Dica: Streaming - 'Ninguém Vai Te Salvar'

Sinopse: A trama segue uma jovem reclusa que sofre de transtorno de ansiedade e luta para sobreviver aos seres extraterrestres que invadiram sua casa. 


Em certa ocasião o mestre Charles Chaplin disse que o cinema sonoro matou o cinema, já que os primeiros anos da sétima arte as histórias eram contadas somente pela imagem e pelos movimentos e expressões dos atores e atrizes. Embora hoje estejamos mais do que acostumados com o som é bem da verdade que uma trama pode sim ser bem compreendida sem nenhum diálogo, desde que a trama possua um bom roteiro e um grande intérprete em cena. "Ninguém Vai te Salvar" (2023) é mais ou menos isso, um horror de ficção que se sustenta sem nenhum diálogo e se tornando incomum para os olhares contemporâneos.

Dirigido por Brian Duffield, o filme é estrelado por estrelado por Kaitlyn Dever (Fora de Série, Inacreditável). Na trama, Brynn Adams (Dever) é uma garota que vive isolada da sociedade, passando os dias na casa onde cresceu e lutando para controlar seu transtorno de ansiedade e, pouco a pouco, superar a morte da mãe e da melhor amiga. Porém, um dia, seu santuário de solidão são abalados por intrusos extraterrestres que invadem seu lar e a forçam a lidar com cada um dos traumas do seu passado.

Pegando uma premissa simples, o diretor Brian Duffield nos brinda com uma narrativa que em que faz um estudo sobre a solidão e a culpa e como ambas moldam a protagonista ao longo da história. Durante todo o filme não há quase nenhum diálogo, sendo que temos somente Brynn Adams em cena e somente algumas pessoas que surgem na cidade próxima da casa dela. Porém, ela mantém distância dessas pessoas, tendo certo receio e cujo esse medo aos poucos é revelado na projeção.

Até lá, somos conduzidos a ter que encarar a protagonista tendo que se virar contra uma invasão na sua casa, mas não de pessoas comuns, mas sim de alienígenas peculiares e que não sabemos ao certo porque eles estão ali. Curiosamente, as figuras vindas de outro mundo possuem características familiares, já que havíamos testemunhado elas, tanto no cinema, como também em séries, livros e HQ. Aqui elas retornam, mas sendo filmadas de uma forma que aparentam serem mais ameaçadoras do que se imagina e fazendo a gente temer pela protagonista.

Porém, o verdadeiro vilão da trama acaba não sendo os seres vindos do próprio mundo, mas sim os próprios sentimentos da jovem, que convive com uma culpa que lhe corroí por dentro e na medida em que a trama avança vamos conhecendo o do porquê disso. Até lá, o realizador nos brinda com maravilhosas cenas muito bem filmadas, desde aos movimentos inusitados com a câmera, como também no uso de efeitos sonoros mirabolantes e que dos quais elevam a tensão ao máximo. Isso sem contar a poderosa trilha sonora de Joseph Trapanese e da qual as suas notas tornam certos momentos muito mais tensos e imperdíveis.

O terceiro ato final nos reserva diversas reviravoltas na trama e que fazem a gente se perguntar sobre qual será o real destino da protagonista. Acima de tudo, o filme fala sobre dores, culpa e o medo cada vez maior das pessoas em não saberem se conduzir ao círculo de amizades de hoje em dia, já que existe um número cada vez mais crescente de pessoas que não sabem se interagirem mais e cabem as mesmas quebrarem esse muro invisível que os aflige. Por conta disso, o filme pode ser tanto interpretado como uma boa ficção de horror, como também uma bela reflexão sobre o comportamento atual de todos nós.

"Ninguém Vai te Salvar" é uma das mais gratas surpresas desse ano, da qual uma simples ficção de horror nos conduz para uma interessante análise sobre os medos mais profundos de todos nós.   

Onde Assistir: Star+ 

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Cine Dica: Sessões Clube de Cinema 28 e 29/10/2023

Segue a programação do Clube de Cinema no próximo final de semana. Sábado teremos uma sessão comentada na Sala Redenção com Boca Migotto e no domingo veremos os bastidores da gravação do disco Elis & Tom na Cinemateca Paulo Amorim.


SESSÃO DE SÁBADO CLUBE DE CINEMA 

Evento com a presença do diretor do filme 

Local: Sala Redenção, Campus Central da UFRGS

Data: 28/10/2023, sábado, às 10:15 da manhã


"Um Certo Cinema Gaúcho de Porto Alegre"

Brasil, 2023, 107 min, livre

Direção: Boca Migotto

Sinopse: Este documentário aborda quarenta anos, e três gerações, de um certo cinema gaúcho. Portanto, é um filme sobre cinema. Mas não só. É também um filme sobre o Rio Grande do Sul e sua capital, Porto Alegre. Por isso, não deixa de ser, também, um filme sobre a América Latina e sobre a fronteira que une e separa a América de colonização espanhola do Brasil. Em nenhum outro lugar do país é possível vencer a fronteira em apenas um passo e isso diz muito sobre os gaúchos e sobre o cinema realizado nessas paragens. De um lado a Argentina e o Uruguai, do outro, o Brasil e, no meio, esse Estado esquizofrênico que, há séculos, busca compreender a si mesmo. Nessas andanças, o cinema gaúcho é quase como um espelho que reflete os inúmeros conflitos deste Brasil quase hermano.


* * * * *


SESSÃO DE DOMINGO CLUBE DE CINEMA 

Local: Sala Eduardo Hirtz, Cinemateca Paulo Amorim, Casa de Cultura Mario Quintana

Data: 29/10/2023, domingo, às 10:15 da manhã


"Elis & Tom, Só Tinha de Ser com Você"

Brasil, 2023, 100 min, 12 anos

Direção: Roberto de Oliveira, Jom Tob Azulay 

Elenco: Elis Regina, Antonio Carlos Jobim, André Midani, Roberto Menescal, Roberto de Oliveira, João Marcelo Bôscoli, Cesar Camargo Mariano, Beth Jobim, Humberto Gatica, Paulo Braga 

Sobre o Filme: Se você houve uma música sertaneja atual é o mesmo que ouvir todas. Estou tocando o dedo na ferida pois realmente são poucos talentos da música brasileira atual que fale algo a respeito que vai além do que esses sertanejos tocam, sendo que na maioria deles somente lançam músicas que falam só sobre paixão, traição e motel. Se você acha que eu estou exagerando pare um momento e compare uma música com a outra e que terá o mesmo resultado.

A nossa cultura brasileira é vasta e não pode se limitar a isso, sendo que a nossa própria história pode ser contada e ouvida através da música, mas para isso é preciso de grandes gênios na realização das letras. Tom Jobim e Elis Regina foram duas entidades da nossa música, sendo que o primeiro praticamente inaugurou o movimento da Bossa Nova enquanto ela revitalizou a forma como as cantoras se apresentavam, porém, enfrentando oposição daqueles que a perseguição até o final dos seus dias. "Elis e Tom, Só Tinha de Ser com Você" (2023) fala sobre o encontro desses grandes talentos e dos quais geraram uma música inesquecível.

Dirigido por Roberto de Oliveira e Jom Tob Azulay, o documentário e conta com imagens da gravação do antológico álbum que juntou a cantora Elis Regina com Antônio Carlos Jobim (popularmente conhecido como Tom Jobim). Gravado pelo produtor Roberto de Oliveira durante os registros, em Los Angeles, nos Estados Unidos, do álbum lançado em 1974, o filme apresenta uma série de materiais de bastidores inéditos, que permaneceram guardados desde então, e que mostram todos os altos e baixos por trás da produção do álbum - que por muito pouco não foi interrompida.

Confira a minha crítica completa já publicada clicando aqui. 

Atenciosamente,

Carlos Eduardo Lersch

Diretor de Programação CCPA.

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terça-feira, 24 de outubro de 2023

Cine Dica: SESSÃO ESPECIAL DE O EXORCISTA

No sábado, 28 de outubro, às 21h, a Cinemateca Capitólio apresenta uma sessão especial de O Exorcista, obra-prima do cinema de horror dirigida por William Friedkin, que completou 50 anos em 2023. O valor do ingresso é R$ 10,00. Os ingressos podem ser comprados a partir da terça-feira, 24 de outubro, nos horários de abertura da bilheteria da Cinemateca Capitólio (sempre 30 minutos antes de cada sessão).


O Exorcista

(The Exorcist)

R$ 10,00, EUA, 1973, 132 minutos, DCP

Direção: William Friedkin

Classificação Indicativa: 18 anos

Quando uma adolescente começa a ter um comportamento assustador, sua mãe descobre com a ajuda de um padre-psiquiatra que ela está possuída por um demônio.

GRADE DE HORÁRIOS


26 de outubro (quinta)

15h – O Cangaceiro

17h – Dona Flor e seus Dois Maridos

19h – Cinco Vezes Favela


27 de outubro (sexta)

15h – O Pagador de Promessas

17h – Deus e o Diabo na Terra do Sol

19h30 – Projeto Raros: Os Homens que Eu Tive


28 de outubro (sábado)

15h – Retratos Fantasmas

17h – Marte Um

19h – O Bandido da Luz Vermelha

21h – O Exorcista

23h59 – À meia-noite Levarei sua Alma


29 de outubro (domingo)

15h – A Hora da Estrela

17h – Central do Brasil

19h – Cabra Marcado para Morrer


31 de outubro (terça)

15h – Jeca Tatu

17h – Cinco Vezes Favela

19h – Cidade de Deus


01 de novembro (quarta)

15h – Cabra Marcado para Morrer

17h – A Hora da Estrela

19h – Bacurau

segunda-feira, 23 de outubro de 2023

Cine Dica: Em Cartaz - 'Assassinos da Lua das Flores'

Sinopse: Os assassinatos dados a partir de circunstâncias misteriosas na década de 1920, assolando os membros da tribo Osage, acaba desencadeando uma grande investigação envolvendo o poderoso J. Edgar Hoover, considerado o primeiro diretor do FBI. 

Martin Scorsese é um dos mais importantes diretores da história, mas não somente por ter realizado grandes obras primas, como também sendo alguém que defende com unhas e dentes a sétima arte. Em tempos de cinema comercial, vide as adaptações de HQ para o cinema, o realizador tem defendido um cinema mais autoral e do qual é a única salvação dessa arte em tempos em que os estúdios se encontram cada vez mais presos em franquias intermináveis. Portanto, "Assassinos da Lua das Flores" (2023) vem em um ano em que o cinema retorna com grandes espetáculos autorais e sendo que esse vem para fortalecer essa tendencia ainda mais.

A trama foi inspirada no best-seller homônimo do escritor David Grann e também baseado em uma história real. O ano é 1920, na região norte-americana de Oklahoma. Misteriosos assassinatos acontecem na tribo indígena de Osage, uma terra rica em petróleo. O caso foi investigado pelo FBI, a agência que tinha acabado de ser criada na época. Os assassinatos dados a partir de circunstâncias misteriosas na década de 1920, assolando os membros da tribo Osage, acaba desencadeando uma grande investigação envolvendo o poderoso J. Edgar Hoover, considerado o primeiro diretor do FBI.

Assim como em clássicos como "Os Bons Companheiros" (1990) e mais recentemente "O Irlandês" (2019), Scorsese trata de um assunto delicado que é as origens dos alicerces da sociedade norte americana, da qual não foi construída de forma justa, mas devido ao grande derramamento de sangue. O povo indígena foi um que, não somente foi massacrado no mundo real, como também o próprio cinema colaborou para transformá-lo em um ser selvagem para ser dizimado e que cabe os próprios realizadores dessa arte reconhecer o quanto estavam enormemente errados. Portanto, o novo longa do realizador é um grande filme denuncia, onde mostra um povo sendo morto de forma gradual e fazendo que o restante do mundo não se desse conta.

Para a construção desse tipo de enredo o cineasta procura buscar elementos que ele já havia usado em suas obras anteriores, desde a construção de um teor mais épico, sendo algo já visto em "Gangues de Nova York" (2002), como também com relação ao desenvolvimento sobre família, lealdade e corrupção e sendo algo já bastante visto em início de sua carreira como "Caminhos Perigosos" (1973). Para tanto, o realizador usa e abusa de sua câmera sempre em movimento, como se os planos-sequências nos encaminhasse para algo revelador e ao mesmo tempo nos preparando para algo pior. Numa determinada cena, por exemplo, vemos dois personagens deitados em uma cama, mas cuja câmera se afasta para focar a janela e já nos dando uma dica sobre o que acontecerá em seguida.

Mas o coração pulsante do filme se encontra na construção complexa dos seus personagens e dos quais são interpretados com tamanha energia pelos seus intérpretes. Quando achávamos que Leonardo DiCaprio já havia apresentado as suas melhores atuações eis que aqui ele novamente nos brinda com uma atuação complexa, cujo personagem transita entre o bom senso para o desejo de obter poder a todo custo, mas não escondendo o peso que está carregando ao longo do percurso. E como se isso já não bastasse eis que vemos a melhor atuação de Robert De Niro nestes últimos tempos.

Parceiro de Scorsese desde os tempos de "Taxi Drive" (1976), De Niro nos brinda com um personagem que nos passa a ideia sobre o que realizador quer nos passar ao longo da carreira. O personagem "Rei" de De Niro é um ser que sintetiza todo o lado sombrio de uma sociedade norte americana que esmagou os verdadeiros herdeiros dessa terra para obter as suas riquezas. O que mais espanta é o fato de tudo ser feito na surdida, o que não é muito diferente do que é visto na realidade, onde poderosos fazem tudo através da Justiça, mas da qual se encontra viciada e muito bem manipulada.

Portanto, o filme é um grande pedido de desculpas que o realizador faz para o do povo indígena, sendo talvez muito mais sincero e menos hipócrita do que já havia sido visto em obras como "Dança Com Lobos" (1990). Ao mesmo tempo, Scorsese não poupa o espectador com cenas fortes, onde mostra o homem branco se infiltrando neste povo de forma amistosa, mas que os elimina gradualmente na surdina. Porém, a expressão adoentada da personagem  Mollie Burkhart, interpretada brilhantemente pela atriz Lily Gladstone, representa a consciência desperta de um povo que sabe o que acontece a sua volta, mas não tendo forças para se defender perante tamanha selvageria.

Com tudo isso e muito mais, Scorsese encerra o seu épico de forma brilhante, onde não somente conta sobre o destino final dos respectivos personagens centrais da trama, como também o mesmo decide sair por detrás da câmera e jogar para fora o peso de culpa de uma parte da sociedade norte americana mais consciente. Além disso, o realizador usa velhos recursos em homenagem aos tempos dourados da rádio e ao mesmo tempo simbolizando todo o lado criativo de tempos mais antigos do cinema como um todo. Assim como nos filmes recentes de Wes Anderson, o diretor talvez esteja nos dizendo que é chegada a hora de deixar de lado os últimos avanços, porém vazios, tecnológicos de se fazer os filmes, retornar tudo à estaca zero e permitir que o cinema respire de novo.

"Assassinos da Lua das Flores" é cinema em sua total plenitude orquestrado por Martin Scorsese e fortalecendo a nossa esperança pelo  da sétima arte. 


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Cine Dica: PROGRAMAÇÃO CINEBANCÁRIOS 19 a 25 DE OUTUBRO

 EM CARTAZ:

MEU NOME É GAL

Brasil/Drama/90min

Direção: Dandara Ferreira e Lô Politi

Sinopse: Meu Nome é Gal acompanha de perto e de dentro o breve e efervescente momento da Tropicália, o principal movimento da contracultura no Brasil, responsável pela maior mudança musical e comportamental que o país já viveu. Gal Costa foi a principal voz feminina do Tropicalismo mas, para isso, precisou se libertar das amarras de uma timidez que quase a impediu de seguir sua vocação inequívoca. Com sua presença, sua atitude, seu corpo e sua voz, Gal Costa transformou a música brasileira e também toda uma geração, principalmente de mulheres. O filme mostra como ela e seus companheiros Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Jards Macalé, Tom Zé e Wally Salomão, ainda muito jovens, enfrentaram a dificuldade de serem tão vanguardistas em meio ao conservadorismo e à violência impostos pela ditadura militar no Brasil.

Elenco: Sophie Charlotte, Rodrigo Lellis, Camila Mardila, Luis Lobianco, Dan Ferreira, Dandara Ferreira, Chica Carelli e George Sauma



ELIS E TOM - SÓ TINHA DE SER COM VOCÊ

Brasil/Documentário/ 2023/101min.

Direção: Roberto de Oliveira      

Sinopse: "Elis & Tom" é o nome do álbum considerado um dos mais importantes na história da música brasileira. A gravação aconteceu em Los Angeles, no início de 1974, e as imagens foram registradas em película pela equipe de cineastas liderada pelo diretor Roberto de Oliveira, idealizador do encontro. Os rolos originais das filmagens ficaram guardados por 45 anos até serem restaurados e remasterizados em 2018. São essas imagens raras e inéditas que conduzem o documentário musical.

Elis e Tom, Só Tinha de Ser Com Você mostra os bastidores e todos os dramas e tensões que cercaram as gravações do álbum a ponto de o projeto quase ser interrompido. No fim, no entanto, a força da música se sobrepõe e conduz Elis Regina, Tom Jobim e um grupo de jovens músicos talentosos a uma obra-prima.

No documentário, o espectador é levado numa viagem no tempo, participando de momentos de conflito e também de pura alegria, revelando momentos íntimos do processo criativo e das personalidades extraordinárias desses artistas. A produção é também um emocionante reencontro do diretor com os artistas e o material filmado há quase cinco décadas.

Elenco: André Midani, Roberto Menescal, Roberto de Oliveira, Nelson Motta, Wayne Shorter, Ron Carter, Jon Pareles, João Marcelo Bôscoli, Cesar Camargo Mariano, Beth Jobim, Humberto Gatica, Hélio Delmiro, Paulo Braga.

A ILHA DOS ILUS

Brasil/animação/80 min.

Direção: Paulo Miranda

Sinopse: Pocó está pronto para nascer e viver o melhor dia da sua vida de cachorro! Porém, é enviado para uma família errada obrigando ele a voltar para a Ilha dos Ilús, local mítico onde todos os animais vivem antes de nascerem. Inconformado, Pocó quer conhecer sua verdadeira família, mesmo que, para isso, precise descobrir a todo custo uma passagem secreta, que somente Rinco, o líder do clã dos animais rejeitados, sabe encontrar. Sua melhor amiga Oli o ajuda nessa jornada, mesmo Pocó nem imaginando que ela é uma espiã da Gakra, uma réptil maligna que pretende invadir a ilha e sacudir com todo o reino animal.

HORÁRIOS CINEBANCÁRIOS 19 A 25 DE OUTUBRO (NÃO HÁ SESSÕES NAS SEGUNDAS-FEIRAS):


15h: A ILHA DOS ILUS

17h: ELIS E TOM- SÓ TINHA DE SER COM VOCÊ

19h : MEU NOME É GAL


Os ingressos podem ser adquiridos por R$ 12,00 na bilheteria do cinema . Idosos, estudantes, bancários sindicalizados, jornalistas sindicalizados, portadores de ID Jovem, trabalhadores associados em sindicatos filiados a CUT-RS e pessoas com deficiência pagam R$ 6,00.Aceitamos Banricompras, Visa, MasterCard e Elo.


ATENÇÃO: NAS QUINTAS-FEIRAS TODOS PAGAM MEIA ENTRADA EM TODAS AS SESSÕES! CINEBANCÁRIOS :Rua General Câmara, 424 – Centro – Porto Alegre -Fone: 30309405/Email:cinebancarios@sindbancarios.org.br


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