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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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terça-feira, 20 de junho de 2023

Cine Especial: Clube de Cinema de Porto Alegre - 'Meu Vizinho Adolf'

nota: Filme exibido para associados no último dia 17/06  

Sinopse: O senhor Polsky é um solitário e mal-humorado sobrevivente do Holocausto que vive uma vida pacata em uma cidadezinha. Até que um homem misterioso se muda para a casa ao lado, e Polsky começa a achar que seu novo vizinho é Adolf Hitler. 

Em tempos em que a Extrema Direita atual tenta dominar os principais potenciais do mundo a figura de Adolf Hitler sempre surge como uma lembrança a ser estudada para que novos ditadores jamais surgem em cena. O cinema, por sua vez, tanto o retratou como o verdadeiro mal em pessoa, como também o deixou mais humano, mas não menos problemático como foi visto em "A Queda - As Últimas Horas de Hitler" (2004). "Meu Vizinho Adolf" (2022) usa o humor para revelar uma sociedade dividida pelo temor, mas que basta enxergar o próximo mais a fundo para se dar conta em não levantar determinados muros.

Dirigido por Leon Prudovsky "Meu Vizinho Adolf" é um filme israelense e polonês de comédia dramática que se passa na América do Sul, em 1960. Mr. Polsky (David Hayman) é um sobrevivente do Holocausto que vive sozinho e aprecia a solidão. Porém, seu isolamento é abalado com a chegada de um novo vizinho, Mr. Herzog (Udo Kier). Imediatamente, Polsky desconfia do homem, e acredita que ele seja, na verdade, Adolf Hitler. Apesar das acusações, ninguém acredita no homem, e ele decide começar uma investigação por conta própria para provar sua teoria.

Com uma abertura singela sobre o passado de Polsky o filme já se encaminha para o cenário principal da trama, onde o protagonista começa a ficar paranoico com a possibilidade de Hitler estar bem ao seu lado e não medindo esforços para pegá-lo. A trama começa a ganhar elementos até mesmo do clássico "Janela Indiscreta" (1954), pois o protagonista começa a usar uma câmera fotográfica, além de ler livros que falam sobre a verdadeira pessoa de Hitler como um todo. Para aqueles que querem compreender as raízes do mal em pessoa essa parte, ao menos, se torna um verdadeiro mosaico de informações para dizer o mínimo.

Porém, as aparências enganam e ambos os personagens começam a se aproximar com cada um por um motivo. Se Polsky quer atravessar a cerca do vizinho para aguar as rosas que lembram o seu passado, por outro lado, Mr. Herzog começa a se aproximar do primeiro a partir do momento em que ele descobre que ambos são fascinados pelo xadrez. A partir daí eles começam a se conhecerem melhor, mesmo quando Polsky ainda insiste em sua teoria.

Ambos os protagonistas possuem personalidades distintas, mas compartilhando entre si cicatrizes físicas e emocionais que adquiriram ao longo da guerra. Leon Prudovsky procura fazer um retrato de uma sociedade, seja ela do passado ou presente, dividida através dos seus medos que nasceram através do horror da insanidade do homem, mas que nunca custa a gente baixar a guarda e descobrir novas camadas. Neste último caso, por exemplos, os dois ficam reticentes com relação um ao outro, mas que logo percebem que precisam de ajuda para serem ouvidos.

Tanto David Hayman como Udo Kier se saem muito bem ao interpretar duas personalidades complexas, sendo que a segunda se apresenta como um ser misterioso, mas que não é tudo o que o primeiro imaginava desde o início. Na reta final, se percebe que as sequelas de um passado infernal persistem em assombrar aqueles que presenciaram, mas cabe os mesmos enfrentarem os seus medos e procurarem entender que todos se encontram neste mesmo tabuleiro. Ao final, percebemos o quanto Polsky merecia baixar a sua guarda para só assim fazer as pazes consigo mesmo.

"Meu Vizinho Adolf" é uma bem-humorada comédia dramática que fala sobre os medos e paranoias de ontem e hoje, mas cujos sentimentos precisam ser combatidos para seguirmos em frente.


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Cine Dica: PROPESQ-UFRGS lança projeto Cineciência

Jurassic Park

Cineciência 2023 – Ficção Científica

A Pró-reitoria de Pesquisa está lançando o projeto de extensão Cineciência para promoção da ciência por meio do cinema. A edição de 2023 tem o tema “Ficção Científica” e conta com filmes sobre mudanças climáticas, expansão do cérebro, memória e inteligência artificial. As sessões ocorrerão às quintas-feiras a partir das 19 horas na Sala Redenção, cinema universitário da UFRGS, no Campus Centro (Av. Paulo Gama, 110, Porto Alegre). A entrada é franca e, após o filme, pesquisadores da UFRGS irão debater com o público o embasamento científico da obra e os avanços na pesquisa relacionada à trama. Para aqueles que desejarem, a ação oferece certificado de extensão mediante presença em pelo menos quatro das seis sessões.

Confira a programação completa no site oficial clicando aqui. 

    

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segunda-feira, 19 de junho de 2023

Cine Dica: Em Cartaz - 'CORPOLÍTICA'

Sinopse: O documentário investiga o vazio de representatividade LGBTQIA+ no cenário político do Brasil, país que mais mata pessoas LGBTQIA+ no mundo. Candidatos e políticos relatam suas experiências na luta por direitos. 

Quando as pessoas param para observar a Câmera dos Deputados em Brasília atualmente as mesmas se apavoram com tamanho retrocessos que os mesmos pregam no dia a dia e fazendo a gente se perguntar como podemos ter elegido tais pessoas. Porém, esse problema não é de hoje, mas ao menos há pessoas que levantam a sua bandeira em prol de um bem maior. "Corpolítica" (2022) fala sobre pessoas comuns que são discriminadas unicamente por se assumirem com relação ao que realmente são, mas é através de suas persistências que acabam adentrando em um território que dita os rumos do país e que podem ajudar diversas pessoas que sofrem com o medo do amanhã.

Dirigido por Pedro Henrique França, o documentário explora as candidaturas LGBTQIA+ no país que mais mata LGBTQIA+ no mundo. O filme também investiga o vazio de representatividade no cenário político do Brasil, considerando o contexto do país, em meio a um governo de extrema-direita e cujo mandatário coleciona uma lista de declarações de ódio contra essa população. Num cenário global de ascensão da extrema-direita ao poder, e diante de um recorde de candidaturas LGBTQIA+ nas eleições de 2020, vários candidatos e governantes do Brasil relatam as suas experiências e violências na afirmação e luta por direitos no âmbito da política institucional do país. Com depoimentos importantes de candidatos em vários partidos, o filme acompanha duas campanhas durante as eleições de 2020.

Quando a vereadora Marielle Franco foi assassinada em 2018 foi acionado um sinal de alerta que tempos ruins começariam a surgir, principalmente no mesmo ano em que o país elege um fascista e pregador de ódio que é Jair Bolsonaro. Foram tempos difíceis para todos, principalmente para a comunidade LGBT que viu os discursos contra eles aflorarem ao ponto que muitos decidiram até mesmo abandonar o país. Porém, as pessoas que ficaram decidiram enfrentar a besta de frente, ao se candidatarem como deputados, vereadores e senadores e para que assim pudessem ter a chance de defender na capital do país pessoas que são discriminadas e que correm sério risco de vida.

Ao longo da projeção vemos depoimentos emocionantes como, por exemplo, da Mônica Benício, viúva de Marielle e que não desistiu de lutar mesmo com a perda do seu grande amor. Ao mesmo tempo há também outros depoimentos curiosos como no caso de jean wyllys que enfrentou todos os preconceitos e ameaças quando ainda era Deputado e que se viu obrigado a ter que sair do país, mas jamais deixando de lutar no que acredita. Curiosamente, Pedro Henrique França também dá espaço para pessoas que muitos acreditavam que defenderiam a causa, mas se colocando em um posicionamento neutro como no caso de Thammy Miranda e gerando como sempre acalorados debates sobre o tema.

O documentário procura destacar o fato que quanto mais o conservadorismo e o discurso de ódio aumentam no país mais pessoas que sentem na pele a perseguição decidem enfrentar esse mal de frente para que esse veneno não se espalhe. Portanto, vemos diversos candidatos a vereador e testemunhamos, tanto a derrota de alguns, como também a vitória de outros e fazendo um fio de esperança se torne forte para os próximos anos. Em tempos em que religiosos tentam tomar o poder para fazer o país ser controlado pelas forças do patriarcado resta a minoria perseguida falar mais alto para nos proteger e garantir o nosso futuro.

"Corpolítica" fala sobre a resistência e a força de pessoas que são perseguidas pelo ódio, mas que decidem irem longe para defenderem outros que desejam amanhecerem vivos. 


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Cine Dica: Sala Redenção recebe nova sessão do Ciclo CineCiess

Na próxima quarta-feira, dia 21 de junho, a Sala Redenção dá continuidade ao Ciclo CineCiess 2023, com a exibição de “Filme Sobre um Bom Fim” (2015). A projeção inicia às 16h, sendo seguida por um bate-papo com o diretor Boca Migotto.

“Filme sobre Um Bom Fim” retrata a efervescência cultural e política do bairro porto-alegrense na década de 1980. No documentário, a trajetória do local é revisitada a partir de cenas de arquivo e depoimentos de artistas que viveram esses “anos dourados”. 

O Ciclo CineCiess 2023 segue até dezembro, com sessões mensais. Ao todo, a programação conta com oito filmes, abordando a temática “o cinema gaúcho na perspectiva dos direitos humanos”. Todas as exibições têm entrada franca e aberta à comunidade em geral. A Sala Redenção está localizada no campus central da UFRGS, com acesso mais próximo pela Rua Eng. Luiz Englert, 333.


Confira a programação das próximas sessões do CineCiess 2023 no site oficial clicando aqui. 

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sexta-feira, 16 de junho de 2023

Cine Especial: Batman - Por Tim Burton

 Algo Estava Acontecendo 

Quando eu era criança a minha mãe me levava junto com ela para o centro de Porto Alegre para ir consultar o médico para cuidar de sua saúde. Eu acho que era entre 1988 ou já início de 1989 e para mim Porto Alegre era enorme com os seus arranha céus e que faziam me lembrar um certa Gotham City das HQ do Batman. Por coincidência, algo de estranho estava acontecendo, pois comecei a enxergar símbolos do homem morcego por todos lados, desde nas paredes, como também em bancas, postes e nas roupas das pessoas.

Dias depois eu estava assistindo uma matéria especial na tv sobre o futuro lançamento de “Batman” (1989) para o cinema e fazendo com que ficasse eufórico, já que era o meu personagem preferido dos HQ. Mal imaginava a magnitude do longa-metragem, já que a minha visão do herói que eu tinha em carne e osso ainda era do seriado dos anos sessenta e, portanto, eu não estava preparado pelo lado mais sombrio e principalmente da visão autoral de Tim Burton. Olhando para trás percebo que o filme tinha tudo a ver com relação ao que o personagem estava passando nos anos oitenta, já que ele foi repaginado por Frank Miller e gerando assim obras primas como "Cavaleiro das Trevas" e "Batman - Ano Um".

O filme foi um projeto que se estendeu por vários anos, mas o estúdio queria lançar o longa em 1989 de qualquer jeito, principalmente para pegar carona com o aniversário de cinquenta anos do personagem criado por Bob Kane. A missão não foi fácil, mas o filme é um daqueles tipos de obras que os Deuses do cinema sorriem para que dê tudo certo e foi isso que aconteceu ao longo do tempo. Curiosamente, o estúdio optou por um diretor que a pouco havia adquirido o seu primeiro grande sucesso, mas que nasceu para carregar o fardo.

Tim Burton havia lançado em 1988 "Os Fantasmas Se Divertem" (1988) comédia de humor sombrio que mescla elementos do gênero de horror e se tornando rapidamente um filme cultuado e revelando o lado autoral do cineasta como um todo. Embora não tenha lido uma HQ sequer do personagem Burton captou a essência logo de imediato, já que ela possui elementos dos quais moldaram o realizador ao longo dos anos, desde ser uma figura gótica que vive nas sombras e que se mistura em uma cidade sombria e, por vezes, assustadora. Aliás, é preciso reconhecer que os cenários que representam a cidade são um verdadeiro espetáculo, do qual quase se assemelha a magnitude de outro clássico da época "Blade Runner" (1982) e não é à toa que o filme viria a ganhar um Oscar de melhor Edição de Arte.

O que não foi fácil para o diretor foi a escolha do seu protagonista, já que o estúdio com certeza desejava um grande astro, mas ao invés disso o realizador sonhava trabalhar com um ator comum que conseguisse nos passar o lado mais humano do homem morcego. Já tendo trabalhado com o diretor em "Os Fantasmas se Divertem" Michael Keaton foi a escolha bastante questionada para época, tanto é que choveram cartas indignadas dos fãs que não enxergavam o ator como Batman. Mais de trinta anos depois esses mesmos fãs parecem terem se arrependido de terem jogado paus e pedras contra o intérprete, pois após o lançamento do filme e anos seguintes muitos consideram como o melhor Batman do cinema até hoje.

Quem ainda se saiu melhor nesta história foi Jack Nicholson, um dos grandes talentos do cinema e cujo anos oitenta ele vinha de grandes sucessos como "O Iluminado" (1980) "Laços de Ternura" (1983) e "As Bruxas de Eastwick" (1987). Para a construção do seu Coringa ele decidiu se distanciar da visão que o público tinha com relação ao personagem que havia sido interpretado por Cesar Romero no seriado dos anos sessenta e se inspirando mais na versão mais adulta e violenta vista no clássico "A Piada Mortal" de Alan Moore. Além disso, é mais do que nítido que o ator buscou inspiração em outros personagens que ele havia interpretado, como no caso do pai que se torna um verdadeiro psicopata no já citado "O Iluminado".

O resultado é um Coringa nascido para Jack Nicholson, onde o intérprete se divertiu sendo ele mesmo, mas colocando para fora o seu demônio interior e nos brindando com uma interpretação digna de Oscar. Não é à toa que por muito tempo esse foi considerado o Coringa definitivo, até a chegada de um certo Heath Ledger, mas essa é uma outra história que merece uma análise mais detalhada. Curiosamente, Jack Nicholson se tornou ator mais bem pago na época, já que ele assinou um contrato de porcentagem nos lucros e que deu ao ator cerca de 50 milhões de dólares.

Mas quem acabou caindo de paraquedas na produção foi realmente Kim Basinger. Inicialmente quem faria a repórter investigativa seria Sean Young, que chegou até mesmo interpretar a personagem e participar de algumas cenas, porém, Young fraturou a clavícula durante as filmagens, em uma cena em que precisava montar um cavalo juntamente com Michael Keaton. Em última hora, foi chamada Basinger, uma atriz que na época ainda era inexperiente, mas já colecionava alguns sucessos como "9 1/2 Semanas de Amor" (1986).

Um Novo Começo 

Pode-se dizer que "Batman" foi o primeiro grande filme a se tornar um sucesso antes mesmo de ter estreado. Havia outdoor em todas as cidades, álbuns de figurinhas, brinquedos, camisetas e tudo que era possível para atrair uma grande fatia do público. Se hoje isso pode parecer comum com tantos lançamentos de filmes baseado em HQ isso era para época algo incomum e fazendo do filme uma sessão obrigatória mesmo para aqueles que não eram cinéfilos ou fãs de HQ. O resultado foi uma bilheteria de mais de quatrocentos milhões e sendo uma quantia exorbitante para aqueles tempos.

Não demorou muito para que outros estúdios corressem contra o relógio para fazer as suas adaptações de HQ para o cinema, porém, era uma outra época e esses lançamentos eram muito esporádicos e bem diferente de hoje em dia. O mais próximo da magnitude que Tim Burton havia criado foi apresentado em "Dick Tracy" (1990), dirigido e estrelado por Warren Beatty e cujo seu visual era cartunesco, colorido e que remetia as HQ dos anos trinta. Mas se há uma coisa que ambas as obras tinham em comum era a sua trilha sonora, sendo que elas foram elaboradas por Danny Elfman. 

Ópera Cinematográfica 

Tá certo que Hans Zimmer havia criado uma fantástica trilha sonora para a trilogia de "Cavaleiro das Trevas" de Christopher Nolan, mas se há uma trilha definitiva sobre Batman é a que foi criada por Danny Elfman em 1989. Na abertura, por exemplo, ela começa ecoar vagarosamente, assim como a câmera do diretor que vai se direcionando para as paredes escuras de pedra e logo depois se revela ser um grande símbolo do morcego. A trilha de Elfman se casa com perfeição em cada cena do personagem e cujo seu ápice se encontra quando obtemos o primeiro vislumbre do Bat-sinal no céu.

O Fantasma da Ópera 

De todas as versões que Batman teve para o cinema essa não é somente a mais cinematográfica, como também a mais artística e das quais possuem raízes tanto expressionistas como também teatrais. Neste último caso, por exemplo, o ato final do filme foi totalmente inspirado na peça "O Fantasma da Ópera" que estava fazendo um maior sucesso em Londres naquela época e que havia sido assistido por Jack Nicholson. Convencido pelo ator, Tim Burton e seus produtores e roteiristas decidiram reescrever o ato final e o resultado é esse que testemunhamos a mais de trinta anos atrás e sendo apontado como um dos grandes momentos da história do cinema. 

Expressionismo Alemão 

Devido ao grande sucesso do filme não demorou para que houvesse uma continuação, mas diferente do filme anterior, Tim Burton teve controle total do projeto e fazendo com que sua visão autoral dominasse a obra do começo ao final. "Batman - O Retorno" (1992) é o filme mais gótico do personagem, violento, estranho e maravilhoso a todo momento. Gotham City é aqui uma cidade ainda mais sombria, com as suas enormes e estranhas estátuas e cujo formato dos seus prédios remetem ao melhor do expressionismo.

Neste último caso, o filme é uma bela homenagem a esse importante período do cinema alemão, já que Burton cresceu assistindo a esses longas e exemplos é o que não faltam no filme para concordar com essa minha observação. Christopher Walken, por exemplo, interpreta o corrupto milionário chamado Max Schreck, sendo que esse nome é do ator que interpretou Drácula no clássico expressionista "Nosferatu" (1922). E o que dizer do visual do Pinguim interpretado por Danny DeVito, sendo que é claramente uma homenagem ao vilão do clássico "O Gabinete do Dr. Caligari" (1920).

Porém, há uma pincelada de elementos extraídos dos filmes de terror dos anos trinta e dos quais se destaca através da Mulher Gato, já que o seu traje preto todo remendado parece mais uma bela homenagem ao que foi visto nos primeiros filmes de "Frankenstein". Falando na personagem, já se passaram vários anos e outras atrizes de grande talento a interpretaram, mas nenhuma supera o assombroso trabalho que Michelle Pfeiffer, pois a sua Selina Kyle é uma figura trágica, abusada moralmente pelo seu patrão e sobrevivendo através de uma estranha relação com os gatos. A cena em que ela retorna para casa e começa a liberar toda a sua raiva para fora é, na minha opinião, uma das melhores atuações da atriz em sua respeitável carreira. 

O Maior Prêmio Veio Através do Tempo 

Embora seja tão bom quanto o primeiro, "Batman - Retorno" não foi o sucesso esperado que o estúdio tanto queria, sendo que os produtores começaram acusar Tim Burton como inadequado para continuar na cadeira como diretor nos filmes seguintes. Olhando para trás se percebe que a Warner somente queria dinheiro, não somente através da bilheteria, como também na venda de brinquedos e qualquer outra bugiganga que pudesse obter algum lucro. Sai de cena Tim Burton e começa a era Joel Schumacher que nasceu somente para vender "Batman Eternamente" (1995) e o terrível "Batman e Robin" (1997) como meros produtos a serem vendidos para o mercado e não como cinema de qualidade como era visto no passado.

O tempo passou e provou o quanto o estúdio estava errado, ao ponto da maioria dos cinéfilos reconhecer que Batman nas mãos de Tim Burton foi uma das melhores coisas que aconteceram para o personagem no cinema e cuja fidelidade era o que menos importava, mas sim sendo feita de coração, elegância e puramente cinema. Não é à toa, portanto, que depois de mais de trinta anos Michael Keaton retorna na pele do personagem em "The Flash" e calando por completo aqueles detratores do passado.

"Batman" e "Batman - O Retorno" por Tim Burton é cinema de qualidade, sobrevivente ao teste do tempo e possuindo uma ousadia que as adaptações atuais quase nunca alcançam. 


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quinta-feira, 15 de junho de 2023

Cine Dicas: Estreias do Final de Semana (15/06/2023)

 'THE FLASH'

Sinopse: Barry usa seus superpoderes para viajar no tempo e mudar os eventos do passado. Mas quando tenta salvar sua família e acaba, sem querer, alterando o futuro, ele fica preso em uma realidade na qual o General Zod está de volta, ameaçando colocar o mundo em risco, e não há super-heróis a quem recorrer.


'MEDUSA DELUXE'

Sinopse: Depois que um cabeleireiro é encontrado morto em um concurso de penteados, os participantes restantes decidem descobrir quem é o assassino. Rivalidades e desconfiança crescem, enquanto um grupo de determinados hairstylists suspeita de que alguém está tentando fraudar a competição, eliminando competidores de forma macabra.


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Cine Dica: PROGRAMAÇÃO CINEBANCÁRIOS DE 15 a 21 DE JUNHO

 ESTREIA:

BEM-VINDOS DE NOVO

Brasil/ Documentário/2023/105min.

Direção: Marcos Yoshi

Classificação indicativa: 10 anos

Sinopse: Pais e filhos se reencontram depois de 13 anos separados. Este é o ponto de partida do filme, que acompanha o processo de reconstrução afetiva da família do diretor Marcos Yoshi, atravessada pelo fluxo de migrações entre o Brasil e o Japão, conhecido como fenômeno dekassegui. A história de uma família de descendentes de japoneses dividida entre a necessidade de garantir o sustento e o desejo de permanecerem juntos.

Elenco: Roberto Shinhti Yoshisaki, Yayoko Yoshizaki e Marcos Yoshi


EM CARTAZ:


CORPOLÍTICA

Brasil/ documentário/ 2022/ 102min.

Direção: Pedro Henrique França

Classificação indicativa:

Sinopse: O documentário investiga o vazio de representatividade LGBTQIA+ no cenário político do Brasil, país que mais mata pessoas LGBTQIA+ no mundo. Diante de um recorde de candidaturas LGBTQIA+ nas eleições brasileiras de 2020, em um momento histórico no país e no mundo, candidatos e políticos relatam suas experiências e as violências vividas dentro de seus processos de afirmação e na luta por direitos.


URUBÚS

Brasil/Drama/2021 /113MIN.

Direção: Claudio Borrelli

Classificação indicativa: 16 anos

Sinopse: Em São Paulo, onde a pichação cobre mais muros e prédios do que qualquer outro lugar no planeta, Trinchas comanda um grupo de pichadores que escala os edifícios mais altos para deixar sua marca. Quando Trinchas conhece Valéria, uma estudante de arte, seus mundos colidem, resultando na invasão da 28ª Bienal de São Paulo. A partir de então, a pichação ocupa seu lugar no mundo da arte e o bando de jovens invisíveis de periferia se transforma em protagonista de um polêmico debate cultural.

Elenco:Gustavo Garcez, Bella Camero, Bruno Santaella, Julio Martins, Robert Orlando


HORÁRIOS CINEBANCÁRIOS DE 15 a 21 DE JUNHO (não há sessões nas segundas-feiras):


15h: URUBÚS

17h: CORPOLÍTICA

19h: BEM-VINDOS DE NOVO


Os ingressos podem ser adquiridos por R$ 12,00 na bilheteria do cinema . Idosos, estudantes, bancários sindicalizados, jornalistas sindicalizados, portadores de ID Jovem, trabalhadores associados em sindicatos filiados a CUT-RS e pessoas com deficiência pagam R$ 6,00.Aceitamos Banricompras, Visa, MasterCard e Elo.

CINEBANCÁRIOS :Rua General Câmara, 424 – Centro – Porto Alegre -Fone: 30309405/Email:cinebancarios@sindbancarios.org.br


C i n e B a n c á r i o s 

Rua General Câmara, 424, Centro 

Porto Alegre - RS - CEP 90010-230 

Fone: 51- 30309405