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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quinta-feira, 17 de novembro de 2022

Cine Dicas: Estreias do Final de Semana (17/11/2022)

 BARDO, FALSA CRÔNICA DE ALGUMAS VERDADES

Sinopse: Bardo, Falsa Crônica de Algumas Verdades conta a história de um renomado jornalista e documentarista mexicano que retorna ao seu país de origem para enfrentar sua identidade, seus afetos familiares, o absurdo de suas memórias, bem como o passado e a nova realidade de seu país. O personagem busca respostas em seu passado para reconciliar quem ele é no presente.



KOBRA AUTO-RETRATO

Sinopse: Em uma noite de insônia, Kobra revê sua vida desde a infância difícil na periferia até o sucesso mundial como muralista. Os acontecimentos se desenrolam entre a realidade e o sonho. Nessa trajetória de vida, do grafite ilegal nas ruas de São Paulo até pintar grandes murais em mais de 30 países, Kobra, um artista singular que representa tantos outros em suas batalhas, passa a entender a arte de rua como voz política e democrática. Obs: Dia 19/11 às 14:00 - Sessão para professores cadastrados e aberto ao público.


NADA É POR ACASO

Sinopse: Marina (Giovanna Lancellotti) volta de uma viagem com cinco milhões de reais em sua conta. Agora, ela só quer seguir em frente sem olhar para trás e encarar o que fez. Contudo, os encontros constantes entre Marina (Giovanna Lancellotti), Maria Eugênia (Mika Guluzian), Henrique (Tiago Luz) e o filho do casal, não podem ser apenas uma coincidência. As duas mulheres vão descobrir que estão unidas por laços de amor e amizade que remontam para além dessa vida


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Cine Dica: PROGRAMAÇÃO DE 17 A 23 DE NOVEMBRO DE 2022 na Cinemateca Paulo Amorim

 SEGUNDAS-FEIRAS NÃO HÁ SESSÕES

OS BRAVOS NUNCA SE CALAM


AVISO DA SEMANA

A SALA PAULO AMORIM ESTÁ FECHADA PARA REFORMA.


SALA 2 / EDUARDO HIRTZ


15h – KEVIN (SESSÕES SOMENTE NOS DIAS 18 E 22) Assista o trailer aqui.

(Brasil, 2021, 85min). Documentário de Joana Oliveira. Embaúba Filmes, 12 anos.

Sinopse: É a primeira vez que Joana, uma brasileira, visita sua amiga Kevin na Uganda. Elas se tornaram amigas há 20 anos quando estudaram juntas na Alemanha e faz muito tempo que não se veem. A partir desse encontro, o filme tece a fina trama que é uma conversa entre duas amigas: as histórias do passado, os desejos, os caminhos trilhados, os diferentes modos de encarar a matéria do vivido e um elo de amor e sororidade que resiste à distância e ao tempo.


17h15 – COM AMOR E FÚRIA

(Avec Amour et Acharnement - França, 2022, 120min). Direção de Claire Denis, com Juliette Binoche, Vincent Lindon, Grégoire Colin. Synapse Filmes, 14 anos. Drama.

Sinopse: Sara e Jean estão juntos há 10 anos e têm um bom relacionamento. Mas Sara começa a questionar sua vida quando François reaparece – ele foi uma antiga paixão dela e é um dos melhores amigos de Jean. Prêmio de melhor direção no Festival de Berlim 2022.


19h30 – CAVALO DE SANTO *ESTREIA*  Assista o trailer aqui.

(Brasil, 2021, 70min). Documentário de Mirian Fichtner e Carlos Caramez. Cubo Filmes, 14 anos.

Sinopse: O filme é resultado de dez anos de pesquisas em terreiros gaúchos e retrata o universo religioso afro-brasileiro no Rio Grande do Sul. Considerado um dos estados mais “brancos” do Brasil, o RS tem uma presença africana marcante e diversa em seus rituais religiosos, com características regionais e que revelam diferenças do que ocorre no restante do Brasil. “Cavalo de Santo” é baseado no livro homônimo da fotógrafa Mirian Fichtner e venceu o prêmio de melhor filme na mostra gaúcha do Festival de Gramado em 2021.


SALA 2 / EDUARDO HIRTZ


SESSÕES ESPECIAIS DA SEMANA

SESSÃO DE CINEMA INCLUSIVO

Exibição com recursos de Libras, legendagem e audiodescrição.


DIA 19, SÁBADO    ENTRADA FRANCA


15h – CONTOS DO AMANHÃ

(Brasil, 2020, 85min). Direção de Pedro de Lima Marques, com Bruno Barcellos e Duda Andreazza. 14 anos.

Sinopse: Em 2165, o sequestro de uma jovem coloca em guerra o último reduto da civilização humana. O problema é que, para salvar a humanidade, será necessário contar com a ajuda de um adolescente que vive em 1999. Mas como salvar o futuro com internet discada e um provedor de péssima qualidade?


FESTIVAL CINEMA NEGRO EM AÇÃO


DIA 20, DOMINGO    ENTRADA FRANCA

15h30 – Lançamento do documentário “Oliveira Silveira, o Poeta da Consciência Negra” (25min), com direção de Camila de Moraes.


DIAS 23, 24 E 25, QUARTA, QUINTA E SEXTA    ENTRADA FRANCA

13h30 – 17h - Mostra de curtas, videoclipes, videoarte e longas-metragens de realizadores negros selecionados para o festival.


DIA 23, QUARTA    ENTRADA FRANCA

19h30 – Exibição do documentário PITANGA, dirigido por Beto Brant e Camila Pitanga. A sessão terá a presença do ator Antonio Pitanga, homenageado nesta edição do Festival Cinema Negro em Ação.


SALA 3 / NORBERTO LUBISCO


14h – NOITES DE PARIS (NÃO HAVERÁ SESSÃO NO DIA 23) Assista o trailer aqui.

(Les Passagers de la Nuit - França, 2022, 110min). Direção de Mikhaël Hers, com Charlotte Gainsbourg, Quito Rayon Richter, Noée Abita. Vitrine Filmes, 16 anos. Drama.

Sinopse: No início dos anos 1980, a eleição do socialista François Mitterrand é festejada com esperança pelos franceses - mas Elizabeth acaba de se separar do marido e precisa cuidar sozinha dos dois filhos adolescentes. O emprego noturno em uma rádio surge como fonte de renda alternativa e também como uma possibilidade de recomeçar, principalmente depois que a protagonista decide levar para casa uma jovem problemática chamada Talulah. O filme faz várias citações à obra do cineasta francês Jacques Rivette (1928 - 2016), que Hers considera seu grande mestre.


16h – CONTRATEMPOS Assista o trailer aqui.

(A Plein Temps – 90min, 2022). Direção de Eric Gravel, com Laure Calamy, Anne Suarez, Geneviève Mnich. Bonfilm, 14 anos. Drama.

Sinopse: Julie luta sozinha para criar seus dois filhos no subúrbio e manter seu emprego em Paris. Quando ela finalmente consegue uma entrevista para um cargo que corresponde às suas expectativas, uma greve geral paralisa todo o transporte. Ela embarca, então, em uma corrida frenética para salvar seu emprego e sua família. Vencedor dos prêmios de melhor direção e atriz no Festival de Veneza.


17h40 – OS BRAVOS NUNCA SE CALAM *ESTREIA* Assista o trailer aqui.

(Brasil, 2021, 104min). Direção de Marcio Schoenardie, com Duda Meneghetti, Edu Mendas, José Rubens Chachá. Lança Filmes, 12 anos. Comédia dramática.

Sinopse: Dias antes de lançar seu novo livro sobre um grande esquema de corrupção, o autor é encontrado morto. Durante a despedida, os filhos se reencontram e o que parecia ser uma morte acidental se transforma em um possível caso de assassinato. Seguindo rastros e pistas, os atrapalhados “detetives" se veem cercados por inimigos, ameaças e falsos relatos, descobrindo que nem tudo é o que parece.


19h35 – O CLUBE DOS ANJOS (NÃO HAVERÁ SESSÃO NOS DIAS 22 E 23) Assista o trailer aqui.

(Brasil/Portugal, 2022, 100min). Direção de Angelo Defanti, com Otávio Müller, Matheus Nachtergaele, Paulo Miklos, Marco Ricca, Augusto Madeira, André Abujamra. Vitrine Filmes, 16 anos.

Sinopse: Sete amigos mantêm, há anos, o Clube do Picadinho, com encontros mensais regados a bom vinho e boa comida. Quando acham que a confraria já não faz mais sentido, surge um cozinheiro misterioso que começa a preparar banquetes inesquecíveis. O filme é baseado na novela homônima obra de Luis Fernando Verissimo.


SALA 3 / NORBERTO LUBISCO


SESSÃO ESPECIAL DA SEMANA

ENTRADA FRANCA


DIA 22, TERÇA

19h30 – SESSÃO ESCOLA DE CINÉFILOS

Exibição de The Slumber Party Massacre (1982), de Amy Holden Jones, na abordagem do Cinema de Gênero.


PREÇOS DOS INGRESSOS:

TERÇAS, QUARTAS e QUINTAS-FEIRAS: R$ 12,00 (R$ 6,00 – ESTUDANTES E MAIORES DE 60 ANOS). SEXTAS, SÁBADOS, DOMINGOS, FERIADOS: R$ 14,00 (R$ 7,00 - ESTUDANTES E MAIORES DE 60 ANOS).

CLIENTES DO BANRISUL: 50% DE DESCONTO EM TODAS AS SESSÕES. 

Professores têm direito a meia-entrada mediante apresentação de identificação profissional.

Estudantes devem apresentar carteira de identidade estudantil. Outros casos: conforme Lei Federal nº 12.933/2013. Brigadianos e Policiais Civis Estaduais tem direito a entrada franca mediante apresentação de carteirinha de identificação profissional.

*Quantidades estão limitadas à disponibilidade de vagas na sala.

A meia-entrada não é válida em festivais, mostras e projetos que tenham ingresso promocional. Os descontos não são cumulativos. Tenha vantagens nos preços dos ingressos ao se tornar sócio da Cinemateca Paulo Amorim. Entre em contato por este e-mail ou pelos telefones: (51) 3136-5233, (51) 3226-5787.


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quarta-feira, 16 de novembro de 2022

Cine Especial: Próxima Sessão Clube de Cinema Porto Alegre - 'A Mãe'

Segue a programação do Clube de Cinema no próximo final de semana


SESSÃO CLUBE DE CINEMA 

Local: Cine Bancários, Casa dos Bancários

Data: 19/11/2022, sábado, às 10:15 da manhã


"A Mãe"

Brasil, 2022, 80 min, 14 anos

Direção: Cristiano Burlan

Elenco: Marcelia Cartaxo, Mawusi Tulani, Helena Ignêz


Sobre o Filme: 

Na reta final do filme "Tropa de Elite 2" (2010) o protagonista Capitão Nascimento (Wagner Moura) fala em alto bom som que a Policia Militar do Rio precisa acabar. Mais de dez anos após o lançamento muitas pessoas do mundo real desejam que realmente acabe, pois ela ao invés pôr em prática a paz nas periferias elas somente aumentam ainda mais a violência e morte de ambos os lados desse conflito infinito. "A Mãe" (2022) fala sobre mulheres que perderam os seus filhos sem ao menos saber o porquê e que ao mesmo tempo tentam sobreviver para continuar a lutar.

Dirigido por Cristiano Burlan, vencedor do prêmio de melhor Diretor no último festival de Gramado por esse filme, a história é sobre Maria (Marcelia Cartaxo), uma mãe solo que vive na periferia de São Paulo. Ao voltar para casa à noite ela não encontra seu filho adolescente. Depois de uma busca ininterrupta pela vizinhança, ela começa a ameaçar a tranquilidade dos traficantes locais que decidem contar que Valdo foi assassinado pela Polícia. Incrédula ela começa uma busca vertiginosa pela verdade.

Tendo crescido nas periferias de São Paulo, o cineasta Cristiano Burlan sabe o que é perder entes queridos devido a truculência vinda dos dois lados da moeda deste conflito. Tendo perdido o irmão e posteriormente a mãe, o mesmo realizou duas obras das quais ele pudesse exorcizar as suas dores interiores que foram "Mataram Meu Irmão" (2013) e "Elegia de Um Crime" (2019). Ao retomar o tema sobre a perda, ele não fala somente sobre o que ele passou, como também sobre diversas mães que não tiveram nem sequer a chance de enterrar os seus próprios filhos.

Tudo isso é representado na imagem de Maria, que se vê diante de uma situação da qual ela tenta buscar uma solução, independente de qual situação irá encontrar o seu filho, ou seja, vivo ou morto. Antes disso vemos a mesma lutar pelo seu dia a dia, desde em vender produtos Paraguaios, como também em burlar a fiscalização para não ser presa devido a isso. A protagonista, assim como as demais pessoas da periferia, não esperam por soluções vindas do governo, já que os mesmos não esperam por milagres vindo dos governantes que lançam promessas, mas das quais somente ficam na mesa.

O filme também é uma verdadeira crítica ácida sobre o sistema falido das instituições, que veem o desaparecimento do filho da protagonista somente como mais um número e não como um ser humano. Ao mesmo tempo, ela busca informações dentro da periferia onde ela mora, mas tudo que recebe é informações de pessoas com medo, ou daqueles que não desejam em hipótese alguma a entrada da polícia no local. Se tem então uma luta para ela continuar com a lucidez que ainda lhe resta.

Protagonista do clássico "A Hora da Estrela" (1985) e do recente "Pacarrete" (2020), Marcelia Cartaxo obtém aqui mais uma extraordinária atuação, da qual lhe rendeu o prêmio de melhor atriz no último festival de Gramado e méritos é o que não faltam. A interprete consegue construir para a sua personagem uma pessoa que transita entre a fragilidade e uma força interior para se manter em pé mesmo quando o mundo lhe dá todos os exemplos para que ela venha a desistir. Uma personagem que nos identificamos, pois é no seu olhar que enxergamos o seu lado sofrível, porém, verdadeiro.

Ao mesmo tempo, Cristiano Burlan surpreende ao criar uma ficção, mas que transite com o mundo real através de participações especiais. Em um determinado ponto, por exemplo, vemos a protagonista conversar com a Débora Maria da Silva, fundadora do Mães de Maio, movimento formado pelas famílias das vítimas dos ‘Crimes de Maio’, onda de conflitos violentos que, em 2006, fez mais de 600 vítimas, entre assassinados e desaparecidos. Débora entra no filme como uma personagem que conversa com Maria, mas nada do que ela diz é inventado. “Uma coisa é representar essa dor, outra é estar de frente com essa mãe, com a dor dela. É ela me chamando para a luta, isso me emocionou bastante”, relembrou Marcélia durante uma entrevista pelo site AdoroCinema.

Curiosamente, o cineasta também cria momentos em que há uma transição e sem cortes de cena entre o presente e o passado. Belo exemplo disso é quando vemos a protagonista estender a sua roupa, porém, a câmera, segue para o outro lado do local e vemos a mesma sendo ajudada pelo filho em um determinado ponto do passado. Uma cena que sintetiza o fato que o passado estará sempre ali de corpo presente e fazendo com que jamais se esqueça de tempos mais alegres, mas dos quais jamais voltam.

O ápice disso se encontra no momento em que o filme vem e volta no tempo para revelar o que realmente havia acontecido com o seu filho e a revelação nos deixa impotentes perante a dura revelação. Ao final, não nos resta mais nada a dizer, a não ser de não baixarmos a cabeça perante um sistema falido, que somente coleciona corpos de uma forma tão desumana e que somente serve para aumentar a separação de classes entre as pessoas devido ao medo e que muitos nem ao menos sabem o que realmente acontece nesta realidade sofrível. "A Mãe" fala sobre muitas mães do Brasil que não tiveram nem ao menos a decência de enterrar os seus próprios filhos e fazendo com que elas lutassem por justiça e pelas demais que buscam pelo mesmo. 



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Cine Dica: PROGRAMAÇÃO CINEBANCÁRIOS DE 17 A 23 DE NOVEMBRO

 MARIGHELLA

A MÃE

Brasil/ drama/ 80min

Direção: Cristiano Burlan

Sinopse: Maria, uma mãe solo que vive na periferia de São Paulo, volta para casa à noite e não encontra seu filho adolescente. Depois de uma busca ininterrupta pela vizinhança, ela começa a ameaçar a tranquilidade dos traficantes locais que decidem contar que Valdo foi assassinado pela Polícia. Incrédula ela começa uma busca vertiginosa pela verdade.

Elenco: Marcelia Cartaxo, Mawusi Tulani, Helena Ignêz


PALOMA

Brasil/ Drama/ 104 min.

Direção: Marcelo Gomes

Sinopse: Paloma é uma agricultora que sonha com um casamento tradicional na igreja. Ao procurar o padre local para realizar a cerimônia com seu namorado Zé, tem seu pedido recusado. Mas Paloma, que é uma mulher trans, vai lutar para realizar seu sonho.

Elenco: Suzy Lopes Kika Sena Anita de Souza Macedo Samya De Lavor


PROGRAMAÇÃO SEMANA DA CONSCIÊNCIA NEGRA:

O CineBancários, através de sua programação, procura ao logo de todo o ano, combater permanentemente o racismo e a desigualdade social, fazendo da nossa tela, nossa ferramenta de luta.  Desta forma, considerando a importância  da Semana da Consciência Negra, elegemos tres filmes recentes que tratam dessa temática de forma diversa e consistente, Medida Provisória, marighella e M8- Quando a morte socorre a vida, que estarão em cartaz na sessão das 19h, de 17 a 23 de novembro. 


M8- QUANDO A MORTE SOCORRE A VIDA

Direção: Jeferson De

Brasil/Drama/2019/ 88min

Sinopse: Em M8 - Quando a Morte Socorre a Vida, Maurício (Juan Paiva) acabou de ingressar na renomada Universidade Federal de Medicina. Na sua primeira aula de anatomia ele conhece M8, o cadáver que servirá de estudo para ele e os amigos. Durante o semestre, o mistério da identidade do corpo só poderá ser solucionado depois que ele enfrentar suas próprias angústias.

Elenco: JUAN PAIVA, RAPHAEL LOGAM, MARIANA NUNES, ZEZÉ MOTTA, AILTON GRAÇA


MEDIDA PROVISÓRIA

Direção: Lazaro Ramos

Brasil/ drama/ 2022/ 94min

Sinopse:Em um futuro distópico, o governo brasileiro decreta uma medida provisória, em uma iniciativa de reparação pelo passado escravocrata, provocando uma reação no Congresso Nacional. O Congresso então aprova uma medida que obriga os cidadãos negros a migrarem para a África na intenção de retornar a suas origens. Sua aprovação afeta diretamente a vida do casal formado pela médica Capitú (Taís Araújo) e pelo advogado Antonio (Alfred Enoch), bem como a de seu primo, o jornalista André (Seu Jorge), que mora com eles no mesmo apartamento. Nesse apartamento, os personagens debatem questões sociais e raciais, além de compartilharem anseios que envolvem a mudança de país. Vendo-se no centro do terror e separados por força das circunstâncias, o casal não sabe se conseguirá se reencontrar.  O longa é uma adaptação de "Namíbia, Não!", peça de Aldri Anunciação que o diretor e ator Lázaro Ramos dirigiu para o teatro em 2011.

Elenco: Taís Araújo,Alfred Enoch, Seu Jorge


MARIGHELLA

Direção: Wagner Moura

Brasil/ Drama/ 2019/155min.

Sinopse: Neste filme biográfico, acompanhamos a história de Carlos Marighella, em 1969, um homem que não teve tempo pra ter medo. De um lado, uma violenta ditadura militar. Do outro, uma esquerda intimidada. Cercado por guerrilheiros 30 anos mais novos e dispostos a reagir, o líder revolucionário escolheu a ação. Marighella era político, escritor e guerrilheiro contra à ditadura militar brasileira.

Elenco: Seu Jorge,Adriana Esteves,Bruno Gagliasso


HORÁRIOS DE 17 A 23 DE NOVEMBRO

(não há sessões nas segundas-feiras)


15h: A MÃE

17h: PALOMA

19h: SEMANA DA CONSCIÊNCIA NEGRA


Dia 17: MEDIDA PROVISÓRIA

Dia 18: MARIGHELLA

Dia 19: M8-QUANDO A MORTE SOCORRE A VIDA

Dia 20: MEDIDA PROVISÓRIA

Dia 22: MARIGHELLA

Dia 23: M8-QUANDO A MORTE SOCORRE A VIDA 


Os ingressos podem ser adquiridos por R$ 12,00 na bilheteria do cinema . Idosos, estudantes, bancários sindicalizados, jornalistas sindicalizados, portadores de ID Jovem, trabalhadores associados em sindicatos filiados a CUT-RS e pessoas com deficiência pagam R$ 6,00.Aceitamos Banricompras, Visa, MasterCard e Elo.

CINEBANCÁRIOS :Rua General Câmara, 424 – Centro – Porto Alegre -Fone: 30309405/Email: cinebancarios@sindbancarios.org.br


C i n e B a n c á r i o s 

Rua General Câmara, 424, Centro 

Porto Alegre - RS - CEP 90010-230 

Fone: (51) 34331205

terça-feira, 15 de novembro de 2022

Cine Especial: Clube de Cinema de Porto Alegre - 'Com Amor e Fúria'

NOTA: Filme exibido para os associados no último Sábado (12/11/22).   

Sinopse: A vida de uma mulher fica fora de controle quando ela se envolve em um intenso triângulo amoroso. 

Os cineastas autorais possuem certa predileção em usar determinado interprete e fazer dele o seu álter ego em seus respectivos filmes. Belo exemplo é no caso de Claire Denis, que nos últimos tempos decidiu fazer de Juliette Binoche a sua musa em suas últimas obras, que vai desde "Deixe a Luz do Sol Entrar" (2017) para a ficção "High Life" (2018). Agora, ambas retornam a parceria em "Com Amor e Fúria" (2022), filme que fala sobre a complexidade dos relacionamentos contemporâneos e que nos levam em um percurso indefinido.

Na trama, Juliette Binoche interpreta Sarah, que possui um relacionamento estável e feliz com Jean (Vincent Lindon). Porém, do passado surge François (Grégoire Colin), que oferece um emprego para Jean que se encontra desempregado e tendo dificuldade de contato com o seu filho que é cuidado pela avó (Bulle Ogier). Ao mesmo tempo, descobrimos que Sarah tinha um relacionamento com François no passado e fazendo despertar nela novamente o desejo de reencontra-lo.

Juliette Binoche possui o dom de carregar para si uma espécie de doçura, mas que ao mesmo tempo carregada de uma certa selvageria e da qual ela libera de acordo com os tipos de personagem que ela interpretou ao longo da carreira. Com Claire Denis ela consegue nos passar uma complexidade ainda maior, pois acredito que ambas compartilham de sentimentos similares e fazendo com que na tela eles se alinhem. Sua personagem Sarah transita entre a razão e o desejo incontrolável em retornar para o seu amante, mas tendo a consciência das consequências que irão vir em seguida caso caia nesta rede.

Como todo bom filme francês recente, ele possui uma certa carga política com relação em alguns assuntos, que vai desde a extrema direita que anda avançando pelo mundo, como também com relação ao preconceito aos imigrantes que perdura até nos dias de hoje. Neste último caso isso serve como subtrama com relação ao filho de Jean, do qual tenta se encontrar no mundo, mas que para isso precisa da presença do pai para obter determinado caminho. Brilhantemente interpretado por Vicent Lindon, Jean não é inocente com relação a realidade em sua volta, tanto no fato de ter a consciência de não conseguir educar o seu filho, como também na possibilidade de sua esposa se encontrar ainda presa ao passado.

O filme brilha não somente pela direção segura da cineasta, como também ao fato do seus interpretes conseguirem elevar os seus respectivos personagens em novos patamares na medida em que a trama avança e fazendo com que cada um revele uma nova faceta. Porém, esses sentimentos sempre estiveram ali, mesmo que reprimidos, uma vez que eles não fazem desses personagens bons ou ruins, mas sim somente seres humanos que cada vez mais se encontram envolvidos por sentimentos e desejos que nem ao menos eles entendem como chegaram a tal ponto. Sarah, por exemplo, está cansada de esconder os seus desejos, mas ao mesmo tempo demonstrando o interesse de recomeçar a vida do zero e bater as azas uma vez que ela nunca antes havia obtido tal feito.

O ato final reserva momentos conflitantes e até mesmo de puro suspense, já que revelações são colocadas a prova, palavras dolorosas são ditas ao vento e levando os personagens a um caminho cada vez mais nebuloso. Ao final da projeção nos sentimos esgotados, já que nos identificamos com os personagens logo de imediato e fazendo a gente se perguntar se agiríamos do mesmo jeito. Um filme que exala um alto grau de verossimilhança com relação aos sentimentos humanos em tempos de hoje indefinidos.

"Com Amor e Fúria" vemos os protagonistas transitarem entre o amor e a desilusão, pois os contos de fadas de antigamente não se encaixam mais em uma realidade em que os sentimentos humanos estão sempre em mutação. 


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segunda-feira, 14 de novembro de 2022

Cine Dica: Em Cartaz - 'Carvão'

Sinopse: No interior do Brasil, uma família que se esforça para cuidar de seu patriarca te sua vida mudada quando uma enfermeira oferece um acordo diabólico: colocar o mais velho da família para descansar e hospedar um traficante argentino que precisa urgentemente de um lugar para se esconder. 

Hoje vivemos no Brasil do absurdo, onde as pessoas agem das formas mais estranhas e que até Deus dúvida. Após as últimas eleições, por exemplo, vemos pessoas de verde amarelo agindo de formas hediondas por não aceitar os resultados e culminando em protestos que revelam a verdadeira face de alguns brasileiros. "Carvão" (2022) é um filme que revela o que há por detrás daqueles que desejam um futuro melhor, pois uma vez adquirindo determinados frutos se abre, portanto, um cenário ainda mais mórbido.

Dirigido pela premiada diretora de curtas Carolina Markowicz, o filme se passa no interior do Brasil, onde uma família que se esforça para cuidar de seu patriarca tem suas vidas mudadas quando uma enfermeira oferece um acordo diabólico: colocar o mais velho da família para descansar e hospedar um traficante argentino que precisa urgentemente de um lugar para se esconder.

O filme explora com delicadeza as mudanças graduais do comportamento de determinados personagens, dos quais os mesmos se apresentam de uma forma, mas que logo se revela uma outra faceta. Belo exemplo disso é no caso da apresentação da enfermeira, interpretada brilhantemente pela atriz Aline Marta Maia, do filme "Casa de Antiguidades" (2020), que em um primeiro momento é apresentada como uma pessoa humilde, mas que logo coloca na mesa as sus ideias peculiares para explorar aquela família. Ao mesmo tempo, isso serve para aqueles indivíduos liberarem os seus desejos de libertação, mesmo de uma forma tão fria, pois não haviam obtido uma solução nem ao menos na igreja.

Se tem então uma análise sobre o comportamento humano perante ao absurdo, onde basta um meio para adquirir uma solução para diversos problemas, mas que logo se revela uma bola de neve cada vez maior e que se torna difícil de ser contida. Não há uma simplificação sobre o bem e o mal aqui, mas sim somente o retrato de seres humanos que agem de acordo com os seus impulsos uma vez que são colocados em uma situação que, infelizmente, ocorre muito mais perto do que nós imaginamos. A personagem Irene, por exemplo, muda a partir do momento em que se tem a chance em mãos de mudar um pouco a sua vida, mas não fazendo a gente descartar a possibilidade dela ter guardado para si a sua real pessoa antes dos eventos revelados até aqui.

Maeve Jinkings obtém aqui uma de suas melhores atuações na carreira, pois desde "O Som ao Redor" (2012) ela tem demonstrado predileção por personagens complexas, onde as suas naturezas transitam entre a normalidade e selvageria. No caso aqui, sua Irene nos passa uma pessoa sofrida, cuja as cicatrizes emocionais se encontram no seu profundo olhar, mas ao mesmo tempo demonstrando cansaço perante aquela realidade que no fundo deseja desvencilhar. Aos poucos, tanto o marido como o filho, também demonstram atitudes que contrapõem sobre o que eles eram no primeiro ato da trama, muito embora talvez elas somente estivessem guardadas e esperando o momento certo para serem transbordadas.

Não é preciso ser gênio de que a situação chegará ao ponto que será impossível eles guardarem o segredo por muito tempo, ao ponto que os vizinhos em volta começam a desconfiar sobre o real destino do patriarca e sobre quem se encontra no lugar dele. A solução se revela de um modo surpreendente, desumano, mas não muito diferente da real face do brasileiro de hoje e que cada vez mais se acostumou com o absurdo vindo da própria sociedade. No geral, é um filme sobre o lado hipócrita do brasileiro atual, que se esconde através do Véu da igreja enquanto comete barbaridades do lado de fora.

"Carvão" é um filme sobre um Brasil construído pelas aparências, pois muitos escondem os seus esqueletos peculiares e que não desejam serem julgados pelos demais da sociedade. 


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sexta-feira, 11 de novembro de 2022

Cine Especial: Clube de Cinema de Porto Alegre - ‘Touro Indomável’

Nota: Clássico exibido pelo clube no última terça (08/11/22)


Sempre houve alguém que se interessasse em investir em um projeto de Martin Scorsese, o que ele atribui ao contato com atores de peso, a exemplo do companheiro de longa data Robert De Niro. O caso que lá se vão mais de cinquenta anos de uma carreira praticamente impecável, que vai desde uma produção modesta como "Depois de Horas" (1985) até a mais recente superprodução sua que foi "O Irlandês" (2019), onde o realizador teve a capacidade de trazer um Robert De Niro e um Al Pacino mais jovens para contracenarem e realizando sonho de muitos fãs em verem ambos juntos com mais tempo em cena. Basta nos lembrarmos de filmes como "Caminhos Perigosos" (1973), "Taxi Driver" (1976) ou "Os Bons Companheiros"(1990), ou o próprio "Touro Indomável" (1980), para que os críticos exigentes e os cinéfilos de carteirinha concordem com relação às qualidades de cineasta do Scorsese, diretor que não faz simplesmente filmes, mas por viver e respirar cinema. 

O que chama a atenção na filmografia de Scorsese é na sua liberdade em tocar em certos assuntos espinhosos. A violência da máfia, ou a de um sociopata como Travis Bickle (Taxi Driver), não emperra ao nos dirigir para reflexões para outros assuntos, seja para com relação a fé vista em "A Última Tentação de Cristo" (1988), tampouco a incursão no humor sombrio, como no caso de "O Rei da Comédia" (1982) ou de um romance de época belamente filmado em "A Época da Inocência" (1993). Jamais se limitou, pois a sua forma de filmar sempre esteve aberta na realização de diversos gêneros, seja eles com conteúdo violentos ou singelos. Personagens fracassados, ou em situações que vão até os seus limites até a sua necessidade por uma redenção. "Touro Indomável", premiado pela crítica americana como melhor filme da década de oitenta, conta a história de Jake LaMotta, campeão de peso médio do boxe que após abandonar o esporte se torna contador de piadas em casas noturnas.

Filmado num período conflitante para Martin Scorsese, após as críticas que sofreu devido a "New York, New York"(1977), o filme traz a dupla Robert De Niro e Joe Pesci, onde ambos retornariam no que hoje os cinéfilos chamam da trilogia da máfia de Scorsese, começando com "Os Bons Companheiros", "Cassino" (1995) e terminando com "O Irlandês". No clássico, os personagens de Joe Pesci (Joey La Motta) e De Niro (Jake La Motta) são irmãos de sangue. Como o título original já indica, Jake é movido por ódio, suas melhores lutas nascem da raiva, o que se esclarece na cena em que praticamente deforma o nariz de um adversário cujo rosto bonito sua esposa Vickie ousou elogiar.

A cenas de luta orquestradas por Scorsese são irretocáveis, e embora disponha de recursos semelhantes (a câmera lenta, a teleobjetiva, as panorâmicas velozes, a abundância de sangue e inchaços no rosto) há algo que torna o seu resultado muito mais pungente e realista do que havia sido visto no passado em "Rocky" (1976) e que, curiosamente, possuem os mesmos produtores. O merecido Oscar de montagem destaca o trabalho de Thelma Shoonmaker, que desde então não parou de trabalhar com o cineasta. Há a fotografia em preto e branco de Michael Chapman, que não aposta no alto contraste para obter a atmosfera desejada, reservando uma forte oposição claro-escuro somente para momentos cruciais (como na cena na prisão). Mas se em Brian De Palma, por exemplo, só para citar outro renomado cineasta da geração de Scorsese que também trabalha cada plano com extremo apreço técnico e preocupação estética, as próprias imagens são as personagens (no sentido de que a embriaguez visual é o grande mote das cenas), num filme como "Touro Indomável" há o aprofundamento psicológico do protagonista. A evolução do filme revela pouco a pouco um Jake La Motta autodestrutivo, um lutador de boxe derrotado pelo próprio orgulho, pelo ciúme doentio que cultiva após o casamento com a jovem Vickie, pela má alimentação, pela teimosia que o corroeu até o fim de seus dias.

A atuação de Robert De Niro, que teve de engordar absurdamente para interpretar a segunda fase da vida de Jake La Motta, está entre as melhores de sua carreira e de toda a história do cinema. As sequências em que contracena com Joe Pesci são particularmente inesquecíveis, sendo que o destaque está na longa discussão que mantém com ele a respeito de Vickie (o ciúme paranoico de Jake não poupa nem o próprio irmão), culminando no que talvez seja o ápice da agressividade de La Motta: ele invade a casa do irmão, espanca-o sem piedade e dá um soco na esposa que o havia seguido para impedir um verdadeiro apocalipse. Antes da chegada de Jake à casa de Joey há uma curiosa cena da ameaça que este último fazia, sentado à mesa do almoço, apontando a faca para o filho pequeno que não queria comer direito. A sequência resume a natureza da fúria interna que representa o filme. Protagonistas masculinos com um comportamento intenso, cuja as suas cruzadas são desconcertantes e fazendo a gente crer que a força interior é tão forte que o corpo físico não é mais capaz de domina-lo.     

Há também a questão do orgulho do macho alfa que se encontra explicitamente na obra. Segundo o próprio Scorsese, "o orgulho é o maior dos pecados"; não espanta, portanto, que La Motta seja tão severamente punido pela vida, até clamar por redenção numa solitária cela de cadeia. A ferocidade que La Motta cultiva ao longo do filme desaba na pusilanimidade oriunda da constatação de sua derrota moral. Consumada a violência, Jake não sabe bem explicá-la, é tão pouco dono de sua erupção agressiva quanto das vontades imperfeitas que o fizeram atingi-la. Algo semelhante visto na sua impecável atuação anterior como Travis no derradeiro ato final em "Taxi Driver".  A violência não tem dono, pois ela pertence a todos os homens.

O modo como acaba a carreira de campeão de Jake La Motta, com a derrota para Sugar Ray, é bastante emblemático. Jake pede que o antigo adversário o soque com mais e mais força, só para permanecer de pé e provar-lhe que nunca foi derrubado por ele. Depois de derrotado sem ter ido ao chão, Jake sai do ringue. A câmera passeia por ali, dá a volta pelo juiz, mostra um pouco da plateia perplexa com o que viu, assiste à comemoração de Sugar Ray, até finalmente encontrar o que deseja: o detalhe do sangue de Jake La Motta escorrendo num pedaço da corda que cerca o ringue, primeiríssimo plano que escancara as opções estéticas do filme ao mesmo tempo em que condensa o destino abraçado pelo boxeador. "Aqui, vocês assistiram à queda de um campeão", havia dito o locutor uns segundos antes. Em seguida ao plano detalhe do sangue gotejante (escoamento do tempo como degradação), o filme pula para 1956, para apanhar Jake sentado à beira da piscina de sua casa em Miami, explicando a um repórter o porquê de ter largado o boxe. Daí em diante o sentido de queda não para de evoluir: o divórcio, a prisão, a liberdade condicional, o retorno a Nova York, o abandono. Jake com a cara inchada, barriga estufada, voz pastosa, não deixará de proferir a ressentida frase: "Ainda que eu possa lutar, prefiro recitar", comprovando que o "pecado mor", o orgulho, não o abandonou jamais.

Para fazer jus à fama que seu diretor carrega de ser admirador/colecionador dos grandes clássicos do cinema, "Touro Indomável" termina com uma longa citação da fala de Marlon Brando em "Sindicato dos Ladrões" (1954), de Elia Kazan, que, assim como Scorsese, era elogiado por conta de saber aliar precisão técnica, sensibilidade plástica e crítica social. Curiosamente, a mesma cena serviria de inspiração para o plano final de "Boogie Nights - Prazer Sem Limites" (1997) de Paul Thomas Anderson, mas cujo os minutos finais de cada obra são completamente distintas uma da outra.

Mais de quarenta anos depois "Touro Indomável" é para mim o encerramento da 'Nova Hollywood', sendo um dos melhores filmes de todos os tempos e, assim como o protagonista disse uma vez, "isso que é entretenimento".    


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