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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 16 de março de 2022

Cine Dica: Streaming: 'Red: Crescer é uma Fera'

Sinopse: Uma menina de 13 anos começa a se transformar em um panda vermelho gigante sempre que fica animada. 

"Bao" (2019) foi um curta metragem que acabou vencendo Oscar de melhor curta metragem no mesmo ano e motivos é o que não faltam, pois mostra a difícil relação de mãe e filho, mas de uma forma inovadora e surpreende. O estúdio Pixar é conhecido por colocar em primeiro plano os dilemas extremamente humanos e que moldam os personagens centrais mesmo quando os mesmos pertencem ao gênero fantástico. "Red Crescer é Uma Fera" (2022) segue pelo mesmo caminho, cuja a figura do panda vermelho nada mais é do que o verdadeiro "eu" da protagonista que deseja voar mais alto na vida.

A trama acontece quando uma adolescente fica muito nervosa, ela se transforma em um grande panda vermelho. O longa aborda dessa forma, a jornada de amadurecimento da personagem, suas inseguranças dessa fase onde, a personagem principal está dividida entre a filha que sempre foi e sua nova personalidade, intensificada por todos os sentimentos conflitantes que a adolescência provoca. Além do caos gerado por todas as mudanças em seus interesses, relacionamentos e corpo, sempre que a garota fica muito agitada ou estressada, ela vira um panda vermelho gigante.

O primeiro ato é primoroso, por não somente apresentar a sua protagonista como ela é, como também apresentar o início do século vinte um, época das mudanças e cuja a sociedade mal sabia naquela época o que viria em seguida. Portanto, vemos uma geração de jovens pré-viciadas em celulares, pois estavam ligadas mais em seus tamagotchis, curtir a sua jovem banda preferida e se interagindo mais com as demais crianças. Um contraste dessa realidade atualn que está cada vez mais presa em suas redes sociais, sendo que vale muito a pena a mesma largarem os seus aparelhos e assistir a um retrato de uma geração mais descolada e que realmente vivia.

Porém, se há uma coisa que a geração de ontem e hoje irá se identificar na trama é com relação ao fato de a protagonista lutar por ser ela mesma em meio as suas obrigações em favor da família. Mei Lee se apresenta com uma menina cheia de energia, estudiosa e a recém começando a descobrir certos sentimentos que antes desconhecia. Se a questão da puberdade foi citada rapidamente ao final do maravilhoso "Divertida Mente" (2015), aqui a questão é ainda mais explorada, rendendo o momento mais engraçado do filme, porém, se casando com perfeição com a proposta principal da obra.

Quando a protagonista se transforma em um panda rosa, por exemplo, se tem várias metáforas sobre os tempos de mudanças, dos quais adolescente terá que escolher em ser ela mesma ou seguir as regras conservadoras vindas de sua mãe. Há, portanto, um atrito entre mãe e filha, do qual o cinéfilo mais atento irá identificar similaridade ao genial "Valente" (2012), mas cujas as consequências se diferenciam daquela obra. Falando em comparação, logicamente, o filme é carregado de referências com relação a cultura japonesa, com direito a um ato final que todos irão ver uma clara referência ao clássico monstro Godzilla.

Com lições de moral que servem muito para todas as gerações, "Red Crescer é uma Fera" é divertida e deliciosa representação de uma geração inteira que luta para serem elas mesmas. 


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Cine Dica: Programação 17 a 23 de março de 2022

Mãe Paralelas 

PROGRAMAÇÃO CINEMATECA CAPITÓLIO

17 a 23 de março de 2022


ESTREIA DE MÃES PARALELAS DE ALMODÓVAR

Mães Paralelas, o mais novo filme do diretor espanhol Pedro Almodóvar, entra em cartaz na Cinemateca Capitólio nesta quinta-feira, 17 de março. O valor do ingresso é R$ 16,00.

Mais informações: http://www.capitolio.org.br/eventos/4926/maes-paralelas/


SESSÃO AAMICA HOMENAGEIA ANIVERSÁRIO DE PORTO ALEGRE

Em homenagem aos 250 anos de Porto Alegre, a segunda edição da Sessão AAMICA, organizada pela Associação de Amigas e Amigos da Cinemateca Capitólio, apresenta no sábado, 19 de março, às 19h30, o filme Porto Alegre – Meu Canto no Mundo, de Cícero Aragon e Jaime Lerner. Depois da sessão, há um debate com Lerner e o escritor, ensaísta e professor Luis Augusto Fischer. Entrada franca.


Mais informações: http://www.capitolio.org.br/eventos/4928/sessao-aamica-porto-alegre-meu-canto-do-mundo/


ÚLTIMA SEMANA PARA VER FILMES DE BRESSON

A Cinemateca Capitólio apresenta até o dia 23 de março três clássicos de Robert Bresson: O Batedor de Carteiras, Lancelot do Lago e O Dinheiro. A mostra é uma parceria da Capitólio com a Cinemateca da Embaixada da França e o Institut Français. O valor do ingresso é R$ 10,00.


Mais informações: http://www.capitolio.org.br/novidades/4891/4x-bresson/


GRADE DE HORÁRIOS

17 a 23 de março de 2022

 

17 de março (quinta)

15h – A Mão de Deus

17h30 – O Batedor de Carteiras

19h – Mães Paralelas


18 de março (sexta)

15h –  Não Olhe Para Cima

17h30 – Lancelot do Lago

19h – Mães Paralelas


19 de março (sábado)

15h – A Mão de Deus

17h20 – Mães Paralelas

19h30 – Sessão AAMICA: Porto Alegre – Meu Canto no Mundo


20 de março (domingo)

15h – Não Olhe Para Cima

17h30 – O Dinheiro

19h – Mães Paralelas

 

22 de março (terça)

15h – A Mão de Deus

17h30 – O Batedor de Carteiras

19h – Mães Paralelas


23 de março (quarta)

15h – Não Olhe Para Cima

17h30 – Lancelot do Lago

19h – Mães Paralelas

Cine Dica: Bernardo Bertolucci - Cinema, Política e Arte

Um cineasta que reflete sobre movimentos históricos, políticos e a condição humana 

APRESENTAÇÃO

A Itália é um dos berços do cinema político. Desde o Neorrealismo dos anos 40, até os movimentos artísticos e políticos dos anos 60 e 70, formaram-se diferentes gerações de cineastas engajados que reúnem a grandeza de Vittorio De Sica, Roberto Rossellini, Pier Paolo Pasolini, Luchino Visconti, Ettore Scola, dentre muitos outros. Dentro desta tradição cinematográfica riquíssima um dos nomes que mais se destaca é o de BERNARDO BERTOLUCCI.

A obra de Bertolucci além de representar movimentos históricos e políticos, também resulta de uma busca de interpretação pela condição humana, através da filosofia, da sociologia e da psicanálise. Seu cinema conflui de um vasto conjunto de referências que se estendem desde a cinefilia da geração francesa da Nouvelle Vague, sobretudo em Godard, o olhar humanista e político de Rossellini, a poética de Pasolini, a cultura italiana enquanto fator histórico e social, partindo para a psicanálise freudiana e o existencialismo de Dostoiévski. Essa confluência resulta em um estilo cinematográfico único que lhe garantiu além de diversas premiações, um lugar inconfundível e bem demarcado na história do cinema.


OBJETIVOS

O Curso presencial BERNARDO BERTOLUCCI: CINEMA, POLÍTICA E ARTE, ministrado por Alexandre Guilhão, fará uma imersão pela obra do cineasta e através de análises dos filmes refletir a partir de suas bases teóricas e artísticas, e ao mesmo tempo compreender o ambiente histórico em que se passam. Sempre contextualizando as análises com a recepção crítica a que tiveram em sua época. Alguns filmes serão destacados com avaliações mais aprofundadas, mas direta ou indiretamente toda a filmografia do realizador italiano será estudada nas aulas.


Ministrante: ALEXANDRE GUILHÃO

Formado em Cinema e Mestre e Doutorando em História pela PUCRS, pesquisa as relações entre cinema e história e a constituição de um cinema político a nível global. Produziu dissertação de Mestrado que analisou a transição do Cinema em Cuba após a Revolução Cubana e os seus principais filmes. É coordenador do grupo de estudos em Cinema-História da PUCRS. Já ministrou cursos e oficinas com esta temática, bem como, coordenou simpósios temáticos e escreveu artigos sobre Cinema e História. Também cineasta, dirigiu o documentário Tomada da Casa do Povo (vencedor do II Cine Tamoio Festival). Ministrou o curso “Cinema Cubano: Os Filmes da Revolução”, pela Cine UM.


Curso presencial

BERNARDO BERTOLUCCI: CINEMA, POLÍTICA E ARTE

de Alexandre Guilhão

* Datas:

02 e 03 / Abril (sábado e domingo)

* Horário:

14h às 17h


* Duração:

2 encontros online (carga horária: 6 horas / aula)


* Local:

Cinemateca Capitólio

(R. Demétrio Ribeiro, 1085 - Porto Alegre - RS) 

* Inclui Certificado de participação

Investimento

R$ 80,00

* Valor Promocional para as primeiras inscrições: R$ 65,00

Formas de pagamento:

Boleto / Depósito ou transferência bancária / Pix

Informações

cineum@cineum.com.br / Fone: (51) 99320-2714


INSCRIÇÕES

https://cinemacineum.blogspot.com/2022/03/bernardo-bertolucci.html


Realização

Cine UM Produtora Cultural


INSCRIÇÕES ABERTAS

Curso online

SPAGHETTI WESTERN E O ESTILO DE SERGIO LEONE

de Rodrigo Carreiro


* Datas:

26 e 27 / Março (sábado e domingo)

Formulário de inscrição:

https://cinemacineum.blogspot.com/2022/03/spaghetti-western-e-sergio-leone.html


Cine Dica: Spaghetti Western e Sergio Leone

Preparado para este duelo?

 

APRESENTAÇÃO

No começo dos anos 1960, no momento em que os estúdios de Hollywood reduziam drasticamente a produção de westerns e o gênero migrava para os seriados televisivos, alguns produtores europeus viram uma oportunidade de mercado e decidiram se lançar à tarefa de realizar westerns. Durante as duas décadas seguintes, realizadores de Itália, Espanha, França e Alemanha deram início ao fenômeno, que movimentou bilheterias de cinemas ao redor do mundo. Mais de 550 filmes foram produzidos dentro desse ciclo de produção, que ficou conhecido como Spaghetti Western.

Na ocasião, críticos prestigiados (como nas revistas Cahiers du Cinéma, na França, e Sight & Sound, na Inglaterra) espinafraram as obras e seus diretores, mas isso não impediu que o subgênero se tornasse um enorme sucesso de público. Um diretor em especial foi o grande responsável por esse fenômeno, criando os principais paradigmas de estilo daquele subgênero. O italiano Sergio Leone utilizou humor negro, irreverência, exageros hiperreais e ironia no gênero, representando os caubóis como homens sujos e cínicos, e introduziu no gênero novas técnicas de representação imagética e sonora, como close-ups gigantes e roteiros lacônicos, que davam mais espaço para música e efeitos sonoros do que para os tradicionais diálogos.


OBJETIVOS

O Curso online SPAGHETTI WESTERN E O ESTILO DE SERGIO LEONE, ministrado por Rodrigo Carreiro, objetiva contar a história do Spaghetti Western, com o contexto histórico completo, desde o lento declínio do gênero até a explosão de audiência alcançada pelo filão europeu, além de realizar um estudo estilístico completo dos filmes do mais influente diretor do gênero, o italiano Sergio Leone. Para isso será oferecido um panorama sócio-histórico completo, enfatizando as conexões históricas entre a decisão da Suprema Corte norte-americana (1948) de obrigar os estúdios a vender as cadeias exibidoras, a ascensão da Cinecittà e o surgimento do filão europeu de western, a partir da virada das décadas de 1950 e 1960.

Além disso, a produção do Spaghetti Western será analisada através de uma proposta de visão em fases históricas (fase irônica, fase política, fase cômica etc.), tudo isso detalhado a partir de uma proposta de análise estilística aprofundada dos filmes do maior criador do Spaghetti, Sergio Leone.


Ministrante: RODRIGO CARREIRO

Professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e do Bacharelado em Cinema e Audiovisual da Universidade Federal de Pernambuco, onde cursou Mestrado e Doutorado em Comunicação (Cinema). Fez pós-doutorado na Universidade Federal Fluminense (RJ). É bolsista de produtividade do CNPq e autor dos livros Era uma vez no spaghetti western: o estilo de Sergio Leone (Editora Estronho, 2014), A pós-produção de som no audiovisual brasileiro (Marca de Fantasia, 2019), O som do filme: uma introdução (EdUFPR/EdUFPE, 2018), A linguagem do cinema: uma introdução (Editora da UFPE, 2021) e O found footage de horror (Editora Estronho, 2021). Ministrou o curso “Found Footage: O Horror e a Estética da Imperfeição” pela Cine UM.


Curso online

SPAGHETTI WESTERN E O ESTILO DE SERGIO LEONE

de Rodrigo Carreiro

* Datas: 26 e 27 / Março(sábado e domingo)

* Horário: 14h às 16h30

* Duração: 2 encontros online (carga horária: 5 horas / aula)

* Inclui Certificado de participação

* Plataforma: Zoom (ao vivo)


Investimento

* Lote 1: R$ 60,00 (até 10/março)

* Lote 2: R$ 70,00 (até 17/março)

* Lote 3: R$ 80,00 (até 26/março)

Informações

cineum@cineum.com.br / Fone: (51) 99320-2714

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INSCRIÇÕES

https://cinemacineum.blogspot.com/2022/03/spaghetti-western-e-sergio-leone.html


Realização

Cine UM Produtora Cultural


segunda-feira, 14 de março de 2022

Cine Dica: Em Cartaz: 'Belfast'

Sinopse: Na Irlanda do Norte dos anos 60, um menino de 9 anos experimenta o amor, a alegria e a perda. Em meio a conflitos políticos e sociais, o garoto tenta encontrar um lugar seguro para sonhar enquanto sua família busca uma vida melhor. 

O filme "Roma" (2018) de Alfonso Cuarón foi uma forma do diretor relembrar os seus tempos dourados de infância, assim como também prestar uma homenagem a sua empregada que era para ele uma segunda mãe. Já Paolo Sorrentino fez do seu filme recente "A Mão de Deus" (2021) uma forma de exorcizar as suas dores de lembranças das quais a sua transição da infância para a vida adulta não foi das mais fáceis. Um olhar inocente transitando com o lado complexo da realidade é visto agora em "Belfast" (2022), onde o diretor Kenneth Branagh retorna ao seu passado nos tempos em que vivia na capital da Irlanda do Norte.

“Belfast” narra a vida de uma família protestante da Irlanda do Norte da classe trabalhadora da perspectiva de seu filho de 9 anos, Buddy, durante os tumultuosos anos de 1960. O jovem Buddy (Jude Hill) percorre a paisagem das lutas da classe trabalhadora, em meio de mudanças culturais e violência extrema. Buddy sonha em um futuro melhor, glamoroso, que vai tirá-lo dos problemas que enfrenta no momento, mas, enquanto isso não acontece, ele se consola com o carismático Pa (Jamie Dornan) e a Ma (Caitríona Balfe), junto com seus avós (Judie Dench e Ciarán Hins) que contam histórias maravilhosas.

Kenneth Branagh procura apresentar o cenário principal de forma gradual, ao ponto que os minutos iniciais em que nos é apresentado é a Belfast atual. Porém, a partir do momento em que surge o título do filme, o cenário muda, assim como a sua fotografia e cuja as cores em preto e branco não escondem os tempos mais quentes e dourados. Logo de início já conhecemos o pequeno Buddy, do qual o mesmo brinca a todo vapor no cenário principal, mas logo testemunhando uma pequena guerra vinda da ignorância e preconceito do homem.

Assistimos a quase tudo pela perspectiva de Buddy, dando a entender que tudo que vemos podem ser lembranças encravadas na memória do cineasta, ou da forma como ele se lembrava. Por conta disso, uma de suas paixões que é o cinema tem um espaço especial dentro da trama, onde os personagens principais decidem esquecer os dilemas do mundo real e embarcando em uma realidade mais esperançosa através da sétima arte. Não irão faltar homenagens a determinados clássicos que são verdadeiras paixões do diretor e o clássico "Matar ou Morrer" (1952) é um deles.

Aliás, esse e outros clássicos vão reaparecendo no decorrer da história, mas de uma forma que se case com as situações que o pequeno protagonista vai vivenciando e como uma forma da fantasia suavizar os momentos que poderiam se enveredar para um terror mais psicológico. A questão do conflito entre católicos e protestantes, porém, fica bastante evidente em vários momentos da trama, mas tudo sendo testemunhado por uma criança que mal sabe a origem desse conflito e tão pouco compreendendo a origem de tanto ódio. Não deixa de ser curioso, por exemplo, a forma como ele enxerga as palavras amedrontadoras de um padre, para logo o mesmo disparar algo bastante hipócrita e que perdura até os dias de hoje.

E a se parte técnica, seja fotografia ou edição e arte, que moldam o cenário e encantam os nossos olhos, o seu elenco adulto, por outro lado, não fica muito atrás em conquistar a nossa atenção. Se Jamie Dornan como o pai do protagonista está apenas razoável no decorrer do filme, por outro lado, atriz Caitriona Balfe nos surpreende como a mãe e da qual nos brinda com momentos intensos, principalmente ao tentar ensinar ao máximo a pratica do bem para o seu filho. Já a veterana Judi Dench faz o seu trabalho habitual em sempre roubar a cena quando surge na tela e ao interpretar avó do pequeno protagonista a gente sente em suas palavras o peso da experiência e tendo a consciência sobre fins e começos das coisas em volta.

Acima de tudo, é um filme que fala em amadurecer na infância, mesmo de forma tão precoce, pois o mundo real em volta não espera para que a criança cresça. Em tempos atuais em que beiramos a uma temida possível Terceira Guerra Mundial, o filme vem em um momento para nos dizer que os conflitos, tanto políticos como religiosos, sempre estiveram ali para matar a inocência logo cedo e tudo que nos resta é guardar as boas lembranças para deixa-las vivas mais do que nunca. "Belfast" é uma declaração de amor para todos aqueles que sentem saudades de suas raízes e para aqueles que já se foram em tempos de conflito iminente. 


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Cine Dica: Próximo Clube de Cinema de porto Alegre: "Meu Ódio Será Sua Herança

 Segue a programação do Clube de Cinema na próxima terça-feira.


CICLO NOVA HOLLYWOOD

Sessão comentada Clube de Cinema

ENTRADA FRANCA

Local: Sala Redenção, Campus Central da UFRGS

Data: 15/03/2022, terça-feira, às 19:00 horas

"Meu Ódio Será Sua Herança" (The Wild Bunch)

EUA, 1969, 145 min, legendado, 14 anos.

Direção: Sam Peckinpah

Elenco: William Holden, Ernest Borgnine, Robert Ryan, Edmond O'Brien, Warren Oates, Jaime Sánchez, Ben Johnson

Sinopse: Em 1913 um grupo de veteranos fora da lei passa a considerar seriamente a aposentadoria. Procurados, perigosos e intimidadores desde sempre, eles percebem que essa vida já não está valendo o risco e as coisas estão mudando rapidamente no velho oeste. Uma proposta tentadora e inesperada, no entanto, adia os planos do grupo. 


Atenciosamente,

Carlos Eduardo Lersch

Diretor de Programação CCPA.

sexta-feira, 11 de março de 2022

Cine Especial: 'Nosferatu - 100 Anos Depois'

O cinema pode não pode mudar as pessoas, mas pode nos dizer o que acontece sobre realidade em volta delas. Neste sentido, os filmes não somente retratam determinados tempos, como também falar sobre o estado de espirito de uma sociedade que convive com os seus percalços e medos. O Expressionismo Alemão era a expressão de uma sociedade pedindo socorro, envolto de luz e sombras e sendo persuadidos por falsos profetas.

Os anos vinte foi o berço desse movimento, onde o país alemão ainda estava se recuperando de uma 1ª Guerra Mundial perdida, mas mal sabendo do pior que viria. Por conta disso, esse pessimismo era visto já nas pinturas, mas ganhando intensidade através de luz e sombras que eram vistas nas telas dos cinemas. "O Gabinete do Dr. Caligari" (1920), por exemplo, talvez seja a porta de entrada desse movimento, onde o cineasta Robert Wiene cria uma trama que pode ser interpretada como uma espécie de simbolismo de uma sociedade em estado de sonambulismo enquanto um gênio diabólico estava se aprontando para controla-lo.

Vale destacar que esse movimento foi o que lançou um dos primeiros títulos que podem ser considerados os primeiros filmes de horror da história, mas que ao mesmo tempo lançou cineastas promissores e que, posteriormente, os mesmos iriam para os EUA criar, não somente o horror, como colaborar para o nascimento do subgênero "Cinema Noir". Antes disso, algo estava sendo criado nas sombras, o que se transformaria em um dos pilares desse movimento que entraria para a história. "Nosferatu" (1922) é um exemplo de representação sobre o medo de uma sociedade e sobrecarregada de incertezas com relação ao futuro que viria.

Dirigido por F.W. Murnau, o filme é uma adaptação não autorizada do clássico literário "Drácula" do escritor Bram Stoker e que já havia falecido naqueles tempos, porém, a sua esposa havia herdado os direitos da obra. Não conseguindo obter os direitos de adaptação, F.W. Murnau e os demais realizadores pegaram somente a premissa principal da obra, alterando o nome de alguns personagens e o nome Drácula sendo substituído por Conde Orlok. Embora com essas mudanças o filme é considerado até hoje como uma das melhores adaptações já feitas para o personagem, já que esse Drácula de Murnau é sinistro, um morto vivo buscando por sangue e atraindo a morte por onde passa.

Usando cenários naturais, Murnau faz para si um conto gótico cheio de simbolismo, onde a figura do vampiro pode ser interpretada de diversas formas. Ao chegar na cidade portuária de Wisborg, por exemplo, Nosferatu vem junto com diversos ratos, dos quais os mesmos trazem diversas doenças e que causaria mortes por onde passasse. As cenas em si seriam uma referência com relação a peste negra que assolou na Europa, matando um terço da população desse continente no século XIV.

Porém, assim como "O Gabinete do Dr. Caligari", "Nosferatu" talvez seria uma manifestação que Murnau faz em referência ao que, talvez, já estava acontecendo na Alemanha. Com poucas perspectivas com relação ao futuro, a sociedade alemã vivia no temor pela chegada de algo pior, como se nas sombras viesse a morte iminente e com ela a sua extinção. Esse temor fez com que a sociedade fosse persuadida facilmente por falsos salvadores e por conta disso Adolf Hitler os seduziu facilmente nos anos que vieram.

Teorias a parte, o filme ainda tem o grande trunfo o ator Max Schreck, cuja a sua atuação como vampiro foi tão marcante que alguns acreditavam que ele era um na vida real. Aliás, essa teoria seria explorada posteriormente em "A Sombra do Vampiro" (2000), onde no filme é retratado como teria sido as filmagens, mas como Max Schreck sendo um vampiro de verdade e interpretado de forma assombrosa pelo ator Willem Dafoe. Antes disso, o clássico de 1922 já havia sido explorado anteriormente, mas em forma de uma ótima refilmagem lançada em 1979 e comandada pelo diretor Werner Herzog.

Vale lembrar que o próprio clássico quase se tornou perdido dentro da história cinematográfica. Florence Stoker descobriu Nosferatu durante a estreia no Jardim Zoológico de Berlim, em 1922. Nas primeiras versões do longa, o nome "Drácula" era usado em sua divulgação, tornando o plágio ainda mais óbvio. A viúva entrou prontamente com uma ação sobre violação de direitos autorais, com exigências de que a propriedade fosse compensada pelos responsáveis e todas as cópias do título destruídas.

Logo durante o início do processo, a produtora Prana Film declarou falência e fechou as portas. Em 1925, Florence Stoker ganhou o caso e o juiz responsável pela sentença ordenou que todos os negativos e impressões de Nosferatu fossem enviados a ela e destruídos. Entretanto, algumas cópias sobreviveram a esse processo e chegaram aos Estados Unidos no final dos anos 1920.

Como Drácula era de domínio público nos Estados Unidos, esse material não precisou ser destruído; e não somente foi reproduzido como pôde ser exibido sem restrições. Ao longo do tempo, conforme o culto em torno de vampiros, do expressionismo alemão e do próprio filme, aumentou, mais cópias apareciam no mercado. E, assim, Nosferatu foi se “reproduzindo” ao longo das décadas.

Com um século de vida, "Nosferatu" é uma obra de arte para ser vista, revista, analisada e debatida pelos próximos cem anos que vierem e por toda a eternidade. 

     

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