Contando com quatro longas de terror que marcam suas épocas, Mistérios da Meia-Noite é o novo ciclo online da Sala Redenção pelas próximas duas semanas. A primeira parte da mostra é construída com filmes que estão gratuitamente disponíveis no site The Internet Archive, e vai até a próxima sexta-feira (17/07), encerrando com um debate virtual.
Confira o evento da mostra: https://www.facebook.com/events/402126047412467/?active_tab=about
MISTÉRIOS DA MEIA-NOITE
Como uma celebração dos cantos escuros da alma, a Sala Redenção, de 10 a 17 de Julho de 2020, apresenta a mostra Mistérios da Meia-Noite, com uma curadoria formada por quatro produções que de certa forma nos mostram o potencial do terror como gênero cinematográfico. Seja ao refletir os nossos medos coletivos como sociedade ou apenas construindo uma atmosfera angustiante que suga o espectador para dentro dessa aventura macabra, o cinema de terror fala não através de palavras, mas através de uma ambientação, explorando seus temas a um nível quase primitivo.
Os filmes disponíveis nesta mostra estão disponíveis no Internet Archive, um acervo digital de conteúdos gratuitos liberados para acesso livre e aberto, composto por livros, filmes, discos e milhões de outros materiais que estão em domínio público.Comecemos com A Casa dos Maus Espíritos, de 1959, dirigido por William Castle. Com o Mestre do Macabro Vincent Price no papel de um milionário excêntrico que convida cinco pessoas para uma festa assombrada, prometendo 10 mil dólares a quem sobrevivesse a uma noite na casa. Se esforçando ao máximo para não ser levado a sério, é uma amálgama de efeitos práticos retirados de atrações de circo, onde somos surpreendidos e cativados a cada truque e trapaça.
Angustiante é um bom termo para descrever o segundo filme da mostra, O Parque Macabro. Envolto em uma atmosfera de estranhamento, vemos a protagonista, recém chegada a uma nova cidade para assumir “só um emprego…” como organista de igreja, literalmente incomunicável com os locais, totalmente desconectada de sua realidade. Produzido de forma independente pela equipe de uma produtora de vídeos educativos, esse filme assombra e desorienta, continuando com o espectador por um bom tempo depois de terminados os créditos.
A Noite dos Mortos-Vivos dispensa introduções: essa obra-prima de George Romero está, por bem ou por mal, impressa na história cultural de nossos tempos, inspirando incontáveis obras, tanto dignas quanto profanas. Independentemente de sua influência na cultura pop, é um filme reflexivo, um retrato levemente distorcido da nossa realidade, levado a seu extremo, onde é explorado o limite da sociedade e os horrores provocados – por humanos vivos, diga-se de passagem – em resposta a uma crise.
Finalizando esse percurso, temos Hausu, um festival psicodélico de horrores do outro lado do mundo. É um caleidoscópio formado por imagens alegóricas e subconscientes desenvolvidas pelo diretor em parceria com a sua filha pequena, antigas lendas e monstros folclóricos japoneses, construído a partir de uma constante experimentação, propositalmente surreal. Uma experiência tanto bizarra quanto impressionante.
Texto: Vitor Cunha, bolsista na Sala Redenção e curador da mostra.
Confira a programação online da sala no site oficial clicando aqui.