Sinopse: Um mecânico acusado de assassinato precisa encontrar o carro que contém a única prova de sua inocência: a bala do crime.
A França é conhecida por fazer inúmeras obras primas do cinema, pois basta prestigiarmos, por exemplo, a época do movimento "nouvelle vague" iniciado em 1959 para termos uma vaga ideia do que eu estou falando. Porém, diferente do que alguns desavisados imaginam, o país não se prende somente na realização de um ou outro gênero, mas sim nos surpreendendo na realização de vários. Em 2001, por exemplo, o mundo foi pego de surpresa com a realização do já clássico "Pacto dos Lobos" de Christophe Gans, um filme baseado em fatos verídicos ocorridos no ano de 1765, mas misturados com ação e terror de uma forma até então inédita e surpreendendo a crítica no mundo a fora naquela época.
Enquanto isso, atualmente, o cinema norte americano se sustenta com vários gêneros para entreter a massa, que vai desde aventura, fantasia e ficção científica. Porém, o filme de ação de alta velocidade se sustenta somente com a franquia atual "Velozes e Furiosos" que, convenhamos, já deveria ter terminado a muito tempo após ter se entregado a histórias absurdas e efeitos visuais que beira ao artificialismo vertiginoso. É aí que a França faz a sua lição de casa com o seu filme "Bala Perdida", cuja a sua trama é até bastante simples, mas se concentrando na melhor forma de se criar cenas de ação surpreendentes.
Dirigido pelo estreante Guillaume Pierret, o filme inicia nos apresentando Lino (Alban Lenoir), um ladrão que deseja roubar uma joalheria usando um carro fortificado para atravessar uma loja. Claro que o plano dá errado e o ladrão é preso. Porém, o mesmo é recrutado pelo chefe da polícia, para agora usar o seu talento para o bem e ajudar a polícia a fortificar as viaturas locais no combate ao narcotráfico.
Ele aceita a proposta e, desta forma, passa a retornar à prisão apenas para dormir. Entretanto, quando o líder da equipe é assassinado, Lino logo é considerado suspeito do crime. Com isso, ele precisa fugir e encontrar algum meio de provar sua inocência. Não demora muito para que tudo vire uma perseguição de gato e rato e nos levando para momentos imprevisíveis como um todo.
Diferente do cinema de ação norte americano, "Bala Perdida" possui uma ação cuja as consequências virão mais cedo do que se imagina. Por mais absurdas que elas possam ser em alguns momentos, os realizadores fazem questão de seus personagens se machucarem a cada movimento e fazendo a gente até temer pelo destino do protagonista. Alban Lenoir se sai bem como um herói humano que se encontra no lugar errado e na hora errada, mas que se vira a todo custo para salvar a sua pele a cada minuto.
Em termos de ação e luta corporal o filme é um colírio para os olhos, principalmente para aqueles cinéfilos que se encontram com as vistas cansadas de efeitos visuais desnecessários do cinema norte americano. Aqui não há nada disso, mas sim carros de verdade batendo, explodindo e pegando fogo de verdade a todo momento, ao ponto de fazer com que a gente sinta o peso das cenas que são muito bem filmadas e que não deve em nada aos filmes de ação com carros e motocicletas dos anos setenta. Já as cenas de luta são outro ponto positivo, sendo elas cruas, violentas e, assim como as cenas de ação com os carros, tendo sérias consequências.
É uma pena, portanto, que os minutos finais o filme se renda ao famigerado gancho para uma inevitável continuação, mas nada que tire o brilho dessa surpresa a lá francesa. "Bala Perdida" é um ótimo exemplo de como se faz um filme de ação de qualidade sem uso de pirotecnia, mas sim com criatividade e na preocupação de se filmar cada cena.
Onde Assistir: Netflix.