Sinopse:
Autobiografia do diretor Alejandro Jodorowsky que homenageia através da sua
história a herança artística do Chile. Durante a juventude do artista chileno,
ele se libertou de todas as suas amarras, como família e limitações, e foi
introduzido no principal círculo artístico bohêmio dos anos 1940 no Chile, onde
conheceu promissoras pessoas do ramo que se tornariam reconhecidas no século
XX.
Não é incomum de um cineasta
decidir fazer de seus filmes uma forma de explorar sua visão pessoal com
relação ao seu próprio passado. Federico Fellini, por exemplo, revisitava o seu
passado através de suas obras (como no caso de Amarcord), das quais, não se
tornavam somente pessoais, como também indispensáveis para a sétima arte. Mas
se o mestre italiano conseguia tal feito, Alejandro Jodorowsky (El Topo) vai
muito além, pois a sua visita ao seu passado seria uma forma de lhe tirar certo
peso das costas e, ao mesmo tempo, nos brindar como um dos mais belos filmes do ano.
Poesia sem Fim é na realidade a segunda parte de um total de cinco filmes. Neste, vemos Jodorowsky (sendo interpretado por Adan Jodorowsky, filho do cineasta) sonhar em ser um grande poeta, mas tendo os seus sonhos frustrados, já que o seu pai conservador (Brontis Jodorowsky, irmão do cineasta) deseja a todo custo que seu filho seja um médico. Não demora então para que o sonho do jovem Jodorowsky fale mais alto e decidindo então adentrar no universo da poesia dentro da área artística do Chile.
Ao testemunharmos os primeiros passos do artista, percebemos que não estamos diante de uma mera reconstituição do seu passado, mas sim nos passando a forma de como ele se lembra de tais eventos. Se em filmes recentes como, por exemplo, Anna Karenina (2012), do qual se usava a linguagem teatral para se contar a história, aqui Alejandro Jodorowsky usa a mesma fórmula, mas indo mais além. Não estranhe, por exemplo, o surgimento ao fundo de homens vestidos de preto, para ajudar o elenco a pegarem certos objetos pelo cenário, pois essa é a proposta que o cineasta nos quer passar e da qual vamos aceitando gradualmente no decorrer do tempo.
Como é o seu passado, Jodorowsky faz questão de nos passar a sensação de nostalgia nas imagens dos quais ele filma, como se o seu passado pulsasse uma época mais vibrante, dourada e que a oportunidade poderia estar a um passo para ser conquistada. Embora não esconda os conflitos dos quais passava, tanto com relação à família, como também daqueles que ele viria conhecer da ala artística, Jodorowsky passa um ar de perseverança, mesmo em momentos dos quais poderia exigir maior apelo dramático: a cena da qual pai e filho riem perante a um forte terremoto ocorrido no Chile sintetiza bem isso.
Adan Jodorowsky está bem interpretando o próprio pai, pois ele nos passa um ar de inocência perante o mundo do qual Jodorowsky vivia, mas ao mesmo tempo, passando a ambição e o desejo que o seu pai tinha em querer cortar os laços que tinha de sua família e dos quais o mantinham preso para um futuro incerto. Porém, é preciso tirar o chapéu para atriz Pamela Flores que, além de interpretar a mãe do protagonista, interpreta também uma musa de cabelos vermelhos e que abre as portas para ele com relação ao universo poético. Curiosamente, pelo fato da atriz interpretar tanto a mãe como também a musa, não deixa de ser curioso, portanto, que o próprio cineasta optou em injetar o conflito de Édipo nas entrelinhas da trama, mesmo que tal observação não fique necessariamente explicita.
Mas acredito que, se há um motivo, pelo qual o cineasta decidiu revisitar a sua juventude, talvez seja para tentar fazer as pazes com relação a determinadas cicatrizes, para então enxergá-las como uma espécie de aprendizado e que delas nasceram então forças das quais ele conseguisse alcançar os seus objetivos. O ápice desses momentos é quando o próprio cineasta entra em cena e diz para nós como deveria ter agido em determinados momentos cruciais de sua vida. Embora não há como mudar o passado, o cineasta deixa claro que não se pode desvencilhar o que já aconteceu, mas sim enxergá-lo sem medo, agradecendo por tudo ter acontecido, pois se não houvesse tais conflitos, talvez não tivesse adquirido tais feitos futuros.
Com belos minutos finais, do quais dão uma deixa para o próximo filme, Poesia sem Fim é mais do que uma redenção pessoal que o cineasta faz para si, como também uma carta de amor a todos nós que enxergamos o nosso passado e vemos nele algo cada vez mais dourado.
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Poesia sem Fim é na realidade a segunda parte de um total de cinco filmes. Neste, vemos Jodorowsky (sendo interpretado por Adan Jodorowsky, filho do cineasta) sonhar em ser um grande poeta, mas tendo os seus sonhos frustrados, já que o seu pai conservador (Brontis Jodorowsky, irmão do cineasta) deseja a todo custo que seu filho seja um médico. Não demora então para que o sonho do jovem Jodorowsky fale mais alto e decidindo então adentrar no universo da poesia dentro da área artística do Chile.
Ao testemunharmos os primeiros passos do artista, percebemos que não estamos diante de uma mera reconstituição do seu passado, mas sim nos passando a forma de como ele se lembra de tais eventos. Se em filmes recentes como, por exemplo, Anna Karenina (2012), do qual se usava a linguagem teatral para se contar a história, aqui Alejandro Jodorowsky usa a mesma fórmula, mas indo mais além. Não estranhe, por exemplo, o surgimento ao fundo de homens vestidos de preto, para ajudar o elenco a pegarem certos objetos pelo cenário, pois essa é a proposta que o cineasta nos quer passar e da qual vamos aceitando gradualmente no decorrer do tempo.
Como é o seu passado, Jodorowsky faz questão de nos passar a sensação de nostalgia nas imagens dos quais ele filma, como se o seu passado pulsasse uma época mais vibrante, dourada e que a oportunidade poderia estar a um passo para ser conquistada. Embora não esconda os conflitos dos quais passava, tanto com relação à família, como também daqueles que ele viria conhecer da ala artística, Jodorowsky passa um ar de perseverança, mesmo em momentos dos quais poderia exigir maior apelo dramático: a cena da qual pai e filho riem perante a um forte terremoto ocorrido no Chile sintetiza bem isso.
Adan Jodorowsky está bem interpretando o próprio pai, pois ele nos passa um ar de inocência perante o mundo do qual Jodorowsky vivia, mas ao mesmo tempo, passando a ambição e o desejo que o seu pai tinha em querer cortar os laços que tinha de sua família e dos quais o mantinham preso para um futuro incerto. Porém, é preciso tirar o chapéu para atriz Pamela Flores que, além de interpretar a mãe do protagonista, interpreta também uma musa de cabelos vermelhos e que abre as portas para ele com relação ao universo poético. Curiosamente, pelo fato da atriz interpretar tanto a mãe como também a musa, não deixa de ser curioso, portanto, que o próprio cineasta optou em injetar o conflito de Édipo nas entrelinhas da trama, mesmo que tal observação não fique necessariamente explicita.
Mas acredito que, se há um motivo, pelo qual o cineasta decidiu revisitar a sua juventude, talvez seja para tentar fazer as pazes com relação a determinadas cicatrizes, para então enxergá-las como uma espécie de aprendizado e que delas nasceram então forças das quais ele conseguisse alcançar os seus objetivos. O ápice desses momentos é quando o próprio cineasta entra em cena e diz para nós como deveria ter agido em determinados momentos cruciais de sua vida. Embora não há como mudar o passado, o cineasta deixa claro que não se pode desvencilhar o que já aconteceu, mas sim enxergá-lo sem medo, agradecendo por tudo ter acontecido, pois se não houvesse tais conflitos, talvez não tivesse adquirido tais feitos futuros.
Com belos minutos finais, do quais dão uma deixa para o próximo filme, Poesia sem Fim é mais do que uma redenção pessoal que o cineasta faz para si, como também uma carta de amor a todos nós que enxergamos o nosso passado e vemos nele algo cada vez mais dourado.
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