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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Cine Especial:HORROR NO CINEMA BRASILEIRO:Parte4



Sim, o gênero de horror existe no Brasil e ele será tema do próximo curso de cinema, criado pelo Cine Um e ministrado pelo Jornalista, crítico, historiador e pesquisador dedicado a tudo que se refere ao cinema de horror mundial Carlos Primati. O curso ocorre nos dias 29 e 30 de Agosto no Cine Capitólio.  Enquanto os dias da atividade não chegam, irei postar por aqui sobre os filmes de horror que eu tive o privilegio de assistir, seja em DVD ou no cinema.

 

O Estranho Mundo de Zé do Caixão (1968)



Sinopse: Elevado ao estado inatingível dos seres sobrenaturais, Zé do Caixão desfia sua filosofia e apresenta três contos.


O estranho mundo de Zé do Caixão (1968) é composto por três curtas-metragens: O fabricante de bonecas, Tara e Ideologia. O primeiro narra à história de Mestre Bastos, um idoso fabricante de bonecas reconhecido pelo seu trabalho aprimorado e detalhista, sobretudo, pelo aspecto realista dos olhos de suas criações. Ao saber que o idoso guardava seu dinheiro em sua oficina, um grupo de assaltantes planeja invadir o local para roubá-lo. Ao por em prática o plano, eles se deparam também com as belas filhas do mestre, que o ajudavam na confecção, e decidem estuprá-las. Porém, as coisas não caminham como eles esperavam. Esse conto, que termina de uma forma bem previsível, imediatamente me lembrou alguns dos filmes que eu assistia na saudosa sessão cine trash da Band, que alias apresentado pelo próprio Mojica.
O segundo (e melhor) seguimento, Tara, conta a história de um vendedor de balões obcecado por uma bela e jovem mulher. Ele a persegue e observa dia a dia sem que ela perceba. Por fim, ele só tem a oportunidade de concretizar os seus desejos após a morte da jovem. De todos os três, este é o curta que reúne elementos e referências ao cinema clássico, principalmente do período do expressionismo alemão. A pequena trama não possui palavras, sendo que sua estética, que se aproxima ao mais puro naturalismo, faz com que agente nos lembre facilmente do clássico Nosferatu de 1922.
Ideologia é o seguimento mais forte e tipicamente trash. O professor Oãxiac Odéz (José Mojica Marins) convida um professor rival e sua esposa até a sua sombria casa para que possa comprová-los a sua absurda teoria materialista contra a razão e o amor, na qual o ser humano se reduz ao instinto. Odéz submete o casal convidado a uma série de experiências sádicas que envolvem dor, tortura física e psicológica, canibalismo, resistência física e outras bizarrices que buscam provar uma animalização do ser humano. Não há duvidas de quem assiste que essa é a parte mais forte da obra, que desafia a força mental da pessoa que vê e mais recomendada para pessoas de mente aberta.
No saldo geral, era um filme que realmente ia contra a maré das obras brasileiras que eram lançadas naquele tempo e que lembra mais os contos sombrios do escritor Edgar Alan Poe.  

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Cine Dicas: Estreias no final de semana (06/08/15)



Campo de Jogo
Sinopse: Um retrato sobre o espaço do futebol no cotidiano de jovens da periferia. A partir de um campeonato de comunidades da Zona Norte do rio de Janeiro, o campo torna-se um lugar não só um berço para o esporte, mas um local místico, para onde se transportam os dramas da vida real.

 
Ouro, suor e lagrimas
 
Sinopse: `Ouro, Suor e Lágrimas´ narra a história da `década´ (2001-2012) mais vitoriosa das seleções brasileiras de voleibol de quadra, assim como a preparação para as Olimpíadas de 2012. A partir do convívio íntimo com os atletas e com os técnicos Bernardinho e Zé Roberto Guimarães, busca revelar o "segredo" deste sucesso.

 Quarteto Fantástico
Sinopse: Quatro adolescentes são conhecidos pela inteligência e pelas dificuldades de inserção social. Juntos, são enviados a uma missão perigosa em uma dimensão alternativa. Quando os planos falham, eles retornam à Terra com sérias alterações corporais. Munidos desses poderes especiais, eles se tornam o Senhor Fantástico (Miles Teller), a Mulher Invisível (Kate Mara), o Tocha Humana (Michael B. Jordan) e o Coisa (Jamie Bell). O grupo se une para proteger a humanidade do ataque do Doutor Destino (Toby Kebbell).
 
Real Beleza
 
Sinopse: João (Vladimir Brichta) é um fotógrafo decadente, procurando uma nova modelo para relançar a sua carreira. Ele parte para o sul do Brasil, onde fotografa dezenas de adolescentes, até se encantar com a beleza de Maria (Vitória Strada), que deseja transformar em modelo internacional. Mas Pedro (Francisco Cuoco), o pai da garota, se opõe à carreira profissional da filha. Durante uma viagem de Pedro, João tem um caso amoroso com Anita (Adriana Esteves), mãe de Maria.

Voo 7500
Sinopse: Um voo sai dos Estados Unidos em direção ao Japão. Durante as dez horas de voo, os passageiros pensam como se distrair... Até perceberem uma presença estranha e sobrenatural dentro do avião. Em pouco tempo, fenômenos estranhos ameaçam a vida de todos os passageiros e tripulantes.






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quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Cine Especial:HORROR NO CINEMA BRASILEIRO:Parte3



Sim, o gênero de horror existe no Brasil e ele será tema do próximo curso de cinema, criado pelo Cine Um e ministrado pelo Jornalista, crítico, historiador e pesquisador dedicado a tudo que se refere ao cinema de horror mundial Carlos Primati. O curso ocorre nos dias 29 e 30 de Agosto no Cine Capitólio.  Enquanto os dias da atividade não chegam, irei postar por aqui sobre os filmes de horror que eu tive o privilegio de assistir, seja em DVD ou no cinema.

 

Encarnação do Demônio (2008)



Sinopse: Após 40 anos preso, Zé do Caixão (José Mojica Marins) enfim é libertado. De volta às ruas, ele está decidido a cumprir sua missão: encontrar uma mulher que possa gerar seu filho perfeito. Caminhando pela cidade de São Paulo ele enfrenta leis não naturais e crendices populares, deixando um rastro de sangue por onde passa.

 

Foram quatro décadas de espera, mas em 2008, finalmente Zé do Caixão retornou aos cinemas com uma potencia máxima. Tudo que o cineasta, roteirista e ator não pode fazer nos filmes anteriores, aqui ele faz de tudo um pouco e em dobro: tortura, mutilação, sangue, nudez, sexo e humor negro em doses cavalares para ninguém botar defeito. Embora envelhecido, o personagem continua com seu mesmo objetivo: encontrar a mulher perfeita para então gerar o seu filho perfeito, mas ao mesmo tempo, enfrenta os seus próprios fantasmas.
É neste ponto em que a produção simplesmente enlaça com os dois filmes anteriores, mostrando as vítimas (agora em espectros) do protagonista e disparando em alguns momentos de flashbacks em que mostra cenas clássicas dos filmes daquele tempo. De quebra, Mojica simplesmente volta no tempo, ao reconstituir o final do filme Esta Noite Encarnarei no teu Cadáver: na época das filmagens do segundo capítulo da saga do coveiro, a censura obrigou o cineasta a modificar o destino do personagem, pois senão o filme jamais seria liberado. Aqui, revemos a mesma cena, mas casadas com novas (com direito a uma fotografia idêntica) e o jovem Zé do Caixão interpretado pelo americano Raymond Castille que espanta pela semelhança absurda que possui se comparado quando Mojica era jovem.
Com isso, embora seja uma continuação, em alguns momentos o filme parece uma releitura de algumas passagens dos filmes anteriores, como no caso de quando o protagonista se transporta ao purgatório (no segundo filme ele havia descido ao inferno), acompanhado do Mistificador (José Celso Martinez Correa). É neste momento que o filme possui um grande numero de efeitos visuais, mas tudo de forma artesanal e somente com algumas pinceladas de efeito digital. Não há como negar que existem cenas fortes ali, desde pessoas se comendo umas as outras (com direito alguém tendo o pênis devorado) e inúmeras mutilações a torto e a direito. Mas nem só de cenas fortes o filme vive, pois além do protagonista comandar o show, o filme ganha pontos por possuir um elenco de peso, o que difere e muito dos filmes anteriores, onde boa parte era com um elenco amador.
O veterano Jece Valadão (Rio Zona Norte) é o grande adversário do Zé, ao interpretar o Coronel Pontes, só que infelizmente o destino pregou uma peça: durante as filmagens, Valadão veio a falecer e deixando o seu trabalho que incompleto. Para contornar isso, Mojica chamou o ator Adriano Stuart, para interpretar um capitão e irmão do personagem de Jece Valadão e junto com o trabalho de edição, conseguiu-se cobrir as cenas que era com Valadão. Uma pena, já que nos poucos momentos que surge em cena, Valadão dá um verdadeiro show, principalmente na sequência em que seu personagem descobre que foi sua própria esposa que conseguiu tirar Zé do Caixão da prisão. Muito embora, Milhem Cortaz (o eterno 02 de Tropa de Elite), que interpreta um monge enlouquecido e a procura de vingança, acaba também roubando a cena, principalmente nos minutos finais em que duela com o protagonista. E para completar com uma cereja no bolo, o veterano Luis Melo (Olga), faz uma pequena, mas significativa ponta no inicio do filme, onde o seu personagem se vê obrigado a soltar o protagonista depois de anos preso na prisão.
Com um ato final em que todos os personagens irão se colidir e gerar muito mais violência, sangue e mortes, o filme termina de uma forma satisfatória, mas deixando uma pergunta no ar: será possível que veremos futuramente Zé do Caixão novamente nos cinemas?    

 

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