Sim, o gênero de
horror existe no Brasil e ele será tema do próximo curso de cinema, criado pelo Cine Um e
ministrado pelo Jornalista, crítico, historiador e pesquisador dedicado a tudo
que se refere ao cinema de horror mundial Carlos Primati. O curso ocorre nos dias 29 e 30 de
Agosto no Cine Capitólio. Enquanto os
dias da atividade não chegam, irei postar por aqui sobre os filmes de horror que
eu tive o privilegio de assistir, seja em DVD ou no cinema.
À Meia-Noite Levarei
Sua Alma (1964)
Sinopse: Zé do
Caixão, um cruel coveiro, quer gerar um filho para dar continuidade ao seu
sangue. Mas sua mulher não consegue engravidar e ele acaba estuprando a mulher
do seu melhor amigo, que agora deseja se suicidar para regressar do mundo dos
mortos e levar a alma de Zé do Caixão.
Eu cresci assistindo Zé do Caixão na TV, mas
não nos seus filmes e sim em programas de auditório com apelo duvidoso e no
saudoso Cine Trash da Band. Achava que José Mojica Marins fosse o tempo todo o
Zé do Caixão, sendo que somente soube que era um personagem que o marcou
completamente quando me dediquei mais na história do cinema. Redescobrindo a
partir do seu primeiro grande sucesso em 1964, compreendo porque o filme marcou
não só ele como o cinema nacional como um todo.
Justamente num ano em
que o povo brasileiro sofria um grande golpe e que desencadearia eventos que
fariam com que a gente perdesse o nosso direito de opinião, Mojica lança um
personagem polêmico, que embora pareça mais saído de um conto de terror, é na
realidade um simples coveiro, mas com opinião própria e que não mede esforços
para manter ela. O filme já começa alfinetando, onde Zé se apresenta como uma
pessoa ateia, não acreditando nem e Deus, nem no Diabo e que não se freia em
comer carne na sexta feira santa. Para piorar, ele cria uma obsessão em sua
mente, em que precisa achar a mulher perfeita, para então gerar o seu filho
perfeito e dar continuidade ao seu sangue.
Nem precisa ser
adivinho para saber que o cineasta teve inúmeros problemas para levar as suas ideias para o personagem para as telas, principalmente perante os setores da
igreja católica, que via o filme como uma verdadeira blasfêmia, mas isso não
foi o suficiente para que o filme fosse censurado, mesmo numa época tão
conservadora. Claro que embora seja perceptível a simplicidade da produção, por
sua vez ela possui um visual tenebroso (graça a fotografia em preto e branco),
que não deve em nada aos filmes ingleses de terror da Hammer que fazia sucesso
na época e as ações imprevisíveis do personagem tornam o filme muito mais
angustiante. Cenas de estupro, espancamento e mutilações são uns dos muitos
exemplos do que é visto na tela, que até então era pouco visto naquele tempo e
ainda hoje impressiona.
Graças ao sucesso de
publico, Zé do Caixão não descansaria na sua busca em conseguir alcançar os
seus objetivos, mas isso já outra história a ser contada.
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